(Mini Fic) Destinos Cruzados escrita por Jhenny


Capítulo 2
Capítulo 2




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   A casa de Leon era lindíssima. Uma casa térrea cercada por um gramado, onde ao fundo via-se uma piscina e uma casinha  atrás dela. André a conduziu para uma porta enorme que estava aberta onde se podia ver  uma sala exótica, com sofás  em couro branco, tapete de peles, móveis rústicos de madeira maciça . Conforme ia entrando na  sala  reparou que ela era enfeitada por vasos com palmeiras, costelas de adão gigantes e quadros de pintura abstrata de cores fortes. Viu do lado direito uma saleta e  Leon Vargas sentado em uma poltrona  ao lado de uma janela.

     Quando ele a viu se colocou em pé. Ele parecia estar melhor. Seu braço já estava sem o gesso, embora  ainda ele estivesse usando a tipoia. E ele andava sem que André o escorasse o tempo todo. Ele estava com roupas descontraídas, shorts branco e camisa azul, suas pernas eram peludas.  Caminhou até ela e  chamou a empregada que imediatamente apareceu.

      — Bom dia senhorita. Seja bem vinda e se sinta em casa. Olga conduza à senhorita Violetta até o quarto de hóspedes.

       A empregada assentiu e se dirigiu a um corredor grande e largo. Ele era revestido de quadros de pintores famosos. Então ela viu um Picasso. Confusa,  pensou “Como eu sei que se trata de um Picasso?... Eu nem sei o meu nome?”.

   Olga era gordinha, muito simpática. Ela aparentava ter uns 45 anos. Tinha os cabelos pretos elevados por um coque. O sorriso dela era franco, com olhos azuis claros, muito lindos.

      — Obrigada.

      — Qualquer coisa que você precisar me chame, pode me chamar de Olga.

       — Me chame de Violetta.

      Olga assentiu. Quando Olga saiu  ela olhou demoradamente para o quarto.

      Ele era pintado num tom pastel, com uma colcha amarela bordada com flores brancas. Uma porta balcão estava aberta. Violetta se dirigiu para lá e viu que saía para uma varanda.

      Então se sentiu mal, com passos relutantes  voltou para a cama e sentou-se. Ainda se sentia fraca. Cansada sem forças.

       Olhou tudo com o olhar vazio.

       No hospital quando Francesca lhe deixou as malas as abriu observando todos os seus pertences, mas não tinha nada de que pudesse se lembrar, apenas uma foto de uma menininha que aparentava ter seis anos segurando a mão de uma senhorinha de cabelos grisalhos, de uns cinquenta anos.  Sabia por instinto que a menininha era ela. Mas e a outra mulher? Era a mãe dela? Sua identidade marcava seu nome completo: Violetta Castillo tinha vinte anos e o nome da mãe: Maria Castillo. No registro não indicava o nome do seu pai.

      Lembrou-se de Leon, ele lhe era totalmente estranho, era horrível depender de alguém que não se lembrava.

       Então ela escutou uma batida leve na porta e logo a figura de Leon apareceu.

       Com passos seguros se dirigiu a ela e sentou-se ao lado dela na cama.

       Seus olhos se encontraram. Ela percebeu que ele ainda não estava bem como parecia, tinha olheiras escuras e estava abatido.

        — Espero que você esteja bem instalada.  — Ele disse a olhando atentamente— Hoje por ser Domingo eu estou em casa. Mas segunda-feira minha rotina de trabalho recomeça... Então o que você precisar  peça para Olga.

       E depois de uma pausa lhe disse.

        —Conversei com o médico.  A  sua  amnésia  é temporária. Logo, logo você se lembrará de tudo.

Violetta estava com o coração apertado e não conseguiu segurar as lágrimas. Ela viu que Leon ficou sem ação. Então ele levantou as mãos morenas e lhe secou as lágrimas com o polegar. Ele a olhava com compreensão.

       — Obrigada Leon.

          Leon lhe sorriu tristemente e levantou-se.

       — Descanse... Você prefere almoçar comigo ou quer almoçar  aqui no  quarto?

        —Eu prefiro almoçar com você. 

        — Então descanse um pouco. O almoço é servido há uma hora. Olga vem te chamar — Dizendo isso saiu.

        

Violetta se dirigiu a uma porta que estava fechada e abrindo-a viu que se tratava de um banheiro grande,  composto por uma banheira, um lavabo grande e espelhos até o teto.

       Olhou sua figura no espelho. Viu seus cabelos castanhos claros despenteados, estava com olheiras profundas e se achou muito magra. Sua cicatriz havia suavizado. Não gostou do que viu. Foi até o quarto e viu Olga guardando suas roupas nos armários e gavetas.

         Olga quando a viu lhe sorriu. Ela lhe retribuiu o sorriso e pálida sentou-se na cama. Era só ficar um pouco em pé que se sentia mal.

Olga a  olhou com preocupação.

        —Melhor você comer aqui. Leon não se importará se você não lhe fizer companhia a ele. Você está muito fraquinha.

       Violetta concordou com um gesto de cabeça.

       — Tá certo Olga, eu vou comer aqui no quarto. Não me sinto muito bem ainda.

       Olga lhe sorriu.

        —Você tem preferência por algum tipo de comida?

        Violetta se surpreendeu, pois  na hora lhe veio à imagem de  sua comida favorita. Como ela podia se lembrar disso e se esquecer das coisas importantes?

        —Eu amo frango assado ou cozido.

        Lembrou-se dela pequenina comendo o frango com gosto e... Então a imagem fugiu. Ela sentou-se na cama com lágrimas nos olhos. Olga ficou preocupada.

    — Não chore menina. Logo  logo você vai se lembrar de tudo.

    — Leon lhe contou?

   — Sim, ele contou.

     Depois que Olga saiu Violetta tomou um banho de imersão. Saiu da banheira e foi até o quarto, escolheu um vestido leve de algodão branco, calçou as sandálias e resolveu procurar   Leon.

     O achou com os olhos fechados em uma espreguiçadeira na sombra. Ele estava bem afastado da piscina.  Ela brilhava convidativamente para um mergulho.  Reparou ao longe, atrás da piscina uma casa e viu Olga sair de lá então concluiu que ela deveria morar lá.

      Sua atenção se voltou para Leon que  usava short branco e tinha trocada a camisa azul por uma camisa  branca.

     Então viu Andre que mais ao longe o observava numa cadeira na sombra.  “Ele deve ser um tipo de guarda-costas.” 

Leon abriu os olhos e a viu vindo em sua direção. Seus olhos se encontraram e ela sentou-se ao seu lado numa espreguiçadeira e o observava atentamente.

     — Leon como nós nos conhecemos?

     Leon não esperava a pergunta e ficou sem ação. Olhando-a atentamente respondeu-lhe.

    — Eu não posso te contar nada. Você precisa se lembrar de tudo sozinha. Senão eu estarei  sugestionando a sua memória.

     Ela o olhou com frustração e suspirou. Então viu que Leon fechou os olhos e a ignorou.  Só Deus sabia que capricho do destino propiciara para ela viver essa situação. Assim, sem ninguém a quem recorrer e nenhum outro lugar para onde ir. Seu destino pertencia só a ele e ele a ignorava.

     Depois de meia hora surgiu  Olga na entrada da cozinha.

     — O almoço pode ser servido?

      Leon abriu os olhos e concordou. Levantou-se e Violetta percebeu que ele se afastou bastante da piscina e caminhou entre  ás árvores, fazendo uma curva enorme  e só então se dirigiu a sala de jantar, onde entrou por uma porta balcão que estava aberta.

Violetta se levantou também se sentindo rejeitada e seguiu pelo caminho mais curto. Cruzou a piscina e entrou  na sala de jantar. Andre o havia seguido e estava numa saleta observando o patrão mais ao longe.

     Violetta ficou indecisa em frente à mesa.  Leon vendo-lhe  a indecisão apontou a cadeira  que ela deveria se sentar. Nesse momento o telefone tocou, depois de três toques  Andre  atendeu e  chamou Leon.

     Ela viu  Andre lhe falar algo no ouvido e Leon se dirigiu a uma porta. Ao abri-la ela viu  que era uma  biblioteca.

      A ligação estava muito ruim e Leon escutava a voz do irmão com muitos chiados.

      — Leon como ela está? —Ele percebia que Tomas gritava.

      — Ela está bem. Eu a trouxe para casa. Olga vai cuidar dela.

       Leon percebeu que se fez silêncio do outro lado da linha e então ouviu a voz do irmão.

       — Leon fala para ela que quando eu tiver folga eu volto para casa e então eu converso com ela e lhe explico tudo pessoalmente.

         Leon sabia que seu irmão não sabia da amnésia dela e não quis discutir e concordou.

        Suspirando, como se carregasse o peso do mundo nos ombros, ele foi se sentar  e sentiu os olhos de Violetta nele. Evitou olhá-la e esperou Olga servi-los.

         Violetta tentava entender Leon.  Enquanto comia de vez em quando o observava. Leon estava concentrado no prato e a ignorou completamente. Parecia estar perdido em pensamentos.

        Quando ele terminou de almoçar ele se levantou.  Violetta  o olhava sem entender. Ele estava tão frio. Ele lhe pareceu tão amável no começo e agora estava tão distante. Por quê? Ela se perguntava.

        — Me desculpe, mas preciso trabalhar.

        Violetta concordou e não disse nada. O viu se dirigir a biblioteca e se trancar lá dentro. Ela suspirou e foi para o quarto. Deitou-se na cama e fitava o vazio. Não tinha nada para lembrar. Seu cérebro era vácuo tão grande que ela parecia que ia morrer de frustração.

Depois de uma hora fitando o vazio tentou dormir, mas uma dor de cabeça a incomodava. Foi á procura de Olga e não a achou em casa. Bateu na biblioteca e não ouviu resposta. Abriu lentamente e viu Leon deitado no sofá. Ela lhe tocou o braço e ele abriu os olhos confusos. E sentou-se.

         Ela então se surpreendeu diante da frieza estampada em seu rosto.

         — O que você quer Violetta? —havia certa dureza  na voz dele.

         —Leon, eu estou me sentindo uma intrusa. Você tem certeza  que me quer em sua casa?

         Ela percebeu que ele ficou constrangido e ele a olhava esquisito. Seus olhos estavam vermelhos.

      — Me desculpe, é que estou muito cansado.

       Ele a ignorou completamente  e  fechou os olhos  e  encostou-se ao sofá.

        Ela se sentiu mais uma vez dispensada. Violetta observou  rapidamente seus cabelos pretos revoltos, desceu os olhos para sua boca sensual e viu uma plaquinha escrita com letras miúdas de prata presa a um cordão de prata, tentou ler a plaquinha no seu peito, mas desistiu.

         — Leon onde está Olga?

         Então ele abriu os olhos com irritação.

         — Não sei, por quê? Você precisa de alguma coisa?

         — Eu estou com dor de cabeça. Você tem alguma aspirina para me dar.

          Ele a olhou confuso  e se levantou com lentidão.

       — Tenho. 

        Ela observou que suas mãos estavam trêmulas, quando ele se dirigia para a um armário ela viu na mesinha de centro um tubo contendo comprimidos e os pegou rapidamente e viu que eram barbitúricos. Na hora  ela entendeu por que ele não conseguia ficar com os olhos abertos.

      Ele  voltou  com os comprimidos na mão.

       — Tome. Guarde no seu quarto.

       Ela pegou os comprimidos e ele se sentou no sofá e fechou os olhos novamente, ela o olhou hesitante e disse-lhe.

       — Leon por que você toma essa droga? Você sabia que isso vicia?

      Leon a olhou confuso e com os olhos pesados disse-lhe.

       — Violetta, por favor, mais tarde  nós conversamos. Eu preciso descansar por um momento.

     Ela percebeu que seria impossível conversar com ele naquele estado e saiu frustrada. Sua cabeça estava estourando. Foi até a cozinha e enfim viu Olga.

      Olga a viu encher um copo de água e tomar os comprimidos.

        — Está com alguma dor?

         — Um pouco de dor de cabeça. — E pegou as mãos de Olga e levou num grande galo encoberto pelo cabelo dela. —O médico me falou que é normal a dor de cabeça por causa da batida. Agora  esse galo  eu não perguntei se vai sair daqui.

     Dizendo isso passou a mão pelos cabelos.

     — Olga por que Leon precisa de calmantes?

     Olga a olhou surpresa.

     — Como você ficou sabendo disso?  Leon lhe falou?

     — Eu fui na biblioteca e o vi dopado. Ele me deu esses remédios que eu pedi. E eu vi os barbitúricos.

       Olga a fez sentar-se em uma cadeira e ela sentou-se noutra em frente á ela.

       — Violetta, eu te dou um conselho. Esqueça  Leon!  Se fortaleça. Fique aqui o tempo que quiser. Mas deixa o senhor Vargas no cantinho dele. Ele ás vezes precisa usar desse artífice quando está sobre stress. 

         Leon estressado. Ele deveria ser um homem muito ocupado. Pelo tamanho da casa sabia que era um homem rico e devia administrar algum negócio. Mas mesmo assim não entendeu por que o uso dos calmantes.

        Sua cabeça doía terrivelmente então não prolongou a conversa. E foi para o seu quarto e dormiu

       Quando acordou e estranhou o lugar. Apavorada saiu da cama e bateu em algo que virou com um estrondo. Ficou caída no chão até que  viu  a luz  do quarto ser acesa e ofuscarem seus olhos. 

       Olhando para a porta viu a figura de Leon. Ele estava vestido de: jeans escuro, uma camiseta branca e descalço, não usava tipoia no braço. Aproximou dela que estava no chão.

       Ele a ajudou a se levantar e a fez sentar-se na cama. Sentando-se ao seu lado. Seus olhos verdes a olhavam demoradamente.

       — O que aconteceu com você?

         Ela enrubesceu e  lhe sorriu ao lembrar-se da cena.

       — Eu senti uma agonia com o quarto escuro. Fiquei desnorteada e me levantei rápido tentando achar as luzes e esbarrei na cadeira.

       Leon lhe sorriu. Violetta procurou seus olhos e ficou cativa daqueles olhos verdes.  Mas ela sentiu que ele imediatamente se fechou, e desviou seu olhar. 

    — Leon por que você se fecha assim?

    Leon a olhou surpreso. Ela olhou para  aqueles olhos verdes, a barba por fazer de um dia,  ele estava tão abatido e não resistindo passou as mãos pelos cabelos dele num gesto terno.  Ele na hora tirou-lhe a mão. E ignorando a pergunta dela  informou-a.

    — O jantar já vai ser servido eu te espero lá embaixo ou você prefere comer aqui?

   — Comerei aqui.

   Leon assentiu e saiu.


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Notas finais do capítulo

E ai gente gostaram?
Por favor comentem,recomendem favoritem pfff
e se vcs verem o nome Amanda é a Vilu ok? e se ver Mark é Leon...