Eu estava confusa por que todos me olhavam daquele jeito? Eu só falei com o Kamiya, tudo bem que ele era esquisito, mas falar com ele não é pecado, talvez doidice, mas pecado?

Eu olhei novamente a sala em geral, o professor me olhava sério, na sala os alunos se dividiam em alguns que me olhavam irritados, outros que me olhavam assustados, alguns que estavam com cara de choro e Kamiya que não demonstrava nenhuma emoção. Eu ignorei a todos como se aquilo não fosse para mim, e voltei minha atenção ao Kamiya.

–Não vai me responder? - perguntei.

–Melhor você parar - disse ele baixo como se só eu devesse ouvir.

Eu olhei para ele mais confusa ainda, eu só queria uma resposta direta desse garoto, de repente fui puxada pela Yayoi e outra garota, essa outra garota cabelos castanhos curtos e olhos azuis, elas me puxaram para fora de sala.

–Você é louca garota?- gritou à morena.

–Sonorahai, não grite com a garota, ela não sabia - disse Yayoi.

–Será que podem me explicar o que está havendo? - Eu estava começando a achar que ia ficar doida nessa escola.

–Simplesmente você não devia ter falado com aquele garoto - disse um garoto de cabelos pretos.

–E por que eu não posso falar com o Kamiya? - perguntei com um tom de voz irritado, agora entendia por que a ruiva estava irritada naquela hora.

–É melhor eu lhe explicar tudo, antes que você faça mais besteira - disse Yayoi respirando fundo - Dora, Sonorahai, vocês podem entrar e assistirem aula.

–Mas Miyuki... - o tal de Dora parecia preocupado e irritado.

–Entrem logo - disse ela decidida - Eu vou querer a matéria depois.

Os dois entraram, eu olhei para sala e parece que a aula já tinha começado, mas o professor não se importava comigo e Yayoi aqui fora, parecia que isso era mais importante que a aula.

–Hiume, posso lhe chamar assim, né? - perguntou ela.

–Sim Miyuki, pode me chamar assim, mas poderia por favor dizer logo sobre essa maldição e sobre a principal regra da sala. - estava impaciente com todo aquele mistério.

–Claro, preste atenção: Em 1972, havia uma estudante chamada Misaki Yomiyama na escola Yomiyama sala 3 . Uma estudante honorária que também era boa em esportes, Misaki era muito popular entre seus colegas e até os professores tinham afeição por ela. Quando Misaki morre inesperadamente, a classe 3-3 decide continuar agindo como se ela ainda estivesse viva. Contudo, quando a foto da graduação da sala foi tirada, eles viram na foto alguém que não deveria estar lá: Misaki Yomiyama a estudante “extra”. -eu fiquei assustada não era muito fã de historias de terror - A partir dai todos os anos há um aluno "extra" que ninguém sabe quem é, e por causa desse aluno uma calamidade acontece, alunos da sala morrem de formas estranhas podendo morrer também familiares próximos, como pais, irmãos ou avós.

–Isso é sério? - eu não conseguia acreditar nessa historia.

–Muito sério, todos os anos as pessoas que ficam na 3-3 tentam não iniciar a calamidade, o único jeito achado até hoje foi "excluir" um aluno, essa pessoa basicamente não existe, normalmente ninguém se voluntaria para isso, mas por incrível que pareça Kamiya decidiu ser o "não-existente" por conta própria, agora nós não devemos falar com ele.

–Isso é errado! - eu disse menos irritada que antes.

–A nossa principal regra aqui é qualquer coisa que a sala decidir fazer você precisa obedecer de qualquer forma.

–Mas...

–Olha aqui Hiume, nós não queremos que a calamidade comece para nos proteger e proteger nossos familiares, então, por favor, siga as regras e obedeça à sala, afinal a possibilidade da calamidade começar é alta já que você falou com o “não-existente”.

–Ok, irei seguir as regras - respirei fundo - Mas antes de entrarmos posso lhe fazer mais uma pergunta?

–Pode fazer.

–Como você foi escolhida a líder de contra medidas?

–Por que essa pergunta?

–Pois parece ser difícil ser isso e eu fiquei curiosa se a sala decide isso também ou se são os professores.

–Normalmente os professores indicam alguém, mas eu me voluntariei, pode parecer maluquice, mas eu quero salvar a todos - ela baixou a cabeça como se lembrasse de algo - Vamos entrar.

Ela disse isso e abriu à porta, eu entrei logo depois dela recebendo alguns olhares tortos, procurava algum lugar para sentar e Miyuki falava com o professor, então Emme levantou os braços sorrindo e disse:

–Hiume, pode sentar aqui.

Ela apontou para uma cadeira ao lado dela, eu sorri e fui em direção à cadeira, ignorando os olhares de todos que estavam ali. Mas então a Sonorahai comentou, mais alto do que precisava, com o tal de Dora:

–A menina pode ter iniciado a calamidade, mas mesmo assim tem gente querendo ser amiga dela.

–Não é culpa dela – Emme me defendeu.

–Então a culpa é de quem? – perguntou uma menina ruiva.

–Amanda se a calamidade realmente começar isso sinceramente não vai importar – disse o menino do lado de Emme.

–Por que não importa Ichiro? – perguntou uma menina baixa de cabelos brancos e com um tapa olho, por que será que ela tem um tapa olho?

–Pense Hana, se a calamidade começar nós teremos que nos preocupar em como parar as mortes. – disse Ichiro.

Começaram várias conversas pela sala, a maioria deles falavam de mim e que eu fiz besteira, eu me sentei e abaixei minha cabeça, me sentia culpada afinal se a calamidade começasse ainda era minha culpa, mesmo sem querer. Eu olhei para Emme e para o garoto.

–Obrigada por me defenderem – eu disse sorrindo.

–Pena que não deu muito certo e ele ainda falam de você – disse Emme sorrindo.

–Uma hora isso acaba – disse o garoto – Ah eu sou Namezaki Ichiro, mas me chame de Ichiro.

–Oh me desculpe à falta de educação, eu sou Yukasa Hiume – eu sorri para ele.

Eu me sentia sendo observada, eu me virei e vi do outro lado da sala uma garota de cabelos pretos me olhando e depois escrevendo algo em caderninho azul, ela era uma das únicas que não conversava isso acabou me lembrando de Akio então eu olhei para a carteira dele e não o vi ali. As pessoas continuavam falando de mim, eu estava me sentindo incomodada, talvez eu explodisse ou realmente enlouquecesse nessa escola, mas antes de eu realmente me irritar Miyuki se levantou.

–Parem com isso, a culpa não é da Hiume ela não sabia onde estava se metendo.

–Miyuki, não a defenda, caso a calamidade comece a culpa vai ser dela sim, mesmo isso não tendo importância na hora, ou seria mais de quem? – perguntou Sonorahai.

–Da Yayoi, de quem mais seria? – disse à ruiva que chamaram de Kurosaki. – Pois se ela fosse uma líder de medidas eficiente nada disso teria acontecido, se alguém morrer a culpa é dela.

Miyuki abaixou a cabeça, parecia se culpar, eu não me aguentei e me levantei, afinal ela me defendeu e, além disso, ela era líder de contra medidas por que queria salvar a todos.

–Pare com isso, ela faz o que pode para salvar a todos aqui e vocês ficam ai só reclamando e jogando a culpa para os outros – eu me virei para a ruiva – Você, Kurosaki, né?

–Sim, mas pode me chamar de Akira que é meu primeiro nome – disse ela.

–Ok, Akira quando eu cheguei estava discutindo com a Miyuki por causa desse plano do “não-existente” que de algum modo você sabia que não ia dar certo, mas em vez de reclamar e criticar a Miyuki, por que não faz algo?

–Eu quero fazer, na verdade acho bom todos discutirmos sobre isso.

–Mas como faríamos isso – perguntou Miyuki.

–Que tal uma algo parecido com reunião? – perguntou a menina do caderninho azul.

Todos concordamos, nós colocamos as cadeiras formando algo tipo um circulo, Miyuki estava perto do professor com Dora e Sonorahai ao seu lado, Akira do outro lado perto da tal Amanda e da menina do caderninho, e Emme estava perto de mim e de Ichiro, quando todos nós nos ajeitamos a reunião começou.