Time I thought of you (O tempo em que pensei em você)

"Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal...

Friedrich Nietzsche"

Cidade... Sapporo. Era uma tarde chuvosa, chuva combinava com o clima que o destino acabou contraindo para si, Aria, tendo o apelido de Ia para os próximos, estava deitada em sua cama, tinha cabelos longos que chegavam até os joelhos de cor branca, quase bege, olhos azuis como o céu em um dia de verão sem nuvens, tão azuis que quase chegavam ao violeta, vestia uma camisa preta, uma saia rosa que chegava até metade de suas coxas, meia calça preta e tênis branco, ela chorava, naquele dia, havia acabado de sair de um relacionamento com Utatane Piko, que era um colega de trabalho.

Ambos trabalhavam para a mesma empresa, uma gravadora mundialmente conhecida, a 1St Place, as gotas de chuva caiam sobre a janela de seu quarto, totalmente branco com alguns bichinhos de pelúcia, em especial, um cachorro branco que sempre ficava em cima de seu travesseiro, e o abraçou com força, era apenas uma lembrança de alguém querido que não via a muito tempo, até mesmo tempo demais, naquela semana faria sete anos que seus pais se separaram, seu irmão mais novo ficou com o seu pai, ela ficou com sua mãe, não que tenha sido ruim, na opinião dela foi tudo de bom, mas o pior de tudo foi o vazio que se criou em seu coração

Decidida, ela olhou para fora, os trovões gritando alto, rugindo furiosamente enquanto os raios rasgavam os céus e causavam pequenos calafrios na garota, mesmo ela tendo dezoito anos ela ainda tinha certo medo de raios, sempre apareciam do nada e tão rápidos quanto vieram iam, mais um calafrio passara por todo o seu corpo e logo em seguida afundou novamente seu rosto no cachorrinho de pelúcia fofo, com os acontecimentos recentes ela acabou pedindo um afastamento do trabalho por tempo indeterminado para colocar a cabeça no lugar, ninguém ousou falar nada, principalmente Miku Hatsune, uma das suas melhores amigas, ambas compartilhavam tudo, eram as chamadas irmãs de mães diferentes, mas para tudo havia limite, ela havia chegado no dela, naquela noite ela havia feito suas malas, iria viajar, iria para uma casa na praia, sempre gostou da praia, quando criança ela e seu irmão mais novo moraram na praia por um longo período. A garota olhou para seu colar, um colar em formato de coração, o abriu e dentro havia uma foto, eram duas crianças praticamente idênticas, um casal, o garoto tinha cabelos da mesma cor que os dela, o mesmo em relação aos olhos, a pele pálida, o sorriso brincalhão e infantil em seus lábios, tudo isso a tranquilizava enquanto buscava tais características em sua mente.

Primeiro veio ela, dois anos depois veio seu irmão, Orion, ela o amava demais, por isso sentia sua falta mais ainda, fazia sete anos que não se viam, a vida foi injusta para com ela, separar um irmão de uma irmã era injusto, ela não sabia nem mesmo onde ele morava para poder lhe fazer uma visita em um feriado qualquer, mas nunca conseguiu achar seu paradeiro, fazendo o seu dia-a-dia se tornar mais escuro do que realmente deveria ser, pensando nisso ela saiu de seu apartamento, carregando consigo tudo o que tivesse de valor, trancando devidamente a porta e logo depois indo até o aeroporto.

Alguns dias depois--

Aria estava sentada na sacada de sua casa na praia, era um lugar confortável e aconchegante para quem gostasse da praia. Observava o céu com poucas nuvens e o sol brilhando intensamente, ela poderia ficar horas ali, gostava da sensação de calor que sentia, talvez por que lhe fosse familiar, talvez por que lhe lembrasse do calor que sentia quando era abraçada carinhosamente por Orion, ela sentia falta desse tempo, quando tudo era mais fácil, simples e sem complicações como as do presente, era difícil.

Ela observou o mar calmo, ele a lembrava dos olhos dele, tão brilhantes e ávidos por brincadeira, cheios de alegria, felicidade e pureza, aquela pureza que apenas as crianças possuem, ela observou novamente o céu, usava uma camisa branca sem mangas, óculos escuros, uma bermuda folgada azul e sandálias da mesma cor.

Observou rapidamente o sol que brilhava forte na imensidão azul e branca que era o céu, aquele sol que lhe transmitia a mesma sensação de quando estava perto de seu irmão, era algo quente, acolhedor, meigo, dócil, gentil, típico de um irmão mais novo, mas, no caso de Aria, ela sentia algo mais, algo que ela não sabia reconhecer, mas sabia que estava lá, era como procurar algo no escuro sem ter nenhuma luz, era torturante, era sombrio, era solitário...

Em outro lugar--

Na 1St Place, alguém falava com um garoto baixo de cabelos loiros, usando sua típica roupa que quase nunca mudava, esse era Len Kagamine, era o “baixinho” do grupo, mas não era por isso que ele se sentia mal, sempre estava sorrindo e brincando com os companheiros. Durante a conversa, o garoto com quem Len conversava, que parecia ter quinze anos, perguntou por uma conhecida sua, Aria.

–Bem, ela acabou de terminar um relacionamento com o Utatane-san, ela disse que ia pedir um afastamento e não sabia quando voltava, disse algo como uma casa na praia, mas ninguém sabe se existe mesmo uma casa na praia nos arredores próximos ao mar. Cara, mulheres são muito problemáticas pro meu gosto, ainda bem que eu não tenho namorada. -disse Len rindo abobalhadamente enquanto coçava a cabeça com sua mão direita.

–Ainda Len... Ainda. -disse o desconhecido com um leve sorriso.

–E quem é você por acaso? Algum tipo de guarda-costas da Aria?

–Algo parecido.

–Tipo? -perguntou o loiro com uma sobrancelha arqueada.

O garoto se abaixou até o ouvido do menor, cochichando algo.

–VOCÊ O QUE!?!?!

–Fala baixo Len.

–Tá... Tá... Desculpa... -disse ele encarando o garoto com um sorriso amarelo.

Logo os dois ouviram alguém descer as escadas. Pelo ritmo eram duas pessoas, uma delas era Miku, a outra era Meiko, as duas com as mesmas vestimentas de sempre. Meiko olhou para o garoto com quem Len conversava e rapidamente desviou o olhar, mas parecia que ela não o conhecia, e Miku se aproximou de Len rapidamente.

–Escutei um grito, o que aconteceu? Esse malvado fez alguma coisa com você? -disse Miku extremamente preocupada com Len. Para ela, o loirinho era mais ou menos como um xodó, dizia que ele seria dela para sempre, e em todas as vezes ela causava ciúmes na irmã mais nova de Len, Rin Kagamine, que sempre inflava as bochechas em um ato infantil. Todos achavam aquela expressão muito fofa!

–Não, ele não fez nada, eu apenas me alterei um pouco...

–Bem, eu vou indo Len, até mais... -disse o rapaz virando as costas e saindo do prédio.

Meiko o seguiu com o olhar, não que ela estivesse interessada no garoto, mas tinha que concordar que ele era muito bonito, achava que até mesmo Miku havia percebido, porém o ponto era... Ele lhe era familiar, tinha certeza de que o conhecia de algum lugar, refletia enquanto via a figura se afastar, levou sua mão direita até seu queixo, pensativa, depois de um tempo, vendo que isso não daria em nada ela desistiu e se colocou a subir as escadas logo depois de Miku e Len.

Em outro lugar-------------------------------------

Era de tarde, eram quatro horas e trinta e cinco minutos para ser mais exato. Aria estava tomando uma ducha fria para relaxar, sempre funcionava, mas não dessa vez, seus músculos continuaram tensos, como se algo fosse acontecer, ela não sentia que seria algo de ruim, estava misteriosamente feliz e mais radiante, era como um pressentimento, um sexto sentido, uma premonição, aquela sensação era boa. Mas tão logo apareceu ela se foi, dando lugar a uma Aria que se encarava no espelho, os cabelos beges úmidos com as franjas caindo por sobre seus olhos. Ela saiu do banheiro vestindo uma camisa azul claro sem mangas, bermuda branca que chegava até seu joelho, estava descalça, o piso de mármore era gelado e aliviava um pouco o calor, mas naquela hora o calor não era tão intenso, ela escuta batidas na porta. Se perguntou se não era Miku ou até mesmo Rin que vieram visita-la para ver se estava tudo bem com ela, mas sentia que não era isso, ela sentia na sua mente, na sua alma, no seu coração.

A batida na porta se repetiu, uma, duas... Três vezes. Na primeira Aria decidiu apenas ignorar, na segunda ela já estava começando a ficar um pouco irritada, na terceira... Na terceira ela decidiu abrir a porta, deixando a toalha que estava por cima dos ombros em cima da cadeira da mesa e decidindo abrir a porta para dizer umas poucas e boas para quem decidiu incomoda-la.

E assim abriu a porta, com uma cara de emburrada, porém sua expressão emburrada e séria sumiu de seu rosto ao perceber quem estava a frente dela, era um pouco mais baixa que a mesma, usava uma camisa negra um pouco colada ao corpo, mostrando os músculos bem desenvolvidos, calça-jeans azul, tênis branco e um casaco de couro preto, carregava consigo uma mala grande e preta que estava no chão. Os cabelos da mesma cor que o seu, os olhos tão azuis quanto ela se lembrava, a expressão feliz que nunca abandonou a sua mente, o coração acelerado em batidas descompassadas. Ela chegou a levantar as franjas de sua testa para ver com mais clareza e ter certeza de quem era. Ele sorriu, um sorriso meigo e feliz, ela havia se esquecido de como era boa a sensação de ver aquele sorriso, mas nunca havia esquecido o que ele representava para ela, era uma alegria repentina que se instalava em seu interior, mas ela teimava em não querer sair, era como se seu interior entrasse em chamas, aquele olhar que ela tanto sentiu falta, estava mais bonito do que da última vez, o cabelo um pouco mais longo, os olhos mais profundos e maduros, mostrando o quanto cresceu, era realmente ele.

Ele abriu os braços esperando um abraço, que mais do que rapidamente foi dado por Aria, que o abraçou mais forte quanto conseguia, ele fez o mesmo, chegando a suspendê-la no ar. Depois de dez minutos, apenas depois de dez minutos os dois se separaram, ela estava imensamente feliz, tão feliz que quando o abraçou soltou um pequeno gritinho de felicidade. Lágrimas percorriam seu rosto, ela não queria, mas as lágrimas teimavam em simplesmente sair e percorrer seu rosto, ele as limpou com a manga de seu casaco. O rapaz abriu os lábios para dizer.

–Voltei Aria.

Aria exibiu seu melhor sorriso, ainda tentando em vão enxugar as lágrimas, que rapidamente, segundos depois, já estavam percorrendo seu rosto novamente, respondendo-o.

–Bem vindo de volta... Orion...

xxx

De repente, Aria se esqueceu de tudo o que a fazia triste. Apenas o fato de Orion estar ao seu lado a fazia imensamente feliz, ambos estavam sentados lado a lado no sofá. Ela havia se esquecido de como era estar ao lado do seu irmão, estava feliz. Tinha se passado mais de dez minutos que ele havia chegado e a única expressão que seu rosto fazia era sorrir, sorrir e sorrir. Naquele momento, não existia mais nada, apenas ela e seu irmão.

–Você não mudou nada, Aria. -disse ele com a voz doce e meiga exibindo um sorriso enquanto a encarava.

–E você mudou bastante, cadê aquele menininho idiota e magrelo que vivia me incomodando? -Aria sorriu de canto, apoiando o rosto com as mãos.

–É, você não mudou, nada. -respondeu Orion rindo, arrancando algumas gargalhadas da irmã mais velha.

–E então? Meu irmãozinho está crescidinho, deve ter muitas garotas correndo atrás de você não é? -Aria lhe fez um olhar significativo.

–Na verdade não, nenhuma. -Orion fez uma expressão tranquila, passando que não se preocupava muito.

–Sério isso ai ?

–Sim, nenhumazinha, mas não me importa muito pra mim, o importante é o agora. -disse ele colocando sua mão esquerda por sobre a mão direita da irmã, que sorriu. -Falando nisso, fiquei sabendo que você acabou magoada, quer falar sobre isso?

Aria estava relutante em falar sobre isso. A ferida ainda era fresca, era algo que demoraria para cicatrizar, ela olhou nos olhos de Orion que a encarava com um sorriso.

–Eu vou te escutar, seja o que for que quiser falar, serei seu confidente, seu melhor amigo, vou ficar sempre com você, mesmo que eu não esteja por perto, só peço que confie em mim como eu confio em você, eu estou com você, aqui, agora e sempre Aria... -pronunciou Orion em tom doce, protetor, meigo. Não era muito normal um irmão mais novo agir como o irmão mais velho, mas sempre que Aria estava um pouco frágil ela se apoiava em seu irmão, que a levantava de novo, uma vez mais, sempre que fosse necessário, ele era mais do que seu irmão caçula, era seu melhor amigo.

–Eu e o Piko acabamos ficando em uma festa do pessoal,foi um dos momentos mais felizes da minha vida, ficamos juntos por mais um ano, mas chegou a um ponto em que... Não deu mais, ele ficou distante de mim tão de repente, não saíamos mais juntos, não ficávamos olhando a lua nas noites de verão, se tornou tão monótono... -dizia a albina enquanto lágrimas ameaçavam percorrer seu rosto novamente, mas ocorreu algo que a surpreendeu, Orion a abraçou calorosamente. Mesmo ele sendo dois anos e alguns dias mais novo eles tinham quase a mesma altura, ela apoiou sua cabeça no peito do irmão e retribuiu o abraço.

–Ele não sabe o que perdeu... -sussurrou ele no ouvido de Aria, fazendo um pequeno, mas prazeroso arrepio percorrer seu corpo, ele encarou as orbes azuis cintilantes da irmã, com o sorriso nunca abandonando seu rosto.

–Ele perdeu a chance de passar o resto da vida ao lado de uma garota incrível. Sei que você gostava dele e que ele deixou uma ferida em seu coração, mas ele era apenas o primeiro amor. Todo mundo passa por isso, menos eu até o presente momento, mas o ponto é que... Por ai, debaixo deste mesmo céu, existe a pessoa certa pra você, uma pessoa que irá ouvi-la quando estiver com problemas, lhe ajudar a se levantar quando você cair, que irá segurar a sua mão quando você estiver com medo. Mas... Enquanto o seu príncipe não aparece para a minha princesa, eu irei protegê-la, eu irei ajudá-la, eu irei amá-la, eu serei o seu cavaleiro.

Aos poucos, Orion via a irmã exibir um sorriso, fraco, mas um sorriso, ela o abraçou novamente. Ela o abraçou em um abraço caloroso e meigo.

–Você sempre diz palavras tão doces, Orion... Sempre foi bom com palavras.

Ficaram assim por alguns minutos, logo depois se separaram e Aria se levantou do sofá.

–Venha, vou te mostrar o quarto de hóspedes -avisou apontando a direção do corredor.

–Quarto de hóspedes? -indagou o rapaz curioso.

–Sim, quando era mais nova, eu e a Miku vínhamos para cá pra relaxar do estresse do trabalho. -Aria explicou.

Orion pegou a mala e foi para o quarto, era um cômodo que tinha um armário branco e azul, cama de solteiro, televisão, uma janela de frente para o mar. As paredes eram brancas em misto com uma tonalidade de azul claro. Era bonito, cara da sua irmã, pensou ele.

–A propósito, onde estava? -Aria.

–Canadá, faz muito frio por lá nessa época do ano, mais do que o normal, mas foi legal. Fiz muitas coisas enquanto estava no ensino médio, participei do clube de literatura, artes, desenho, música... Cheguei até a fazer parte de uma banda do colégio -Orion comentava um tanto empolgado.

–Sério? Que legal, você deve ter sido muito famoso na escola. -Aria.

–De certa forma sim, tinha amizade com quase todo mundo de lá. Depois que eu me formei eu decidi vir pra cá, acabei sabendo que a minha irmãzona tinha ficado famosa. -disse com um sorriso no rosto, desde que ele chegou não fez outra coisa a não ser sorrir.

–É, aconteceu por acaso, mas e aí? Como foi? -Aria sibilou empolgada, vendo o irmão colocar a mala em cima da cama.

–O que?

–A viagem, oras. -Aria

–Foi muito boa, dormi, dormi e dormi um pouco mais. -disse Orion com um sorriso brincalhão no rosto, fazendo Aria sorrir também.

–Você não muda nunca não é? -Aria.

–O melhor de tudo foram os amendoins de graça, foi tudo de bom.

Aria riu do comentário do irmão e se sentou na cama, se surpreendendo um pouco ao vê-lo tirar a jaqueta de couro e logo depois a camisa. Aria avermelhou um pouco, mas não conseguia deixar os olhos dos músculos bem trabalhados de Orion, também, que garota resistiria? Orion percebeu e esboçou um sorriso.

–O que foi? -perguntou.

–N-Nada... -disse ela desviando o olhar. Quando Orion se virou, Aria percebeu uma tatuagem em suas costas, um grande lobo que começava em seu ombro esquerdo e tomava todo o contorno das costas brancas do irmão. Aria observou o desenho por alguns minutos até ser acordada dos seus devaneios pela voz de Orion.

–Eu sei, é sexy né? -disse Orion sorrindo para a irmã, que corou, logo depois só ouviu uma risada do irmão. -Você é uma graça, Aria.

Aria nada disse, apenas desviou seu olhar dele.

–E aí? Fazendo muito sucesso? -Orion.

–Você nem imagina, temos até um website com as datas dos shows e apresentações. -Aria.

–Que legal, me pergunto se eu me daria bem nesse tipo de carreira. -Orion coçou o queixo imaginando.

–Se você souber cantar alguma coisa. -disse sorridente, pronta para tirar um sarro do irmão. Ela sabia que ele cantava muito mal, desde criança. Até agora apenas ele brincou, ela também queria brincar e agora, era a vez dela.

–Sabe cantar alguma coisa?

–Sim, sei, mas não vou conseguir fazer isso sem um violão. -disse Orion sorrindo.

–Vou buscar. -Aria piscou, saindo do quarto rapidamente.

[...]

–Pode começar quando quiser Orion. -avisou, já pronta para a performance.

–Okay então Aria. -Orion.

Orion começou a tocar e logo depois a cantar, surpreendendo Aria. Era uma musica que a animava, ela conhecia o autor da música, Bruno Mars. Eram poucas as pessoas no mundo que podiam cantar daquela maneira, mas Orion realmente a surpreendeu, Aria chegou a se sentar na cama observando o irmão cantar enquanto tocava o violão branco com um desenho azul de uma borboleta. A música era bonita, transmitia alegria, assim com Orion, e ele estava ali, apenas para ela poder ouvi-lo, para ela, apenas para ela, Aria sentiu seu rosto avermelhar com esse pensamento, mas mesmo assim não tirou os olhos de Orion, nenhum segundo

Quando a musica parou Aria chegou a bater palmas, sorrindo alegremente. Foi divertido.

–Parabéns irmãozinho, muito bom, você fez aula de violão? -Aria mostrava todo seu interesse em empolgação com os olhos brilhando e as mãos articulando levemente. Era uma graça.

–Não, eu aprendi sozinho, tive que me virar um pouco, por sorte tinha um amigo meu que tocava, então ele me ensinou. -Orion deu de ombros levemente, com os lábios repuxados num sorriso tímido.

–Legal. -a menina fechou os olhos, juntando as mãos atrás das costas, com os lábios rosados num lindo desenho.

Aria olhou para o relógio, eram dez horas e trinta minutos, o tempo passou voando, literalmente, Orion havia saído para ir guardar o violão. Ela observou longamente o lugar da cama onde ele estava sentado anteriormente, discretamente, ela chegou a se beliscar para ver se não estava sonhando, assim o fez.

–Ai. -reclamou olhando a pequena marquinha vermelha que ficou.

–Não é sonho Aria. -Orion.

Disse ele se aproximando de Aria com um sorriso no rosto, Aria corou um pouco e desviou o olhar.

–Eu fiz a mesma coisa, me belisquei para ver se não estava sonhando, mas você acabou não percebendo. -disse ele apoiando carinhosamente sua cabeça no ombro esquerdo da irmã.

Aria levou a mão esquerda até a cabeça de Orion, afagando seus cabelos.

–Eu senti saudades Aria, não havia um dia, nem mesmo um minuto que eu não pensasse em você, eu via você em tudo o que eu fazia, desde o momento em que eu abria os meus olhos de manhã até o momento de fecha-los à noite, quando eu olhava o sol, quando eu olhava a lua, o vento, as folhas, as plantas, a chuva...Tudo me lembrava você, nunca te esqueci, nem mesmo por um segundo... -disse Orion encarando Aria, olhando para aqueles orbes azuis brincalhões e brilhantes. Ela teve um arrepio prazeroso que percorreu todo o seu corpo, era uma sensação boa demais.

–Você sempre esteve comigo... Aqui. -disse Orion levando a mão esquerda de Aria até o peito. Ela sentia o pulsar desenfreado de seu coração, corando um pouco, mas mesmo assim não parou nem um segundo de encarar as orbes azuis cintilantes de Orion.

Ela ficava tão serena, tão protegida ao lado dele, como se nenhum mal pudesse acontecer a ela, o sorriso dele irradiava felicidade e alegria, agora, esse dia era o melhor da vida dela.

Aria se levantou vagarosamente da cama enquanto Orion a acompanhava com os olhos.

–Bem, vou deixa-lo sozinho, já esta na hora de dormir. -Aria.

–Mas já? Não vamos nem assistir um filme juntos? -Orion.

Aria o olhou por um longo tempo enquanto mergulhava novamente na imensidão azul que eram seus olhos, como o céu limpo em uma tarde de verão, sempre brilhantes e felizes, alegres como uma criança em um parque de diversões. Ele sempre teve essa parte infantil, e não a perderia tão cedo, era essa a característica principal dele, a mais marcante, era essa felicidade infantil que a encantava, e sempre a encantaria.

–Ei, Aria. -chamou-a.

–O que foi? -disse ela como se tivesse saído de um transe hipnótico.

–Eu sei que eu sou lindo, mas não é pra tanto. -disse ele com um sorriso arteiro no rosto enquanto observava a irmã abrir um sorriso brincalhão.

–Convencido. -disse ela saindo do quarto enquanto Orion a seguia com os olhos, sempre sorridente, ele deu um rápido suspiro e deitou na cama.

– “É, vai ser interessante...” -pensou ele enquanto encarava o teto enquanto o sono ia lentamente dominando sua mente e seu corpo...

Continua...