Silent Hearts escrita por Duchess Of Hearts


Capítulo 13
A Beleza de Uma Lágrima


Notas iniciais do capítulo

Yoo! o/
Estamos cada vez nos aproximando mais do final. Muitas revelações nesse capítulo. Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/400622/chapter/13

Porque é que, de certa forma, me sinto culpado depois disso? O seu corpo está aqui, aos meus pés, enquanto escrevo. Contudo, por alguma razão, me dói pensar que você finalmente abandonou esse mundo.

Mãe, porque é que você é tão cruel? Porque é que você quer minha desgraça? No final, nem você gosta de mim.

Após quase 15 anos, você finalmente aparece e me explica algumas coisas. Segundo eu percebi, quando eu tinha meros 10 anos, fui propositadamente abandonado junto com Seth. Você tem noção do quanto isso me feriu? Do quanto isso me quebrou? E você ainda ousa dizer que foi “para nossa segurança”!? Para nos proteger do meu pai, QUE NEM É A PESSOA QUE EU CONHECIA? Mais ainda, o meu pai e o pai de Seth são pessoas diferentes!? E você ainda diz que tudo o que você queria era me afastar dessa organização que eu acabei de entrar?

Não consigo aguentar. Não consigo aguentar. Tudo o que você me diz não faz sentido. Cada vez que você abria a boca, a minha vontade de socá-la até que ela se fechasse aumentava. Parece que não me controlei, e você agora está caída no chão, manchando a minha cozinha de sangue.

Não se preocupe. Eu tenho uma ideia MUITO legal do que fazer com o seu corpo… Miriam Nord. Algo que com certeza nos ajudará no projeto MIND.

Com ódio, Louis.

– O que vem a ser isso? – Perguntou o homem enquanto pegava no papel que fora cuidadosamente deixado no topo da sua escrivaninha. Após ler os seus conteúdos, não pôde deixar de notar uma segunda presença no seu quarto. A mulher loira estava sentada na sua cama, fazendo círculos com o indicador no topo do édredon, os seus lábios com o seu habitual sorriso de escárnio se esticando ainda mais ao notar que Mark lhe dirigia a palavra. Inclinou a cabeça para o lado, como se quisesse vê-lo melhor.

– O final da página. – Explicou Mirno – Aquela que você encontrou no quarto de Voz… Achei que talvez a quisesse.

Mark levou a mão às têmporas, cansado demais para discutir ou expulsar a bizarra mulher do seu quarto. Em vez disso, apenas soltou uma pequena pergunta.

– O que é que você quer de mim?

– Hm? Como assim… Mark Rodder? – A forma como ela dizia o seu nome completo lhe dava arrepios. Na verdade, todo o jeito calmo de falar dela naquele dia lhe estava dando um mau presságio.

– Qual é o seu objetivo de me deixar preso na mansão? Obviamente, eu não tenho nada a ver com esse Louis. E está claro que o Louis é a ligação de todos os membros dessa casa.

– Mas que conclusão mais precipitada. – Comentou ela, com uma pequena risadinha. – Contudo… Quanto à sua pergunta. O porquê de você estar aqui é… “Fazer você se lembrar”.

– Como assim? Me lembrar de quê!? – Semicerrou os punhos, a raiva começando a borbulhar no seu âmago. Mirno falava como se soubesse coisas sobre ele que nem o próprio sabia. Ela deu uma risada, mais alta que das outras vezes, como se estivesse profundamente divertida.

– Que tal perguntar para Bela? Ou Sombra? Oh, é verdade! – Ela aplaudiu perante o aparente espetáculo que ela estava vendo – Eles já morreram, não é verdade? Mas também, eles não poderiam te responder. Iria contra as regras deles.

– ME RESPONDE DE UMA VEZ, SUA…!

– Desculpe, Mark Rodder. – Cortou secamente. Mais uma vez, ela dizia o seu nome completo com uma entonação completamente inatural, dando arrepios na espinha do homem – Essa pergunta terá de ficar sem resposta. Afinal, se eu te contasse… As possibilidades de você se lembrar daquilo diminuiriam.

Fez-se silêncio enquanto o Fera ponderava sobre o que ouvira. Desistindo de tentar puxar mais assunto com a mulher, sentou-se na cadeira à frente da escrivaninha e esperou que ela sumisse. Mas ela não o fez. Ela manteve-se ali, encarando-o por baixo do chapéu, o seu sorriso forçado não se movendo nem um centímetro. Quando Mark ia finalmente perguntar o que ela queria, ela disse alguma coisa.

– Parece que nessa noite também haverão mortes. Contudo, acho que a quantidade delas será… Maior que o normal. – Falava com casualidade, mas o que dizia era extremamente importante. O homem se levantou imediatamente, em choque com a revelação.

– O quê!? Você está dizendo… Que o assassino vai agir novamente?

– Diga-me, Mark Rodder. – O sorriso de Mirno sumiu momentaneamente, dando lugar a uma expressão pensativa. – Quem… Você acha que é o assassino?

– Eu…

– Alguém que você não vá desconfiar. Alguém que aparente completamente inocente, cujas atenções nunca caiam sobre si. Aquela pessoa que, por muito que você pense… Nunca poderia ser o assassino, mas no entanto, ela o é.

– O que você está suge…

– “Aquela pessoa” não agiu sozinha. Todos os primeiros assassinatos… Foram feitos porque “aquela pessoa” recorreu a “outra pessoa”. Por isso é que, por muito mais que você pense, os crimes não parecem alguma vez ter sido cometidos pelo verdadeiro assassino. – Dessa vez, ela inclinou o pescoço de uma forma surreal, torcendo-o num ângulo inatural. Foi impressionante não se ouvir quaisquer ossos se quebrando com aquele gesto. O seu sorriso de escárnio esticou-se ainda mais, e a mulher deu uma risada alta, fria, metálica. – QUEM É, MARK RODDER? QUEM É O ASSASSINO?

– N-Não pode ser…

O Voz deverá apresentar-se usando única e exclusivamente este cognome, não podendo usar o seu nome real (Bernard Coulter). O seu ‘objetivo’ é obedecer cegamente a todas as ordens dos outros hóspedes”

“ De qualquer das formas, supôs também que o assassino não seria uma criança. Combatente, apesar de ser uma velhinha, não era propriamente leve, então o atacante precisaria de alguma força para poder empurrá-la: Isto é, se a sua suposição estava correta.”

“Os olhos azuis, os cabelos loiros, as semelhanças no rosto de ambas. E, de forma similar, relembravam também outra pessoa. Sim, Mark tinha a certeza, pelo que vira a sua expressão na hora da sua morte, igual à que Mãe ostentava naquele preciso momento. Frágil, Mãe e Sorriso. Todos eles faziam parte da mesma família.”

“Como Mirno aparentemente não era a assassina, então a morte do garotinho era também irrelevante para o caso.”

– Eu… Só tenho uma pergunta. A morte de Mãe… Foi feita pelo assassino…? – As suas mãos tremiam, a sua garganta parecia ter secado completamente e ardia. O homem rezava para que as suas suspeitas estivessem erradas, para que Mirno simplesmente respondesse que “sim”…

– Não. – Respondeu ela, continuando com sua maníaca risada – Porque o assassino nunca seria capaz de ferir a mulher de cognome “Mãe”.

E com isso, Mark correu para fora do seu quarto. Alguém naquela mansão… Corria perigo e nem sequer suspeitava disso.

–x-

– Hey, Desistente. – Chamou Ira. Ela encarava os quadros das pessoas na sala, suspirando pesadamente. Mesmo que ninguém lhe tivesse dito, todos eles confirmavam as mortes de alguém que estivera ali.

Anfitrião estava morto.

Combatente estava morta.

Sorriso estava morto.

Bela estava morta.

Sombra estava morto.

Voz estava morto.

Mãe estava morta.

Naquele momento, a quantidade de quadros cinzentos com alguma alegoria a como as pessoas morreram já era maior que os quadros coloridos, indicando a vida dos seus respetivos donos. Desistente entrara na sala, encarando a mulher de cabelos ruivos que estava sentada em cima da mesa, na frente do quadro de Mãe.

– O que quer? – Perguntou o velho. – Frágil adormeceu no sofá. Não gostava de deixá-la sozinha por muito tempo.

– Ah… Isso será rápido. – Ira lançou um sorriso triste, mas ao mesmo tempo amigável. Como se a sua prioridade fosse dar segurança ao outro. – Você… Nunca faria mal a Combatente, pois não?

– Nem mesmo se a minha vida dependesse disso. – Assegurou ele.

– Então… Você também não deve ser o assassino, pois não? Não que isso interesse. Só preciso de alguém… Alguém para me ouvir.

Silêncio. Desistente não se movera de perto da sua cadeira, limitando-se a encarar a mulher com uma expressão desconfiada e atenta.

– Mãe sempre fora uma chata. – Ela balançou as suas pernas para a frente e para trás, como se de uma criança se tratasse – Ela era melhor que eu em tudo. Absolutamente tudo. Sinceramente… Mas que irmã mais nova tão inoportuna. De certa forma, eu a odiava. Ela conseguiu notas excelentes na escola e faculdade, um marido, um bom emprego, constituir uma família… Enquanto isso, eu continuava sendo uma fracassada sem nenhuma dessas coisas. A inveja era tanta… que me corroeu por dentro.

Ela voltou a olhar para Desistente, analisando para ver se ele diria alguma coisa. Contudo, ele não o fez.

– Eu queria vê-la morta. De verdade. Toda a sua vida perfeita me dava nojo. Eu… Eu deixei que isso me consumisse. E, quando chego a essa mansão… Aparece-me um objetivo tão simples. “Faça a pessoa que você mais odeia desaparecer”.

O velho poderia ter fugido e ido contar para todo o mundo assim que ouvira aquilo. Contudo, não o fez, porque logo percebeu que aquilo não fazia de Ira o assassino daquela mansão.

– Eu não conseguia fazer isso. Não conseguia sequer pensar que alguma vez eu teria coragem para matar a minha própria irmã mais nova… Mesmo que isso implicasse que eu ficaria aqui o resto da minha vida. Mesmo que eu a odiasse… Matar alguém simplesmente NÃO era para mim. – Lágrimas começaram a cair das orbes azuis de Ira. Tal como a sua irmã, também ela era loira e de olhos azuis. Só que os seus cabelos, cuidadosamente pintados de ruivo, eram capazes de esconder todas as parecenças entre as duas. – Mas ontem eu… Fui conversar com ela. Perguntei porque é que ela estava na mansão. Ela me respondeu… Que tinha recebido um convite do seu marido e quis vê-lo. É claro que foi enganada. E ela trouxe os próprios filhos com ela! Eu… Eu tenho acessos de raiva. EU NÃO CONSEGUI AGUENTAR… ELA TROUXE DESGRAÇA PARA OS FILHOS DELA! PARA TODA A SUA FAMÍLIA! O QUÃO EGOÍSTA PODIA ELA SER? MARTHA, SUA ESTÚPIDA… SEU MONSTRO!

Ela se encolheu, abraçando os joelhos e soluçando descontroladamente.

– Eu não acredito no que fiz. E, o pior de tudo é… Que eu não consegui fazê-la “desaparecer”. Apenas matei-a. Eu pensava que isso era suficiente, mas o meu objetivo era muito mais literal do que isso! Mas o que interessa mesmo é que eu matei uma pessoa. E fi-lo parecer com um suicídio. Então… O monstro sou… Eu?

Saltou para fora da mesa, e virou-se para Desistente.

– Eu sou um monstro… Eu… Eu não acredito no que fiz. Como posso ter feito tal coisa…? Eu--

Ela parou, abrindo os olhos imenso. Desistente não conseguiu entender direito o que estava acontecendo até que a mulher caiu no chão, gemendo com dores e com uma faca nas costas. Sangrava imenso.

– ALGUÉM ESTÁ AÍ? – Quando Mark chegou à sala, ele apenas viu Desistente. – DESISTENTE, EU JÁ SEI QUEM É O ASSASSINO! ELE…

– Sou eu. – A voz fraca da criança fez-se ouvir. Sangue proveniente do ferimento de Ira manchara o coelhinho de pelúcia.

– O quê…? FRÁGIL, MAS COMO…!?

– Desculpem… De verdade, me desculpem… Todos vocês. – Lágrimas saíram dos olhos de Frágil enquanto ela abraçava o coelho, manchando também as suas roupas com sangue – Eu não poderia perdoá-la… Pelo que fez à mamãe. Eu… Eu aceitei esse objetivo porque queria salvá-la…

– IRA! TEMOS DE SALVÁ-LA! AINDA TEM CHANCES DE QUE… – Gritou Mark, em choque, correndo para ela. Em resposta, Frágil pousou o pé sobre a faca nas costas de Ira. E, fazendo força, cravou-a ainda mais. Com mais força. Ira soltou alguns esgares de dor enquanto a sua assassina soluçava em desespero, mas logo acabou se calando. A vida havia abandonado o seu corpo.

Desistente teve de se agarrar à cadeira, como se o choque lhe tivesse feito perder todas as forças no corpo. Mark encarou a criança que chorava compulsivamente, demasiado aterrado para dizer seja lá o que fosse.

– M-mas ela… Não podia ter… Matado a Combatente… – Sussurrou Desistente, completamente confuso.

– Ela ordenou o Voz para maior parte das mortes. – Explicou Mark, fazendo uma pausa para morder o lábio inferior com tanta força que quase se feria. Ele não queria acreditar, não queria acreditar no que estava vendo – Não sei porquê… Mas ela eventualmente matou o próprio Voz. A partir daí, a única pessoa que ela realmente matou… Foi Ira.

– E-Eu… Não tinha outra hipótese. ERA O MEU OBJETIVO! – Ela levou a mão à cabeça, caindo no chão de joelhos e soluçando compulsivamente, o ar faltando-lhe diversas vezes – Caso eu não o fizesse… Eu, mamãe, e o Dave… Todos morreríamos. Mirno me disse que eu não precisava de matá-los. Só os outros! E se eu conseguisse cumprir tudo… Podíamos sair daqui! Todos os três…

Ela tossiu. E, quando tossiu, um pouco de sangue saiu dos seus lábios. Ela ignorou-o, contudo, e continuou a se explicar.

– Só que a cada vez… A cada vez que alguém morria… Eu me sentia pior. Eu não suportava essas mortes! Eu não queria ver mais nada! Primeiro foi a combatente… E ver a tristeza de Desistente por ela me fez sentir tão culpada. D-Depois o Dave morreu… E senti um pouco de mim morrendo junto com ele. E eu tive de pedir ao Voz que tratasse de Bela também…

– …E depois você também mandou ele matar o Sorriso. – Disse Desistente, num tom sombrio. Mark sentiu receio que ele fosse atacar a criança a qualquer momento, por isso ficou na sua frente.

– NÃO! Eu… Eu tinha desistido nessa altura! Eu falei para o Voz, “não quero mais mortes”! MAS ELE NÃO LIGOU E MATOU O SOMBRA NA MESMA! PRENDEU-O NAQUELE QUARTO!

A criança se levantou, tremendo como se estivesse no meio do ártico. Tossia, chorava, abraçava sua pelúcia. Estava completamente quebrada, a sua inocência totalmente dilacerada por quem começara aquele jogo macabro.

– A certa altura… Eu já não queria mais saber de mortes. Só queria que a mamãe sobrevivesse… Então eu matei o Voz. E, depois disso… Aquilo aconteceu com a mamãe e… E eu tinha de me vingar. MESMO QUE ELA SEJA MINHA TIA, EU NÃO PUDE DEIXAR ISSO ACONTECER! EU NÃO AGUENTO MAIS, NÃO AGUENTO MAIS, NÃO AGUENTO MAIS! POR FAVOR, EU SÓ QUERO… IR PARA CASA… Mas sem mamãe… Sem papai, que nos abandonou… E sem Dave… O que é que eu vou fazer…?

– Acho que já tivemos o suficiente de lamúrias e quebrar as regras por hoje… Não acha, Frágil? – Perguntou Mirno, surgida de um canto da sala – Acho que se bem me lembro… Uma das suas regras dizia claramente que você tinha de esconder os seus traços familiares com os outros hóspedes. E chamar o Sorriso de Dave… Da última vez, você não foi clara o suficiente sobre quem estava falando para eu te punir. Mas dessa vez… Que menina má. – Ela deu uma risada trocista – Dá para ver que a sua mãe nunca te educou propriamente. Uma desgraça.

Mirno aproximou-se de Frágil, o seu risinho de escárnio ecoando na sala de jantar inteira. Pegou num pequeno revólver que tinha escondido algures dentro do vestido.

E apontou-o para a criança.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então? O que acharam? c:
Quais suas opiniões em relação ao assassino? Vocês acham que ele realmente era uma pessoa má ou... só uma pessoa que foi manipulada ao extremo? c: Me digam coisas!
Até ao próximo. ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Silent Hearts" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.