O Choro Das Ninfas escrita por Pessoana33


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Mais um Capítulo cheio de maldade de Warner uahuauhauha (risada de vilão) x'DD



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Warner


A noite é fria. Uma noite de Inverno. Eu odeio o frio. Eu odeio o Inverno, mas hoje sinto bem com o frio, porque assim fica difícil de pensar. Queria ter o luxo de um dia não poder pensar. Ou talvez tirar uma folga de mim mesmo. Esquecer pelo um dia quem sou. Fingir que sou um homem normal com uma vida monótona, e não o homem que carrega o mundo nas mãos. Mas não sei ser outro, só sei ser eu mesmo. Toda a minha vida foi pensar, e repensada, cada passo que dou é calculado. E em minha vida não há lugar para falhas. Porém esta noite fiz algo que não foi pensado, nem calculado. Segui o meu instinto. Esqueci quem sou, e esqueci que há um mundo lá fora. Esqueci de tudo. E tornei um animal sedento de qualquer coisa. Esta foi a segunda vez em toda a minha vida que me deixei levar pela loucura, e a loucura não me vai levar a lado nenhum. Eu tenho de manter o controlo de mim mesmo.

O ar gelado magoa a ferida do meu rosto. Toco-a com as pontas dos dedos, e sinto a crosta. E lembro-me dela. Dos seus olhos verdes, dos seus lábios carnudos, lábios que eu não cheguei a beijar. Mas eu ainda consigo sentir o sabor e a maciez da sua pele. Juliette. O frio deveria de congelar todos os meus pensamentos.

Ela apenas uma mulher como todas as outras. Ela não é diferente, nem única. E só existe para o fim satisfazer os nossos desejos mais animalescos e obscuros, ou para dar á luz os futuros soldados, ou mais mulheres como ela. Esse será o futuro dela, essa será a vida dela, e de todas as mulheres como ela. E essa será a vida das suas filhas, das suas netas e assim sucessivamente. Porque mulheres só existem, porque nós existimos.

Reza a lenda que os homens foram os primeiros a nascer da terra. Fomos os primeiros dar vida a um planeta que não havia nada além de terra e mar. Os anos passaram e os homens deixaram de vir da terra. Envelheceram. Morreram. E era o fim para os homens e para raça humana. Então o homem mais sábio de todos os homens teve a brilhante ideia de criar um humano, que seria capaz de gerar mais humanos. Ele retirou uma das suas costelas e enterrou-a na terra, e todos os dias regava aquele pedaço de terra com o seu sangue. Esperou, e esperou, até não restar nem mais uma gota de sangue em seu corpo. No dia que morrera, nasceu a primeira mulher. Os homens ficaram maravilhados com beleza daquele ser. Ela era única. Preciosa. E gerou os seus primeiros filhos. Com o passar do tempo os homens matavam uns outros por causa dela. Filhos contra pais. Pais contra filhos. Irmãos contra irmãos. Todos eles queriam-na. Desejavam-na ao ponto tornarem-se loucos. E assim nasceu o ódio, e nasceram as primeiras guerras. E a terra morria, os pássaros morriam, as plantas morriam, e todos seres vivos morriam, por causa dela, porque ela era o mal em forma de pessoa.

E mundo tornou-se o que é agora, por causa de uma mulher, e por causa de todas as mulheres que vieram depois dela.

Juliette não é nada além de uma mulher.

A chuva cai sobre mim, crua, grossa e gelada.

E eu odeio o Inverno.

Eu deveria de ter trazido o meu casaco, porque nas ruas do sector R são muito frias. Mas eu esqueci do meu casaco no mil noites. Com a pressa de sair dali nem se quer me lembrei dele.

Depois de sair do mil noites, os soldados que esperavam por mim, olhavam-me com curiosidade. Eles perguntavam-se para si mesmos, o que será que aconteceu com o rosto daquele homem desprezível. Seus olhos cuspiam as palavras que as suas bocas não consistiam. Eu juro que nesse momento queria matar todos eles. E a parte mais feia de mim queria vir ao de cima para quebrar alguns crânios, e romper alguns ossos. Mas eu usei toda a minha força de vontade para mante-la presa dentro de mim.

Delalieu foi o único que se atreveu pergunta-me o que os outros não tiveram coragem de me perguntar. Eu não sei se foi estupidez dele, ou se ele realmente estava preocupado comigo. Mas aposto na primeira. Isso foi suficiente para minha vontade escassear-se, e a parte mais feia de mim escapulir.

Quando voltei a mim, o Delalieu estava no chão ensanguentado, enquanto pontapeava-o sem dó nem piedade, na verdade não faço a mínima ideia do que isso seja. A única coisa que sei é que os humanos deveriam de ter compaixão pelos seus semelhantes, mas eu nem sequer sei o que isso é. Ensinaram-me a não sentir. Ensinaram-me ser tudo menos humano.

Sou um humano em falta. Às vezes dou por mim a pensar que não sou humano. Que essa parte de mim morreu. E tornei-me um monstro que caça monstros, porque eu tenho de ser desumano se quero caça-las. Tenho de me tornar pior do que elas.

Depois desse episódio, eu afastei-me dos meus soldados, e ordenei-os para se manterem longe de mim, e eles se mantiveram porque não queriam ter o mesmo fim que o Delalieu. Acho que lhe quebrei algumas costelas, o que é mau, porque Delalieu já não é novo. Ele deve ter por volta dos 40 e tal anos. É o soldado mais velho do regimento, e o mais fiel, e esta no meu esquadrão desde dos meus 12 anos de idade. Ele foi o que sofreu mais com meus surtos de raiva. Porque desde dos meus 8 anos não consigo controlar toda a raiva que tenho dentro de mim. E Delalieu praticamente foi o meu saco de pancada, mas mesmo assim ele continuou no meu esquadrão, e não fugiu de mim como todos os outros soldados. Ele esteve sempre ao meu lado, mesmo que eu seja o seu pior pesadelo.

***

Entro dentro de um bar, para fugir da chuva. E o bar não é como o mil noites. Não há velas, nem cortinas multicoloridas, nem pétalas espalhadas pelo chão, e não há o aroma adoçante das flores silvestres. É só um lugar com quatro paredes amareladas. A luz é pálida. O aroma de cerveja barata e de suor paira no ar. Reparo que o lugar é cheio de homens esfarrapados, que gargalham alto demais, e também há mulheres despidas que andam por todo lado. Algumas delas estão sentadas nos colos deles, e corpos roçam contra os corpos. Vejo um homem com mão cheia de um seio de uma mulher e ela sorrir para ele. No outro lado vejo sofás e corpos amontoados de mulheres e homens deitados sobre eles. Os seus gemidos prazerosos é música ambiente deste lugar.

Estou habituado em frequentar este tipo de lugares, porque desde dos meus 12 anos de idade fui obrigado a conviver em ambiente como este, porque meu “pai” achava que era a melhor forma de me tornar um homem. Então obrigou-me assistir a coisas que eu não queria assistir, e obrigou-me a fazer coisas que eu não queria fazer. Lembro das noites em branco porque não conseguia dormir por causa dos gemidos delas, lembro do rosto jovial do meu pai enquanto penetrava-as, e lembro corpos suados que esfregavam contra o meu.

Ao primeiro ficava enojado, ainda fico enojado, mas já sei lidar melhor com isso, e com passar dos anos ficou menos difícil. E agora vejo o sexo como o meio necessário para prevalecer a raça humana.

Sento-me em frente ao balcão, e peço uma cerveja. O homem com barba por fazer olha para mim como se eu fosse um fantasma. Merda ele reconheceu-me.

Só queria fingir pelo um par de horas que sou um homem normal com uma vida medíocre, e que frequenta estes tipo lugares para se divertir, e beber até não poder mais. Gostaria que essas fossem as minhas únicas preocupações.

– Oi amigo.- Ouço uma voz feminina, levanto a cabeça e vejo uma mulher com cabelos loiros, e olhos azuis, seus olhos são mais claros do que o azul do céu. Ela senta-se ao meu lado, e observa-me cuidadosamente.

Eu não lhe respondo, e ignoro-a, mas a sua presença incomoda-me.

– Não estou interessado.- Falo sem olhar para o seu rosto.

Ela fica em silêncio alguns minutos, enquanto observa cada movimento meu.

– Não esta em interessado em quê? – Sua voz é tão calma e clara.

– Não estou interessado em penetra-la, por isso aconselho a procurar por outro amiguinho. – Respondo-lhe de forma áspera, e nem se quer movo o meu olhar em sua direção.

– Penetrar? Nenhum homem usa esse termo, normalmente usam termos mais sujos.- Ela dá risadas deleitosas. – Senhor Warner.

– Se você conhece-me deveria de saber que eu não gosto desses joguinhos. – Aviso-lhe para ela não pisar na linha.

– Mas eu não estou a jogar, só estou a conversar. Será que a minha presença o incomoda? – Ela chega mais perto de mim, e sussurra palavras em meu ouvido, e definitivamente isto é só mais um joguinho dela.

– É melhor você procurar por outro amiguinho, porque se continuar a brincar comigo, eu irei magoa-la.- Bebo o restante da cerveja, e puxo-a rapidamente para o meu colo, e ela coloca as suas longas pernas em volta do meu abdómen.

– Eu acho que o senhor Warner esta a fim de brincar.- Ela sussurra as palavras perto da minha boca.

– A menina vai se arrepender.- Ela olha para mim com sorriso malicioso, e enquanto move os seus quadris contra mim.

Agarro no seu cabelo e puxo-o fortemente. Ela olha para mim com os olhos arregalados, e não lhe dou tempo para ela pensar. Esmago os meus lábios contra os delas, e com minha língua invado cada canto da sua boca, ela geme, e a sua língua toca na minha. Nossas línguas batalham-se entre si. Recuo, e mordo o seu lábio inferior, até sentir o gosto de sal em minha boca. Ela estremece, e tenta libertar-se, mas eu não a largo.

E lágrimas passeiam em sua face. Solto-a, e ela limpa com as costas das mãos o rasto de lágrimas. A sua maquiagem pesada borra os seus belos olhos azuis. E o sangue pinga em seus seios e macha o seu vestido branco.

– Eu avisei-a.- Olho fixamente para e ela olha fixamente para mim.

– Você não pode danificar a mercadoria.- Berra um homem de longos cabelos loiros sujos e de olhos azuis. Ele deve ser familiar dela, porque seus rostos tem características semelhantes. Talvez seja o seu pai ou seu irmão.

– Eu faço o que bem entender com ela. – Minha voz soa sem expressão.

– Mais respeito soldadinho, ou sairás daqui com alguns ossos quebrados.- Ele aproxima-se de mim.

– Kevin não- Diz a rapariga apavorada, e coloca as mãos no peito do homem, para impedi-lo de chegar até mim. Ela a barreira entre nós. – Sai da frente cadela.- Bofeteei-a, e a rapariga cai desalmadamente no chão.

O homem tenta soca-me, mas desvio-me do seu soco, e de seguida esmurro o seu olho, ele berra de raiva e tenta socar-me de novo, mas ele demasiado lento. Agarro em seus longos cabelos, e empurro o seu rosto contra o balcão, e assim sucessivamente. Ninguém se aproxima de nós, e todos deixaram de conversar e de se mover. Todos eles assistam o fabuloso espectáculo. Os berros do homem é o único som que se houve dentro do bar.

– Por favor pare.- Suplica a rapariga de olhos azuis, ela ajoelha-se e agarra na minha perna. Olho para ela e vejo um mar de lágrimas em seus olhos suplicantes. – Faça o que quiser comigo, mas solta o meu irmão.

Eu largo o irmão dela, e olho com curiosidade para ela. E por um instante vejo o rosto de Juliette nela.

– Qual é o seu nome? – Não sei o porquê de lhe perguntar o nome.

– Sonya.- Murmura.

Afasto-me dela e do seu sórdido irmão. As pessoas abram caminho para eu passar, e todos eles olham para o chão, em vez de me olharem nos olhos porque todos eles têm medo de mim. Medo representa respeito. Enquanto houver medo também haverá respeito.

Ouço toque irritante do meu celular, retiro do bolso, coloco no meu ouvido e ouço a Voz de Adam.

– O sector C, hoje foi invadido pela União, e os superiores exigem a tua presença no sector.

Desligo a chamada, suspiro, e sinto as gotas grossas da chuva a penicar em minha pele.

Eu nunca poderei ser um homem normal, porque eu sou líder do sector R e o tenho peso do mundo sobre meus ombros.


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Notas finais do capítulo

Ficamos a conhecer mais um pouco da vida e da Infância de Warner. O pai dele é um idiota(daqui pouco irá aparecer esse homem macabro uahauhauaha (novamente a risada de vilão) ).

A lenda que os homens inventaram não têm pés nem cabeça, só podia surgir das cabecinhas deles ( UPS, homens não se virem contra mim, eu não estou falar de vocês, estou falar dos homens fictícios do mundo que eu inventei, e não de vocês, eu sei que vocês são bonzinhos)...

—--> No próximo Capítulo ficaremos a saber quem é o novo Dono de Juliette. Por isso não percam o Capítulo 9.