Mudança. Ele já havia ido embora há dois anos. Nunca disse o que sentia a ele. Nunca teve coragem de dizer. “Agora ele está há um oceano daqui”. Caminhava pela praia sem pressa, observando a linha do horizonte, tentando imaginar onde ele estaria agora. Olhando para o “nada”, pensando nele, dispersa, não prestou atenção em seus olhos se encherem de lágrimas e rolarem pelo seu rosto, ziguezagueando, por causa da brisa que vinha do mar violento.

- Eu não deveria ter deixado você ir – Pensou ela, alto, falando sozinha apenas com as aves que andavam na areia.

O vento ricocheteava seus cabelos louros claros, presos a uma pequena, fina, e delicada fita azul, que se soltou, deixando o cabelo cair pelos ombros, acariciando seu rosto. E ela chorou ainda mais, e saiu correndo atrás da fita, quando viu uma pessoa, muito adiante dela. A fita ia em direção ao que ela conseguiu visualizar um homem. Correu mais um pouco e reconheceu quem era o homem que a fita estava indo na direção. Era ele. Mais lágrimas se acumularam no canto de seus olhos, mas essas não eram lágrimas de tristeza. E sim de alegria, surpresa! Há quanto tempo? Deixe-me lembrar... ah, sim. Dois anos. Saiu correndo até ele, que estava com a fita nas mãos. Ele também começou a correr. Quando estavam muito perto um do outro, pararam. Se olharam, e se abraçaram. Um abraço forte, acolhedor, carinhoso, que fez escapar um soluço dela. Ela estava chorando, chorando de alegria. Ele tinha um sorriso de orelha a orelha, e estava com os olhos marejados. Quando se separaram do abraço, ela tentou falar algo, mas ele a calou, colocando um dedo nos lábios dela. Ela sorriu, e ele acariciou suas bochechas agora enrubescida, e lhe deu um beijo carinhoso, lento, e demorado. Ah, como eles sentiam falta um do outro... aos poucos, o beijo foi se intensificando, até que foi interrompido pela falta de ar dos dois. Maldita seja a falta de ar.

- Eu amo você – Os dois disseram ao mesmo tempo, e riram.

Saíram caminhando pela praia, como dois jovens apaixonados. Não precisou de explicações. Tudo que importa, é que ele estava lá, e que os dois estavam juntos novamente.