Dublin, Irlanda - 13 de Janeiro de 1966

Um homem de idade passeava às margens do rio Boyne. Estava frio, era mais uma das noite de inverno. Mesmo com o frio que estava fazendo, ele não se importava, não queria voltar para casa e não encontrar uma família assassinada por ladrões. Só sobrara ele, e por isso viveu os dois últimos anos se embriagando, nada mais importava, não queria mais viver.

De repente, ao olhar para o céu percebe algo diferente, era como se uma luz estivesse rasgando o céu em uma velocidade inacreditável, uma estrela cadente! Mal sabia ele que essa "estrela" que estava vendo cair era a reencarnação da deusa Selene, a deusa-lua, regida pela deusa Ártemis. A estrela caiu a poucos metros de distância de onde o homem estava. Ele correu para ver o fenômeno, mas quando chegou bem perto do buraco onde caíra a estrela, percebeu que era um bebê. A criança, que era uma menina, estava dormindo enrolada em um cueiro, uma espécie de pano branco sedoso, e um papel sobre o coração dela que jazia o nome Selene.

O senhor a tomou nos braços, o que fez com que o bebê acordasse, mas este por sua vez não chorou e sim sorriu para o homem que tinha perdido a fé, lembrando a sua pequena neta que morrera no roubo da casa. Ele a levou para sua casa e prometeu criá-la e protegê-la.

Hans, esse era o nome do velho, era um bom avô. Sempre lhe contava histórias mitológicas para a neta, que sempre gostou das histórias da deusa Atena, a deusa da sabedoria e das estratégias de batalha. Tratava Selene com muito amor e carinho, mas, com os passar dos anos, tinha chegado a hora de Selene. Agora com oito anos, tinha de cumprir o seu destino.

Um anjo enviado de Zeus, o rei dos deuses e governador do Olimpo, chegou até a casa de Hans e tirou a pequena Selene de lá. Hans, apesar de tentar salvar a sua querida neta adotiva já estava velho e cansado demais para ganhar, morrendo de parada cardíaca bem na frente de Selene, que estava tão assustada e triste que não conseguia se mover e emitir qualquer som, estava desolada. O anjo, que assumia a aparência de um homem, a levou para a Grécia, para ser treinada por Orfeu de Lira, o cavaleiro de prata. Deixou a no santuário e voltou para o Olimpo.

Orfeu, vendo a tristeza da menina e o quanto estava assustada, foi gentil e acolhedor:

– Não chore, pequena. Qual é o seu nome?

– Por que aquele homem me trouxe para cá? Por que ele matou o meu vovô? – perguntou Selene, sua expressão era de ódio e tristeza.

Houve silêncio por um minuto. Orfeu estava procurando as palavras certas para dizer à Selene, ele era o único cavaleiro que sabia que aquela menina era a reencarnação da Deusa-Lua, pois recebera ordens do próprio Zeus para treiná-la e torná-la uma amazona para a segurança de Atena, que nascera há um ano.

– Escute. Aquele homem te trouxe para ser uma amazona e lutar pela deusa Atena. Esse é o seu destino, a sua missão, e quanto ao seu avô não se preocupe, não olhe para trás, ele sempre estará aqui – disse ele apontando para o peito da menina. – No seu coração.

– A deusa Atena?! – perguntou a menina enxugando as lágrimas.

– Sim. Eu sou cavaleiro de Atena. Sou um dos responsáveis pela segurança de Atena e seu santuário – disse Orfeu apontando agora para uma grande montanha, onde se conseguia ver várias escadarias e casas brancas, doze ao total, levando a uma grande estatua. Era a estátua da deusa da sabedoria. – E existem muitos cavaleiros como eu, os mais importantes são os cavaleiros de ouro, os guardiões das casas que representam os signos do zodíaco no santuário, e você será uma amazona, um tipo de cavaleira – disse sorrindo – e será a mais forte delas, fazendo isso vingará o seu avô.

Selene sorriu.

– E então...qual é o seu nome pequena? – perguntou simpático.

– Selene – respondeu a menina mais reconfortada.