Houve Uma Vez Uma Primavera escrita por Aline Carneiro


Capítulo 7
Capítulo 6 - E agora, Potter?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/401112/chapter/7

Uma coisa boa de deitar sozinho remoendo um problema é que no dia seguinte, geralmente, ele parece um pouco menor. James estava acordado quando os amigos entraram no dormitório, mais tarde, mas fingiu dormir, e permaneceu acordado por longas horas, pensando em como conseguiria equacionar todo aquele dilema nos próximos dias. Em pouco tempo já havia hierarquizado os problemas do mais complicado ao mais simples, e logicamente, no topo, estava a forma de esconder dos amigos que estava sob chantagem e que Remus corria perigo.
Chegou a pensar em durante os cinco dias restantes dar um jeito de evitar os amigos pretextando algum mal estar; podia tomar algum chá maluco que o debilitasse para acabar na ala hospitalar, mas concluiu que não era tanto tempo assim e não queria dar a Snape o gostinho de vê-lo bancar o doente. Considerou a idéia de arrmar uma briga com Sirius, mas lembrou que em todas as vezes que haviam brigado de verdade nunca haviam ficado mais de dois dias sem se falar. Com Remus e Peter, então, era quase impossível brigar: Remus era tão tranquilo e racional que sempre o desarmava numa discussão e Peter nunca comprava uma briga.
Concluiu então que o melhor seria simplesmente dar um jeito de se atrasar ou se adiantar todos os dias, de forma que os três nunca o alcançassem antes das aulas. E para evitar o mais complicado deles, Sirius, podia passar muito tempo na Biblioteca, estudando ou fingindo estudar.
Lilly era um caso mais fácil, mas mais dolorido: ia dar a ela um tratamento frio e distante, afinal, ela vivia dizendo que ele a perturbava. Sentiu um certo medo que, com isso, ela acabasse por aceitar a proposta do feitiço de mútua exclusão, mas esse era o risco que ele teria de correr, mesmo sabendo que longe dela daria um grande estímulo para que Snape se aproximasse da garota. Sempre desconfiara que o Ranhoso gostava de Lilly, mas nunca o encarara seriamente como rival. Agora, certo de que o sujeito a queria sentia o sangue ferver de raiva, mesmo desconfiando que ele não conseguiria nada com Lilly, mais por causa da turma com quem andava do que realmente por demérito pessoal.
O ódio que sentia de Snape era o próximo problema. Mesmo nunca tendo sido amigos, mesmo detestando-se desde o primeiro dia de aula, tinha certeza que ele e o rival conheciam-se profundamente, de tão opostos que eram. Para pensar como Snape, para entender como ele agiria, bastava imaginar o que ele faria numa situação e fazer exatamente o contrário. Ele tinha certeza que Snape não queria denunciar Remus, não tanto por lealdade a Dumbledore, mas porque a denúncia implicaria diretamente em expor uma falha dele, Snape. Era muito embaraçoso para um sujeito certinho como ele admitir que quebrara totalmente as regras da escola e se expusera a um tremendo perigo. Ao contrário de James, que afrontava as regras e se vangloriava disso, Snape as seguia rigidamente e se orgulhava disso. Por isso, e só por isso, ele acatara o pacto de silêncio proposto por Dumbledore. E para que ele quebrasse esse pacto, o tal grupo teria que fazer mais do que mandar um frangote como Regulus pressioná-lo.
Isso fazia James recriminar-se internamente. Se nao tivesse se enfurecido e atacado o idiotinha do Regulus, a essa altura não estaria com todo aquele problema. "Cabeça fria, Potter, cabeça fria" – pensou – "isso você podia ter aprendido com o Snape". E agora teria de aprender, nem que fosse à força, a ter sangue frio e controlar seu gênio. O resto da semana sem gracinhas, sem piadas, cinco dias concentrado. Não era muito, era? E era uma boa forma de aprender alguma coisa, por um motivo consistente: nunca se perdoaria se Remus fosse revelado e acabasse deixando a escola quando ele podia evitar tudo aquilo.
Finalmente, quando estava quase dormindo, lembrou-se que deixara os bombons encantados na sala de poções. Chegou a pensar em levantar-se, cobrir-se com a capa de invisibilidade e descer até as masmorras para pegar seu "pacote", mas com tanta coisa mais séria na cabeça, ele acabou deixando pra lá e pensando: "amanhã cedo eu resolvo isso...".
Acordou num susto horas depois. Olhou em volta e percebeu que seu estresse o havia feito dormir pouco: parecia faltar pouco para o amanhecer, e os seus colegas ainda dormiam. Ele olhou o relógio: eram 5:35, uma boa hora para descer incógnito até as masmorras e pegar os bombons. Silenciosamente, levantou-se, vestiu-se e desceu, tendo o cuidado de pegar a capa de invisibilidade e a mochila para as aulas do dia. Quando saiu pelo buraco do retrato, viu que amanhecia, era melhor se apressar: pos a capa sobre o corpo e disparou para as masmorras.
Chegou constatando, satisfeito, que não havia movimento algum no corredor. Entrou na sala usando a capa e foi direto para a bancada onde deixara o caldeirão e os bombons. O caldeirão estava lá, ainda sujo de poção, mas os bombons...
– Sumiram! – ele sussurrou para si mesmo. Ele olhou aterrorizado em volta, rezando para que estivesse enganado, que aquela não fosse a bancada... mas era. Não havia dúvida. Como fora estúpido! O cretino do Snape provavelmente entrara na sala depois que ele dera as costas e pegara os bombons. Será que ele imaginara para que serviam? E se ele tivesse comido? – James teve um calafrio ao imaginar um Snape o perseguindo pelos corredores feito um apaixonado maluco. E, pior, imaginou que isso fatalmente o denunciaria – ninguém iria acreditar se um sujeito que todo mundo sabia odiá-lo de repente aparecesse apaixonado por ele – ia ficar bem claro que aquilo era efeito de poção de amor e seria vergonhoso para ele – mais até do que para o Snape.
Outro cenário, mais provável, desenhou-se: Snape nao era burro. Provavelmente tinha entendido que os bombons eram alguma molecagem e muito provavelmente iria usá-los também como objeto de chantagem – e nesse caso ele estaria nas mãos dele não só por sete dias, mas pelo resto do semestre ou até por mais tempo, até que os bombons se estragassem e ficassem imprestáveis. Se ele até então estava calmo, aquele sim, era um momento para perder o controle. Tinha que descobrir o paradeiro dos bombons o mais rápido possível.
Apavorado, ele saiu das masmorras correndo. Já era quase hora do café da manhã – e próximo ao grande salão tirou a capa, esperando que ao tomar café da manhã mais cedo pudesse evitar o desastre de topar com um Snape chantagista ainda em maior vantagem que na véspera ou, pior, com um Snape psicoticamente apaixonado por ele. Precisava de um tempo para lidar com qualquer uma das suas possibilidades. O que aconteceu a seguir não ajudou em nada.
Na entrada do grande salão quase esbarrou em Lilly. "Essa não" – pensou – "tudo que eu não preciso vai acontecer hoje, pelo jeito!". Ela o encarou receosa, como que esperando alguma palavra... e ele passou reto, direto para a mesa. Precisava disfarçar seu pânico, então procurou um lugar bem no canto, longe de onde se sentava habitualmente, olhando temeroso para a entrada do salão, esperando ver Snape a qualquer momento entre os estudantes que começavam a chegar para o café. Serviu-se de um pouco de mingau, mas simplesmente não conseguia comer. O salão ia ficando mais e mais cheio, até que Sirius, Remus e Peter entraram, olhando para ele de longe com uma expressão intrigada.
– Deu formiga na cama? – perguntou Remus, ao que ele respondeu, já se levantando:
– Pois é... preciso ir, depois falo com vocês!
Saiu correndo, deixando atrás de si os colegas ainda mais intrigados que antes. Ele não era de se isolar e muito menos costumava parecer nervoso pela manhã. Sirius comentou com os outros:
– Alguma coisa deu muito errado naquela detenção.
– E você não percebeu o mais estranho– completou Peter – ele levantou correndo e passou reto sem olhar para onde a Lilly está sentada. Isso sim, é mais estranho que nunca.
Na saída do salão, um apavorado James deu de cara com Severus Snape. Hesitou um minuto diante do outro, que apenas sorria sarcasticamente. Dava para ver que se ele tinha achado os bombons, não os tinha comido. James ficou esperando alguma atitude de Snape, que apenas passou reto e foi cumprimentar Lilly. Aliviado, James deu as costas e correu – se Snape tivesse encontrado os bombons, não teria deixado passar uma oportunidade como aquela para espezinhá-lo. Tinha um problema a menos, podia se preocupar com o sumiço dos bombons depois da primeira aula do dia, que era de herbologia.
Enquanto isso, Lilly estava perplexa. James não só não lhe dirigira a palavra como ignorara o fato de que Snape viera direto até ela. Ficara observando o rapaz que sempre a assediara, perplexa. Quando ele virou as costas ao vê-la ser abordada pelo outro, sua perplexidade atingiu o ponto máximo. Ela encarou com uma expressão intrigada o ex-melhor amigo, que disse:
– Eu... Você... Bom dia, Lilly.
– Bom dia, Severus – ela respondeu, mais friamente do que pretendia.
– Será que poderíamos voltar aos velhos tempos? – ele parecia esperançoso. Lilly não registrou muito bem o que ele disse e apenas sorriu.
– Tudo bem, Severus. – ela ergueu-se e completou – mas eu estou atrasada para a aula de herbologia. – saiu, lamentando a mentira, mas querendo ardentemente saber por que James a ignorara. Provavelmente, o professor Slughorn também contara a ele a história do feitiço de mútua exclusão e ele ficara chateado, mas alguma coisa nela achava que isso seria injusto: não tinha sido ela que havia pedido para fazerem o tal feitiço! Ele precisava saber disso... mas se ela contasse, pareceria que estava dando bola para ele. E se não dissesse nada ele ia achar que ela queria o feitiço... àquela altura, Lilly sequer se perguntava porque Severus resolvera se reaproximar dela.
Snape, por sua vez, deixado para trás, engoliu amargamente em seco. Maldito Potter, ele tinha razão. Lilly estava caidinha por ele.
A aula de herbologia começou pontualmente e Sirius, Remus e Peter foram sentar-se próximos a James, que acenou-lhes a cabeça, desconcentrado demais para prestar atenção em qualquer coisa. Era muito problema ao mesmo tempo, mas naquele instante ele so pensava em como os bombons podiam ter desaparecido. Sirius o observava atentamente, sabendo de alguma forma que o amigo só podia estar com problemas. Nao era possível que um sujeito exibido e falastrão como James de uma hora para outra aparecesse assim, quieto, introvertido e visivelmente desconcertado. Quando a professora Sprout mandou a turma se dividir em duplas para descascar algumas raízes, Sirius encarou James, que acenou com a cabeça.
Ao contrário do habitual, quando trabalhavam fazendo piadas e galhofando, James evitava olhá-lo e atacava as raízes febrilmente, concentrado. Sirius disse em voz baixa:
– Seja lá o que você está escondendo, não vai conseguir esconder por muito tempo. _ James respondeu, sem erguer os olhos:
– Não estou escondendo nada. Eu só quero terminar logo esse negócio. – Sirius retrucou:
– Por que está ignorando a Evans? E o que a gente te fez?
– Eu não estou ignorando ninguém. Só quero ficar no meu canto, me deixe.
– Você pode mentir pra todo mundo, mas eu te conheço muito bem, Pontas – Sirius tinha um brilho febril nos olhos – tem alguma coisa escondida aí...
James decidiu não responder, e não se falaram mais até o fim da aula. Quando o sinal tocou, James disparou porta a fora, deixando os colegas e Lilly mais intrigados que nunca. A aula seguinte seria Transfiguração, com a turma da Sonserina, mas James não sabia que estava prestes a descobrir da pior forma possível o que acontecera com seus bombons. Passando por dois garotos da Corvinal, ele escutou um deles dizer:
– Eu não entendi nada, rapaz. A garota marca uma sessão de amassos, mas quando cheguei e tentei beijá-la e levei um tapa.
Eram dois garotos comentando um encontro mal sucedido. James pensou que queria que todos os seus problemas fossem desse tipo, sem imaginar que aquilo tinha muito mais a ver com ele que ele pensava.
– E ela não te explicou por que não quis mais nada contigo?
– Sei lá, uma história estranha sobre estar apaixonada...
James quase entortou a cabeça para olhar para o sujeito que narrava a história. Conhecia ele, era Xenophillus Lovegood, da sua série e repórter do jornal da escola que insistia que os banheiros de Hogwarts estavam contaminados com saparilas invisíveis. Ele não fazia a menor idéia de que garota pudesse topar se agarrar com aquele maluco, mas parecia uma boa pista. Por via das dúvidas, foi andando o mais rápido possível na direção da sala de transfguração tentando lembrar-se no que ele lera sobre a amortentia, se havia alguma consideração sobre a duração do efeito da poção. Quando chegou bem na porta da sala de Transfiguração, foi agarrado e caiu, numa embolada de braços e pernas com uma garota que surgira do nada, vinda de um corredor lateral.
– Eu te amo, James Potter! – ele não conseguia distinguir quem o agarrava porque a garota se jogara sobre seu rosto, cobrindo-o de beijos sufocantes.
– Socorro, me largue, sua maluca!
– Sim, maluca, completamente maluca por você!
Para o horror de James, o resto da turma e mais a turma da Sonserina vinham chegando para a aula da professora Minerva. Ele, que estava muito acostumado a fazer piada com os outros, estava prestes a se tornar alvo de piadas da escola inteira. Um grupinho ruidoso se formava em volta do casal enquanto ele repelia a garota, que insistia em agarrá-lo. Ele custava a crer que não se tratava de um polvo gigante. Para horror de James, ele viu que na multidão não só seus amigos, como também Snape e Lilly, que olhava atônita para aquilo.
– Posso saber o que significa isso? – A voz da professora Minerva, que chegava para a aula, soou como música em seus ouvidos. Era oportunidade de se livrar da desconhecida maluca.
– Eu não sei porque essa garota me agarrou, professora! – ele levantou-se e viu o rosto da "agressora". Era uma garota do 7º ano conhecida por ser editora do jornalzinho da escola: Rita Skeeter.
– Professora, James me quer, eu tenho certeza. Estamos apaixonados! – James cobriu o rosto com uma das mãos, pensando no quanto de gozação aquele comentário iria render. A gargalhada uníssona da assistencia era uma boa medida. A professsora olhou para a menina atônita e disse:
– Se eu não achasse que James jamais faria isso, senhorita Skeeter, acreditaria que a senhorita foi vitima de uma poção de amor ou coisa parecida...
A garota suspirou olhando para James, que disse:
– E nunca ia querer essa doida aí no meu pé!
– Eu imagino que não, senhor Potter. – a professora o mirava desconfiado. – Talvez não ela, mas outra aluna – completou, olhando significativamente para Lilly, que chegara minutos antes e presenciara a cena do agarramento maluco.
– Nem ela e nem nenhuma, profesora. – James encarou a professora sério – pelo menos não desde que eu soube que solicitaram um feitiço de mútua exclusão para que eu não perturbasse uma menina. Resolvi que tenho que ficar na minha – ele encarou a professora com ar decidido, vendo com o canto da vista Lilly levar a mão à boca aberta. A professora não disse nada. Olhou para a garota que ainda mirava James com uma expressão estúpida e disse:
– Senhorita Skeeter, por favor, acompanhe o senhor Snape, que é monitor da sua casa, até a sala do professor Slughorn – Skeeter deu uma olhada feia na direção de Snape, que tinha um sorrisinho de maligna satisfação nos lábios – Senhor Snape, por favor, peça ao professor que providencie imediatamente um antídoto para a moça.
– Sim, professora – dando uma olhada significativa para James, Snape carregou uma contrariada Rita pelo corredor.
Quando a turma começou a entrar na sala de aula, James percebeu que Sirius o encarava, sério. Um pressentimento que não o enganava dizia que ele sabia exatamente por que Skeeter o havia atacado. Prudentemente, sentou o mais longe o possível dos amigos e de Lilly, isolando-se num canto da sala, irritado demais consigo mesmo. Cerca de 15 minutos depois Snape voltou, olhando para ele de forma maliciosa. Para sua desagradável surpresa, sentou-se bem ao seu lado e disse, quase sussurando:
– Parece que sua apaixonada vai se recuperar... mas se eu fosse você, ficava esperto. Ela me disse que só lembra de ter encontrado alguns bombons na sala de poções. – ele riu baixinho – parece que ela tinha marcado lá com o namorado... por acaso você conhece as outras colegas de quarto dela? Parece que ela só comeu um bombom...
James gelou. Skeeter era do sétimo ano e era a mais bonitinha de sua turma. Imaginou que seria provavelmente agarrado por Zulema Burlstrode, que tinha o físico de um mamute, ou Elana Zimmerman, que parecia uma cegonha gigante. Decididamente, ainda não era nem meio dia mas aquele era o pior dia de sua vida.
A aula de transfiguração, como era de se esperar, se arrastou. Ele evitava olhar para os lados, mas mais de uma vez percebeu Sirius olhando para ele com ar irritado. Conhecia o amigo: Sirius iria forçá-lo cedo ou tarde a dar satisfações sobre tudo aquilo. Mas, ao contrário do que sempre acontecia quando brigavam, ele não poderia esquecer tudo e fazer as pazes rapidamente. Havia o maldito acordo com o Ranhoso. Se ele os visse muito próximos, iria entregar a condição de Remus sem hesitação nenhuma para o inspetor do conselho. James, pela primeira vez em seis anos de aulas, foi o único da turma que não conseguiu completar a tarefa da aula. Estava estressado demais para transfigurar seu casaco numa doninha. Novamente, deu graças aos céus no fim da aula e correu para fora da sala mais rápido que qualquer um, indo refugiar-se num banheiro próximo.
Lavou o rosto e pensou, olhando-se no espelho: "E agora, Potter? Onde você foi se meter? Bem que eu podia pular os proximos dias. Gostaria de sumir daqui por uns tempos." Esse pensamento acendeu uma luz na sua cabeça: "mas claro, eu posso sumir, pelo menos no intervalo das aulas... eu tenho uma capa de invisibilidade!" Rapidamente sacou a capa da mochila e jogou-a sobre si mesmo, pensando em evitar o confronto com Sirius e qualquer eventual conversa com Lilly. Em vez de rumar para o grande salão, tomou a direção da cozinha, sabia que poderia pedir qualquer coisa de comer a um elfo doméstico. Passaria o intervalo do almoço escondido e retornaria para as aulas depois do almoço. Por sorte era uma aula que Lilly não frequentava, trato das criaturas mágicas, com o professor Kettleburn. Com sorte terminaria aquele dia infernal sem mais problemas.
Mas nem sempre as coisas acontecem como a pessoa quer. Saindo da cozinha, deu de cara com Pirraça, o poltergeist, que estranhou vê-lo sozinho e disparou:
– Cadê o resto? Pulguento, Ratazana e Peludão? Pra onde eles foram, Chifrudo?
– Ah, não enche, Pirraça! – foi um erro e tanto. Teve que passar todo trajeto entre o corredor da cozinha e a saída do castelo desviando-se de cusparadas e de objetos arremessados pelo poltergeist.
Pirraça o atrasou tanto que ele chegou na aula de trato das criaturas mágicas bastante atrasado, e ele ficou do lado oposto ao que Remus e Sirius estavam, uma vez que Peter desistira daquela matéria depois de quase ter sido atacado por um bando de amassos no quinto ano. Saiu da aula alguns minutos antes do fim. Depois de jantar num record de tempo, querendo evitar os amigos, ocultou-se na sua capa de invisibilidade e subiu para a biblioteca, onde refugiou-se por algumas horas, aproveitando para olhar no livro de poções e descobrir que o único antidoto para a amortentia era feito com a própria poção em primeiro estágio e que a poção perdia o efeito em até dois dias. Sem o mínimo ânimo para tentar roubar mais poção no armário de Slughorn, achou melhor simplesmente esperar que as garotas malucas o esquecessem, então ficou folheando o livro pateticamente até que Madame Pince o expulsou por tratar um livro de forma tão displicente e ele foi, arrastando os pés, oculto pela capa de invisibilidade, até a torre da Grifinória.
Sentia-se exausto. Parecia ter vivido o dia mais longo da sua vida – e ainda não eram nem oito da noite! Quando ao longe viu Berta Jorkins, uma garota da Corvinal que assinava a coluna de fofocas do jornal da escola sentada na frente do retrato da mulher gorda, pressentiu que encontrara a segunda vítima dos bombons com amortentia. A garota estava ali, suspirando abraçada a um retrato dele que saíra no jornal da escola.
Pé ante pé foi se afastando, antes que a menina pudesse pressentir a sua presença, e começou a errar pelo castelo oculto em sua capa como um fantasma, pensando que precisava – e muito – de um lugar para se esconder e relaxar – de preferência pelos próximos dias. Depois de vagar um pouco chegou a um corredor no sétimo andar, onde próxima a uma tapeçaria estranha, que nunca notara direito, ele viu aparecer do nada uma portinha estreita, exatamente da largura da sua magreza, entreaberta. Intrigado e curioso, uma vez que passara por ali mil vezes e nunca notara aquela porta, James abriu-a e olhou para dentro. Curioso com o que viu lá dentro, entrou. Do lado de fora, assim que ele bateu a porta, ela desapareceu e o corredor ficou silencioso.
Dentro da sala, James achou uma lareira, uma mesa e um sofá largo e confortável. Sem pensar muito, atirou-se no sofá, pensando que finalmente pudera ter uma folga. Finalmente, dominado pela exaustão do estresse, adormeceu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu sei que a sala precisa não aparece no mapa do maroto. Como já disse antes: no fim vai fazer sentido, prometo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Houve Uma Vez Uma Primavera" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.