Ótimo, eu tinha que acordar na melhor e mais estranha parte do meu sonho.

#Ligação on --- Jade

– Err... Oi?

– Ah, oi! Finalmente decidiu atender?!

– Jade... (Bocejo) Eu espero que você tenha uma boa explicação por me acordar de madrugada!

– Madrugada? Porfavor, são 10h30m da manhã.

– O que foi que eu falei?! De madrugada!

– Nossa, seu lado comediante ainda não acordou por inteiro...

– Ah Jade, não vem com essa... Você quer que eu seja super engraçada logo depois de acordar? E afinal? Por que você me acordou mesmo?

– Ah... Eu tava sem nada pra fazer, e decidi te ligar pra saber porque você não apareceu no curso ontem.

– Eu te odeio...

– Credo! Mas que coisa, sua rabujenta! Magoou!

– Jade, coração, sabe o que você fez?!

– Além de te acordar?!

– Sim... Além disso. Agora, eu não sei mais se o anjo ia pular de cima da bomba de gasolina ou se ia só sorrir lá de cima mesmo... Hunf!

– Ahn?! Ah, você sonhou com aquele garoto de novo?! Uhm... E quando é que você vai parar de chamar ele só de anjo e vai me dizer o nome dele, hein?

– Pra você ficar me enchendo?! Nunca!

– Eu hein, ah... Mas pelo menos você tem que me dizer mais alguma coisa além de ele ser "tão fofo e ter traços angelicais"

– Olhos verdes...

– O que?!

– Ele tem olhos verdes! Curiosidade saciada?!

– Por agora...

– Então, beleza. Você já pode me deixar tomar café...

– Ah sim, se não você vai acabar morrendo de gastrite

– Exageiro...

– Sabe, as vezes você me preocupa com esses seu problemas abundantes...

– Abundande é a minha fome nesse exato momento

– Tá, vai logo. Sua chata

– Tu sabe que eu não sou...

– Quando tá com sono é sim!

– Tá, tá...

– Viu? Tchau

– Fui!

#Ligação off

Tomo um banho, visto minha roupa. E quando saio do meu quarto e desço as escadas percebo que a casa é só minha... Dança vergonhosa de "fui largada sozinha em casa" começa em... 3, 2, 1! E no volume alto do meu fone de ouvido começo a cantar me sentido parte do Swedish House Mafia.

– ... I still remember how it all changeeeeeed. My father said...

– Oi?

Ao ouvir a voz dou um pulo para trás e grito

– Ah, você está aqui, pensei que tinha ido ao médico com a sua mãe e a sua irmã.

– Ai Joana!! Quer me matar de susto?!

– Eu que ia matar você de susto?! Imagine você chegar pra trabalhar, ai umas horas depois, você aparece na cozinha pra começar a fazer o almoço e vê uma adolescente cantando e dançando enquanto passa geléia em uma torrada às 10:30 da manhã?

Eu começo a rir, largo a faca suja de geléia em cima da mesa, e vou comer as torradas com leite e cereal.

Antes de terminar o cereal tenho uma ideia ótima, volto correndo ao meu quarto e coloco meu dvd da primeira temporada de Supernatural (sim, Supernatural... de manhã), e sabe de uma coisa? O Sam e o Dean não poderiam estar mais perfeitos!

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No dia seguinte meu pai decide levar a minha família e meus primos para um passeio de lancha, e olha, até que não foi tão ruim quanto eu achei que fosse ser.

Mais uma segunda-feira começa mas, dessa vez com a esperança de um feriado! Sendo assim, uma segunda-feira suportável.

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– Filha?

– Uhm? Ah, oi pai.

– Sexta-feira vamos pra casa do seu tio Luiz.

– O que? De novo? Nós não fomos lá semana passada?

– Na verdade foi há duas semanas, enfim, nós vamos. Arrume suas coisas.

Quando ele fala desse jeito não adianta nem discutir. E não muito contente, vou dormir.

Na sexta passo a manhã dormindo, graças ao recesso da minha escola. De tarde decido não ir para o curso de inglês, outra vez (desculpe se sofri um ataque de preguiça; a culpa não é minha).

Meu pai acaba trabalhando até tarde e saimos de casa mais ou menos às 22hrs.

Depois de duas horas e meia de viagem de carro chegamos na casa dos meus tios.

Meus pais e minha irmã entram na casa dos meus tios mas eu decido ficar um pouco mais na frente da casa, em frente ao jardim com o portão encostado, e repirar fundo para me preparar para aturar meus primos irritantes.

Meus primos, Marcos, Alex e Luiza são até legaiszinhos, as vezes.

Marcos é um ano e alguns meses mais velho que eu, ele até gosta de alguns livros que eu gosto, mais eu evito falar sobre qualquer livro com ele, ele ama dar spoilers, e eu odeio. Além do mais, ele só sabe falar das mesmas coisas, chega a ser entediante passar mais de 10mins com ele.

Meu primo Alex é de quem eu mais gosto dos três, ele me irrita um pouco mas, pelo menos é divertido, e é engraçado ter que aguentar ele tagarelando sem parar.

Já a Luiza, que só tem 6 anos, é uma mala. Por ser a única menina da casa, e ainda por cima a mais nova, é a mais mimada. Ela é bem irritante principalmente quando está chorando, ou me enchendo com aquela vozinha super aguda... Ou ainda exigindo meu celular pra jogar joguinhos e...

É quando uma mão puxa o portão e um garoto que aparenta ter uns 16, 17 anos passa pelo portão arfando. Ele começa a se contrair e gemendo de dor cai no chão. Estou tão surpresa que tento gritar por ajuda mais minha voz não sai.

Eu corro até o garoto (sim, nesse momento de adrenalina nem me toquei de que ele podia ser um assassino pscicótico abrindo portões e matando garotas inocentes), chego perto dele e percebo que ele está muito machucado, sua camisa tem manchas de sangue, e sua respiração está pesada e cada vez mais lenta, e eu começo a ficar mais desesperada do que já estava.

Ele está de lado e eu o viro, quando vejo seu rosto me assusto, não só por estar meio rasgado como suas roupas... Mas porque eu acho que conheço ele... Não, não pode ser... Coloco sua cabeça em meu colo e começo a gritar.

– Socorro! Porfavor socorro!! Mãe! Pai! Tio! Alguém!!

O desespero aumenta quando o toco e percebo que sua pulsação está mais fraca.

Será que ele é mesmo aquele garoto da minha escola?!

Com um gemido fraco ele lentamente abre os olhos... Ele foca sua visão e estuda meu rosto, lágrimas brotam em seus olhos, e enquanto uma lágrima desce por seu rosto, eu sinto que ele não irá aguentar muito.

Atrás de mim ouço o barulho da porta da casa.

O garoto está se forçando a respirar e a ficar de olhos abertos, atentos ao meu rosto. Ele está quase desmaiando.

Quando ouço barulho de pessoas correndo em minha direção eu olho para trás, e volto a olhar para ele quando ouço sua voz pouco antes dele perder a consciencia...

– Sofia?