Crônicas De Um Casal De Semideuses escrita por Emily di Angelo


Capítulo 14
Conto 3 - HOTEL ASSOMBRADO - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Estão gostando?
O próximo conto também tem esse clima de suspense/mistério...

O projeto especial vai sair do forno em breve.



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HOTEL ASSOMBRADO – PARTE 2

VOCÊ ACREDITA EM FANTASMAS?

–Posso ajudar? – perguntou uma voz atrás deles, fazendo os dois tomarem um susto. Uma senhora vestida toda de preto e com uma pele muito branca surgiu da penumbra, embaixo de um arco de pedra, que parecia levar para uma espécie de escritório. Depois de se recuperar do susto, Annabeth falou:

–Sim, precisamos de um lugar para passar a noite.

–Faz muito tempo que não recebo hospedes. Desculpe-me pela desorganização.

–Sem problemas. Só queremos uma cama, talvez um banheiro com água quente?

–Sim, claro! Eu fiz uma reforma há alguns anos, para atender aos pedidos de clientes, incluindo esse de água quente. Pena que a reforma acabou afastando os poucos clientes que apareciam.

–Por quê?

–Nada, nada... – desconversou a senhora, fazendo Annabeth ficar desconfiada.

–Quanto é a diária?

–Podemos fazer o casal, incluso café da manhã por £40.

–Ok. Ainda não nos apresentamos, eu sou Annabeth e este é Perseu, meu namorado.

Ela apontou para Percy, ele estava com uma cara esquisita, parecia estar amedrontado, suas pupilas estavam dilatadas.

–Percy? Está tudo bem?

–Hum-hum. – falou.

–Eu sou Edana Grost

–Ghost?! Seu sobrenome é Ghost? – disse Percy, subindo algumas oitavas. Annabeth estava estranhando o comportamento do namorado.

–Não – falou Edana.– Grost, com “R”. Agora, deixe-me chamar o mordomo.

Edana entrou por uma portinha atrás da bancada e logo depois saiu, seguida de um adolescente ruivo, com algumas sardas no rosto.

–Este é Rupert, meu bisneto. Ele mora na vila alguns quilômetros rio a cima. Rupert só fica aqui durante o dia, daqui um pouco ele vai para casa, se quiserem alguma coisa para o quarto aproveitem para pedir agora. As cozinheiras só vêm para preparar o café da manhã e o almoço. O jantar vocês próprios podem fazer um lanche na cozinha, que fica ali, ou peçam para Rupert enquanto ele ainda está aqui.

–Rupert, ajude esse casal a levar as bagagens para o quarto. Eles vão ficar no quarto 13.

Subiram uma grande escadaria, que acabava em um mezanino, com sofás e uma elegante mesinha de centro. De cada lado da sala tinha um arco que conduzia aos corredores internos.

–Por favor, entrem no arco do lado direito. – falou Rupert.

No longo corredor se via cinco portas do lado esquerdo, e no final ele fazia uma curva também para a esquerda.

–Temos vinte quartos no total. Dez nesse corredor e dez no outro. Tem mais cinco quartos depois da curva.

O mordomo abriu a primeira porta com a grande chave antiga. O quarto era bem arrumado, uma cama com dossel, um armário, uma mesa com cadeiras, uma pequena lareira e duas janelas que estavam fechadas. Rupert entrou no quarto com eles, depositou as malas em um canto e foi abrir as janelas, ele retirou as aparas de madeira, que revelaram uma janela envidraçada. Uma fraca luz da tarde penetrou no quarto.

Annabeth checou os cantos a procura de teias e aranhas.

–Não se preocupe, mantemos o quarto 13 sempre muito limpo. É o único que utilizamos, já que não recebemos mais de um hóspede por vez.

Percy olhava tenso para a porta.

–O que foi Percy?

Ele apontou para a porta, onde se via dois pesados trincos de ferro e dois ganchos também de ferro. Uma grande estaca de madeira estava apoiada no chão para ser encaixadas no gancho para trancar as portas.

–Para que tudo isso? – perguntou Annabeth. – Vocês soltam o dragão de estimação de noite? – brincou com Rupert. Ele olhou sério para ela.

–Não brinque com isso. Essas trancas e a apara de madeira são para a proteção de vocês.

–Po-Por-Por quê? – Perguntou Percy.

Rupert os olhou, havia terror em seu olhar. Com uma voz rouca ele perguntou:

–Vocês acreditam em fantasmas?

Percy engoliu seco e Annabeth soltou uma risada abafada.

–Eu falo sério! – disse o garoto, ficando aborrecido – Por isso que não passo a noite nesse castelo horroroso. Volto correndo para casa assim que o sol se põe.

–Por favor, não somos turistas, não precisa fazer esse marketing conosco. Eu sei que muitos hotéis na Escócia usam essa história de fantasma para atrair clientes.

–Não é história. É verdade. Desde que minha bisavó reformou o castelo os fantasmas se tornaram raivosos. Antigamente eles só faziam barulho, há dois meses uma governanta que auxiliava minha bisavó foi jogada do mezanino. Parece que os antigos moradores não gostaram das alterações que ela fez.

Annabeth olhou para o namorado. Percy estava meio pálido, parecia que estava no meio de uma viagem de avião.

–Muito obrigada Rupert. Agora já estamos instalados. – falou a loira. – Você pode preparar um lanche para a gente?

–Sim. Querem que eu traga?

–Não, gostaríamos de comer lá embaixo, com a sua bisavó, se for possível. Gostaríamos de ouvir mais histórias sobre o Castelo.

–Ela conhece tudo sobre este Castelo, inclusive as passagens secretas. Ela sabe identificar pelo som os espíritos que circulam por aqui. Mas hoje em dia até ela tem medo deles.

–‘Tá bom, Rupert. Daqui um pouco desceremos para o jantar.

–Sim, senhora. Com licença.

O mordomo-adolescente saiu do quarto.

–Percy? Você tem medo de fantasmas?

–Só um pouquinho... – falou. Ele começou a ter péssimas lembranças de quando ele teve um “agradável” encontro com a deusa grega dos fantasmas, a “querida” e “simpática” Melinoe, quando ele, Nico e Thalia tentavam recuperar a Espada de Hades.

Annabeth tentou não rir, mas não conseguiu.

–Sério? Você o herói do Olimpo, que lutou contra monstros terríveis, que cruzou o Tártaro comigo enfrentando coisas horrorosas, tem medo de fantasmas.

–Não fala assim...

–Desculpa Percy. Eu sei como é. Aranhas.

–Exatamente.

–Vem vamos descer.

Os dois desceram, em um canto da sala, no lado oposto à bancada de atendimento, uma grande mesa estava posta para quatro pessoas. Rupert servia sua bisavó quando o casal sentou-se à mesa.

–Gostaram das acomodações? – perguntou Sra. Ghost, digo, Grost.

–Sim, o quarto é muito bom. – respondeu Annabeth, com um sorriso.

Uma porta bateu ao longe, fazendo todos se sobressaltarem.

–Não se preocupem, foi só o vento. – falou a dona do hotel. Seu bisneto a olhou de esguelha.

–Sra. Grost, poderia nos contar a história do Castelo?

–É uma história antiga, longa e terrível. – disse com uma voz rouca. – Não sei se vão gostar de ouvi-la.

–Nós queremos. – afirmou Percy, um pouco receoso.

–O castelo se chama Castelo Roseburry, foi construído no século XV durante a Guerra das Duas Rosas.

A Sra. Grost então contou toda a história, curiosidades da construção, entre outras coisas. A história era sangrenta, o castelo tinha sido invadido várias vezes e tinham ocorrido várias mortes no interior dele.

–Todos os quartos tem uma passagem secreta que leva a um corredor, que, por sua vez, leva para fora do castelo, para uma caverna que fica perto da vila. Servia como saída de emergência caso o castelo fosse invadido. Essas passagens foram utilizadas muitas vezes durante as diversas invasões que o castelo sofreu.

–E os fantasmas? – perguntou Annabeth.

–Não temos fantasmas. – respondeu seca.

–Bisa, eu contei a eles. – falou o jovem-mordomo.

–Acho que está na hora de você ir para casa – falou a senhora olhando severamente para ele. Rupert levando e saiu com a cabeça baixa.

–Pois bem, tomara que meu bisneto não tenha assustado os senhores.

–Não se preocupe. – falou Annabeth – Posso lhe garantir que eu e meu namorado já sobrevivemos a situações muito piores que um castelo assombrado.

–Não brinque com isso Srta. Annabeth. – falhou a senhora com uma voz grave. – Eu contei a história da construção para os senhores, espero que tenham guardado bem os nomes dos que morreram no castelo. Porque eles ainda moram aqui.

–Bisa! Venha aqui, rápido. – gritou Rupert com uma voz assustada, que parecia vir da recepção.

A Sra. Grost levantou e andou rapidamente em direção à recepção, fazendo seu vestido negro revoar, Percy e Annabeth foram atrás. Quando chegaram lá, uma enorme poça vermelha tinha manchado a tapeçaria da entrada. Rupert estava pálido, com sua bicicleta ao lado e uma mochila nas costas. Os últimos raios de sol passavam por cima das muralhas.

–Quem derrubou tinta no tapete? Nós todos estávamos lanchando.

–Isto não é mancha de tinta, Sr. Perseu. Isto é mancha de sangue.

Um trovão rugiu ao longe. Percy se arrepiou.

–Este foi o local onde lorde Fillis, o louco, degolou lady Castemer depois de invadir o castelo, com intuito de tomá-la como esposa. Ela recusou o pedido, mas Fillis não aceitou a recusa. – contou a dona do castelo – Ele amarrou-a e tentou fugir com ela do castelo. Ele foi cercado por guardas aqui na entrada. Sem ter como fugir, degolou a condessa e se matou com uma facada no peito.

Annabeth sentiu um calafrio, que história horrorosa.

–Acho que vamos subir, não é amor? – perguntou a loira para Percy, que estava tão pálido quanto a Sra. Grost.

–Si-sim – gaguejou ele.

–Não se esqueçam de trancar a porta. É para sua própria segurança. Rupert vá para casa. Deixe que eu fecho o castelo. – falou a senhora.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?
bjus e até o próximo capítulo