A Verdadeira Hermione escrita por Giulia Lopes


Capítulo 6
Mommy, Can I Go Out and Kill Tonight


Notas iniciais do capítulo

Mommy, Can I Go Out and Kill Tonight - Misfits



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Para que serviam as nuvens era a pergunta que ocupava a cabeça de Hermione naquela semana. Claro que ela sabia a resposta para essa pergunta, mas não da forma que ela gostaria. O tempo estava tão bom desde sua volta a Hogwarts, porém com a proximidade da visita a Hogsmead, as nuvens foram se acumulando no céu formando um fofo cobertor branco que se recusava a ir embora, frustrando completamente os planos da garota para aquele sábado. Era o primeiro dia que ela faria algo simplesmente porque ela gostava, algo apenas para si, mas agora, seu tão aguardado piquenique fora cancelado pelo tempo úmido e imprevisível que reinava sobre sua cabeça, tão fora de seu controle quanto todo o resto de sua vida.

Não é como se ela pudesse ficar no castelo ao invés de ir para o passeio. Ficar seria como aceitar a derrota, seria se esconder como um ratinho assustado sem coragem de sair de sua toca. Ela iria para Hogsmead, isso estava fora de questão, agora o que faria lá é a grande dúvida. Poderia ir para a Casa dos Gritos, mas isso reviveria muitas lembranças que ela não queria ter que lidar agora. Ir para o Três Vassouras sozinha estava fora de questão, não aguentaria mais uma tarde tendo que enfrentar olhares e sussurros sem qualquer tipo de apoio. Derrotada, Hermione apenas se vestiu, se despediu das suas colegas de quarto e foi em direção às carruagens.

Chegando no pátio branco coberto de neve,a menina não conseguiu evitar suspirar.

— Eu também perco o fôlego quando vejo o céu e a terra combinando desse jeito. É em momentos como esse que o espaço entre os dois diminui - disse a doce voz de Luna Lovegood.

— E o que podemos fazer em momentos como esses além de sofrer com a umidade? - respondeu Hermione tentando tirar neve dos cabelos,

— Ah, Hermione. É em momentos como esses que tudo pode acontecer. Diminuindo a distância do céu e da terra, diminui-se também a distância entre todos, como eu e você. Hoje eu consigo ver em seus olhos o que nunca vi antes - a sonserina tentou perguntar algo, mas logo foi cortada pela menina - Você sabe se tem espaço na sua carruagem para mais uma? Acabei esquecendo de combinar com alguém.

O caminho até a vila foi tranquilo. Luna não abrira mais a boca e a menina se distraia com a paisagem. A cabeça de Hermione, no entanto, destoa de tamanha paz. Ela só conseguia pensar o que Luna vira em seus olhos, isso é se ela realmente vira algo. A menina não estava sempre a dizer coisas que ninguém entendia e nem mesmo acreditava? Mas se havia algo que a morena aprendera recentemente fora nunca duvidar de uma história, mesmo ela sendo a mais absurda possível.

— O que acha de irmos na Dedos de Mel, Mione? Meu estoque de sapos de chocolate está chegando ao fim - perguntou a loira com tanta causalidade e carinho que a outra não teve como fazer nada além de concordar.

— Tem tanto tempo que eu não venho aqui. Tinha tantas trabalhos para entregar que acabei não vindo nas últimas visitas - disse a morena tímida.

— Hermione! - repreendeu Luna - Você não pode se deixar de lado assim. Este jeito você só facilita a vida dos zonzobúlos!

A grifinória riu tanto com a preocupação da amiga que não notou um garoto que havia se aproximado da dupla.

— Quem está sofrendo com zonzobúlos, Luna? Lembro que li naquele livro que você me emprestou que chocolate é um ótimo jeito de se livrar deles - comentou um tímido Simas.

— Exatamente! Vamos, Hermione, pegue pelo menos um saco de chocolate - pediu a loira.

— Por que não vamos todos ao Três Vassouras? - sugeriu o menino - Dessa maneira ficamos todos protegidos.

Luna ficou radiante com a sugestão. Tanto por alguém concordar com a sua opinião sobre os zonzobúlos quanto pela possibilidade de passar a tarde com duas pessoas que ela gostava e que não riam dela.

— Você realmente acredita nesses animais? - sussurrou Hermione para o garoto, enquanto a outra andava na frente dos dois, brincando de fazer pegadas na neve.

— Não muito - confessou - mas depois de um tempo convivendo com a Luna você aprende que é melhor agir como se eles fossem reais do que dar chance para o azar.

Hermione riu. Fazia tempo que ela não se sentia bem assim. Na verdade não sabia dizer qual foi a última vez que havia sentido assim. Desde seu primeiro ano, o Lord das Trevas era uma promessa velada que flutuava sobre a sua cabeça, tendo que estar sempre preparada para todas as possibilidades. Isso significava passar horas na biblioteca pesquisando e procurando ingredientes de poções enquanto Rony e Harry se divertiam fazendo bobagens e jogando Quadribol. Agora, com Simas e Luna - apesar de toda a confusão que sua vida havia se tornado - ela se sentia em paz. Nunca havia tido uma amizade tão descompromissada como essa, tão livre de segundas intenções e pedidos de favores que parte dela não sabia como se portar.

A chegada do trio nos Três Vassouras não passou despercebida. Todos tinham uma opinião sobre a amizade mais improvável de Hogwarts: Di-lua, Simas, o covarde e Hermione, a traidora. Nem mesmo os sussurros foram capazes de afetar o humor dos três que conversavam e entornavam canecas de chocolate quente como Hagrid entornava canecas de cerveja. O passar das horas se assemelhavam com o passar de anos para eles que formavam laços com cada história contada e cada riso dado.

Infelizmente, o sol começou a se pôr e eles tiveram que sair de sua pequena bolha de confidência e tiveram que enfrentar o frio de Hogsmead e dos alunos de Hogwarts. Para uma escola com fama de ser acolhedora ela possuía alunos um pouco julgadores demais. Não que os três não estivessem acostumados, fora justamente suas experiências sendo excluídos que os uniu.

Entrando na carruagem, Hermione pensou que não havia nada que poderia estragar seu dia. Não havia família Black, o eleito, Lord Voldemort, havia apenas ela e seus dois amigos. Isto é, até olhar pela janela e cruzar os olhares com Harry Potter. Não havia raiva, nem nojo, muito menos ódio. Havia apenas tristeza e dor. Dor de quem via no rosto de quem antes era sua amiga, o rosto da assassina de Sirius Black. Hermione percebeu que ele via nela o rosto da mulher que lhe tirou a única chance que ele havia tido de ter uma família e o coração da menina se partiu mais um pouco com essa realização.


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Notas finais do capítulo

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