A Deusa-lua escrita por LuaAtena


Capítulo 2
Aiolia e Esmee: o nascimento de uma grande amizade


Notas iniciais do capítulo

Bem, estou aqui novamente com mais um capítulo! Obrigada aos que leram e comentaram o anterior, me deixam muito feliz!
Espero que apreciem!



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Orfeu era um mestre rigoroso, porém demonstrava afeto pela nova pupila. Ele a treinava bem, apesar de muitas vezes não estar presente para treiná-la por causa de alguns assuntos pendentes, deixando-a treinar com as outras amazonas num espaço só para elas que tinha no santuário. Ele sabia que era errado e irresponsável de sua parte deixando a menina algumas vezes, mas tinha que se encontrar com sua amada Eurídice, e por isso, deixava Selene nas mãos de amazonas muito bem treinadas, não poderia deixar que a garota tivesse um treinamento ruim.

Se passaram dois anos treinando, de vez em quando com as outras amazonas, e mesmo sabendo que Orfeu era um cavaleiro de prata e tinha suas missões, Selene se indagou o porquê de seu mestre faltar em suas sessões de treinamento e um dia decidiu segui-lo secretamente para ver o que tanto fazia enquanto não estava no treino. Foi quando a menina descobriu que, para sua surpresa, o seu mestre tinha uma amante: uma garota belíssima de cabelos loiros e compridos. Selene se sentia culpada por estar espionando seu mestre e voltou para o santuário, mas sem tirar de sua mente o carinho e o afeto que vira Orfeu tratando aquela moça, sem conseguir acreditar que teria alguém assim algum dia, pois o amor para os cavaleiros de Atena não era uma boa ideia, podia deixá-los vulneráveis em alguma armadilha além de que poderia desconcentrá-los. Mestre Orfeu estava se arriscando daquela maneira, mas Selene começou a rezar para que nada interrompesse o amor dos dois.

Um dia, em que Orfeu estava treinando Selene, uma mulher de cabelos avermelhados correu até ele e informou que a amada de Orfeu, cujo nome era Eurídice, foi picada por uma cobra e morreu. Orfeu ficou atordoado e chorava por sua amada. Mas, quando voltou a razão, respirou fundo e decidiu buscar por Eurídice no inferno. Chegou perto de Selene e disse:

– Agora, minha pupila, peço que me perdoe, pois não poderei mais lhe treinar – disse ele cheio de tristeza. – Quero que você complete os seus próximos quatro anos de treinamento ao lado do irmão de um falecido amigo meu, seu nome é Aiolia. Tenho certeza que vocês vão se dar bem. Preciso cumprir uma missão importante e temo não poder voltar dela. Quero que saiba que treiná-la foi um grande prazer e espero que você se torne a amazona mais forte do santuário – disse isso por fim, abraçando a pupila, sentindo que nunca mais a veria.

Selene assentiu, entendendo os verdadeiros propósitos do mestre naquela missão que poderia não ter mais volta. Agora, teria que enfrentar os resto de seu treinamento com Aiolia, um garoto melancólico que treinava sozinho em alguns cantos do santuário e que era chamado de "irmão do traidor" por causa de seu falecido irmão, Aiolos, que foi acusado de matar a deusa Atena. Porém, apesar de a maioria acreditar naquela história, Selene sempre foi encorajada por Orfeu a não deixar-se levar pelas aparências, por mais que óbvio fosse, ele havia contado que esse suposto traidor tinha sido um grande homem e que particularmente não acreditava naquela versão contada por todos os cavaleiros que treinavam lá. Viu seu mestre partir e disse baixinho:

– Boa sorte, mestre.

Treinamento com Aiolia e Esmee.

Dias depois da partida de Orfeu, Selene passou a treinar com Aiolia, que vivia de mau humor e não tinha paciência com Selene, afinal, ele estava a um ano a frente dela. Mesmo assim, a garota não parava de se esforçar, não podia deixar que Aiolia a tratasse dessa maneira, portanto sempre via alguma maneira de provar para o colega que não era uma garotinha indefesa e que sabia se defender muito bem.

Um dia, uma das amazonas avisou-os que uma outra aspirante iria se juntar à eles no treinamento. O nome dela era Esmee. No seu primeiro dia, ela acabou arranjando confusão com o enfezado do Aiolia sem querer:

– Você que é o Aiolia, não é? O irmão do falecido cavaleiro de ouro Aiolos? – perguntou Esmee, uma jovem de pele parda e volumosos cabelos escuros e encaracolados.

– Pra sua informação, eu era irmão de Aiolos e não tenho nada a ver com ele! Não sou o que dizem a meu respeito! – Aiolia era sempre alvo de gozações no santuário por ser irmão de Aiolos. Dava para ver que ele começara a sentir vergonha e repulsa pelo irmão que amava tanto. Selene sentia muito por isso, mas não podia deixar ele saber, ele não aceitaria que alguém sentisse pena dele.

Depois ele correu para dentro de uma das cavernas que tinha na montanha do santuário.

– O que eu disse de errado? – perguntou assustada a pobre Esmee. Ela devia ter a mesma idade que Selene, uns 10 pra 11 anos.

– Te explicarei depois, porque a reação dele é ser assim. Já volto – disse Selene correndo em direção à caverna onde Aiolia se escondera.

Selene o encontrou no fundo da caverna, pensativo. Mas, ele não conseguia conter as lágrimas que escapavam de seus olhos e por isso sua expressão parecia mais carrancuda pelo fato de se sentir um fraco por chorar por um traidor que tinha sido seu irmão.

– Aiolia, perdoe a Esmee, ela não falou aquilo para lhe ofender – disse Selene, tentando acalmar o colega. Apesar dele ser muito duro e impaciente com ela, sempre sentiu admiração por ele e nunca sentiu raiva.

Ele a olhou furioso, como se dissesse "saia daqui!", mas Selene não queria sair, achava que o leonino precisava de uma boa conversa e desabafar.

– Aiolia, eu sei muitas pessoas dizem que seu irmão é um traidor, mas, uma coisa que o mestre Orfeu me ensinou foi nunca julgar alguém ou algo pelas aparências e, assim como ele, eu não acredito que Aiolos tentou matar a nossa deusa Atena. Há algo muito mal contado nessa história – disse ela. 

O garoto fixou os olhos verdes nos dela, mesmo sendo cobertos pela máscara, e não disse nada, mas deu um sorriso que se assemelhava algo aliviado, um "obrigado" pela bondade e pela sinceridade da colega de treinamento. Depois de um tempo se olhando, Esmee entrou na caverna e o olhou arrependida.

– Perdão, Aiolia, não disse aquilo por mal. Ouvi muito à respeito de Aiolos, mas eu não consigo acreditar que ele tenha sido o traidor que todos falam, só tenho em mente a imagem de um homem generoso, humano, bondoso e fiel a Atena – disse a garota triste, com certo tom de admiração.

– Exatamente – concordou Selene.

Naquele momento, com o coração do leonino fora abrandado, acabara de nascer uma grande e forte amizade entre o futuro cavaleiro de ouro de leão, a deusa-lua reencarnada para a segurança de Atena e a amazona que terá um papel fundamental na vida da deusa Selene.


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