“-Não... Parem...Parem de me bater…!

Um garotinho de cabelos brancos gritava, tinha mais ou menos onze anos, e estava rodeado por garotos maiores, que usavam estilos de roupas desbotadas e largas, que o batiam entre socos e chutes, enquanto que ele apenas podia se encolher, se protegendo usando os braços e as pernas.

–Isso é pra você aprender quem é que manda por aqui! -gritou o maior, enquanto chutava a barriga do garoto, fazendo-o chegar a cuspir sangue, os garotos se afastaram e começaram a se distanciar. Ele ficou ali jogado no chão como um pedaço de lixo ou trapo velho; o garoto se levantou, com o corpo totalmente dolorido e machucado, olhou para o céu. Ele não chorava, não havia nem mesmo sentimento em seus olhos. O céu totalmente azulado, o beco com alguns gatos que vasculhavam as latas de lixo, as paredes frias e escuras ao seu lado, sua visão ficou turva por alguns instantes, ele ajoelhou e tossiu um pouco, logo depois se levantou e começou a andar em direção a sua casa.”

Orion abriu seus olhos, assustado, assustado demais. A roupa estava impregnada por seu suor e seu corpo tremia inconscientemente, ele se levantou da cama, indo para a cozinha tomar um copo de água. Quando o fez, colocou o copo na pia e, quando se virou, deu de cara com Aria. Deveria estar escuro demais para ela percebê-lo, ou ela estava sonolenta demais, pois ela encostou a testa na de Orion e ele, por um momento, sentiu seu rosto esquentar. Ela se afastou, assustada.

–Quem está aí ? -perguntou ela com a voz elevada.

–Relaxa maninha, sou apenas eu. -disse Orion, com a voz serena, calma.

–O que faz aqui ? -perguntou Aria, curiosa, com a voz um tanto quanto séria.

–Apenas vim tomar um copo de água, e você? -perguntou, ao mesmo tempo fazendo uma pergunta.

–O mesmo. -respondeu ela a sua pergunta sem muito tom na voz.

–Por que está tão séria? O que aconteceu? -Orion indagou, preocupado com a irmã mais velha.

–Nada. -respondeu ela quase como se desse de ombros.

Aria se dirigia para a pia às cegas, chegando até lá com certa facilidade, mas logo depois sentiu os dois braços másculos e de músculos bem definidos enlaçarem sua cintura, sentindo como Orion encostava a cabeça em seu ombro e levava a boca até seu ouvido.

–Esta com medo do que eu posso fazer com você nesse escuro? -sussurrou o albino docemente em seu ouvido, a fazendo corar e se soltar de seu “agarre”, e foi para o quarto rapidamente, Orion ouviu a porta ser fortemente fechada por ela. Ele suspirou... O que diabos havia acontecido ali?

[...]

Era de manhã. Orion se levantou da cama, olhou-se no espelho, tinha algumas olheiras, não havia dormido bem por causa dos pesadelos. Piscou duas vezes e coçou os olhos, foi ao banheiro, fez sua higiene e logo depois foi para a cozinha, olhando ao redor. Aria não estava lá, então ele foi até o quarto dela, virando o trinco lentamente, estava trancada. Depois foi até a sala, pegou um clips de papel e a colocou na fechadura, virando-a uma vez ou outra e a porta abriu bem lentamente, dando passagem, e no mesmo ritmo Orion entrou, vendo Aria deitada na cama. Se sentou na beirada do pé da cama, a olhando respirar lentamente, ele fechou os olhos e ficou ali... Esperando…

[...]

Uma hora e meia. Uma hora e meia ele ficou ali, a esperando, lutando bravamente contra sua tentação em acordá-la, mas, nos últimos instantes ela abriu seus olhos cristalinos para virar-se, levantar a cabeça e piscar duas vezes.

–Como...? Como você… -sua frase morreu ao ver o olhar sério de Orion sobre si, surpreendida. Pareciam dois Orions, um bom e outro ruim.

–Temos que conversar, é importante. -falou Orion, bem sério.

Aria pensou que não viveria para ver o dia em que Orion a trataria dessa forma, com seriedade.

–O que está acontecendo ? Por que está tão distante ? -ele continuou, chegando mais perto de Aria, que desviou o olhar dos olhos gelados dele, que pareciam tão inexpressivos.

–Eu... Não sei, tenho me sentido estranha ultimamente, é muita coisa... Quando eu... Quando...Eu… -a garota gaguejava, e a frase ia morrendo ao longo do caminho. Orion se aproximou da irmã sutilmente, e deu um beijo em sua testa.

–Entendi o recado. Eu não faço por mal Aria, não mesmo, sei que é um pouco embaraçoso ter um irmão como eu mas... Eu tenho que aproveitar, principalmente agora que eu tenho alguém. -Orion dizia com olhos tristes, como se estivesse prestes a dizer adeus em algum momento. Aria se aproximou, e o abraçou, fazendo-o retribuir e passar o braço pela cintura da mais velha.

–Eu estou aqui com você. -disse rente em seu ouvido. Nesse momento Orion sentiu seu rosto esquentar. -Eu te amo Orion.- Reforçou Aria enquanto apertava o abraço no mais novo, que corou um pouco mais.

–Que bonitinho! -gritou uma voz que os dois conheciam, Orion sorriu e Aria inevitavelmente corou. Miku sorriu de volta para o par de albinos.

–Oi Amora-chan! -Orion sorriu.

Aria se surpreendeu com a mudança de estado, contudo, apesar de ser estranho, não tinha como não amar aquele garoto, inconscientemente... Ela sorriu…

–O... O que fazem aqui? -Aria perguntou pausadamente, retomando o controle aos poucos.

–Viemos fazer uma visita. -respondeu Rin, aparecendo ao lado de Miku, junto de Len, que parecia estar ali contra sua vontade.

–Ainda está fazendo bico? -ameaçou a loirinha, fazendo uma cara assustadora, fazendo Len se encolher ao lado de Miku.

–Ah, Chuchuzinho, não seja tão má com o Len, por favor. -brincou Orion fazendo uma cara de cachorro pidão, o qual Rin não conseguiu resistir e se afastou, com um tom avermelhado em seu rosto arredondado.

–Estávamos com tempo livre então decidimos vir aqui, pedir uma... Forcinha... Na tarefa de história. -Miku explicou, com um grande sorriso na cara. Aria e Orion acabaram percebendo que os três estavam com suas respectivas mochilas da escola.

–Entrem! -disse Aria, com um sorriso, não para ser gentil, mas sim aliviada por terem casualmente “esquecido” da situação anterior.

[...]

–E foi assim que aconteceu, alguma pergunta? -Orion questionou enquanto lia alguns textos do livro, com uns óculos finos, que, mesmo sem perceber, aos olhos de Aria, o deixava mais bonito.

–Hum... Entendi, finalmente entendi. -Len disse, anotando furiosamente algo em seu caderno, sendo seguido de perto por Rin.

–Acho que eu daria um bom professor… -comentou o rapaz, de maneira pensante, levando sua mão direita até seu queixo.

–Não, acho não. -Aria negou, dando um pequeno tapa em sua cabeça, arrancando risos dos demais.

–Estraga prazeres… -ele sorriu, mas Aria de repente colocou uma face séria, surpreendendo a maioria.

–O que quer dizer com isso? -disse Aria, em um tom semelhante ao de Rin, fazendo-os sentir um arrepio percorrer seus corpos.

–Nada, nada. -o irmão respondeu, dando de ombros para o que tinha acabado de acontecer, não dando total atenção.

“Aria estava desconcertada enquanto ele a prensava na parede, lhe beijando tão calorosa e fervorosamente que o ar constantemente lhe faltava. Sentiu seus finos dedos serem entrelaçados pelos dele, seu rosto ruborizado, extremamente corado, sentia sua cabeça dar voltas e mais voltas, suas línguas dançando, explorando avidamente a boca um do outro. Tinha sido prensada com mais força contra a parede enquanto que suas pernas se entrelaçavam na cintura dele e seu braços se enrolavam em seu pescoço suavemente. Sentia sua cintura ser presa pelos braços firmes dele, o beijo parando. Ambos estavam ofegantes, ofegantes demais, com os rostos pintados de vermelho. Ela olhou em seus olhos, se perdendo ali, e não soube dizer por quanto tempo ficou encarando aquelas joias brilhantes, só soube que a melhor das sensações alcançou seu coração, e de lá ela não saiu.

Ele começou a beijar lentamente seu pescoço, e Aria sentiu um arrepio percorrer cada centímetro de seu corpo. Depois de alguns minutos ele parou e a fitou, ela que estava completamente tímida agora.

–Você fica linda assim Aria… -disse ele a provocando, coisa que, mesmo não notando, fazia tão naturalmente quanto escrever, ou no caso dele, sorrir.

–Nã-Não é como se eu aprovasse isso, é que... É mais forte do que eu... É muito mais forte... Tão forte que eu não consigo segurar isso dentro da minha mente, isso é…

Aria foi interrompida por um beijo, não tão simplório como o anterior, mas esse tinha algo a mais. Ali, havia amor, paixão, era um beijo demorado e apaixonado, tão apaixonado que faria com que qualquer casal que os visse suspirasse.

–Você fala demais… -ele piscou, com seus olhos azuis intensos brilhando tão avidamente quanto as estrelas no céu mais escuro. Isso entorpeceu Aria de tal forma que, quando deu por si, estava sendo beijada novamente, daquela mesma forma apaixonada que parecia uma droga que anestesiava sua mente.

Ela fechou seus olhos e sentiu seu beijo caloroso e carinhoso. Ela nunca havia beijado antes, mas ele, ele a fazia se perder em seus olhos, em seu jeito, e seu sorriso, mas ele era assim, e ele não mudaria tão cedo, até por que, Orion era Orion.”

–Aria? Está me ouvindo, mocinha? -essa pergunta fez Aria abrir os olhos, olhando ao seu redor, lembrando-se de onde estava. Então se lembrou do flash que sua mente “inconscientemente” tinha acabado de criar. Seu rosto avermelhou bruscamente ao olhar para Orion, que a olhava de forma mansa, quase do mesmo modo que em seu “sonho”.

–Eu conheço esse olhar... Posso definir em uma palavra. -disse Orion, sorrindo marotamente ao que Aria corava mais ainda, percebendo que todos prestavam atenção em Orion. Ela temeu pelo que ele falaria, sua intuição nunca lhe falhou, dessa vez não foi diferente.

–P-E-R-V-E-R-T-I-D-A. -soletrou Orion sem mais nem menos, enquanto via todos olharem para Aria, que ficou ainda mais vermelha e virou o rosto.

–Mas o que… -Rin indagou, indignada com o que Orion acabava de dizer, porém…

–Hum... Eu não conhecia esse seu lado Ia-chan… -Miku falou lasciva com uma pequena risada maligna, coisa que surpreendeu a muitos ali, pois, como poderiam eles imaginar uma risada maligna vinda logo da esverdeada, uma pessoa com um rosto de anjo?

–Miku... O que aconteceu com você? -perguntou Rin, um pouco assustada com a reação da amiga.

–Nada, está tudo bem. -ela balançou a mão em descaso, com um sorriso leve em seu rosto. A mudança foi tão abrupta que surpreendeu quase todos ali.

–Que bom saber Amora-chan. -Orion acenou, sorrindo marotamente ao passo que Aria ficava mais e mais vermelha, olhando incrédula para o rosto do irmão mais novo.

–Podemos voltar ao que realmente interessa? -Rin interrompeu, visivelmente irritada.

–Claro, Chuchuzinho, claro. -Orion soltou com uma risada gostosa. E Len segurou um riso, mas gelou ao ver o olhar irritado de Rin sobre ele.

–Onde paramos? -perguntou Miku, ainda sorridente.

–Eu sei onde paramos, vamos continuar desde ali, tudo bem para todos? -todos assentiram em positivo, em seguida deram continuidade à “aula”...

[...]

Ele afagou levemente seus cabelos, logo depois descendo a mão até seu rosto. Ela corou com isso, e muito, então Orion riu gostosamente, encostando suas testas, enlaçando sua cintura lentamente, a aproximando mais e mais de si.

–Você anda estranha ultimamente, aconteceu algo que eu deva saber ? -perguntou ele, sussurrando em seu ouvido, trazendo um prazeroso arrepio na mais velha.

–Não foi nada... Nada demais… -ela respondeu olhando no fundo dos olhos do mais novo, nesse momento lembrando de sua pequena “fantasia” mais cedo, corando, e tentou se afastar, mas Orion não permitiu tal ato, logo depois cheirou seu cabelo docemente, sentindo sua maciez.

–Você tem um cheiro doce. -ele sorriu contra seus longos fios, sabendo que Aria tinha seu belo rosto fervendo.

–O... O que está... Fazendo? -ela perguntou com certa dificuldade.

–Aproveitando um tempo com você. -disse ele afundando o rosto na curva do pescoço de Aria, que não teve outra reação a não ser retribuir o abraço.

–Eu não me lembro de um abraço melhor do que este. -ela sussurrou, se separando lentamente enquanto se sentava na cama de seu quarto.

–Eu não me lembro do último abraço que recebi antes de vir pra cá. Nosso pai chegava bêbado quase todos os dias, eu brigava para conseguir ir para a escola no dia seguinte em condições de estudar, era apenas eu, minha mochila e meus punhos contra o dia seguinte. -dizia ele em um tom sombrio, sombrio demais, tão sombrio que Aria sentiu vontade de sair correndo dali, mas fez exatamente o oposto, aproximou-se de Orion e lhe deu um abraço apertado.

–Nossa mãe foi uma boa mãe pra mim, me apoiava em todas as decisões que eu tomava, me apoiou no meu primeiro relacionamento, no término dele, me manteve de pé. Ela ligou alguns dias atrás, falei que você tinha vindo pra cá e ela disse que queria te conhecer, que queria ver o belo homem que você se tornou. -disse essa última parte corando, sentindo também um pequeno peso em seu ombro. Ao virar seus olhos viu Orion escorado em seu ombro, então sorriu, logo em seguida o ajeitando em sua cama.

Aria ficou alguns minutos olhando seu rosto sereno, corou um pouco, logo depois o beijou, no canto da boca, em seguida desligou a luz e saiu…

[...]

Era de manhã, Aria abria seus olhos lentamente, acostumando-se com a claridade do quarto. Levantou-se da cama lentamente antes que o cansaço retomasse o controle de seu corpo, indo fazer sua higiene matinal e depois ir em direção à cozinha.

Olhou para o sofá. Ali estava Orion com um livro em mãos, por isso ele não percebeu sua aproximação. Estava deitado, sem camisa, usando apenas uma calça-jeans. Ela avermelhou e inconscientemente suspirou, esse suspiro delatou sua posição, fazendo Orion parar de ler e desviar seu olhar do livro para a irmã mais velha.

–Bom dia. -disse ele em tom baixo, exibindo seu típico sorriso.

–B... Bom dia. -disse Aria desviando o olhar e indo para a cozinha, mas parou ao ouvir duas vozes na janela do cômodo.

–Não foi assim que aconteceu. -as duas vozes eram muito conhecidas pelos dois, eram Rin e Len, a fatídica dupla de loirinhos.

–O que fazem aqui? -Aria tirou sua cabeça para fora da janela, observando que os loirinhos estavam acompanhados por mais duas pessoas, uma destas era Miku, vestindo uma camisa social azul claro, uma calça-jeans apertada, acentuando suas pernas e sapatos pretos, a outra era Meiko, de cabelos curtos e castanho-escuros, olhos da mesma cor, usando um top e uma saia da mesma cor, meia calça preta e sapatos vermelhos. Ela a olhava com uma expressão um tanto que a contra gosto.

–Uma visita. -Miku respondeu rápido com a mesma cara de pau. Depois foi a vez de Orion aparecer na janela.

–Oi, Amora-chan! Oi, Chuchuzinho! -Orion cumprimentou, recebendo de volta um sorriso por parte de Miku e um olhar assassino por Rin, que desejava esganá-lo.

–Vamos, entrem. -disse Aria, indo até a porta da frente e a abrindo…

[...]

Todos estavam dentro da casa. Meiko não parava de encarar Orion enquanto as outras duas não paravam de encarar o peitoral bem definido do albino de olhos azuis.

–Por que tu me olhas tanto, Meiko-hime ? -perguntou ele em tom galante, sabendo que provavelmente receberia um cascudo por parte da irmã, cascudo que nunca veio, até por que Aria também queria ouvir a resposta da morena.

–Eu não fui com a sua cara, seu exibido! -respondeu grossamente ela, apontando para Orion.

–Olha quem fala, a exibida aqui é você, ainda mais quando bebe. -Len resmungou, fazendo um bico. Meiko lhe acertou um puxão de orelha, o tirando do chão.

–O que você disse ??!! -gritou a versão demônio de Meiko, a garota de caráter terrível.

–Me solta! Isso machuca! Me solta sua velha!!! -Len gritou por ajuda, mal sabia ele que a fera havia despertado. Meiko arremessou o pequeno Len pela janela, o fazendo cair de cara na areia da praia e comê-la, literalmente falando, por lá ele ficou.

–Moleque mal criado. -disse Meiko, bufando, e sentando-se novamente no mesmo lugar, arrancando risos dos demais.

–Por que veio aqui, Meiko? -Aria perguntou, já prevendo a resposta da mais velha.

–Eu queria saber se esse... Trouxa... Não está causando confusão. -Meiko respondeu, olhando raivosamente na direção de Orion, que sorriu de forma sarcástica.

–Ora, estou lisonjeado por receber tanta atenção de sua parte... Meiko-chan… -Orion sorriu marotamente, fazendo Meiko se irritar.

–Como ousa... Não me provoque garoto! -Meiko avisou antes de ser interrompida por Aria.

–É você que não deveria provocá-lo, ele vai virar o jogo. -Aria fez sua advertência, com um sorriso.

–Veremos. -Meiko rangeu os dentes após aceitar o desafio.

[...]

Bem... De um lado Meiko, raivosa, extremamente irritada, com o rosto vermelho e, ao que parecia, fumaça saindo de sua cabeça. Do outro lado Orion, extremamente calmo, quase que radiante, chegando a brilhar, o que irritava mais a adversária.

–Ele é bom nesse jogo... Muito bom… -Rin comentava curiosamente enquanto mastigava um chiclete, observando Meiko quase entrar em colapso.

–Seu... Seu... Seu… -a morena vociferava, quase surtando.

–Bem, vamos indo antes que a Raivosa-chan mate o Ori-kun. Até mais Ia-chan! -Miku se despediu por ela e por Meiko, a empurrando pela porta enquanto Rin carregava Len, ainda atordoado, com um punhado de areia em sua boca.

–Até mais. -a gêmea despediu-se, saindo em seguida e fechando a porta…

[...]

“Bem... Aria estava no chuveiro. Era por volta de oito da noite e ela refletia no chuveiro sobre o dia, digamos... Conturbado, que teve. Quando terminou se enrolou em uma toalha e saiu do banheiro, sabendo que Orion estava no quarto dele.

Ao chegar em seu próprio quarto trancou a porta, e começou a se vestir, uma calcinha e sutiã brancos, uma camisa vermelha e bermuda branca, logo depois destrancou a porta para sair.

Aria sentiu algo avançar em sua direção, era Orion, que tomou seus lábios tão fervorosamente que a fez perder o fôlego. Seus olhos fecharam-se inevitavelmente, desfrutando da sensação estonteante que anestesiava sua mente. Ela enlaçou os braços finos e pálidos no pescoço do mais novo, enquanto este rodeava sua cintura fina com seus braços da mesma cor, mas forte. Logo em seguida ele aprofundou o beijo, o beijo que antes, sereno e paciente, se tornou mais profundo e apaixonado...”

Aria abriu seus olhos, estava no chuveiro. Se perguntava o que havia de errado... Começara a ter esse tipo de “fantasia” no dia anterior, “fantasias” que começaram a se transformar em sonhos. Ela foi para seu quarto, enrolada na mesma toalha que em seu “sonho”, vestiu-se da mesma maneira de que em sua “fantasia”, e por um momento ficou temerosa, ficou com medo do que aconteceria quando abrisse a porta. Assim o fez, de olhos fechados, mas quando a abriu, o que viu não foi o que esperava.

Viu Orion encostado na parede, com aquela mesma calça-jeans, sem camisa, enquanto a olhava, e olhou-a por um longo tempo, para depois abrir os lábios e se pronunciar.

–Você está linda Aria.

Aria corou, não pelo elogio de seu irmão mais novo, mas sim por que, de acordo com o que viu, ou o que pensou que viu, sabia o que viria.

–Aria…

Disse ele se aproximando dela, colocando a mão em seu rosto, o acariciando, Aria sentiu-o esquentar como nunca... Ferver. Corou tanto...

Sentia o hálito de menta de Orion, isso a entorpeceu, sua mente ficou em branco e não raciocinava direito. A albina fechou seus olhos de cílios grandes, e mesmo assim, ouviu Orion sussurrar perto dela.

–Aria…