Meu Doce (In)Desejado escrita por Buzaid


Capítulo 12
Capítulo 11




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Henry chamou Clive para lhe buscar no museu. Afinal a rainha, sua mãe, ainda precisaria do outro motorista para levá-la de volta para casa.

    - Alteza! A que devo a honra? - Clive brincou assim que Henry entrou no carro. - Achei que deixaria a festa com a Senhora sua mãe.

    - Bem que eu queria mas aquela princesa infernal me aprontou mais uma! - Henry contou irritado.

    - O que houve? - Clive mostrava-se interessado.

    - Ela simplesmente desapareceu, você acredita? - Henry estava indignado, irritado, incrédulo...- Ela é uma ridícula! 

    - Ah, então era isso que estavam comentando? - Clive afirmou ao coçar o queixo com as pontas dos dedos finos e compridos, ele parecia estar juntando as peças daquele quebra-cabeças. 

    - O que? Quem estava comentando? - Henry curvou o corpo para frente por tanta curiosidade.

    - Bem, enquanto eu estava esperando Vossa Alteza chegar, ouvi alguns motoristas comentando que era estranho a princesa estar indo embora mais cedo e sem você ou sem os pais... - Clive contou. Henry franziu o cenho, estranhado a informação. Pensou que talvez Carolina estivesse com aquele rapaz da barraca em algum beco ou esquina deserta.

    - E eles disseram para onde ela foi? - Henry questionou.  

    - Pelo que eu entendi, ela voltou para South Whintchersbarg! - Clive respondeu.

    - Então é para lá mesmo que nós vamos, meu caro! - Henry afirmou. O príncipe estava com um ar suspeito, como se tivesse bolando alguma coisa.

    Sem dizer mais nada, Clive deu partida no carro e foi direto para Sourth Whintchersbarg. Henry estava certo de que Carolina estaria em algum lugar daquele palácio, e ele a acharia e falaria umas boas verdades bem na cara dela! Afinal, ele tinha que mostrar que ele não havia entrado naquele jogo para perder, certo?!

    South Whintchersbarg não era muito longe de onde estavam. Na verdade apenas bons 20 minutos separavam Irvining do palácio dos Lamont. No caminho Henry foi preparando algumas frases que usaria no seu discurso/briga com Carolina. Entretanto nenhuma frase parecia boa o suficiente para demonstrar a raiva que ele estava sentindo dela naquele instante.

    Clive imbicou a limusine preta dos Caldwell no portão de South Whintchersbarg, assim que chegaram. Após alguns minutos o carro teve permissão para entrar no palácio. 

    - Já sabe o que vai dizer para a princesa, Alteza? - Clive questionou. Para ele a vida de motorista de Henry Caldwell era mais do que um mero emprego era uma aventura diária.

    - Ah, meu amigo, eu sei... - Os olhos azuis  de Henry ardiam em chamas alimentadas pelo ódio e pela raiva que sentia. - Ah se sei...

    - Como eu queria ser uma mosquinha para assistir tudo. - Clive comentou debochado. Henry não respondeu pois teve a impressão de que o motorista estava falando consigo mesmo e não com ele. - Aonde eu paro o carro? - O divertido homem, perguntou assim que o estreito caminho  de paralelepípedos que guiava-os até o palácio se alargou em direções opostas.

    - Pode continuar até a entrada principal do palácio. - Henry pediu. De onde estavam já era possível ver uma pomposa mulher ruiva, vestindo um terninho azul marinho e segurando um walk-talk, esperando pela chegada de Henry.

     Vossa Alteza! - A simpática mulher fez uma reverência formal assim que Henry desceu do carro.

    - Aonde está Carolina? - Henry indagou, sem ser delicado ou gentil. Aquele não era o momento para essas "besteiras".

    - Ela está em seus aposentos, Alteza. - A mulher pareceu hesitante. - Acredito que ela não sabe da Vossa presença no palácio. - Afirmou sem graça, temendo enfrentar o tão antipático príncipe.

    - Me leve até lá! - Henry ordenou tentando ser mais gentil. A ruiva deu um sorriso amarelo. Henry concluiu que ela havia recebido ordens da princesa para não deixar ninguém lhe incomodar... Provavelmente porque estava passando mal por causa da cerveja ou então porque aquele cara da barraca estava lá... na cama da princesa transando com ela! 

    - Creio que isso não será possível! - A mulher afirmou após um golpe de coragem.

    - Vamos, eu tenho uma surpresa para ela... - Henry argumentou ao dar um passo adiante. - Sou o namorado dela, você sabe disso! - Completou na tentativa de amenizar o olhar desconfiado que a mulher depositava sobre ele.

    - Tudo bem! - Ela afirmou dando-se por vencida.- Siga-me, Alteza. - Pediu, então.

    A pomposa ruiva era dona de pernas curtíssimas e um quadril bem avantajado, contudo, para a surpresa de Henry, ela não tinha dificuldades para caminhar ou coisa do tipo, pelo contrário, a mulher praticamente corria por entre os enormes e compridos corredores do palácio. Nem mesmo as escadas de mármore, que levavam para a área íntima do palácio, eram um desafio para ela.

    - É este o quarto da princesa, Alteza! - A mulher exclamou ao pararem diante de uma imponente porta de madeira branca.

    - Certo. - Henry falou ao dar um passo na direção da porta. A ruiva continuou parada do lado dele sem nem sequer se mexer. - Pode ir agora. - Henry ordenou ao lançar um olhar grosseiro para a mulher.

    - Sim, Alteza. - Certamente que Henry não havia deixado uma boa impressão para a mulher ruiva, afinal havia sido grosso e muito antipático.

    Dois guardas reais estavam parados exatamente ao lado da porta do quarto da princesa. Henry os fitou sem nenhuma intimidação e em seguida fez um sinal para que abrissem a porta. Os dois homens se entreolharam debochados. N3a cabeça deles, sem sombra de dúvida, milhares de besteiras maliciosas eram enumeradas. Mal eles sabiam o real motivo da presença de Henry naquele quarto...

    O príncipe adentrou o cômodo e as portas foram fechadas de imediato. Havia uma pequena ante-sala com uma televisão de plasma, duas elegantes poltronas beges no estilo chaise, um sofá branco e um pequeno frigobar. Henry fitou cada detalhe daquele cômodo o achando sério demais... Depois seguiu o rumo do quarto da princesa, imaginando as milhares de possibilidades em que ele poderia encontrá-la: vomitando no banheiro; desmaiada no closet; passando mal em algum outro canto; ou até em coma alcoólico, mesmo essa última sendo muito exagerada poderia acontecer, segundo os pensamentos maldosos do rapaz... 

    Para a surpresa de Henry, porém, Carolina estava sentada em sua cama. Ele parou ao lado do batente de madeira, que separava o quarto da pequena ante-sala, e fitou a princesa por alguns breves segundos. Seus cabelos arruivados estavam molhados, escorrendo feito uma cascata até a altura dos seios. Ela trajava um shorts cinza de moletom e uma regata branca de algodão.

    - Da próxima vez que quiser ir embora de uma festa é só pedir! - Henry afirmou irônico ao caminhar alguns passos para dentro do quarto. Ao analisar o cômodo o rapaz concluiu que Carolina tinha mesmo um gosto antiquado e sem graça. A princesa encarou Henry surpresa. 

    - O que está fazendo aqui? - Ela indagou ao cruzar as pernas sobre a cama.

    - Eu vim ver como a minha noivinha linda que enfiou o pé na jaca está! - Henry riu debochado. Em seu olhar transbordava um sarcasmo profundo e a princesa pode percebê-lo.

    - Fale logo para que veio, Henry! - Carolina pediu. Sua voz estava fraca, provavelmente por conta da sensação de enjôo que sentia.

    - Porque acha que eu vim, Carolina? - Henry elevou a voz de forma ameaçadora. - Você sinceramente pensa que eu sou um imbecil, não é mesmo? - Questionou com um tom ainda mais irônico do que aquele que havia usado anteriormente. - Você simplesmente sumiu depois do tiro! Saiu sem dar satisfação a ninguém e me deixou plantado na hora de dançar. - Afirmou enervado. Carolina encarava o rapaz assustada. - Para sua sorte, porém, nem seus pais nem minha mãe perceberam o seu sumiço até a hora em que a música começou a tocar... Agora, para o meu azar, eles também acham que eu sumi! - Henry caminhava para perto de Carolina. - Me diga, então, rainha do "eu sou uma santa e faço tudo certo" como pretende arrumar essa porra de confusão que com certeza eu estou metido no meio e, claro, sou inocente!? - Henry articulava os braços no ar enquanto falava.

    - Henry, se acalme, por favor! - Carolina pediu ao se levantar. Ela queria se sentir tão ou mais superior do que ele naquele momento.

    - Não vou me acalmar! Não me peça isso... - O rapaz recusou. Seus olhar esta desnorteado.

    - Henry, eu não estava me sentindo bem! - Carolina afirmou. - Sou muito fraca para beber, apenas com três cervejas eu já passei mal. - Contou. - Eu tive que vir para casa, por um momento pensei que eu fosse vomitar... - Completou. Em sua voz havia uma certa apelação e um certo drama também.

    - Por favor! - Henry riu intensamente. Ele fitava a princesa de forma desconfiada. - Você não quer que eu acredite nessa histórinha, não é mesmo? - Cruzou os braços vendo o semblante de Carolina se apagar ainda mais.

    - É a verdade! - Ela contestou batendo um pé no chão, parecendo até uma criança mimada pedindo por um presente que os pais não podem dar. - Acredite se quiser, eu não me importo... - A princesa cruzou os braços. Henry tinha um leve sorriso sarcástico delineado no lábios desde que entrara naquele quarto. Carolina havia notado tal fato em relação ao rapaz, por isso concluiu que era melhor mandá-lo embora. - Agora, se não tem mais nada a dizer, por favor me deixe em paz e vá embora! - A jovem clamou com uma voz um pouco mais forte e imponente.

    - De forma alguma! - Henry afirmou. - Eu nem sequer falei o que eu vim aqui para falar. - O rapaz disse para a surpresa de Carolina. 

    - Achei que você já tivesse acabado de me perturbar! - Ela girou os graciosos, e cansados, olhos azuis.

    - Acredite, eu nunca vou acabar de te perturbar, esse é meu hobby favorito a partir de hoje! - Henry disse debochadamente. - Enfim, eu vim aqui para dizer que como a culpa de toda essa confusão é sua, você vai contar para os seus pais a verdade, entendeu? Não quero que ninguém pense que eu sou o diabinho da história, quando na verdade você é! Ficamos claros? - Henry falava de forma desafiadora.

    - O que? - Carolina parecia não acreditar. - Primeiro, nossos pais ainda não disseram nada, então por enquanto não tem nenhuma confusão... - O dedo indicador da jovem balançava à frente do rosto rígido de Henry. - Segundo, você que me obrigou à beber aquela cerveja, eu nem queria, então você também tem culpa no cartório! Terceiro, se você não tivesse me levado para a barraca eu nunca teria encontrado com Edward e eu certamente não teria bebido as outras duas cervejas! - Carolina arregalou os olhos ao perceber que havia falado mais do que podia. Edward era um assunto proibido e novamente ela estava o expondo na frente de Henry, a última pessoa a quem ela confiaria um segredo tão importante.

    - Não venha desviar a culpa para cima de mim, Carolina! - Henry bradou ainda mais alto que a princesa. - Agora, eu vejo tudo se encaixando perfeitamente... - Ele afirmou. Os olhos do rapaz estavam iluminados como se tivessem resolvido um "grande mistério". - ... você mentiu mais cedo quando disse que não tinha nada com Edward, suponho que esse seja o nome do cara da barraca, certo? - Ela assentiu envergonhada. - Pois bem, você acredita que esse cara seja o grande amor da sua vida e ao vê-lo você ficou deprimida, então começou a beber para "afogar as mágoas", algo típico de mulheres rejeitadas - zombou provocando-a. - Eu acredito, também, que o real motivo de você ter ido embora não era o seu enjôo e muito menos essa falsa vontade de vomitar que você falou...

    - Porque eu fui embora então, Henry? Diga já que você sabe de tudo... - Carolina bradou interrompendo-o. Infelizmente, tudo o que Henry estava falando até agora era verdade… 

    - Porque você estava bêbada e ficou com medo de fazer alguma besteira... do tipo ir atrás do tal de Edward e sei lá, agarrar ele na frente de todo mundo! - Henry não conseguia achar a situação menos do que hilária. - A única coisa boa disso tudo é que eu, felizmente, não fiquei com uma fama de chifrudo. - Completou segurando um riso... O príncipe tinha mania de rir nos momentos mais inapropriados.  Carolina sentiu uma imensidão de lágrimas invadir seus olhos imediatamente após Henry acabar de falar. Ele não poderia estar mais certo em relação à ela e ao motivo pela qual ela deixou a festa. Admitir isso, porém, em voz alta e para aquele príncipe idiota era mais do que uma tortura. Carolina, certamente, não conseguiria fazer isso de maneira alguma.

    - Vá embora, Henry! - Ela bradou então, ao empurrar o rapaz. - Eu falo que a culpa disso tudo é minha... apenas vá embora! - A jovem implorava por entre soluços desesperados. Henry a encarava com um certo arrependimento.

    - Carolin...

    - Cala a boca e vá embora! - A jovem interrompeu Henry antes que ele pudesse lhe dizer mais alguma coisa que machucasse.

    - Eu vou! Não vou agüentar esses seus gritos e esse escândalo. -  Henry afirmou caminhando na direção da porta.

    - Ótimo! Vá embora... - Carolina sentia as pontas dos dedos tremerem.

    A princesa jogou seu corpo sobre a cama no momento em que Henry deixou o quarto. Ela não podia acreditar no que estava acontecendo... Henry, a pessoa que ela mais odiava no mundo inteiro, havia descoberto sobre Edward de uma maneira tão idiota que não poderia ser outra coisa senão uma brincadeira de muito mau gosto do destino...

    - Maldito, destino! - Carolina murmurou assim que esse pensamento lhe surgiu.

    Sim, aquilo só poderia ser obra do destino. Afinal durante seis anos nunca, nunquinha mesmo, alguém havia descoberto sobre o relacionamento de Carolina e Edward. De repente um estranho surge na vida da jovem e em apenas 15 dias consegue destruir por completo o segredo mais íntimo e obscuro que ela tinha. Se aquilo não era o destino mostrando suas garras então haveria de ser o que? Carolina se perguntava o mesmo naquele instante...


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