Um mês e quatorze dias após a guerra.

Orochimaru chegou na sala da Hokage as 16:32. Ele estava um pouco nervoso, pois não sabia qual seria a reação dos Hokages, mas por culpa de Karin, ele deveria fazer isso. Começou com seu teatro:

– Eu queria lhes dizer que... Eu fui tomado pela vontade de roubar o corpo de Sasuke quando as oportunidades apareceram. Eu manipulei Juugo para não parecer que o Junsui Tensei seria tão cruel. Mas eu sabia que seria necessário. Porém manipulei Karin, Suigetsu e Kabuto com mentiras como fiz com Juugo, mas dessa vez era algo grande. Falei sobre um grande plano que queria completar com a ajuda deles, e para isso teríamos que fazer o que fizemos, e também se entregar para Konoha. Fiz isso porque eu queria me entregar a Konoha, e Juugo também. E não queria ver-los livres enquanto poderíamos ser presos. E então falei sobre esse tal plano. Eles ficaram com raiva quando contei isso a eles, agora pouco, então achei que iriam vir aqui me denunciar falsamente, porém quis esclarecer as coisas.

– Você veio porque viu Karin e Sasuke saindo da pousada sem dizer aonde iam? – Tsunade foi direta.

– Sim. Eu sabia que iriam fazer isso.

– Esse seu plano foi muito articulado, merecedor de desconfiança. Mas eu sei, tanto quanto Tsunade, que esse é seu jeito de fazer as coisas. – Falou Hiruzen.

– Talvez eu me esforce para mudar esse meu jeito, já que muitas vezes causa desconfiança, mas, por favor, acreditem que essa é a verdade. Eu quis, realmente, fazer o bem dessa vez.

– Você me salvou, para que eu pudesse salvar os outros Kages. Confiamos em você.

– Obrigado, Tsunade. Eu espero que compreendam.

– Isso está certo, você pode ir agora.

– Até, então.

Na pousada, o primeiro prédio a frente-direita do prédio da Hokage, estavam os “criminosos”. E Kabuto, que estava sem permissão para sair do quarto (ele aparentava ser o mais perigoso), também estava lá, sentado em sua cama, com vários ninjas da Anbu em volta do prédio o espionando para que não fuja. Ele pensou algo em algo simples quando olhou para o relógio, que marcava 14:36. “Ele deve estar falando com eles agora”.

Naruto acordou um pouco mais disposto. Ele estava com medo, pois achava que tudo que ocorrera no dia anterior e até antes de ir dormir, era sonho. Ele saiu desesperado de seu quarto, abriu a porta com força e olhou para a sala.

– Olá, querido. Que bom que acordou. Está melhor?

– Mãe... – Ele sorriu de orelha a orelha. Kushina também.

Naruto correu e a abraçou. Ela estava na mesa, que ficava no lado direito da sala, encostada na parede onde ficava a porta para um corredor. Se olhasse para trás, via-se o balcão da cozinha e a estrutura da porta ao lado, mas não havia porta ali, como na do corredor. Naruto olhou para trás e viu Minato preparando um café para eles. Minato viu que Naruto estava o olhando, e lhe deu um sorriso.

– Pai... – Ele estava quase chorando. – Ainda bem que vocês ainda estão aqui.

– É claro que estaríamos, filho. – Disse Minato, um pouco confuso.

– É que eu achei que tudo era... Apenas um sonho.

– Sonho tanto para você quanto para nós. Estamos juntos, finalmente, filho. – Kushina sorriu.

Naruto tomou café e saiu de casa, pois iria comprar alguma coisa para o jantar. Ele comprou algumas coisas não muito extravagantes no mercado na rua na frente do prédio onde morava (quatro quadras na frente do prédio da Hokage, e duas para a esquerda). Ele voltou, ia entrar no prédio onde estava seu apartamento, quando viu Hinata andando por lá. Ele subiu, mesmo assim, e quando entrou em casa, colocou as sacolas em cima da mesa, e disse “Eu já volto” e saiu quase que correndo.

– Hinata! – Ela olhou para ele. – O que você está fazendo aqui?

– Naruto, que bom que eu achei você. Eu preciso lhe dizer algumas coisas.

– O que houve, Hinata? Você parece preocupada.

– É que hoje à tarde, eu e Tenten fomos ao túmulo de Neji, e aconteceu alguma coisa que eu não me lembro, então acordamos cerca de uma hora depois. E eu não sei por que, mas lembro de rapidamente ficar com medo de algo acontecer com o corpo de Neji. Deve ter relação com o que aconteceu. Eu estou com muito medo. Tenten também.

– E o que vocês fizeram depois disso?

– Bom, nós fomos fazer o tínhamos em mente, dar as flores ao Neji, e conversar com ele.

– Hinata... Isso é estranho, você já contou para Tsunade?

– Eu fiquei com medo de contar para ela. Pedi para Tenten não contar também.

Quando Hinata falou isso,

Me senti importante.

Me senti honrado.

Me senti acolhido.

E isso desencadeou aqueles sentimentos.

“Aqueles” sentimentos.

Logo Naruto disse que Hinata poderia confiar nele, sempre. E se aproximou dela, numa terceira tentativa. Olhou para os lados, de canto. Hinata estava pensando a mesma coisa, e fez o mesmo.

Certo!

Nada de dúvida!

Nada de Kiba!

Nada.

– Naruto! Hinata! Como é que vão? – Disse Shikamaru, vindo da direção de Hinata, fora da visão de Naruto.

– Ah! Shikamaru, Chouji... Eu vou bem, e vocês?

– A gente – chomp chomp chomp - ta legal! – chomp chomp chomp – O que vocês estão fazendo? – Disse Chouji, comendo dois salgadinhos, ao mesmo tempo.

– Ah, eu tenho que ir, Naruto. Preciso falar com Kiba. Até, Shikamaru, Chouji. – Hinata deixou o trabalho para Naruto. “Sacanagem, Hinata! Sacanagem!”.

– É que ela veio me visitar, contar uma coisa estranha que aconteceu com ela.

– O que? – Chomp chomp chomp – Disse Cho(mp)uji.

– Nada demais. E vocês, o que vieram fazer?

– Nós queríamos fazer alguma coisa divertida – “Acabar com o relacionamento dos outros?” – então pensamos em jogar carta na sua casa. Podemos? – Shikamaru disse sorrindo desajeitado.

– Claro. São somente vocês que vão vir?

– Bom... Não chamamos ninguém porque não sabíamos se nós podíamos ficar aqui. Mas nós podemos chamar.

– Podem entrar, chamem os outros também.

– Claro! – Chomp chomp chomp – Vou lá avisar eles. Até.

Naruto e Shikamaru entraram enquanto Chouji voltava para avisar os outros. Kushina ficou feliz ao saber que Naruto tinha amigos verdadeiros. E Minato já sabia disso. Era por volta das cinco horas e meia da tarde quando Chouji, Kiba, Lee, Sasuke, Sai e Shino chegaram. Kushina se desesperou ao pensar no estado da casa quando eles saíssem dali. Ficaram lá por um bom tempo, e jantaram, também. Minato também ficou desesperado quando viu que teria de fazer mais comida. Dessa vez nem incomodou Naruto, foi ele mesmo comprar mais algumas coisas para fazer mais comida para os convidados inesperados. Eles ficaram no quarto de Naruto, rindo e fazendo idiotices.

Às oito horas eles foram embora, e Naruto foi dormir pouco depois, porque tinha que descansar para amanhã. O julgamento começava ás onze horas da manhã.

Naruto acordou ás nove. Ele abriu os olhos e pensou: “É hoje. E agora?”. Ele foi tomar café com os pais, e tomou banho, foi para o quarto se arrumar, estava com a toalha enrolada na altura da cintura, quando Sakura pulou em sua varanda.

Ela corou e pediu desculpas, disse que era para ele se apressar, e perguntou também se queria ir com ela. Ela subiu no telhado para esperar ele se arrumar. Ela desceu e eles foram juntos. Minato e Kushina disseram que iriam dali um pouco.

– Então, Sakura. Está pronta?

– Eu não sei. Não sei o que dizer, o que pensar. Só vou fazer o que é necessário.

– Não se preocupe. Eu estou na mesma.

– É bom saber que não sou só eu.

– Aliás, nós poderíamos ir até a casa de Hinata, para irmos junto dela?

Sakura pensou “Aliás? Como assim? Ninguém falou sobre Hinata aqui!” Decidiu fazer isso por Naruto, apesar de terem que caminhar mais. Eles chegaram perto da casa de Hinata e ela já estava saindo.

– Hinata! – Naruto abanou sorridente. Isso fez Sakura sorrir, porque a animou ver Naruto feliz.

– N-naruto-kun? – Hinata ficou realmente surpresa.

– Olá, Hinata. Venha com a gente até o prédio da Hokage. O julgamento será lá na frente. – Sakura foi doce.

– Ah, claro que vou. Obrigada por virem. – Hinata deu um leve sorriso.

Naruto não parava de olhar para Hinata, durante o caminho todo. Hinata ficou corada em função disso. O caminho todo, também. Sakura já estava irritada de ver os dois trocando olhares enquanto ela estava no meio deles. “Custa ficar um do lado do outro? Estão se escondendo, por acaso? Só falta eu virar uma vela ambulante!” Eles chegaram lá. Estava bastante tumultuado, ninjas da Anbu por todo o lado, aldeões tentando arranjar um lugar na platéia, um cenário nada agradável.

Na frente da entrada do prédio da Hokage, estava um palanque de madeira que Hashirama criou rapidamente. Encostados no prédio estavam seis cadeiras, com uma mesa na frente delas, para o júri, e Hiruzen, Tobirama e Tsunade já estavam sentados. Do lado esquerdo (olhando de frente), estavam sei cadeiras, para os acusados. Suigetsu, Juugo e Kabuto já estavam sentados. No lado direito estavam sete cadeiras, para o júri popular, e Iruka, Konohamaru, Gai e Sai já estavam sentados. Só faltavam os três. E o palanque era alto (começava quando a moldura da porta para o prédio acabava), com uma escada na frente, que começava entre os muros da entrada da área do prédio da Hokage.

Hashirama e Kakashi estavam na frente da mesa do júri, observando quem chegava. Os ninjas da Anbu estavam posicionados em fileiras na frente dos muros da área do prédio. Hashirama viu que senhoras, senhores e até crianças estavam ali, e não podia deixá-los em pé. Pediu para que todos se afastassem e começou a moldar cadeiras sobre um deck de madeira da altura da sua cintura, para que todos pudessem enxergar. Oito fileiras de vinte cadeiras (com espaçamento na décima)foram montadas, e logo já estavam ocupadas.

Naruto, Sakura e Hinata subiram e sentaram-se. Sakura e Naruto sentiram um aperto no coração ao ver Sasuke subindo a escada e sentando na cadeira da mesa à frente. A mesa dos criminosos que estavam sendo acusados. Karin e Orochimaru chegaram juntos, e Karin estava tremendamente assustada. Minato e Kushina chegaram logo depois. O pessoal mais conhecido de Konoha sentou-se na primeira fileira de cadeiras. Kushina estava bem no meio, na décima cadeira do lado direito. Minato sentou-se na mesa do júri, e Kakashi e Hashirama também. Da esquerda para direita estavam Hashirama, Tobirama, Hiruzen, Minato, Tsunade e Kakashi. E na mesa do júri popular estavam da direita para a esquerda, Naruto, Sakura, Hinata, Sai, Gai, Iruka e Konohamaru. Na ordem de julgamentos, da direita para esquerda estavam Karin, Juugo, Suigetsu, Kabuto, Sasuke e Orochimaru. Shizune estava na décima cadeira da primeira fileira do lado esquerdo, bem na frente do palanque. Tsunade piscou para ela.

Shizune levantou-se foi até a frente do palanque, pediu silêncio (e todos ficaram concentrados, inclusive a platéia) e se preparou para explicar como o julgamento decorreria.