Magicamente Domingo (One Shot) escrita por Valentine


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Não deixem de comentar, espero que gostem!



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É como um sussurro, como se milhares de pessoas cochichassem ao seu redor, mas a sensação era diferente. Diferente porque os cochichos sempre foram um incomodo, mas o som da chuva era revigorante. Tudo bem que quando chegasse em casa seria atacada por gritos por estar molhada, mas fingir esquecer o guarda-chuva na escola era uma boa desculpa para tomar um banho de chuva, o que amava, mas já há muito tempo não fazia. 

Apesar da chuva ser um fenômeno rápido e efêmero naquela cidade, ela tinha o mágico poder de tirar todas as pessoas das ruas. Ver a cidade normalmente agitada completamente deserto, por mais assustador que fosse, era uma sensação libertadora, como se magicamente virasse um dia de domingo. 

Aquele havia sido seu último dia de aula no segundo ano do ensino médio, e, pela primeira vez em muitos anos, era bom saber que teria um período de descanso. Desde que entrou no ensino médio, sua vida virara um completo inferno. Não só pela facilidade em tirar boas notas sem muito esforço que não saiu do ginásio, mas pelas comparações constantes que sofria de sua família. O fato de ser filha do diretor da escola, por mais privilegiada que parecesse ser, tornava a pressão sobre si cada vez maior. 

Não eram poucas as pessoas que conseguiam a superar na turma. Não tinha as melhores notas, a melhor fala, muito menos as melhores relações com seus colegas. Tinha alguns amigos que a acompanhavam desde pequena, mas nada que a diferenciasse e fizesse as pessoas apontarem e dizerem: "Olha, aquela é a filha do diretor!" 

A chuva pareceu aumentar, fazendo o som dos respingos ecoar em seus ouvidos. Sentiu falta do cheiro de terra molhada que sentia constantemente quando criança, antes de todo aquele asfaltamento surgir. Alguns carros passavam naquela rua, momentânea e cuidadosamente por causa das poças de água formadas no acostamento. 

Caminhava pela calçada de concreto, fitando o céu nublado que prometia muita chuva para aquela tarde. Com a rua vazia, não percebeu quando um carro, vindo na contra mão, disparou na mesma direção em que caminhava, jogando litros de lama empoçada em sua direção. 

- Filho da mãe! - Gritou, olhando seu corpo e sua farda suja de lama. - Eu quero que seu pneu fure! 

Assustou-se com suas próprias palavras assim que viu o carro derrapar a alguns metros à frente, visivelmente torto pela falta de ar no pneu direito frontal. Ao ver o carro parar bruscamente, reconheceu o familiar Porsche branco, sem nenhuma surpresa quando o motorista abriu a porta e desceu. 

- Que droga! - Ele gritou, batendo a porta do carro e caminhando até o pneu furado, protegendo o rosto das gotas que tocavam seus cabelos pretos. 

Ela caminhou até o garoto abaixado frente ao pneu, pisando no asfalto alagado e sentindo seus pés ensoparem junto ao all star repleto de lama. 

- Phillip, seu idiota! - Gritou, aproximando-se e chamando a atenção do garoto. - Você fez isso de propósito, não foi? Acelerou naquela poça justamente para me molhar!

- Amber, me deixe em paz! Não vê que estou com um problema aqui? - Ele respondeu, apontando para o pneu vazio.

Amber bufou, estressada e controlando-se para não lançar um tapa em sua face. Phillip Adams era só mais um dos muitos idiotas de sua turma. Foi o nome que mais lhe infernizou nos últimos dois anos. "Porque você não é como o Phillip Adams, Amber?" "Olha, Amber,o Phillip Adams recebeu cartas de universidades!" "Amber, as notas do Phillip Adams são melhores que as suas!" Definitivamente, estava cansada de ser comparada a ele. Era o melhor aluno da turma: o mais querido, mais carismático, mais simpático e amigável. Mas, apesar de todas essas qualidades, Amber o odiava. O odiava por todas as falhas tentativas de superar suas notas, pelo seu esforço de agradar seus pais enquanto Phillip conseguia ser bom em tudo sem nem mesmo um grande esforço. Ele é um idiota. Disso, ela tinha certeza.

- Eu não vi você na calçada. - Ele gritou, a fim de que ela o escutasse em meio àquela chuva. - Será que dá pra parar de implicar comigo? Que droga, eu não sei o que fiz para você!

Irritado, Phillip tentava entender pela milésima vez, porque aquela garota o odiava tanto. Há dois anos conhecer Amber Evans, sua colega de turma desde o primeiro ano. Apesar de nunca terem tido um relacionamento amigável muito próximo, ela parecia ser alguem de muito difícil convivência. Tinha longos cabelos castanhos e olhos acinzentados, mas, embora tenha o visto poucas vezes devido à comum expressão rabugenta da garota, o que Phillip mais gostava era o sorriso de Amber. Talvez por ter o visto tão poucas vezes em tantos meses, aquele sorriso tornou-se uma icógnita. Entretanto, talvez por ser filha do diretor da escola, Amber tinha uma pose insuportavel em relação à ele. Mas, o que ele fizera para todo esse ódio.

- Você nasceu! - Gritou Amber, virando-se e voltando a caminhar rumo à sua casa.

- Ei, espera aí! - O grito de Phillip ecoou assim que ele se levantou e caminhou até Amber. - Não vai me ajudar aqui?

Amber virou-se, revirando os olhos e expirando de raiva.

- Eu? Ajudar você? Só pode estar brincando, eu pedi que isso acontecesse, porque ajudaria? Além disso, olha o que você fez comigo! - Abriu os braços, mostrando seu corpo sujo.

- Eu já disse que foi acidente! - Gritou Phillip, irritado. - Algum idiota jogou uma sacola de pregos na pista, eu tenho um reserva na mala, será que dá para me ajudar a trocar? Eu te dou uma carona até sua casa.

- Você? Me levar em casa? Não mesmo! - Gritou, negando ao convite.

- Sério, Amber? Prefere mesmo ir andando nessa chuva do que me ajudar? Deveria agradecer por alguem estar disposto a te levar em casa!

- Seu idiota, meu dia estava ótimo com essa chuva muito antes de você aparecer.

Amber revirou os olhos, voltando a caminhar na direção de sua casa, agradecendo por ele, finalmente, ter a deixado em paz. Garoto Idiota.

Alguns passos fitando a calçada repleta de água empoçada, o som estridente da chuva diminuiu, despertando sua atenção para as gotas mais finas que caíam a partir daquele momento. Levantou o rosto, olhando para o céu e vendo que as nuvens passageiras haviam clareado. Virou-se momentaneamente, voltando a olhar para o garoto confuso já longe na rua e sentiu um peso em sua consciência. Por mais que alimentasse toda aquela aversão à Phillip por causa da pressão de seus pais, o garoto não tinha culpa em nada disso.

Definitivamente, não era sua culpa.

Suspirou com raiva de si mesma, voltando a caminhar em sua direção.

Phillip havia sujado as próprias mãos de lama, tentando retirar as rodas do pneu furado. Encaixou a chave de fenda nos parafusos, mas não teve força suficiente para retirá-los. Pisou sobre a chave, pressionando no sentido anti-horário. Após retirar dois dos quatro parafusos, esfregou a própria cabeça com as mãos, confuso.

- O que eu preciso fazer? - A voz de Amber o alarmou, fazendo-o a olhar diretamente. 

Ela suspirou ao vê-lo sorrir.

- Tem um macaco no porta-malas, pode pegar, por favor? - Perguntou, apontando para o local indicado e logo balançando os parafusos que brincavam em suas mãos.

- É isso? - Amber perguntou, erguendo a ferramenta à sua altura.

Phillip balançou positivamente a cabeça, confirmando à pergunta da garota. Ela voltou ao seu lado, colocando o objeto no chão. 

- O que eu faço? - Perguntou, numa falha tentativa de enxugar as mãos nos seus jeans ensopados.

- Vem cá. - Phillip segurou sua mão, puxando-a para baixo e a fazendo agachar. 

Instantaneamente, Amber puxou sua mão de volta, assustada com o toque repentino.

- Você gira o macaco e eu retiro o restante dos parafusos. Não solta! - Alarmou, deixando que a garota girasse a ferramenta enquanto retirava os parafusos.

A chuva diminuiu ainda mais, e Amber olhou para o céu novamente.

- Que droga. Está parando de chover.

Phillip levantou o rosto enquanto retirava o último parafuso.

- E isso é ruim? 

Amber fitou o rosto molhado de Phillip, reparando pela primeira vez os seus olhos castanhos médio. 

- Claro que é. Eu gosto da chuva. - Sussurrou, sendo respondida por um meio sorriso de seu colega.

- Então é por isso que você estava andando na chuva? 

Amber abaixou seu olhar, jogando os cabelos para trás de seu pescoço.

- Ou poderia ter esquecido o guarda-chuva. 

- Claro. - Ele sorriu. - Mas você poderia ter pego carona com seu pai. Então, sim, foi por isso que estava andando na chuva. Pode ter pego um resfriado.

- Ah, qual é. - Revirou os olhos, soltando o macaco assim que Phillip se levantou. - Quase não chove aqui, porque não posso aproveitar quando acontece?

Phillip riu, batendo as duas mãos para limpar a lama. 

- Espera um pouco, vou pegar o outro pneu no porta-malas. - Ele foi até o local, contraindo visivelmente seus modestos músculos, despertando o olhar perplexo de Amber. De repente, a chuva voltou a alcançar a velocidade e força anterior. - Parece que seu desejo se realizou. - Ele disse ao voltar, abrindo a palma das mãos para as gotas de água que nelas caíam.

Amber sorriu, chamando a atenção de Phillip. Surpreso e constrangidamente encantado, ele aproveitou os pouquíssimos dois segundos em que aquele sorriso permaneceu na face extremamente bela de Amber Evans.

- O que foi? - Amber arqueou as sobrancelhas, estranhando a expressão confusa do garoto.

- Nada. - Ele respondeu, abaixando o olhar e balançando rapidamente a cabeça.

Amber encostou no carro branco, sem dar a mínima importância para suas roupas já molhadas em contato com o vidro também molhado da porta traseira enquanto Phillip terminava de parafusar os parafusos do novo pneu.

- Pode girar novamente o macaco? - Ele perguntou, levantando-se e colocando a chave de fenda novamente no porta-malas.

Amber desencostou do carro, girando novamente o macaco no sentido oposto. 

- Pronto. - Respondeu, pegando novamente a ferramenta e e colocando-a no porta-malas.

Um vento frio passou pela rua deserta, despertando, pela primeira vez, um tremor em Amber, que já tinha suas roupas completamente encharcadas. Repentinamente, encolheu os ombros e uniu os braços junto ao corpo, trocando de ombro sua bolsa capanga que já pesava. Por sorte, usava algo de couro sintético que impermeabilizava o contato com seus cadernos e agendas.

- Entra! - Phillip abriu a porta do carro, sinalizando o interior com a cabeça.

- Eu vou molhar seu estofamento. - Respondeu Amber, apontando para o banco do co-piloto.

- É água. Só secar. - Ele sorriu, acenando novamente para dentro do carro.

Amber retirou a bolsa do ombro direito, entrando no Porsche branco de Phillip, que, ao fechar a porta de Amber, caminhou até seu posto de motorista. Ao entrar no carro, fechou a porta e colocou o cinto de segurança, girando a chave na ignição.

O carro não ligou.

- Eu poderia voltar andando... - Sussurrou Amber, fitando o pára-brisas molhado. do carro.

Novamente, retirou e colocoua chave na ignição, mas o carro não ligou.

- Não iria deixar você sair assim. - Ele sorriu. - Mas que droga, porque o carro não liga?

Pela terceira vez, tentou ligar o carro, mas não conseguiu.

- Tem combústível suficiente? - Perguntou Amber, aproximando-se do garoto e checando o medidor de combustível no painel.

Assim que Amber aproximou-se e encostou o rosto no painel à sua frente, Phillip teve o contato direto com seus cabelos molhados que tocaram sua face. Sentiu o perfume doce que exalava do pescoço da garota, ali, tão perto de seu rosto.

- Você está sem combustível, Phillip. - Ela disse, trazendo-o de volta ao diálogo e afastando seus pensamentos. - Porque não abasteceu antes?

Ele respirou fundo, esfregando os olhos com o polegar e o dedo indicador. 

- Eu esqueci. Droga.

Amber deu um pequeno riso, chamando a atenção de Phillip. Era a primeira vez que a via rindo de verdade, dando gargalhadas. Era um som suave, um som agradável que despertava um sorriso em seu rosto.

- Qual a graça? - Perguntou, sem conseguir controlar o sorriso em sua face.

Desfazendo o riso, Amber juntou as mãos sobre a bolsa em seu colo.

- É que você tem essa pose de inteligente e melhor que todo mundo, mas às vezes parece um garoto lesado.

Phillip franziu o cenho, confuso pela afirmação de Amber. 

- Garoto lesado? Acho que normalmente eu ficaria ofendido com isso. Mas é Amber Evans quem está falando isso, então, é como se estivesse em um diálogo normal. - Amber revirou os olhos, expirando rapidamente. - Mas eu não tenho pose de melhor que ninguém. De onde tirou isso?

Amber detestou-se por dentro, culpando-se por ter revelado um dos grandes defeitos que via em Phillip Adams. 

- Qual é. Você é o Sr. Perfeito! Tem as melhores notas, é simpático com todo mundo, participa de vários clubes extracurriculares... Como consegue conciliar tudo isso? Quero dizer, deve estudar todas as noites, não se sente sobrecarregado?

Phillip arqueou as sobrancelhas.

- Eu? Geralmente eu durmo à noite toda... Não costumo estudar tanto quanto as pessoas pensam, eu simplesmente tenho uma facilidade de aprendizado muito grande. 

- Então, vai dizer que não passa cada hora do seu dia se esforçando e tentando ser o melhor em tudo? 

Assustado, Phillip ergueu as mãos, sibilando um "o quê?" com os lábios.

- É claro que não! Espera aí, que tipo de pessoa você acredita que eu seja? É por isso que me odeia tanto?

Amber estava acostumada a ouvir que as pessoas só conquistam o que lutam para ter: Claras palavras de seu pai. Toda essa pressão sobre seu rendimento escolar e propostas de universidades em pleno segundo ano do ensino médio a fazia pensar que até mesmo os bens não materiais fossem fruto de um esforço e segundas intenções. Um conhecimento completamente diferente da realidade.

- Acho que te odeio ainda mais.- Amber bufou, virando os olhos para o vidro lateral do carro. 

- Como é que é? - Perguntou Phillip, confuso.

- Você tem noção do que eu passo por sua causa? O Inferno que você me causou?

Phillip arregalou os olhos, asustado.

- Eu? O que eu fiz?!

- Eu já odiava imaginar que você passava cada segundo se empenhando em ser melhor do que todo mundo, agora que sei que você nem se esforça pra isso enquanto eu passo cada hora do meu dia tentando agradar meu pai do jeito que você agrada, me sinto muito pior!

- Amber, pára com isso! - Gritou Phillip, irritado. - Você sempre me tratou mal desde o primeiro dia que nos conhecemos, sempre me ignorou e me tratou feito um idiota, porque acha que tem o direito de me depreciar quando eu só tento ser legal com você?

- Legal comigo? Phillip, você só faz isso para me mostrar o quanto é melhor que eu. Quer saber? Eu não deveria ter aceito essa carona, eu vou embora. - Respondeu Amber, colocando novamente a bolsa em seu ombro direito e abrindo a porta.

- Amber, espera! - Pediu Phillip, segurando seu braço.

Instantaneamente, ela afastou-se, assustada pelo toque.

Ao descer do carro, Amber bateu fortemente a porta, sem nenhum tipo de pena de causar algum dano ao carro de Phillip, ouvindo o som do abrir da porta do motorista também.

- Amber, para de ser idiota, por favor! - Ele gritou, caminhando atrás da garota que acelerava seus passos em meio à chuva. - Você é irritante, não consigo entender o que passa por essa sua cabeça! Na verdade, eu não tenho a mínima idéia de porque eu insisto tanto em você!

Amber parou, ainda de costas para o garoto alguns passos atrás. 

- Insistir em mim? Do que está falando? - Perguntou, virando-se e encarando finalmente o rosto de Phillip.

- Você entendeu o que eu quis dizer. - Respondeu, desviando o olhar para o asfalto que brilhava em meio à chuva. - Amber, desde que eu te vi sorrir pela primeira vez no primeiro ano eu fiquei maluco. Maluco para ver seu sorriso novamente, maluco por você...

Amber sentiu seu coração diminuir de pulso, quase parar. Batia tão alto que era possível ouvi-lo sem nem mesmo tocar o peito diretamente. Sentiu-se vulnerável, tremia, nervosa.

- Que tipo de brincadeira é essa, Phillip? Você nunca fez questão de se aproximar de mim antes...

Phillip sorriu, revirando os olhos.

- Isso tudo por causa dessa sua atitude insuportável de implicar comigo sempre. Isso afasta as pessoas, será que nunca percebeu? Eu não estou brincando!

Abriu a boca, buscando as palavras para usar, mas não as encontrou. Faltava-lhe um meio de expressar toda a confusão que sentia naquele momento, com aquela confissão repentina. Não poderia ser. Era só uma brincadeira de Phillip Adams, só podia ser. Poderia ser qualquer coisa, uma aposta com os amigos, um desafio entre os colegas, ter um caso com a garota mais rabugenta e insuportável da escola. Nada era garantido quanto à possibilidade de ser assunto no Facebook no final de semana, o comentário sobre o caso de Amber Evans e Phillip Adams. Era só brincadeira. Só isso. 

- Eu vou embora... - Sussurrou as três palavras, virando-se na direção de sua casa novamente.

A chuva aumentou, o que fez com que o toque de Phillip em seu braço esquerdo fosse amaciado. Ele a segurou, fazendo-a parar instantaneamente.

- Não. Eu não vou deixar. - A interrompeu, parando seus passos.

- Deixar o quê? - Perguntou Amber, ainda de costas.

- Não vou deixar você fugir de mim outra vez. Você sempre está fugindo, se afastando de mim, criando essa barreira à sua imagem. Porque, Amber?

Amber respirou fundo, virando-se rapidamente e fazendo com que seus longos cabelos molhados batessem contra seu peito.

- Não é óbvio?! - Gritou, e, por um momento, Phillip não sabia se ela chorava ou era apenas as gotas de chuva que molhavam suas pálpebras. - Você tem tudo, Phillip! Você é perfeito, você tem tudo o que meu pai exige em mim! Tem idéia do quanto isso dói em mim?

- Pára com isso... Eu não tenho tudo.

- Não? - Um riso sarcástico e irônico surgiu em seus lábios. - Me fala uma! Uma coisa que te faria feliz e você não tem!

Phillip aproximou-se, diminuindo qualquer distancia entre os dois. Assustada, Amber tentou afastar-se com um passo para trás, mas ele foi mais rápido. Suas mãos tocaram sua cintura, pressionando-a e extinguindo qualquer possibilidade de evitar àquele beijo. Ainda resistindo, Amber sentiu os lábios molhados de Phillip Adams, logo correspondendo ao beijo. Foi intenso, forte, a melhor expressão de sentimentos que poderia ter. 

- Eu ainda não tenho você. - Ele sussurrou, partindo o beijo e logo voltando a tocar seus lábios.

- Pensei que eu fosse irritante. - Respondeu Amber, ainda fixando seu olhar no asfalto.

- Você não é. - Ele respondeu, tocando seus cabelos molhados e enxugando as gotas de chuva que escorriam de seus olhos. - Você só se mostra assim. Você é muito mais do que isso, Amber. O seu sorriso... ele mostra quem você realmente é. E foi isso que me capturou desde a primeira vez que eu o vi.

Phillip tocou sua mão, entrelaçando seus dedos e iniciando uma caminhada na direção em que Amber seguia anteriormente.

- O que está fazendo? - Ela perguntou, começando a andar ao seu lado.

Phillip sorriu.

- Sei o quanto gosta da chuva. Mas você não vai voltar pra casa só. Meu carro morreu, e eu prometi te deixar lá.

Ainda sem entender sua pulsação acelerada, Amber firmou o entrelace de suas mãos, apertando-a ainda mais. Não sabia o que dizer. Nunca tinha passado por aquilo antes. Era algo novo, algo que a fazia sentir uma felicidade completamente desconhecida. Um sorriso surgiu em seus lábios, mostrando seus dentes. E, ao ver aquele sorriso, Phillip teve certeza do quanto aquela garota o deixava maluco.

Definitivamente, era aquele sorriso que mostrava quem Amber Adams realmente era. 

E, sinceramente, estava apaixonado por aquela pessoa.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura, aguardo seu comentário!