Diário, sob os Olhos de Um assassino escrita por KXD


Capítulo 1
Capítulo 1




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      Inverno em Nova Iorque. A neve cai vagarosamente sobre as ruas de Manhattan como se o tempo não quisesse passar, a multidão nervosa caminha em busca do presente perfeito, é véspera de natal.

      Um homem vestido com um sobretudo negro sai apressadamente com um bem embrulhado pacote, ele parece com pressa, vamos chamá-lo de Sr. Flint, é um homem alto de talvez um metro e oitenta, barba bem feita e nariz afinado, a respiração ofegante faz pequenas nuvens de vapor surgirem no ar. Ele se mistura então aos outros da rua.

      Sr. Flint soprava o ar por dentro das mãos unidas tentando afastar o frio, a sacola distraidamente cai e o homem se abaixa envergonhado, levanta-se com as faces rubras e torna a caminhar em direção a uma das estações de metro.

      O silencio da multidão é impressionante, Sr. Flint avista a entrada da estação e empolgado acelera o passo, seu filho adoraria receber o presente que comprara minutos atrás, mas o ele não chegaria para o jantar naquela noite, rompendo o passo ritmado e feliz de nosso homem uma bala atravessa-lhe o crânio, dois dedos acima da linha dos olhos saindo próxima da nuca e ele cai, o sangue tinge a neve alva.

      Por que aquele homem tinha de morrer? Ele era uma pessoa ruim? Tenho certeza que não, mas para alguém ele era mal. Mas por que matá-lo? Não me questiono muito sobre isso afinal é impossível entender como pensam as pessoas, bem e mal são conceitos relativos.

      Está frio, acendo um cigarro e tiro minhas luvas, couro realmente fica bem em mim e além do mais encobre impressões digitais. Tudo guardado cuidadosamente na valise prateada, um ótimo rifle desta vez, facilitou o trabalho. Desço tranquilamente às escadas do velho prédio, não mais que 300 metros do lugar onde agora jazia o Sr. Flint. Parto sem deixar pegadas para trás.

      Esse mundo é cheio de monstro e talvez seja eu o maior de todos eles, somos alimentados pela morte e ganância, somos anjos do inferno a serviço de Lúcifer e entregando almas pra que Caronte as guie, mitologicamente falando.

      Como comecei neste trabalho, nem eu sei, mas obviamente agora eu não consigo parar, matar é algo viciante que nos consome, é como uma fome que nunca passa, não é necessário motivo ou recompensa, a recompensa em si é o puro e simples prazer de tomar outra vida, é por isso que somos profissionais.

      Se quiserem saber não tenho remorsos, não sinto pena daqueles que já matei, não quero saber se tinham família, se deixaram filhos, esposas, companheiros, é simplesmente como um trabalho qualquer, por exemplo, o cirurgião que após uma complicada operação vai almoçar num Mc Donald’s.

      Saio encarando a neve, o frio me faz apertar os braços contra o corpo buscando um pouco mais de calor, ajeito tranquilamente meu chapéu e abro as portas de um belo sedan, sento-me no estofado macio, o delicioso glamour manchado de sangue.

      O pagamento foi o usual, um punhado dólares numa conta na suíça em nome de um Laranja. Vou guiando pelas ruas até meu Hotel, sim, não sou americano, e mesmo se fosse não contaria a vocês, abro meu note book sobre a escrivaninha e começo a ver uns e-mails, amigos de uma vida falsa, correntes virais sem sentido, mensagens de carinho de um amor que realmente nunca amei.

      Mais um trabalho bem feito, é o que diz uma das mensagens, um colaborador eu diria, oferecendo-me um novo trabalho que obviamente aceitarei. Parto amanhã com um novo nome e uma nova vida. Serei o que desta vez? Talvez Frances ou alemão? O que acham?

      Certo é que não tenho nome, ou mesmo família, renunciei a estas pequenas alegrias quando me tornei o que sou, suspiro, acendo novamente um cigarro, a luz fraca da brasa ilumina parcamente os 2 centímetros ao seu redor, a fumaça toma parte do ambiente. Sumo, como o fantasma que sou, pronto a tirar outra vida.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado



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