O Choro Das Ninfas escrita por Pessoana33


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

****** Acabei este Capítulo ás 00.27 (hora de Portugal), não tive tempo para revisa-lo por isso perdoem-me por qualquer falha que encontrarem por aí.Estou muito feliz por ter uma nova leitora, ela deu-me ânimo para continuar, por isso acabei este Capítulo o mais rápido que pude. Quero dedicar esse Capítulo á Barbara_Lolla, e mil obrigados pelos seus reviews :$$



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Juliette

Ele sorri inocentemente para mim, ergue arma em minha direção e dispara.

Fecho os olhos, e tudo fica escuro, a escuridão toma conta de mim.

Ouço vozes, e são vozes que desconheço. Mas queria que elas se calassem, porque eu gosto do silêncio. Porque o silêncio não me incomoda nem nunca me incomodou. E de repente não há mais vozes, e só ouço uma cantiga melancólica.

Abro os olhos e não há nada para ver, só vejo paredes pálidas, e reparo que estou num lugar vazio sem portas e janelas. Sinto frio, e estou encharcada desde da pele aos ossos, porque estou de baixo de um chão molhado.

Será que morri? Será que estou num inferno sem chamas? Porque este inferno é de águas geladas.

Tento levantar-me mas não consigo, é como se todos os ossos que sustentavam as minhas pernas estivessem quebrados em pequenos bocados. Então fecho os olhos, e deixo a água consumir cada parte do meu corpo. Doí a frieza, e sinto gelo nas veias. E o meu coração quase deixou de bater. Morrerei em breve em poucos minutos em poucos segundos. Daqui a pouco não sentirei mais nada. Nem dor, nem amargura, e nem medo. Morrerei. E na próxima vida, eu serei aquele pássaro que rasga os céus.

Um som barulhento acaba com os meus sonhos. Abro os olhos e ouço alguém a bater a porta, mas aqui é um lugar fechado e não existem portas. As batidas tornam-se mais violentas. “Abre a porta”- alguém grita. “Abre essa maldita porta”, continua a bater freneticamente.

Olho para o teto e vejo uma porta. Que estranho, uma porta no teto.

“Deixa-me sair”.- Grita uma voz feminina. “Juliette abre essa porta, e deixa-me sair”.- Pede a voz, e essa voz é a minha voz.

– Quem és tu? – Sussurro.

“ Abre a porta e saberás”.- Responde a voz.

Estico a minha mão, para alcançar a maçaneta da porta. Não consigo alcança-la. Ela encontra-se muito acima de mim. Estico os meus dois braços, e as pontas dos dedos… mas não há como alcança-la.

– Eu não consigo.- Digo num tom de derrota.

“Tens de conseguir”.- A voz berra, e vidro quebra.

E pedaços de vidro caem sobre o meu corpo, e cortam minha carne, uma dor moribunda apodera-se de mim. Sangue vermelho vivo mancha os meus braços e as minhas mãos.

E um grito abafado sai da minha garganta. A música melancólica pára, e os meus gritos doloridos enchem todo este lugar.

Acordo, e gritos ainda fogem da minha boca. Sinto falta de ar, e os meus pulmões parecem que deixaram de funcionar. Sinto como estivesse afogar-me num mar de água salgada, e por mais que eu tento nadar para fora a procura de ar, não consigo achar.

A minha garganta dói, como se alguém estivesse arranha-la por dentro. Começo a tossir, mas essa sensação insiste em permanecer.

O meu corpo estremece, em pequenos pasmos violentos, e eu não consigo parar. Alguém pousa sua mão sobre a minha.

– Eu estou aqui Julie…- ouço a voz da Jenisse. Levanto os olhos e vejo-a, sentada ao meu lado, ela olha fixamente para mim, sua boca ante aberta, seus olhos esbugalhados, como se eles não acreditassem no que vêm.

Pingas de água caem do meu cabelo e escorregam pelo meu rosto. Sinto-me molhada, sinto como se tivesse andado por baixo de uma tempestade. Dor, ainda há dor em meus membros. Corro com o meu olhar e vejo sangue a brotar dos meus braços. Sangue que mancham os lençóis brancos.

– Juliette o que esta acontecer? – Pergunta Jenisse assustada.

– Eu não sei…- Minha voz falha, e lembro-me do sonho. A voz, as águas geladas, e o vidro estilhaçado.

Olho novamente para os meus braços, e vejo vidros cravados em minha pele. O que esta acontecer comigo?

Jenisse rapidamente saí do quarto e depois volta com uma bacia de água e panos, para limpar os meus ferimentos.

Ela limpa cuidadosamente os meus braços magoados. E a água arde sobre as minhas feridas, e eu tento todo custar suprimir o lamento amargurado.

– Eu não sei o que esta acontecer comigo.- Falo sem se quer olhar para ela, porque tenho medo do que posso ver em seu rosto. Tenho medo que ela me ache um monstro.

– Esta tudo bem Juliette… Vou livrar-me dos lençóis e ninguém saberá o que aconteceu aqui. Assim estarás segura… Se alguém visse isso, eles poderiam supor que és uma ninfa, e poderiam fazer-te coisas horríveis. Eu não vou deixar que isso aconteça. Eu vou proteger-te. – Sua expressão demostra-me o quão determinada ela esta para me proteger.

Jenisse é como uma mãe para todas nós, para as meninas chorosas, que nunca saberão que isso é. Ela dá o melhor dela para protege-nos. Às vezes ela esquece-se dela mesma, e não se importa de se magoar, de se ferir, e nem de morrer por um de nós. Houve muitas vezes que ela foi espancada, estuprada, e violentada pelo dono só para proteger uma das meninas. Quando um dos clientes bêbados exigem uma de nós para se divertirem durante toda a noite, ela sempre sacrifica-se para que nenhuma de suas meninas sofre o que ela sofre. Ela carrega mártires demasiado pesados em suas costas.

Alguém bate a porta, e eu fico assustada. Jenisse levanta-se, abre um pouco a porta, e com o seu corpo tenta encobrir-me para que ninguém me veja.

– Acorda imediatamente a Juliette, e prepara-a porque um cliente exige a sua presença agora.- Diz um dono com sua odiosa voz.

– Mas amo, ela não esta em condições para se encontrar com um cliente. Eu posso ir por vez dela.- Sugere Jenisse.

– Não, o cliente exige a Juliette.- Diz o dono aborrecido.

– Mas…

– Não é mas nem meio mas, prepara-a agora.- Berra o Dono.

– Se é isso que o meu amo deseja, eu irei prepara-la.- Diz Jenisse mecanicamente, e depois fecha a porta.

Ela olha para mim, eu posso ver o quanto ela esta assustada.

– Juliette.- Murmura.

– Jenisse, eu estou bem. É só um cliente, e além disso ele não será capaz de tocar-me, e se me tocar irá se arrepender, por isso não precisas de te preocupares desnecessariamente.- Explico com um sorriso.

Jenisse dá um sorriso torto, e depois vai até os armários e procura por uma roupa apropriada para agradar o cliente.

– Temos de esconder os teus ferimentos.- Anuncia enquanto pega numa camisa de renda preta.

Depois as meninas entram no quarto para ajudar-me com o banho e com as roupas.

Olho para o espelho, vejo o meu reflexo, e só tenho vontade de transforma-lo em cacos.

Estou vestindo uma camisa de renda preta de mangas compridas para ocultar as minhas feridas, e estou usando uma saia de tecido tule até os joelhos. Meu cabelo é preso em coque por perolas brancas. A minha maquiagem é simples, um pouco de blush rosa nas maças do meu rosto para esconder minha palidez, uma mascara preta nos meus longos cílios, e os meus lábios com um tom rosado claro. Jenisse queria que eu parecesse inocente, para que o cliente visse a menina que eu sou e me deixasse em paz, mas ela acredita muito na genuinidade das pessoas, coisa que eu não acredito, e muito menos acredito num homem. Os homens são seres possessivos, maldosos, e são despromovidos de coração, e às vezes eu duvido que eles têm consciência. Mas eles são os donos mundo, e eu vivo mundo deles.

O dono entra no quarto, olha para mim, e ele não gostou do que viu. Depois olha para Jenisse e bofeteia o seu rosto, e eu mordo meu lábio com raiva.

– Não temos tempo para vesti-la, ela tem de ir mesmo assim. – Diz o dono.- Jenisse, depois aparece no meu quarto, porque temos muito o que discutir.- Acrescenta, e em seus olhos eu vejo maldade.

Ele pega na coleira de couro preto e prende em meu pescoço, e depois ele entrega a corrente comprida às meninas, porque serão elas que irão acompanhar-me até ao quarto, e irão entregar-me ao cliente.

***

O véu preto cobre o meu rosto. E as meninas ao meu lado sussurram conversas animadoras. Mas não há nenhuma conversa que me possa fazer sorrir. Deixei sorrir de verdade á muito tempo, agora por mais que tento sorrir eu não consigo. Tento dar forma á minha boca, mostrar os meus dentes, mas sempre que tento, a expressão é de plástico. Pergunto-me se algum dia eu voltarei a sorrir com vontade. Acho que não. Pelo menos neste mundo não será possível, porque há muita tristeza e miséria por todo lado.

Caminho em passos lentos, muitos lentos. Porque não tenho pressa em conhecer o homem que me “quer”. Ele quer possuir-me e invadir o meu corpo, para ele eu não sou humana, sou apenas uma boneca sem sentimentos, uma boneca para saciar sua fome, e sossegar os seus desejos.

Eu odeio esse homem, e odeio todos os homens da face da terra.

Preferia caminhar em um chão de brasas, queimar os meus pés, e arder por completo, do que sorrir para esse homem, ou fingir que tenho apreço por ele.

Paramos em frente da porta 246. As meninas batem na porta, e o homem diz para elas entrarem. Elas entram e eu fico cá fora, porque só posso entrar quando elas entregarem a corrente ao cliente. Elas saem, e o cliente puxa a corrente e eu sou forçada entrar. E depois elas fecham a porta. Olho para porta e tento abri-la, mas não consigo. Eu estou trancada aqui dentro com um homem. Tento manter-me calma. Respiro fundo. Digo para mim mesma que esse homem não conseguirá tocar-me.

Olho em volta e reparo nas cortinas amareladas e laranjadas que estão penduradas por todo lado, e há velas aromáticas em cada canto. Pétalas de rosas vermelhas cobrem o chão, e vejo um homem loiro sentado sobre muitas almofadas amarelas e laranjas. Warner é o cliente. Ele tem a corrente que me prende na mão esquerda e a direita tem um copo meio vazio de uma bebida que eu desconheço.

– Como esta a menina? – Ele pergunta-me de forma desconsiderada.

Não lhe respondo, apenas olho fixamente para o homem desprezível á minha frente, o homem que gosta de matar por diversão.

– Sinto muito por aquilo que fiz, mas foi necessário imobiliza-la, porque a menina estava no meu caminho.- Ele não sente, e suas palavras são vazias.

Ele puxa a corrente, e sou obrigada aproximar-me dele. Ele olha para mim com um sorriso presunçoso em seus lábios.

– A menina não vai falar? – Pergunta-me, mas eu não lhe respondo, fiquei muda, e não tenho voz para ele.- Também não esta aqui para falar. Dance.- Ordena-me, mas não me mexo.

– Você matou aquela menina?- Pergunto-lhe, porque eu preciso saber o que aconteceu com a menina que chorava lágrimas de sangue.

Ele gargalha, e suas gargalhadas perfuram os meus ouvidos.

– Menina? Ela nem sequer era humana.- Ele disse “era”, e “era” é do passado, o que significa que ela não existe mais.

– Você matou-a.- Eu quase vomito essas palavras em cima dele.

– Eu tive de matar aquele pequeno monstro.- Ele profere essas palavras como se ele tivesse feito a coisa certa. Mas é certo matar? É errado. Eu quis que ele me matasse, porque eu estou cansada de viver, e eu não me importava que fosse esse homem frio rouba-se minha vida. Mas desde que vi ele torturar com gosto aquela rapariga que chorava e suplicava pela sua vida, eu percebi que não quero morrer sem um motivo, e muito menos quero dar esse gosto a esse homem de olhos verdes.

– Chega de conversas, e dança para mim.- Ele ordena-me.

– Eu não vou dançar para o senhor.- Digo com desprezo.

Ele sorrir com malícia, e puxa de novo a corrente e caiu em cima dele. Ele próxima o seu rosto do meu e diz: - Juliette não foi um pedido foi uma ordem.

– Eu nunca vou dançar para senhor. Nunca.- Digo e sinto nojo dele.

– A menina é tão desafiadora, mas eu odeio as pessoas que me desafiam.- Seu rosto torna indecifrável, e sua voz mais profunda.- Agora serei obrigado castiga-la, porque a menina desobedeceu-me.- Quando ele acaba de dizer essas palavras, ele puxa rapidamente o meu braço direito, e eu fico por baixo de seu corpo pesado.

Ele olha para mim com os seus olhos vazios. Olhos que não demonstram nenhuma emoção. Estremeço só de olhar para ele. Eu tento debater-me contra ele, e ele sorri friamente para mim, puxa os meus braços por cima da cabeça e prende os meus pulsos com uma das suas mãos.

– Pare com isso.- Grito, mas ele nem liga se eu grito ou deixo de gritar.

Ele não pára. Aproxima a sua boca na minha, e sua respiração queima em meus lábios. Ele aproxima-se ainda mais, e eu desejo que ele se afaste, mas ele não se afastou, como isso é possível? Normalmente quando desejo que um homem pare de me tocar, ele pára, mas Warner não parou. Fecho os meus olhos, e ele morde o meu queixo. Abro rapidamente os meus olhos, e fico perplexa.

Como é possível, ele ser capaz de me tocar?

– A menina pensava que eu não seria capaz de toca-la? – Pergunta-me, mas ele não espera pela resposta. – Pensou em errado.

Ele aproxima vagarosamente os seus lábios no meu pescoço, e eu sinto um friozinho que percorre todo o meu corpo. Quando seus lábios toquem de leve na minha pele, sinto um pequeno choque eléctrico. Ele continua a beijar cada pedacinho do meu pescoço, e eu estremeço a cada toque. E de repente sinto seus dentes sobre a minha carne, e mil raios caminham dentro de mim. Estou assustada. Não sei que sensação é esta. Nunca senti isto. E nunca nenhum homem foi capaz de me tocar.

– Pare com isso.- Minha voz falha.

Ele levanta o seu olhar, para poder olhar para mim, e ele sorri com a imagem que vê.

Agarro em seu rosto com as minhas mãos, aproximo-o e ele fica abismado com a minha atitude. Beijo sua bochecha, e depois mordo-a com vontade, sinto o gosto metálico do seu sangue em minha boca. Ele berra de agonia, empurro o seu corpo, e corro até a porta.

– Abram a porta. Por favor. Abram a porta.- Grito o mais alto que posso, e bato com os punhos na porta de madeira.

– Juliette.- Warner berra. E puxa violentamente a corrente. Caiu de costas no chão, e devido ao impacto sinto uma dor aguda.

Ele levanta-se, dirige-se até a mim e diz: - Eu não me interesso por mulheres como tu. – Ele fala com escárnio. – Uma mulher que não tem nada a esconder, todos homens já te viram por fora e por dentro. Tu és vulgar Juliette.

Suas palavras me ferem, me cortem em bocados. Ele não precisava de proferi-las, porque eu sei o que sou e o que não sou. Não há nada de bom em mim. Dentro de mim tudo é velho e fétido. Eu sou o que restou da menina que fui.

– Abram a porta.- Warner berra, e a porta se abre.

E dono aparece, e quando vê o rosto de Warner, ele fica aflito.

– Desculpe-me.- Ele pede desculpas e baixa a sua cabeça, mas Warner não se contenta com isso, e soca o estômago dele, e ele cai no chão.

Logo de seguida Warner sai sem sequer olhar para trás.

Vejo cólera nos olhos do dono. Ele levanta-se e dirige-me até mim.

– O que tu fizeste cadela? – Ele pergunta enquanto pontapeia-me. Sinto os seus chutos em meu estômago, e a dor torna-se insuportável, ao ponto das lágrimas saltarem para fora dos meus olhos, mas não haverá lágrimas em minha face, não irei proporcionar esse prazer esse homem nauseabundo. Engulo o meu próprio choro, e sufoco os meus gritos.

A Jenisse corre ao meu auxílio, mas dono empurra-a e ela cai. Ele deixa-me e vai até ela. E esmurra o seu rosto, pontapeia e ela geme de dores.

– Vadia, cadela… o que aconteceu foi por tua culpa.- Berra, e sua expressão torna-se sombria. – Morre vagabunda.

Jenisse chora, e suplica para ele parar, mas ele não pára. Sangue escorrega para fora da sua boca. Não aguento mais ouvir o seu choro, e a raiva e o ódio apoderam-se do meu corpo. Levanto-me com as poucas forças que ainda me restam, e arrasto-me até eles. Quando chego perto do dono salto por cima dele, e com minhas unhas afiadas, arranco a mascara de pele que reveste os seus ossos, ele grita de dor. E depois olha para mim, como se não acredita-se no que acabei de fazer.

– Amanhã serás vendida Juliette. Desde que chegas-te aqui só tens causado problemas… e o que fizeste ao Senhor Warner não tem desculpas.- ele diz com rancor na voz.

Amanhã serei a mercadoria que se vende no mercado.


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Notas finais do capítulo

UOUOUO. Que Warner é esse? Que mauzão. O que acharam da minha Juliette? Fofa nÊ?Querem saber o que acontecerá no leilão? Então não percam o próximo Capítulo :DDP.s próximo Capítulo será NARRADO pela Juliette, mas ele será bem pequeno,por isso apostarei o capítulo narrado Warner no mesmo dia. VocÊs querem saber como ele se sente não é? ;)