Silent Hearts escrita por Duchess Of Hearts


Capítulo 3
Combate pela Vida


Notas iniciais do capítulo

O capítulo está por revisar, desculpem! Não tive tempo, vou fazê-lo mais tarde quando chegar a casa, prometo.

Espero que gostem! c:



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A manhã seguinte teria sido muito bonita, se não fosse pelas circunstâncias que a rodeavam. Suspeitas. Intrigas. Medo. Morte.

Mark estava naquela altura a tomar o pequeno-almoço sozinho, mas não que isso importasse. Já era obrigado a jantar sem estar na presença dos outros, porque não fazer o mesmo com todas as refeições. Além disso, sentia-se melhor assim. Naquele momento, todas as pessoas naquela mansão faziam-no sentir nauseado: O clima pesado não lhe permitia, de todo, socializar com ninguém. Após engolir dois tragos de pão de uma vez só, levantou-se, saindo da cozinha e se dirigindo para a sala de estar do primeiro andar.

A mansão tinha, ao todo, três andares. No primeiro ficava a sala dos quadros, a cozinha, o armazém da comida, uma sala de estar e duas casas de banho. No segundo havia uma outra sala de estar mais imponente que a do andar inferior, um quarto de música e um espaço recreativo – que era um lugar agradável onde todos poderiam pintar ou dar asas à imaginação com os trabalhos manuais. Haviam, também, dois banheiros naquele andar.

O terceiro andar era o que tinha os quartos mais pequenos. Lá ficavam todos os quartos dos hóspedes, cada um com o seu próprio banheiro pessoal. Apesar de um pouco pequenos, eram todos bastante acolhedores e chiques. Quem fizera tudo aquilo tinha com certeza muito dinheiro.

Ao chegar à sala de estar, Mark encontrou Combatente e um outro homem velho, que logo deduziu ser Desistente. A senhora idosa parecia ter estado a repreender o homem, mas calara-se ao ver a entrada do outro. Quando ele se sentou no sofá, ela logo começou a falar, com um sorriso simpático.

– Bom dia, Fera. – Disse. Mark notou que ela queria transparecer calma, mas o seu olhar parecia cansado – Dormiu bem?

– Não dormi quase nada. – Admitiu o homem. Em resposta, Combatente acenou, franzindo a testa.

– Oh, compreendo. – Disse, num tom triste – Para ser sincera, eu também não dormi muito bem. É uma pena.

– É uma pena o caralho! – Fez-se ouvir Desistente num tom mal-humorado, batendo com o punho numa mesa-de-cabeceira ao lado da poltrona onde ele estava sentado – Já viu como é a situação que estamos? Normal não dormir! Vamos todos morrer aqui. Ouviu bem, moço? MORRER! E não tem porra nenhuma que possamos fazer quanto a isso!

– Querido, acalme-se – A idosa levou a mão ao ombro do seu marido – Nós com certeza arranjaremos um jeito…

– Sim, vamos arranjar um jeito de não ser mortos ainda hoje. – Ele rolou os olhos. Estava mesmo maldisposto. Mark, contudo, não o censurou. Limitou-se a ouvir o que o velho dizia, sabendo que ele de alguma forma até podia ter razão.

– Querido, não… Nós vamos arranjar um jeito de sair daqui, todos nós, sem morrer. – Respondeu combatente, certa. – Com certeza não é impossível. Se todos cooperarmos…

– E quem é que vai cooperar com os outros aqui!? - Desistente parecia bastante exaltado, mas também exausto. Era percetível que aqueles os dois já tinham tido aquela discussão anteriormente. Talvez fosse isso que estavam falando antes do jovem adulto entrar na sala. – Até as crianças desconfiam umas das outras! Tem um assassino no meio de nós, é tão difícil de compreender essa merda?

– Querido…

– Pode ser eu! Pode ser você! Nós podemos acabar sendo obrigados a matar um ao outro! Quem decidiu começar esse joguinho poder fazer o que quiser, não compreende?

– Pare, querido…

– Se eu morrer, eu não quero saber. – Continuou Desistente – Eu não quero saber mesmo, até ficarei mais feliz. Essa merda de vida não vale mais a pena.

– PARE! – Combatente pareceu ter ficado bastante tocada com aquilo. Se levantou, deu uma forte tapa no marido e saiu em passos rápidos, levando a mão à boca. Mark conseguiu ouvir a mulher soluçando enquanto ela saía. Desistente resmungou alguma coisa baixinho, acariciando a face enrugada que agora tomava um tom avermelhado. Fuzilou o outro com o olhar quando notou que estivera sendo observado.

– O que é que você pensa que está a fazer? – Disse para o jovem. Mark acenou negativamente, desviando o olhar para a televisão.

– Nada, senhor. – Respondeu. Sentia-se como um bebé falando para o pai depois de ter levado uma bronca. Desistente também se levantou e saiu do quarto.

O homem suspirou, recostando-se no sofá. Não queria se meter naquele assunto. Na verdade, não queria pensar muito naquilo. Na ideia de que estavam todos sendo usados como marionetas. Preocupou-se contudo com Combatente, e esteve quase pensando em ir ter com ela: mas achava que a senhora precisava de uns momentos sozinha. A televisão não dava nada de especial, apenas alguns canais de desporto e de filmes – mas nenhum que tivesse noticiários ou coisas de importante. Estavam limitados a ver apenas algumas coisas e a não saber do que estava a ocorrer em grande importância no resto do mundo.

Enquanto tentava perceber como é que as pessoas gostavam de ver ténis (um desporto que ele particularmente detestava), notou um papel que estava em baixo da televisão. Seria…? Levantou-se e foi até ao televisor, puxando a folha com delicadeza, que deslizou com maior facilidade do que o garoto esperava. Sentiu o coração bater mais rapidamente quando viu o que estava escrito na folha dobrada. “Página 1 - Diário de Louis”. Era aquilo. O seu objetivo. Levantou-se rapidamente, dirigindo-se à porta e subindo pelas escadas com pressa, escondendo o papel dentro do bolso. A meio do caminho, foi visto por Sorriso, que lhe acenou de uma forma alegre, mas nem ligou. Chegou ao seu quarto e trancou a porta. Lá dentro, desdobrou o papel, engolindo em seco, e começou a ler. Não havia nada contra as regras que o impedisse de tal, por isso nem se importou.

Querida Mãe


Eu comecei esse diário por sugestão da freira aqui do orfanato. Só que eu não queria dedicar essas coisas que escrevo a qualquer pessoa, por isso dedico a você, está bom? Eu te adoro, muito. Onde quer que você esteja, eu sempre te amarei.



Eu e Seth sentimos falta de você, e do papai. Onde que vocês foram? Naquele dia em que fomos dar o passeio na cidade, quando saímos do banheiro vocês já não estavam mais lá! Aconteceu alguma coisa? Quando puder, passe por aqui. Estamos vos esperando.

Acho que também é suposto falar do que tem acontecido ultimamente. Bom, o Seth tem sido um chato! Ele tem chorado muito ultimamente, e um menino mais velho se irritou e ia bater nele. O Seth só tem três anos, mãe! Você imagina a crueldade? Mas ele ficou bem, eu o protegi. Você está orgulhosa, mãe? Espero que sim.


Já agora, hoje ouvi uma freira falando qualquer coisa sobre “adoção” do Seth. Adoção é uma palavra muito usada por aqui, mas eu não sei o que significa. Tenho vergonha de perguntar, também. É algo bom? Espero que sim, o Seth não precisa de coisas más na vida dele.



Te adoro muito, mãe. Com amor, Louis.”



–x–



Mais uma vez, ela tivera dificuldades em dormir. Estava na cozinha, onde tinha acabado de aquecer um copo de leite – que para sua sorte, alguém o tinha deixado fora do armazém – e agora bebia com calma. Era algo que costumava ajudá-la a dormir, o leite quente.





A Combatente estava ao ponto de ficar louca. Brigara já demasiado com o seu marido, estava numa situação horrível e uma das suas regras a impedia de ter contacto com o neto, que também estava na mansão. Tudo o que ela queria era salvá-los a todos. Tudo o que ela queria era voltar para casa, ou acordar daquele sonho horrível.

Enquanto rodava a caneca entre mãos, lembrou-se de algumas coisas da sua vida. De algumas promessas que fizera que, se não saísse dali viva, nunca poderia cumprir. Fitando o luar pela janela, notou como este era bonito. Lentamente, foi-se afogando nas memórias.

Ela conhecera o seu marido numa quinta que achava bastante bela que estava aberta para visitas durante todas as Primaveras. Na altura, era bastante jovem, tinha apenas 23 anos. Tinha vindo num grupo gigantesco de amigos, mas quando estavam a ir embora, apercebeu-se que tinha deixado a sua mala para trás. Deixou que eles fossem na frente, e foi à procura do seu pertence. Após uns longos trinta minutos de busca sem resultado, ela desistira, mas um homem aproximou-se dela e entregou-lhe a bolsa. Esse homem seria o Desistente.


Não era de todo uma história de amor que todos desejariam ter, era algo simples e sem graça. Combatente riu com as memórias, sempre que contava aquela história as pessoas lhe respondiam “…Foi só isso?”. Para ela, aquilo fora um momento valioso. Fora assim que se conheceram. Fora assim que tinham começado a conversar, cada vez mais regularmente. Uma simples mala levara a que Combatente tivesse a melhor vida possível.

De cinco em cinco anos eles agora iam visitar aquele jardim, e a cada vez que ela ia visitá-lo, achava-o mais cativante e bonito. Naquele ano, também, iriam fazer a visita. E isso nunca aconteceria se ela ou ele morressem.

Suspirou, abanando a cabeça lentamente para se libertar das memórias e dos pensamentos ruins, ela não tinha tempo para nenhum deles. Tinha de descobrir uma forma de escapar, uma forma de salvar o marido e o neto. Pousou a caneca agora vazia na pia, e se dirigiu lentamente para as escadas. Agora sentia que já poderia descansar.

Pobre Combatente não sabia que aquele seria o dia em que ela iria descansar para nunca mais acordar.

Quando chegara ao corredor do terceiro andar, encontrou uma pessoa à frente de uma das portas dos quartos. Aquela pessoa parecia querer entrar no quarto de Desistente. Quando olhou para ela, Combatente não conseguiu saber quem era: podia até ser o próprio marido, mas a escuridão não lhe permitia compreender.

Quando a pessoa a viu, parou de tentar entrar.

– …Olá? – Perguntou, repreendendo-se por não ter ligado a luz. – Quem está aí?

Não recebera resposta. O vulto continuou observando a mulher, parado. Combatente sentiu uma reviravolta no estômago, incomodada. Decidiu ir para o seu quarto, que ficava no outro extremo do corredor, ao lado de uma gigantesca janela de vidro, ignorando o vulto. Não queria saber o que era, mas…

E se fosse o assassino? E se essa pessoa quisesse matar o seu marido? Ela se virou para ver o vulto novamente. Um monte de perguntas surgiu na sua cabeça, num flash de compreensão súbita. Quem era aquela pessoa? Era Desistente? Era outro alguém? Era o assassino? Não, ela não compreendia. O vulto se aproximava de si a uma velocidade enorme, e foi aí que ela compreendeu.

Aquele não era Desistente. Era aquela pessoa.

Estava preparada para lutar. Não se importava com as condições adversas. Se aquela pessoa queria entrar no quarto do seu marido, significava apenas uma coisa: Aquela pessoa era o assassino e queria matá-lo. Combatente não poderia permitir. Aquele era o seu “objetivo”. Salvar o marido da morte do assassino. Para aquele objetivo ser cumprido, ela daria até à vida.

Se impressionou quando, em vez de um ataque, aquela pessoa apenas a empurrou. A idosa deu uns passos para trás, atordoada, sem compreender o que se passava, mas quando sentiu as suas costas atingir a superfície fina de vidro é que o entendimento atingiu a sua mente. Tinha recuado com velocidade suficiente para que a janela se quebrasse, e agora Combatente não tinha mais chão, caindo do terceiro andar. Ninguém sequer ouvira o barulho: Os quartos eram todos perfeitamente insonorizados. Se Joker, aquele no quarto à frente do de Combatente, fosse à janela, teria visto a senhora de idade caindo, só que o adolescente estaria muito provavelmente dormindo.

Era o fim. Mesmo que ela sobrevivesse à queda, o facto de ter sido empurrada para fora da mansão a meio da noite fora uma violação às regras. Seria morta de qualquer jeito.



E no dia seguinte, Combatente foi encontrada sem vida no jardim.




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Notas finais do capítulo

Entãão, é assim. As mortes já começaram... Teorias? Críticas? Dúvidas? Postem tudo isso nos reviews! c: (e mesmo que não tenham nenhum desses, postem review na mesma!)