A Verdadeira Hermione escrita por Giulia Lopes


Capítulo 4
My Tears Ricochet


Notas iniciais do capítulo

my tears ricochet - taylor swift



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/401491/chapter/4

Ainda era de manhã quando Simas andava em direção ao salão comunal da Grifinória. Sua mente ainda pensava em como Hermione era uma Black. Não que mudasse algo em relação ao que ele sentia por ela. Hermione sempre o ajudava nas aulas e era a única que não ria dele quando algo explodia. Não era um sobrenome que mudaria isso.

Ele estava tão entretido com seus pensamentos, que não percebeu o vulto que vinha em sua direção.

— Você está bem? – ele pergunta. Então percebe que se trata da garota que ocupava seus pensamentos instantes atrás.

— Você não vai me xingar ou me chamar de cobra? – pergunta ela ríspida.

— Por que eu faria isso?

— Porque é o que todos os grifinórios fazem quando me veem.

— Mione, acho que você sabe muito bem que não sou como os outros grifinórios. Lembra como me chamavam no quarto ano?

— Simas sem coragem – disse ela esboçando um sorriso.

Os dois nunca foram muito próximos. Simas observara durante anos a amizade do trio de ouro, perto o suficiente para perceber a distância que fora criada entre os meninos e Hermione. A fratura fora feita no quarto ano, em decorrência de Krum e nunca fora consertada. Não que Rony tivesse qualquer intenção de arrumar. Ele sempre tivera Hermione para ele e quando vira que outros homens poderiam se interessar por ela, homens famosos e desejáveis como Krum, contorceu-se de ciúmes. Ciúmes que se transformara em inveja e por fim em desprezo. Hermione tornara-se satélite em órbita na amizade onde antes era sol.

Pela primeira vez na vida Hermione matara aula, com Simas. Não importava a falta de distância que um dia tiveram. Hermione encontrara abrigo na amizade pura e simples de Simas. A menina lhe contara tudo. Desde a conversa de Harry e Rony que ouvira até toda sua história conturbada com sua mãe. Contara o motivo porque faltou as últimas duas semanas de aulas e que passou as férias na casa de Bellatriz. Simas conseguia ver além da imagem que as pessoas criavam de Hermione, além da princesinha da Grifinória e além da vadia sem coração da Sonserina. Ela era Hermione, apenas Hermione e ele não entendia como que as pessoas não conseguiam enxergar isso.

— Eu só quero deixá-la orgulhosa – confidenciou a menina – apesar de toda a mágoa que ainda tenho por ela ter me deixado com os Granger, sei o perigo que ela correu para que eu pudesse nascer. Ela poderia ter me abortado, não teria problema nisso, mas ela decidiu colocar a vida em risco por minha culpa. Às vezes acho que sou a razão dela ter enlouquecido – disse a última frase em quase um sussurro.

O grifinório quase não falara. Ele sabia que a menina precisava desabafar, precisava tirar do seu sistema tudo que ela havia sido obrigada a aceitar sem reclamar. Ele sabia que o que ela realmente precisava era um ouvinte. Ele fora um. Ouvira sobre o medo que ela sentira na sua primeira noite na casa de sua mãe. Sobre como sentira nojo de si mesma por um dia tê-la odiado.

— Não é fácil estar na Sonserina. Tão perto de todos que um dia me insultaram e xingaram. Entendo o lado deles um pouco melhor agora, sei como Você-sabe-quem consegue persuadir todos e todas, mas isso não facilita nada. Sei que deveria me aproximar de Draco, Pansy e Blasio, isso deixaria minha mãe muito feliz. Porém, eu precisaria engolir uma quantidade de orgulho que não sou capaz. Talvez eu seja mais sonserina do que pensava - ela diz rindo - Não sou capaz nem mesmo de me imaginar tendo uma conversa com eles, muito menos confiando neles. Como eu gostaria de conseguir..

Quando a hora do jantar se aproximou, os dois sabiam que teriam que sair de sua bolha de compaixão e entendimento. Apesar de terem passado horas conversando, eles não falaram durante todo o caminho até o salão principal. Tudo que conseguiam fazer era caminhar lentamente, sabendo da realidade a que seriam submetidos uma vez que alcançassem as grandes portas de madeira do salão.

Hermione sorriu triste quando tiveram que se separam e Simas se despediu com um aceno de cabeça. Uma despedida relativamente pequena para quem passara horas ouvindo os segredos mais profundos da outra, mas ela não queria que ele sofresse nenhuma consequência por parte dos grifinórios por ter passado a tarde com ela.

A morena temia nunca se acostumar com o clima da Sonserina. Ela sentia falta das gargalhadas, do calor de sua antiga casa. Era como se o ar gelado das masmorras congelasse o coração de todos. O trio sonserino se sentara perto dela. Nem Draco, nem Pansy, nem Blasio falaram com ela. Ela agradeceu mentalmente por isso. Não sabia se aguentaria ter que conversar com mais algum sonserino no dia.

Hermione observava a carta que recebera. Ela estava sentada em sua cama, com bichento no seu colo e a carta na sua mãe. Era a terceira vez que a lia. As palavras escritas com amor aqueciam seu coração e faziam contraste com o ar gelado. Hermione se enrolou nas cobertas. O verde era visível em grande parte dos quartos, desde seu cobertor, passando pelas cortinas até a cor das paredes. Cor da Sonserina. Cor da casa de sua mãe, mas também da de Voldemort.

Como ela queria sua mãe ali. Para que a pegasse no colo e que passasse seus dedos longos e finos por seu cabelo, lhe acalmando. Queria ouvir a voz de sua mãe, sentir sua pele na sua. Receber a dose de otimismo que apenas ela poderia lhe dar.

A menina sentiu as lágrimas quentes descerem por suas bochechas geladas. O nó que sentia no peito apertava e seu choro continuou silenciosamente. Conseguiu dormir apenas quando leu a carta de sua mãe pela quarta vez.

Meu lindo anjo,

Entendo que seja difícil se aproximar dos que por tanto tempo lhe julgaram e infernizaram. Contudo, preciso que você entenda não tem como vencer sozinha a guerra que ocorre dentro de você, muito menos a guerra que nós duas sabemos que não tarda para estourar. Você é uma menina preciosa, minha maior joia e eu não a confiaria a ninguém que não a merecesse.

Você pode estar cercada de estranhos e perdendo as poucas pessoas que conhece, mas saiba que quem realmente importa nunca sairá do seu lado. Você está conhecendo pessoas diferentes, que nunca pensou que teria que se aproximaria, mas nós duas sabemos que diferente não significa ruim, apenas algo que você não está acostumada.

Meu bebêp, por favor não tente lutar sozinha quando nós duas sabemos que você vai falar. Você é forte Hermione, forte como eu nunca fui, mas você não precisa estar sozinha. Você não como estar atenta todas as horas, minha filha. Espero que você encontre alguém e que decida confiar nele assim como decidiu confiar em mim.

Com todo o amor do mundo,

Bellatrix Black


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Verdadeira Hermione" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.