Satans Pokemon In The Bayou escrita por AHB


Capítulo 1
Satans Pokemon in the Bayu




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/40148/chapter/1

Chega. Estou cansado de acordar suando frio no meio da noite, com os dentes rangendo, os punhos fechados. Não consigo. Preciso fazer algo. Viro em direção ao criado mudo e olho para as horas. Duas e meia. É a terceira vez essa noite. Levanto, e vou tomar um copo de café na cozinha. O telefone toca. Como num susto, atendo antes que termine o primeiro toque.


- Miro? - Reconheço a voz de Vurez imediatamente.


- Eeh?


- Desculpa, eu te acordei cara?


- Não, eu não estou conseguindo dormir.


- Nem eu, é por isso que eu estou te ligando. Eu queria conversar sobre o que fizemos no sábado. - Hoje é terça. Há duas noites que não durmo. Essa é a terceira.


- Eu acho que queria esquecer.


- É eu também, mas não sei se ignorar tudo é o melhor caminho pra fazer isso.


- Você quer companhia?


- Acho que seria bom.


- Estarei aí em 15 minutos.


É o tempo que demora da minha casa até a de Vurez. Ainda de pijama, pego um casaco, e coloco no bolso a pokebola com o meu Bulbasaur, Boris, nível 20. Não é grande coisa, mas vale a pena se protejer contra os assaltantes em uma região rural como essa, ainda mais à essa hora da noite. Talvez devesse levar minha espingarda. Vejo um vulto passando pelo meu quarto. Corro para lá para ver o que é, mas não vejo nada. A janela está aberta. Talvez ela já estivesse assim. Me dirijo a ela para tentar escutar algo no meu quintal. É então que sinto um arrepio correr no âmago do meu ser, um calafrio descendo da minha nuca até as minhas virgens jóias masculinas.


- Pika... pika... - O barulho sumiu à distância. Claro, poderia ser um Pikachu selvagem qualquer, meu vizinho não apara muito bem a grama. Mas eu suspeito que não é o caso. Tento controlar uma súbita flatulência. Até que é muito bom que estou indo me encontrar com Vurez. Ele entende o que está se passando.


- Boris, venha. - Retiro meu bicho-planta de sua jaula esférica. - Vamos passear.- Uma das vantagens de se ter um Pokemon planta como Boris, é que se for desejável manter ele fora da Pokebola, ele não vai sujar nenhum de seus móveis, nem demarcar território nos seus sapatos, e é extremamente econômico.


- Ding dong!!!


- Entra aí! - Vurez fala de dentro de sua casa - Já disse que não precisa gritar esse som que nem um idiota, eu já instalei a nova campainha.


- É mais legal assim.


- Feche a porta atrás de você.


Espero Boris entrar, e empurro a porta gentilmente. Vejo outro vulto passando pelo lado de fora, logo antes da porta se fechar por completo.


- Pika...


- Você viu isso? - Me viro para Vurez rapidamente, estalando o pescoço, causando uma leve torção. Meu amigo se encontra na poltrona, sua espingarda de caça encostada em um dos lados, um facão em suas mãos. Sua pele pálida sob a forte luz do lustre de sua sala de estar. Tremia como um vibrador com parkinson.


- Eu v-vi sim. Eu venho vendo o tempo todo. Você também vê?


- Não estou certo. As vezes acho que vejo, não tenho certeza. Eu fiquei extremamente perturbado. Isso que eu venho sentindo se agravou desde que nos vimos pela úlima vez, no churrasco. - Começo a perceber que há algo estranho aqui, mas não sei o que.


- s-Sim. O churrasco. Nós não de-deveríamos tê-lo comido, Miro. N-Não deveríamos mesmo. - E não se trata da gagueira de Vurez.


- É, depois de todos os sinais que tivemos, realmente.


- Sim! Os sinais! - A frase é dita com súbita clareza, a gagueira e o tremelico parecem sumir nesse instante - Nós devíamos ter prestado mais atenção. Não era um dia para caçar Miro. Tudo estava estranho. O céu nublado, o frio nessa época, a arma travando, e aqueles olhos vermelhos...


- Pare de bobagem! Estava tudo certo naquele dia, mas eu concordo com você em uma coisa. Aquele Pikachu não era normal.


- Não era mesmo! - Vurez parece se exaltar um pouco mais, percebo então, que seu facão está sujo, talvez por sangue - Ele se movia de maneira sobre-humana! Ou sei lá, raios, sobre-pikachuniana! Seus gritos eram penetrantes, eu sentia que ele queria falar comigo...


- Pare com isso.


- Eu sentia que ele queria a minha alma. Eu sempre ouvi sussurros estranhos na direção daquele lago. Eu sempre achei que fossem casais namorando, ou na pior das hipóteses algum estuprador sinistro. Mas para isso eu não estava preparado.


- Vurez...


- Aquele Pikachu...


- Pára.


- ... é o demônio. Satã. Em pura forma roedora e eletrificada!


- Pára!!! Não quero escutar suas teorias loucas sobre o assunto, nós temos que lidar com isso de forma racional.


- Você sabe que estou certo! Nós executamos o bicho, dois tiros na cabeça. Mas foi estranho. Quando fui arrancar o couro, ele parecia olhar pra mim, com aqueles mesmos olhos vermelhos demoníacos.


- Você está delirando.


- Eu deixei ele no freezer até o domingo do churrasco. Foi a primeira noite que eu não consegui dormir. Eu ficava escutando um barulho de choro vindo da cozinha. Aquele amaldiçoado pika-pika de sempre.


- Eu também venho escutando a mesma coisa. - Ao falar isso, percebo que Boris está um tanto inquieto. Ele vai até a cozinha de Vurez, vê algo, e sai correndo, ganindo.


- Eu sabia! Pare de fechar os olhos, eu estou certo! Precisamos tomar providências. Eu senti algo muito errado, quando coloquei os filés desse maldito pikachu na grelha, e a gordura deles borbulhava como se sussurrando "pika-pika" no meu ouvido. Os bifes saltavam desafiando as leis da física.


- Boris! Volte aqui! Bom garoto - Boris volta lentamente, agora ele tremendo. Pobre garoto.


- Foi errado o que fizemos Miro.


- Tem razão, Vurez, não se faz isso com um Pokemon.


- Essa história toda está difícil de digerir.


- Concordo absolutamente. Faltou a salada.


- Que bom que você a trouxe.


- Boris, vá pegar o azeite, meu delicioso plantinho.


- Eu pego o rifle.


- Não não. Dessa vez vamos fazer direito. Vamos comer fresquinho.


E jantamos bem naquela noite, aos sussurros de um Pikachu selvagem, a Lua cheia, e a brisa agradável do lago. Já disse sobre as vantagens de um Pokemon planta? Eles caem bem no estômago e são ótimos em um tabule.

Fim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

...Sinistro.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Satans Pokemon In The Bayou" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.