A desistência corre minhas veias a quilômetros por hora, mas a resposta dos meus neurônios é simples e clara: "Não desista. Não dê esse prazer aqueles que te odeiam!". Obediente, respondo aos impulsos por ele comandados.

Salto no palco rapidamente, enquanto me sinto na obrigação disso.

Depois que vejo o holofote brilhando sobre mim, percebo que fiz a escolha certa. Me dirigo ao microfone para apresentar minha performance. Todos estão aqui para ver minha perfomance violinista, porém, não é bem isso que vai acontecer. Amigos e família estão situados na primeira fileira do local, assim como muitos ao redor do grande teatro, esperando ver um grande músico solar. Bom, é isso que todos acreditam. Na realidade, revelarei aqui, e agora, minha realidade sexual. Sei que este tipo de coisa não é bem aceito na sociedade, mas assim sou, assim serei, assim direi aqui neste palco.

Me dirigo ao microfone e recito minha apresentação:

- Boa Noite! Bem vindos ao 5º festival de música erudita de Foster! - aplausos calorosos e fortes invadem o salão, neste encerramento do festival - Hoje vocês terão uma noite incrível, muita dança, muita música e entretenimento. Para começar esta noite, irei performar: Woman's got the power! - todos se encaram com ar de dúvida em seus rostos, tentando entender porque uma Drag Music estaria neste festival. E continuo - Acalmem-se não será uma performance instrumental. Prepare-se comunidade de Foster,vem aí, a Rainha do bate cabelo music... Nicole!

A música começa a tocar. Uma peruca se revela por baixo meu cabelo "natural". Loira, repicada e com californianas rosas. Simplesmente D-I-G-N-A.

Na platéia, uma vaia generalizada se inicia, com a qual não dou nenhuma importância. Mas, com a frequência que está se abrangendo, começo a me sentir desconfortável, e paro. Me dirigo a parte de trás do palco, e de lá percebo o olhar de reprovação dos meus amigos, dos meus pais, tios, tias... Não sei o que fazer. Devo chorar? Rir? Me esconder? ESTOU COMPLETAMENTE PERDIDO!!!

Após alguns minutos da trágica apresentação, meu pai, Wallor, me pega desprevinido e me chicoteia pelas costas. Dói muito, porém:

- O que foi aquilo? Eu te criei, dezoito anos para isso Nicholas? ME RESPONDE!! Que vergonha de ser seu pai neste momento. E pode tirar seu cavalinho da chuva se achas que vai ser homossexual perto de mim! Quer ser? Saia agora da minha casa! - isso dói muito mais!

Minha mãe, Molly se encontra atrás de meu pai. Aquelas lágrimas sofridas em seus olhos me aplicam uma péssima nostalgia. Estou me odiando neste momento por ter feito minha mãe sofrer, odeio vê-la desta maneira. Ela me olha balança a cabeça em reprovação e sai amparada pela minha tia Jéss. Tento me aproximar dela, mas sou impedido pelo meu pai que me prende a parede me sufocando com um golpe com seu braço, olha no meu olho e diz friamente:

- Saiba de uma coisa, seu, afeminado repulsivo, o meu sobrenome, você não tem mais, não é mais meu filho, mas como todo pai tenho que te dar um apoio nem que seja de 0,000000000000001%... Boa sorte nesta vida de merda que agora você tem!

Sério, como posso ter chão depois de uma dessas? Poxa, nunca desobedeci eles, era um filho modelo, tirava notas razoáveis, porque tem que ser assim?

Deixo o local aos prantos, sem saber para onde ir, agora que fui expulso de casa. Penso em procurar meus amigos mais próximos, que é o que faço, após firmar o pensamento.

 A caminho da casa de Juana, sou parado por um carro, na lateral da rua. Desvio na tentativa de ser um engano, ou pura e mera coincidência. Mas após passar o veículo, ouço passos me seguindo. Mas quando olho para trás, não vejo ninguém. Ando mais um pouco. E ainda escuto um andar diferente ao meu. Olho novamente, e não vejo ninguém, a não ser um felino se banhando. Voltando minha visão à frente, esbarro em algo, e sou sufocado por um pano com um liquído pegajoso e fedorento, e acabo perdendo a consciên........

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 Quando acordo me vejo num local sujo e mal iluminado, que não me parece ser estranho. Aguardo alguns minutos até que a minha visão foque, pois, enxergar, não é um privilégio neste momento.

 Finalmente começo a enxergar melhor, um rosto desconhecido me diz uma frase:

 - E aí? Feliz?

 - Quem é você e o que quer comigo? - pergunto aflito

 - Calma, NICOLE!

 Hey espera, ninguém sabe deste nome, apenas os que estavam na apresentação. Volto a perguntar:

- Você estava na apresentação?

- Talvez sim, Talvez não, sim, e não! - afirma risonho

- Fale logo!

Após esta minha "ordem", meu corpo recebe um golpe inesperado. Um chute de direita na minha têmpora, que me resulta uma tontura aniquilante, e dolorosa. Como também sou um ser humano, percebo que meu corpo começa a se expressar. Lágrimas, gemidos de dor intensa. Tudo isso vem de reflexos involuntários internos.

O tal, maloqueiro, começa a me perguntar coisas intímas e super mega constrangedoras. Como não sou obrigado, não respondi a uma sequer. E ele revoltado me chuta e golpeia. *mesmo estando completamente amarrado*, sinal de covardia?

Após certo tempo, ele decide se afastar,e ir a um outro local. Eu, desesperado grito por socorro. Mas a tentativa é em vão, pois mal sei onde estou, quem dirá receber ajuda de alguém aqui por perto.

Frustrado depois de ver esta minha tentativa, o tal "Senhor das Respostas", torce minha mãe em 180 graus totalmente desumanos. Gemer de dor é quase que lei neste momento. Ele ri e se saboreia do meu sofrimento. Após isso, ele se dirige a mim e me fala no pé do ouvido:

- Bom NICOLE. digamos que você não tem deixado as pessoas muito felizes! Exemplo disso é o fiasco que foi sua apresentação esta noite. Bom, continuando, você tem sido um mal menino. haha. Quero saber, você conhece o nome Valter? - meu ex - Bom se conhece saiba: Esta pessoa quer uma coisa sua!

- O Que este traste quer de mim?

- Os Órgãos!