O Choro Das Ninfas escrita por Pessoana33


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Mais um Capítulo recheado de maldades de Warner x'DD



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Warner

Porquê Aron? Porquê? – Pergunta Eric, e seu rosto está inchado por causa das lágrimas que queimam a sua pele.

Eu não lhe respondo, porque não lhe quero falar. Também que desculpa eu tenho por ter minhas mãos manchadas com sangue da nossa mãe?

Eu não tenho desculpa, porque eu não tenho culpa. Se Eric não existisse nossa mãe ainda estaria viva, e ainda estaria sorrindo. A culpa é inteiramente dele por ela ter morrido. Se ele não existisse, minha mãe estaria ao meu lado. E não estaria espalhada no chão, banhada em seu próprio sangue.

Odeia-o.- Uma voz sussurra em meu ouvido, e o ódio cresce dentro de mim. Nunca senti esse sentimento, nem se quer sabia que ele existia, mas agora o sinto em cada pedaço de mim. E neste momento ele é reconfortante. E não tenho espaço para minha própria tristeza. Só quero odiá-lo.

A chuva cai pesadamente sobre nós. As minhas roupas pesam-me, mas não me importo, neste momento eu não me importo com nada.

Eric abraça o corpo morto da nossa mãe, e chora como se não houvesse amanhã. E na verdade não haverá amanhã para ele.

Ele olha para mim, seu olhar é furtivo. Sinto como se ele fosse capaz de me matar. Ele levanta-se lentamente, seu olhar nunca deixa o meu.

– A culpa é tua, Aron.- Seu rosto é pálido e sem expressão.

Ele berra e eu acordo.

Respiro com dificuldade, e o suor escorre pela minha testa.

As lembranças daquela noite, ultimamente, elas me têm consumido. A ninfa foi substituída pelo Eric, o que torna o pesadelo ainda mais real.

– O que se passa querido?- Pergunta Marie que está deitada ao meu lado. Não sei quando ela chegou. Mas incomoda-me ela estar no meu quarto, e incomoda-me ainda mais ela ver o meu estado mais vulnerável.

– O que fazes aqui?- Pergunto- lhe. Levanto-me da cama, e não me importo se ela me veja nu, porque no final de contas ela é minha mulher.

– O que eu faço aqui?- Ela responde-me com uma pergunta indignada.- Eu sou sua mulher é lógico que esteja perto do meu marido.

Aproximo-me dela, e levanto o seu queixo. Ela olha fixamente para mim, á espera de algo mais, mas de mim ela não terá nada.

– Nosso casamento é meramente político. Não haverá nada entre nós dois, e muito menos irei dormir contigo. Só preciso de ti para me acompanhares para essas ridículas festas que o restabelecimento organiza. – Ela olha para mim chocada.

– Não brinques comigo Warner. Tu não me queres como inimiga. Sabes bem do que sou capaz.- Um sorriso diabólico forma em seus lábios.

Eu sei do que ela é capaz, porque minha noiva Ariel foi encontrada com a garganta cortada num beco qualquer no sector A. Eu sempre soube quem assassinou-a, porque sabia muito que Marie tinha ambição de ser minha esposa, mas ela era segunda na minha lista matrimonial. Uma semana depois ela tornou-se minha esposa.

– Ameaçar-me Marie? Isso não é muito inteligente.- Empurro-a violentamente contra parede, e obrigo-a dar as costas para mim. Pressiono o meu corpo contra o dela.- Tu és descartável a qualquer momento posso substituir-te.- Sussurro em seu ouvido, e com as pontas dos dedos coloco uma mecha dos seus cabelos acastanhados atrás da orelha. Ela solta pequeno gemido. Solto-a. Ela olha para mim atordoada. E posso ver em seus olhos azuis o medo. Porque o maior medo de uma “Elite” é ser substituída, basta uma palavra minha e Marie é substituída. E uma “Elite” que é rejeitada tornasse numa vulgar, não importa se são filhas dos poderosos ou não, o destino delas será o mesmo.

– O meu pai deseja ver-te antes de voltar para o sector C. Ele quer conversar contigo sobre essa tal ninfa, e sobre as novas reformas do sector.- Ela informa-me sobre o que eu já sabia, e depois sai do quarto sem olhar para mim.

Finalmente só.

Não consigo aguentar aquela mulher, tudo nela me irrita, sua voz, sua personalidade, a cor dos seus olhos, a forma da sua boca, a sua falta delicadeza, e a máscara que ela usa todos dias. Ela até pode enganar os outros com sua falsa ingenuidade, mas mim, ela não me engana, sei que ela é o veneno, é uma cobra rastejante com uma bonita forma.

Não a rejeito, porque eu e ela somos iguais. Ela é mulher certa para mim.

Mas Juliette…

Juliette é diferente dela. Juliette é verdadeira. Juliette é inocente… Este mundo de enganos e desenganos não é para Juliette. Não sei o que deu em mim para pensar nela. Eu prometi a mim mesmo que nunca mais a veria. Mas eu não consigo deixar de pensar nela. No seu perfume. No seu gosto. Ela era doce em minha boca. Como eu queria provar mais dela. Eu enlouqueci. Só posso estar louco, porque nunca desejei tanto uma mulher quanto Juliette.

Tenho essa mulher presa em minha cabeça, em minha boca, em minha garganta. Eu quero expulsa-la dos meus pensamentos, mas ela não quer ir embora, ou sou eu que não quero que ela saia.

Como eu posso pensar numa mulher, quando estamos em plena guerra? Como eu posso pensar numa mulher, quando os meus pesadelos tornaram-se tão reais?

***

Dirijo-me até á camara de tortura.

Quando chego lá vejo Adam encostado na porta com um cigarro na boca.

– Bom dia mano. Aposto que é bom dia para ti, já que Marie passou no teu quarto, esta amanha.- Um sorriso sorrateiro aparece em seu rosto.

– Se quiseres eu posso dividi-la contigo, acho que ela terá mais utilidade para ti do que mim.- Eu sei que Adam e ela têm um caso, porque já os apanhei juntos, mas não me importo com que ele faça com ela.

– Ela consegue ser muito divertida.- Posso ouvir a malícia em sua voz.

– Aposto que sim.- Falo sem entusiasmo.

– Há quanto tempo não brincas com uma menina?- Pergunta-me, mas eu sei que ele não espera pela minha resposta.- Que tal aquela menina, Juliette. Tenho a certeza que ela seria muito mais divertida do que Marie. Só o corpo dela pede para ser tocado.

Agarro pelo colarinho de Adam, e o jogo no chão, porque eu não gostei da forma como ele falou de Juliette.

– Que merda é essa, Warner?- Ele berra, e posso ver a indignação em sua expressão.

– Nunca mais pronuncias o nome dela.- Dou-lhe um aviso para ele manter a sua boca fechada.

Adam gargalha sem vontade e diz: - Eu ando a trepar com a tua mulher mas isso não te afecta, mas se falo dessa tal rapariga tu ficas furioso. Agora só tenho mais vontade de meter as minhas mãos nela.

– Tenta tocar num só fio de cabelo dela, e eu juro que te irei matar.- Ameaço-o, e depois entro dentro da camara de tortura.

– Ela vale o risco.- Ouço Adam por traz da porta.

Fecho as mãos em punho, e tento abstrair-me da conversa com Adam. Eu preciso de me manter calmo se quero achar a ninfa de “27 de Outubro”.

Olho para Kenji que apesar dos hematomas ele ainda pode sorrir.

– Uma discussão entre maninhos… por causa de uma mulher… interessante. – Comenta Kenji, apesar da sua dificuldade em pronunciar as palavras.

– Quero respostas Kenji.- Falo com exasperação. – Eu estou cansado de enche-lo de porrada, por isso vamos logo acabar com isso.

– O que tenho a dizer é aquilo que você não quer ouvir.

Estou tão cansado da conversa dele. Pego no revólver que encontro em cima da mesa, e aponto para ele.

– Ou falas ou morres, a escolha é tua.- Disparo, e a bala passa de raspão nele e acerta na parede.

– A verdade é que eu não sei a onde está a ninfa “27 de Outubro”, a única coisa que sei é que ela anda caça-nos.- Eu não sei se acredito no que ele acabou de dizer.- Porque ela acredita que nós temos algo que lhe pertence.

– O que lhe pertence? O que isso pode ser?- Pergunto-lhe.

– Eu não sei, só os líderes é que sabem.- Ele responde rapidamente.

– Então porque que a união juntou-se a ela para destruir o sector C?- O que ele diz não tem sentido, ele com certeza está mentir só para ganhar tempo.

– Não foi união que destruiu o sector C, foram as ninfas de Eliane.- Ele olha para mim e espera pela minha reacção.

– Quem são as ninfas de Eliane?- Pergunto porque não temos nenhum relatório acerca delas.

– Estranho os superiores do Restabelecimentos não saberem quem elas são. Basicamente, elas não existem, porque elas foram aniquiladas á 200anos atrás…. Elas eram as ninfas mais poderosas entre as ninfas, elas juntas poderiam destruir o mundo, mas o imperador Eliane destrui-as, porém houve uma que ele manteve, e ela foi obrigada dar á luz as filhas dele. As filhas deles eram ainda mais poderosas, tão poderosas e cruéis que por fim acabaram por matar o seu próprio pai. Fim de história.- Ele explica num tom de deboche.- Aliás a ninfa de “27 de Outubro” é uma Eliane.- Acrescenta.

– Como posso acreditar nessa sua história? Parece-me um pouco surreal não acha?

– Eu contei a verdade, agora se acredita ou não o problema é seu.- Sua expressão é séria. – Se elas atacarem outro sector é culpa é sua, por saber a verdade e não fazer nada.

Não posso acreditar num rebelde, porque as palavras deles são vazias e sem sentido. Eles são o fruto podre da nossa sociedade. E como líder do sector R eu não deixarei eles em pune.

Aperto o gatilho. Ouço o som do baque. E sangue respinga em meu rosto. Retiro o lenço branco do bolso e limpo o líquido vermelhado do meu rosto.

Matar é tão fácil para mim. Não sinto nada enquanto mato.

***

Hoje noite tem uma lua.

Caminho até ao mil noites em passos apressados, porque essa vontade de vê-la é imensa que chega não caber em mim. Não sei de onde vem esta minha necessidade. Só sei que a sinto, e ela não me dá sossego. Eu quero devora-la e acabar com minha fome. Desde de quando eu me tornei nesta besta insaciável? O que andas fazer comigo Juliette?

Entro no mil noites, e sinto o aroma das flores de silvestres. As luzes coloridas cobrem todo o lugar. Vejo políticos poderosos sentados nas suas mesas a beber a sua doce bebida enquanto enchem os olhos e saciam os seus desejos carnais.

O dono quando me vê quase corre até mim.

– O que Senhor Warner deseja?- Ele já tinha perguntado isso uma vez, será que ele pergunta o mesmo a todos os clientes que passam por aqui?

– Eu quero Juliette, agora.- O dono fica pálido, isso não é bom sinal.

– Senhor Warner, eu tenho meninas mais agradáveis do que Juliette.- Dono tenta-me convencer a escolher outra, mas outra não é Juliette.

– Eu só vou repetir mais uma vez, eu quero Juliette, e você tem 5 segundos para traze-la até mim.- Falo severamente, e ele regala os olhos.

O dono fica petrificado e sem fala. Afasto-me dele e dirijo-me até o corredor dos quartos. Olho em volta e as mulheres sorriem para mim, acenam, e incentivam-me entra em seus quartos. Mas nenhuma delas é ela.

Escolho o primeiro quarto, deito-me na cama, e espero por ela, mas ela nunca mais chega, e já passaram 5 segundos, 1 minuto, 13 minutos, 25 minutos… Estou cansado de esperar.

Levanto-me e de repente ouço uma batida na porta. Mando as meninas entrarem. Elas entram e me entregam a corrente. Elas saem, eu puxo a corrente e ela entra. Mas há alguma coisa estranha nela. Altura. Ela não era assim tão alta.

O véu preto cobre o seu rosto, e eu tenho a certeza que ele esconde uma estranha e não Juliette. Arranco o véu e vejo uma mulher com longos cabelos negros e olhos cinza.

– Vá chamar o seu amo. Eu e ele precisamos de ter uma longa conversa.- Ordeno, e a mulher sai a correr.

O dono entra no quarto assustado.

– Onde esta Juliette?- Berro e Dono nem se quer olha para mim.- Eu irei destruir este lugar até encontrar Juliette.

– Juliette foi vendida.- Ele murmura, mas eu quero acreditar que ouvi mal.

– Fale mais alto. Eu estou no ponto de perder a minha paciência.- Berro e começo a partir tudo a minha volta.

– Ela foi vendida.- Ele diz com firmeza.

Vendida? Se ela foi vendida eu nunca mais a verei, porque ela pode estar em qualquer canto do mundo. Nunca saberei quem comprou-a, porque o comprador fica no anonimato.

Ela agora é de outro e não minha. Outro poderá toca-la e senti-la, e eu nunca mais poderei tê-la em meus braços.

Eu estou com raiva de mim mesmo porque deixei-a escapar por entre os meus dedos.

Sem Juliette este lugar não tem sentido.

Pego no celular, e ligo para Nakamura que se encontra lá fora.

– Soldado Nakamura, retire toda gente do edifício. – Ordeno, e o Dono faz uma expressão de perplexidade.

Pego num cigarro, acendo-o e sopro a fumaça para o rosto do Dono.

– É melhor o senhor sair daqui.- Sugiro.

– O que Senhor Warner irá fazer?- Pergunta-me com pouco de ronquidão em sua voz.

– Eu irei destruir este lugar.- Respondo-lhe e atiro o cigarro para cima do edredão.

O dono ajoelha-se e súplica, mas eu não gosto de súplicas.

O fogo rapidamente devora tudo sem piedade. O calor torna-se insuportável. E fumo enche os nossos pulmões.

Agarro no Dono e o arrasto para fora do edifício. Ele cai no chão e chora por causa do fim do seu negócio, as meninas juntem-se a ele e também choram.

Enquanto eu observo as chamas engolirem o edifício.

E o meu sôfrego desejo.


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Notas finais do capítulo

Afinal não foi união que atacou a sector C, mas sim as ninfas de Eliane. Pena que Kenji morreu. Vamos fazer um minuto de silêncio por ele.No próximo Capítulo haverá reencontro de Juliette e Warner. Por isso não percam o Capítulo 13 x'DDDP.S---> http://fanfiction.com.br/historia/424310/A_Melodia_Das_Ninfas/ ---> deixo link da minha nova fic :$$



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