Carta De Despedida escrita por Lilo


Capítulo 1
A carta


Notas iniciais do capítulo

Fiz esse texto pra aula de redação, mas achei que ficou legal então resolvi postar aqui



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Amapá, 30 de dezembro de 1977.

Essa história não é bonita, não é alegre, e com certeza não tem um final feliz. E se você não tem estomago para filmes de terror, pare de ler agora.

Bem, acho que deve começar com o meu nome. Me chamo Alzira, porém depois do que fiz com a ultima pessoa que me chamou assim todos me chamam de Alra.

Entenda, nunca fui alegre. O mais perto que já cheguei de ser Alegre foi à 5 anos, 7 meses e 22 dias. E você quer saber como sei isso? Pois foram os últimos momentos que passei com meu pai antes dele ser sequestrado e morto.

Todas as noites acordo suada e com falta de ar, como se alguém estivesse pisando em meu peito.  Isso vem acontecendo desde quando ele morreu. E à medida que a marca de 6 anos desde sua morte chega a falta de ar piora e dura mais. Minha mãe nunca se importou de verdade, acho que ela estava mais preocupada com o seu próximo Drink.

Nos primeiros meses eu entendia e tentava compreender por que ela bebia, ela e meu pai tinham um amor imenso um pelo outro. Tão grande que é de se esperar que quando ele foi capturado ela se agarraria a única coisa que lhe restara dele, a filha que eles tiveram juntos certo?

Errado.

Depois de mais ou menos um ano que ele morreu eu a confrontei sobre o assunto, e foi aí que tudo começou.

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Eu chego da escola e ela está lá, de novo, como todos os outros dias, desmaiada no sofá, com o porta-retratos com a foto dela e meu pai juntos caído ao lado dela. Aquele maldito porta-retratos. Ela sempre o usava contra mim quando eu a acusava de ser uma bêbada. Ela sempre dizia que ela só bebia para tirar a dor da perda de meu pai. Eu sempre odiei aquele porta retrato.

De repente a raiva me controla e quando dou por mim eu estou do outro lado da sala, com o objeto retangular em minhas mãos. Olho para minha mãe desmaiada no chão e deixo, mais uma vez, a raiva me controlar.

Arremesso o  pequeno pedaço de vidro e madeira contra o chão, com toda minha força e o vejo se estilhaçar em milhos de pequenos pedaços. Sinto os pedaços que voaram em minha direção cortar a pele em minhas pernas. E pela primeira vez em mais de um ano consigo sentir algo. Prazer.

Ela acorda  com o barulho. Me olha com aquele velho e ridículo olhar de sonsa . Eu odeio Aquele olhar.

Quando ela finalmente consegue me focalizar  e ver o que eu acabara de fazer aquele olhar de sonsa imediatamente é trocado por um de pura e verdadeira fúria. Ela se levanta rapidamente, mais rapidamente do que eu esperaria de alguém com tanto álcool em seu sistema. Quando dou por mim ela esta me pressionando na parede com uma asa mãos fortemente agarrando meu ombro e a outra em meu pescoço.

-O que diabos você fez?- grita ela

- Quebrei seu porta-retratos. – Digo eu calmamente. A maioria das pessoas acharia essa situação amedrontadora, estar com alguém assim, com a mão fechada em volta de seu pescoço. Mas eu, não. acho simplesmente incrível. Agora estou sentindo mais que prazer, estou me sentindo viva.

Ela me solta, ainda com raiva claramente estampada em seu rosto, mas me solta. Ela se vira e vai para a cozinha, pensei que ela havia ido pegar mais uma garrafa de Vodka, porem quando ela retorna a sala ela está com uma faca na mão. Ela aponta para mim com o objeto.

- Conserte-o. –disse ela apontando com a outra mão para o que restara do porta-retratos.

-Agora!- fala de novo, dessa vez um pouco mais alto.

Eu simplesmente a encarei, sem mover um musculo do meu corpo em direção aos estilhaços. Ela realmente achava que o que ela dizia tinha o menor significado para mim? Que ela significava algo para mim?

Depois de um tempo ela percebeu que eu não iria a obedecer. E de novo em um misero segundo ela me tinha pressionada na parede, porem desta vez o lugar no meu pescoço que antes estava sua mão está agora preenchido pela lamina da faca.

-Sua idiota! EU lhe dei a vida! Posso muito bem tira-la! - gritou ela.

-Não, você é uma idiota. - eu lhe disse logo antes de dar uma joelhada entre suas pernas.

Ela cai no chão e larga a faca. Rapidamente pego-a e a pressiono contra o pescoço dela.

-Me solta!- diz ela se debatendo. Mas meus joelhos estão prendendo seus braços então sei que ela não conseguirá fugir de mim.

-Não! Você sabia que todas as noites desde que ele morreu eu acordo mal conseguindo respirar, e quando eu recupero minhas forças o suficiente para me levantar da cama e pegar água eu te vejo agarrando travesseiro dele, tão bêbada que você mal consegue segurar a garrafa?! Am? Sabia?- ela finalmente para de se debater.

- Me de um motivo para não te matar e acabar com o nosso sofrimento. - eu falo.

- Eu sou sua mãe.

- Não é bom o suficiente. – Digo a ela logo antes de pressionar mais a faca em sua pele e desliza-la por seu pescoço.

O sangue que jorra pelo corte me atinge. Passo as mãos sobre os olhos para tira-lo de cima deles.  O liquido tem uma consistência grossa, grudenta, mas, aveludada. Passo o dedo enlambuzado pela substancia na parte interna de meus lábios, logo em seguida lambendo esse mesmo local, provando-o.

O sabor é amargo, porém é um sabor que aquece meu coração.

Meu coração nunca havia sido quente.

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E agora antes de deslizar a mesma faca por meu pescoço escrevo- lhes está carta para que mesmo quando eu já estiver pagando meus pecados no inferno alguém ainda se lembre de mim.

Atenciosamente,

Alra.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado reviews são bem vindos



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