O Corvo Negro escrita por V M Gonsalez


Capítulo 20
Epílogo - Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Último dos últimos capítulos. O que aconteceu após dez anos do Corvo Negro? Narração feita por Johnson Smith



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O céu nublado começava a dar lugar a uma manhã de sol do lado de fora da janela.

Já era hora, afinal, chovia desde ontem à tarde. Também podia ver meu reflexo no vidro. Um rosto cansado, mas ainda com vigor, uma barba por fazer, cabelo um pouco maior do que de costume. Eu ainda estava bem.

Dez anos se passaram desde o Caso do Corvo Negro, e nesses mesmos dez anos aconteceram tantas coisas. Eu já não olhava para Chicago da mesma forma. Por mais que ainda houvesse assassinatos, roubos e trafico, para mim aquela era uma cidade calma. Para mim, aquele era um mundo calmo, um mundo sem Heitor e seus malditos corvos.

Eu já não andava mais por essas ruas, ao menos, não vestindo uma farda. Alguns meses após o fim do Caso, eu abandonara as ruas, pois se tornara um trabalho monótono. Mas era um fato que eu não conseguiria ficar longe da policia, não por muito tempo. Um ou dois meses depois de ter abandonado as ruas, eu já estava dando aulas na academia de policia de Chicago. Era tão irônico que chegava a ser divertido. Não havia uma única turma de novatos que não me interrogasse sobre o Grande Caso de Chicago, como era chamado por lá.

Era um emprego divertido e pagava consideravelmente bem. Com o tempo eu acabei me especializando em uma ou outra coisa, mas isso não é importante. Com exceção de David, todos os demais também haviam abandonado as ruas.

Até onde eu sabia, Paul se dedicara a trabalhar com computadores e agora tinha uma empresa de eletrônicos que ia muito bem. Raul ainda estava vivo e se dedicava a escrever romances policiais e viajar pelo mundo. Ele me visitava sempre que podia e trazia seus livros, que eu realmente adorava. David e eu acabamos nos tornando mais próximos com o passar dos anos, sendo que agora éramos praticamente melhores amigos. Era um fato compreensível, pois praticamente mais ninguém podia entender como nos sentíamos após tudo aquilo.

Mas não havia apenas boas notícias nesses anos. Mandregas infelizmente não resistira muito tempo após a morte dos filhos. Acabou morrendo de complicações médicas derivadas do choque que teve ao encontrar as duas cabeças em estacas no próprio escritório. Foi uma ocasião muito triste e fora a partir daí que Raul começara suas viagens.

Outra notícia ruim fora a morte de Merlim. Depois do caso, meu velho amigo voltara a trabalhar para a polícia, mas morreu alguns anos depois, em um tiroteio com traficantes. Dizem que, mesmo após levar o tiro fatal, Merlim ainda disparara outros três tiros e amaldiçoara pelo menos cinco gerações dos meliantes. Eu sinceramente não conseguia imaginar uma forma diferente para sua morte. Merlim sempre fora e sempre será Merlim.

Eu visitava os túmulos de meus companheiros mortos com certa frequência, com exceção do túmulo de Glalcon, pois este ficava em uma propriedade particular da família, o que tornava a visita um tanto complicada, mas eu o visitava sempre que podia.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo som da maçaneta.

Eu estava sozinho na sala, olhando pela janela principal, esperando por eles. E finalmente estavam prontos. Da porta lateral do pequeno corredor que dava acesso aos quartos, saíram Clarisse e Rick. Minha linda esposa e meu amado filho.

Três anos após o fim do caso, eu e Clarisse nos casamos. Foi algo tão rápido que eu temi muitas vezes que pudesse dar errado, mas aqui estávamos, sete anos de casados sólidos como rocha. Rick viera um pouco depois e tinha agora 5 anos de idade. Diziam que tinha o meu rosto e meu tipo físico, mas tinha os cabelos e os olhos da mãe. Como eu amava aquele garoto.

Clarisse continuava tão linda quanto à primeira vez que eu a vi. Mesmo depois de tanto tempo de casados, sempre que eu a via eu sentia um frio no estômago. Ainda não acreditava plenamente que ela realmente aceitara se casar comigo, às vezes eu ficava pensando se na verdade eu não havia sido morto por Heitor e aquela não era apenas uma versão alternativa de vida após a morte.

Mas algo muito forte dentro de mim dizia que não.

Rick veio correndo para me abraçar. Estava vestido com uma camisa listrada, amarela e preta, para jogar futebol. Tinha uma bola sob o braço, mas largou-a para se abraçar na minha cintura. Envolvi-o com meu braço direito e o ergui no ar, fazendo-o gritar e rir. Brinquei um pouco com ele no ar e o coloquei de volta no chão. Ele voltou para os braços da mãe. Clarisse sorria e nos olhava com aqueles seus grandes olhos verdes que eu tanto amava. Ainda me lembrava quando ela acordava irritada, por eu estar do seu lado da cama sorrindo e dizendo que estava linda, mesmo descabelada e com um filete de baba escorrendo pela boca.

Mas de qualquer forma, hoje era o primeiro treino de Rick, e estávamos atrasados. Após pegarmos os casacos e ouvirmos os conselhos preocupados de Clarisse, saímos. O campinho onde ele praticaria era a pouco mais de 10 minutos de carro e as ruas estavam limpas.

Enquanto dirigia, vi um bando de aves voando de uma árvore à outra. Aquilo me fez sentir um arrepio, eu evitava aves desde aquela época e por alguns bons motivos. Aquilo me levou a pensar em Heitor. Ele não devia ser muito mais velho que Rick quando, segundo a mãe, começou a matar. Aquilo me causava medo e pena. Nunca pude ficar realmente em paz em relação à Heitor. Sempre me perguntava que tipo de infância terrível ele deveria ter tido, as coisas pelas quais teve que passar para acabar daquele jeito. Não deveria ter sido nem um pouco fácil.

Pouco após enterrarmos o corpo de Heitor, foi encontrado o corpo de seu pai, parcialmente conservado, em freezers na residência dos Leussen. O cheiro de morte era forte e inicialmente pensamos que fosse do corpo de Heitor, mas mesmo depois de enterrá-lo o cheiro continuava forte e então decidimos investigar. A Sra. Leussen foi muito prestativa em relação às informações e contou-nos com detalhes tudo o que havia acontecido. Por fim, acabou sendo acusada de esconder o cadáver, mas faleceu no caminho para a delegacia.

– Pai, o senhor tem algum conselho pra mim? – Rick parecia quase tão preocupado quanto animado

Eu refleti um pouco, nunca fui lá muito bom com futebol. Muitos conselhos passaram pela minha cabeça, alguns dos quais meu próprio pai tinha me dito anos atrás. Não pude evitar de pensar se Heitor recebera estes mesmos conselhos, ou se ao menos recebera algum na vida. Tudo, toda essa história, todas essas mortes, todo esse caos poderia ter sido evitado com um único conselho...

–... Nunca confie em Corvos.


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Notas finais do capítulo

- Essa última fala é uma espécie de junção entre o que o Johnson estava pensando (o conselho que Heitor deveria ter recebido) e o que ele fala para o filho

— Alguns dos personagens de O Corvo Negro foram diretamente inspirados em outros, mesmo que sua personalidade e/ou aparência tenha sido mudada

— Inspirações: Johnson - Cole Phelps (L.A Noire) / Heitor – Izaya Orihara (Durarara) / Merlim – Detetive Andrade (Os Karas) / Paul – Zach Addy (Bones) / Peter – Booth (Bones)

— Os demais personagens tiveram inspirações meio mistas, de forma que não convém ficar escrevendo aqui (e eu não lembro de tudo e.e)

— Eu imaginei todas as cenas da história com um misto de Animes e Realidade, uma coisa meio louca que eu só consigo imaginar quando é involuntário, quando tento forçar fica uma coisa meio aqueles crossovers de desenhos com personagens reais =w=

— A história do Corvo Negro já estava atormentando minha cabeça à quase um ano antes de eu decidir começar a escrever

— Nas cenas originais, quando Heitor mata Nathaly, ele a leva para o Palácio dos Corvos e a amarra em uma cadeira. Em meio aos gritos dela, ele liga um imenso ventilador no grande salão e começa a chover sangue e partes humanas, pois logo acima do ventilador estavam os familiares e amigos de Nathaly. Enquanto ela estava aterrorizada, ele corta sua garganta e depois dança com o cadáver. A cena foi removida por ser impossível explicar como tantas pessoas desaparecem sem deixar rastros =w=

— Na cena original do final, apenas Johnson e Merlim, acompanhando de um punhado de agentes, invadem o Palácio dos Corvos (os demais já estariam mortos ou com Paul na Central). Seria lá que Merlim receberia o tiro (que seria fatal) e Johnson jogaria um jogo de xadrez contra Heitor, com peças pegando fogo, em que o perdedor seria incinerado. Após a vitória de Johnson, Heitor sairia correndo e pegando fogo, para ser salvo por Johnson, mas falecendo logo após. Removida pois eu não sou bom o suficiente em xadrez para narrar uma cena como essa (mas pretendo aprender)

— Se vocês notarem, não há nomes de ruas ou qualquer referencia geográfica precisa na história toda. Isso é devido ao fato de eu ser simplesmente HORRÍVEL com localização e.e

— Na história original, Fred não teria uma filha, sendo que apenas Clarisse de todos os ex-alunos seria representada com um filho, para simbolizar sua oposição a Heitor. (enquanto um só causa a morte, a outra é capaz de gerar a vida)

— Assim como na One-Shot que farei sobre Rhagayr, haverá outras histórias em que ele dará as caras. A próxima prevista será uma Short-Fic chamada de “Além da Noite de Inverno”, sem data prevista, também um policial.

— Eu ainda não tenho planos para a próxima Long-Fic. Ainda estou em dúvida entre “O Rugido da Cidade” e “Deus Ex-Machina”

— Pretendo plantar Eater-Eggs em outras histórias, com referencias sobre o Corvo Negro ou outras histórias =w=

— Meu personagem favorito da história é o Heitor =w=

— Vou passar algum tempo apenas postando One-Shots e Short-Fics, talvez lendo algumas histórias. Não tenho uma previsão muito grande de começar a próxima Long-Fic antes das férias do meio do ano

— Por fim, eu gostaria de agradecer imensamente a todos vocês que leram a história, comentaram, favoritaram ou acompanharam. Foi de uma ajuda imensa, mesmo. Sem vocês essa história nunca teria sido terminada (sério, eu tinha escrito só até metade do primeiro Cap. antes de postar aqui). Então, um grande agradecimento a todos vocês e até a próxima ^^



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