O Choro Das Ninfas escrita por Pessoana33


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Novo Capítulo yupi.
Espero que gostem. :))))



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Warner

A ruína por baixo dos meus pés. Vidros quebrados, carros e casas incendiados. O fumo e as cinzas envolvem todo o sector C como um manto quente em dias frios.

As ruas estão abarrotadas de detritos, e há lixo por todo lado. Pergunto-me o que será que aconteceu por aqui. Aposto que se a cidade pudesse chorar, ela choraria. Se pudesse gritar ela gritaria. Se pudesse falar, denunciaria.

Já não parece a mesma cidade que eu conhecia. Antes desta atrocidade, era uma cidade cheia de vida, até havia pequenos meninos que brincavam de soldados pela rua. Hoje não há meninos. Só há soldados. Procuramos por sobreviventes, mas por agora só encontramos cadáveres, e o número aumenta cada minuto que passa. Vidas que viram pó.

Não sei como a União conseguiu destruir um sector inteiro. Desde quando têm tanto poder? Eles são os nadas, os vagabundos da sociedade. Homens e mulheres que nunca serão capazes de gerar novas vidas. São seres humanos estragados. E a sociedade considera-os anomalias. Normalmente o restabelecimento acaba com o mal pela raiz, mas há sempre aqueles que conseguem fugir, e então juntam-se á União. E a União a cada ano que passa torna-se maior, e dia após dia tornou-se o câncer do nosso sistema.

Há dois anos atrás, eles invadiram os laboratórios do sector H2, soltaram todas as ninfas, cobaias e destruíram toda a nossa pesquisa de anos e anos. As ninfas mataram a sangue frio todos que estavam dentro das instalações, desde dos cientistas, soldados e aos seus salvadores. Claro que foi um problema acabar com todas elas. Há medidas que elas saíam para dar de caras com o mundo, elas caíam com o peso das balas.

Será que as ninfas se juntaram á União? Isso explicaria muita coisa, explicaria como eles entraram aqui dentro, e como eles devastaram toda a cidade num curto espaço de tempo. Meros humanos não conseguiriam tal proeza. Era preciso de uma força assoladora para desmanchar tantas vidas e criar um vasto de destruição. Se estiver certo, estas ninfas são diferentes de todas as ninfas que conhecemos. Talvez sejam de um tipo raro. Era impossível uma ninfa comum entrar neste sector sem ser debilitada, porque o C era conhecido como o sector impenetrável. Cada canto da cidade tinha equipamentos apropriados para causar danos irremissíveis na mente de uma ninfa. Elas cairiam no chão como moscas mortas, mas pelos visto “estas” não caíram.

Possivelmente a ninfa de “27 de Outubro” encontra-se junto delas, e talvez ela faça parte da união. Sinto-me empolgado só de imaginar que ela se encontra tão perto que quase consigo sentir minhas mãos sobre ela. Eu deixei-me enganar quando vi Juliette, porque queria acreditar que ela fora aquela que eu procurava, e assim haveria um fim para mim e para ela. Juliette nunca poderia ser uma ninfa, porque ela carrega olhos triste, são olhos demasiados humanos, mais humanos do que os meus. Já não há mais enganos ela não é quem eu procuro. Mas isso não explica o porquê de ela ter o rosto dela. E se ela for irmã ou filha dela? É a única explicação razoável que eu encontro. Mas isso não importa. Eu vou caçar aquela mulher de qualquer forma, e jamais voltarei a ver Juliette.

Caminho pela estrada destroçada e procuro por qualquer pista que me possa indicar o paradeiro dos desoladores, quanto mais rápido encontra-los, mais rápido poderei acha-la. Mas no meio das cinzas e da pedra queimada eu não encontro nada. Tudo foi comido pelo fogo, se houvesse qualquer pista também ela foi consumida.

O novo soldado do meu esquadrão dirige até mim, e reparo que os seus passos são deliberados, normalmente nenhum soldado quer fazer uma caminhada até mim, mas o novo soldado não tem esse problema, ele caminha como se ele não tivesse nada a temer.

Ele pára á minha frente. Levanta o seu rosto, e olha diretamente para mim. Este soldado tem coragem.

– Senhor.- Ele faz continência. – Os superiores exigem a sua presença no edifício governamental.

Olho para sua identificação pregada em seu peito. Nakamura Aito escrito em letras negras. Dou uma boa olhada em seu rosto, e percebo-me que ele tem traços suaves, sua pele clareada, seus olhos negros orientais demasiado dóceis, as maças do seu rosto são saliente, e sua boca é fina e pequena. Se não fosse pelo seu 1.80, seus ombros largos, e seus cabelos excessivamente curtos, eu poderia facilmente confundi-lo com uma mulher.

– Pode ir soldado Nakamura. – Digo, e vejo ele afastar-se.

Eu não confio nele, nem em nenhum dos meus soldados, o único que eu posso confiar é no Delalieu, mas infelizmente, ele ficará preso numa cama de hospital por 3 semanas, por isso foi necessário substitui-lo pelo soldado Nakamura, porque ele foi o melhor soldado na escola militar, e Adam insistiu em tê-lo no nosso esquadrão. Porém eu não gosto dele, porque ele tem algo dentro dele que não me inspira confiança.

Dirijo-me até ao edifício governamental. Observo-o do lado de fora. É o único edifício em pé. Intato. As bandeiras do restabelecimento balançam com o tocar do vento.

Dezenas de soldados estão parados em frente ao portão principal. Eles olham para mim, reconhecem-me e num movimento sincronizado todos eles fazem continência.

Entro dentro do edifício, e uma sensação de nostalgia toma conta de mim. Vejo a imagem de um menino de 8 anos a correr por esse enorme corredor. Ele pára no fundo do corredor. Sorri, e grita: “Eric, Adam, vocês são demasiado lentos.” E a imagem desfaz-se como a fumaça. Fecho a minhas mãos em punho ao lembrar dos tempos perdidos.

Piso o tapete vermelho que estende-se por todo o corredor. Olho para paredes brancas cobertas por quadros descomunais de antigos líderes da nossa nação. Paro em frente ao quadro de uma família feliz. Seus sorrisos alargados. Meu pai, minha mãe, Adam, eu e Eric. Uma família desfeita. Minha mãe e Eric não existem mais. Eu sou causa de eles não existirem. Fui eu que acabei com as vidas deles. Pergunto-me como seria suas vidas se eles não tivessem morrido. Como seria rosto envelhecido da minha mãe? E Eric seria um bom soldado? Sinto falta deles.

– Eric era um bom menino. Seria um homem bondoso, mas morria de qualquer forma.- Ouço a voz arrogante do meu pai.

Senhor Anderson olha fixamente para o quadro, mas ele não sente saudades do passado, nem remorsos, nem angústia, não sente nada. Ele é um homem frio, calculista que nada sente.

– É bom ver-te filho.- Ele deixa o quadro e seus olhos gélidos pousam em mim.- Ouvi dizer que andas fazer um ótimo trabalho, isso deixa-me orgulhoso.

– Afinal de contas eu sou como você pai, um homem cruel e desprezível. Você, realmente deve sentir-se orgulhoso porque sou a cópia perfeita do Senhor.- Cuspo as palavras, mas o meu pai não se abala, apenas gargalha.

– Nós somos sobreviventes num mundo deformado filho, os mais fortes predominam, enquanto mais fracos morrem.- Ele aponta com o dedo para rosto pintado de Eric.- Ele era um fraco, e não devias de te sentir culpado pela morte dele.

– Eu matei-o. – Berro.- Eu matei a minha família. Isso pesa na minha consciência. Sabe há quantos anos eu não durmo uma noite inteira? Claro que não sabe, porque você nunca se importou comigo, e aliás você nunca se importou com sua própria família. Você só se importa consigo mesmo.

– Família é só um adereço, o que realmente importa é o poder.- Senhor Anderson boceja como se esta conversa não tivesse sentido nenhum.- Ouve o que te digo se queres chegar algum lado, tens de deixar para atrás esse negócio de família, essa bobagem de sentimentos. Se não ficarás pelo caminho, filho. – Ele caminha para sala principal, mas pára, olha para mim por cima do seu ombro e diz:- Falando em família. A senhorita Ermeson espera por ti no teu sector.

Esmurro a parede á minha frente.

Respiro fundo e sigo o meu pai.

***

Entro dentro da sala principal, e vejo um punhado de soldados com armas em suas mãos, e os superiores estão sentados em frente de uma longa mesa branca, todos eles estão vestidos de preto, meu pai junta-se a eles, porque ele também é um superior. Procuro pelo líder do sector C, mas não o encontro, mas se Marie esta em segurança, toda sua família também deve estar.

– Como podem ver o sector C foi destruído pela união, e ao que parece as ninfas de juntaram a eles, e estas ninfas são diferentes, estas ninfas são letais, não temos qualquer pesquisa a cerca delas. – Diz um dos superiores.- As camearas que estavam espalhadas por toda cidade foram destruídas, mas conseguimos reconstrui uma imagem a partir de uma das camearas. – Ele aponta para o ecrã atrás dele, e aparece a imagem desfocada de uma ninfa, e a única coisa que eu reparo é nos cabelos brancos.

As minhas suspeitas foram confirmadas. Ela esteve aqui. Ela esta tão perto.

– Como podem ver uma antiga ameaça ressurgiu. Estamos lidando com a ninfa de “27 de Outubro”. – Continua o superior.- A nossa única esperança é o Senhor Warner que foi único que sobreviveu ao ataque 27 de Outubro.

Todos olham para mim como se eu fosse uma aberração, porque todos eles conhecem a minha história, ou uma parte dela. Meu pai olha para mim e sorri, porque só eu e ele sabemos o que realmente aconteceu naquela noite. Eu escondi deles outra metade da história, na verdade a parte mais “divertida”.

– Eu farei o possível e o impossível para captura-la.- Digo de forma monótona.

– Nós a queremos viva.- Informa-me o Senhor Thomas.

– Não posso prometer isso.- E um sorriso presunçoso forma em meu rosto.

– Warner.- Repreende o meu pai.

– Esta reuniãozinha terminou para mim.- Levanto-me, mas quando estava para sair o soldado Nakamura entra, e sussurra no meu ouvido que eles capturaram um membro da União.

– Ao que parece os meus soldados capturam um membro da união. Agora se me dão licença tenho mais do que fazer.- Saiu da porta e fecho-a atrás de mim. Ouço os superiores indignados, mas eu não me importo, porque nunca me importei com eles, e muito menos sigo as suas ordens. Eu só sigo o meu instinto.

***

Olho para o suspeito sentado á minha frente. Seus braços e pernas estão presos por correntes. Seu lábio sanguentado. Seu olho direito tem um hematoma roxeado. E ele alterna o seu olhar entre mim e o soldado Nakamura.

– Qual é o seu nome?- Pergunto-lhe, mas ele não me responde. – Quando lhe fizer uma pergunta eu quero uma resposta.- Esmurro a sua boca, e ele cospe sangue no chão.

– Kenji. O seu nome é Kenji.- A resposta vem do soldado Nakamura, olho para ele com curiosidade, mas ele continua inalterável no seu lugar.

– Como sabe o nome do prisioneiro soldado? Por causo você conhece-o?- Pergunto-lhe de forma acusatória, ele olha para mim ofendido e responde:

– Sim. Eu conheço.

– Sabe soldado, eu posso acusa-lo de traição por associação com os rebeldes.- Minha voz sai áspera.

– Eu nunca dei motivos para suspeitarem de mim. Eu sempre vivi pela causa, e nunca iria trair o restabelecimento. Minha única família é o esquadrão, e darei minha vida pelo senhor. – Ele diz essas palavras com convição.

– TRAIDOR.- Berra o prisioneiro. – Tu traíste a tua família por isto? Não me faças rir.

– Como eu acabei de proferir a minha família é o meu esquadrão.- Nakamura fala diretamente para o prisioneiro.

– Eu estou cansado da vossa reuniãozinha familiar. Vamos ao que interessa. – Fixo o meu olhar no prisioneiro.- O que a União pretendia ao tacar o sector C? O que eles pretendem? – Bombardeei-o com perguntas.

Mas ele não responde a nenhuma delas.

– Você, esta testar a minha paciência? – Rujo.

– Ela avisou-me que você estoura com muita facilidade.- Ele gargalha.

– Ela quem?- Pergunto-lhe, e o meu sangue ferve-me nas veias.

– Não acredito que você esqueceu-se dela, mas não se preocupe ela não se esqueceu de você.

– A onde ela esta?- Berro e seguro pelo seu colarinho.

– Em todo lado, em lado nenhum.- Posso ouvir o divertimento em sua voz.

Recomponho-me. Ordeno que os soldados soltem o prisioneiro.

O prisioneiro olha para mim confuso. Ponho o braço direito em volta do seu pescoço. Ele tenta soltar-se, mas devido á sua debilitação, ele não consegue debater-se contra mim. Arrasto o seu corpo até á sala de tortura. Chego perto do poço e mergulho sua cabeça em águas geladas. Deixo-o refrescar as suas ideias. Retiro a sua cabeça no poço. Ele respira com dificuldade.

– Agora você vai-me dizer a onde ela esta.- Falo entre os dentes.

– Você sabe há quantos dias eu não tomo um banho? Realmente, eu precisava de um.- Ele diz as palavras despreocupadamente.

Mergulho novamente a sua cabeça dentro do poço. Demorados segundos passaram e ele continua dentro de água. Seu corpo fica frouxo. Retiro sua cabeça. E ele respira como se ele fosse roubar todo ar do mundo.

– Você … pode-me matar, mas …se eu morrer … você nunca a… encontrará. – Ele profere as palavras com dificuldade.

Ele tem razão. Se ele morrer ficará difícil encontra-la. E eu preciso dele se quero acha-la.


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Notas finais do capítulo

Novos personagens apareceram. Quem será esse Nakamura? E Kenji realmente conhece a ninfa 27 de Outubro? E o que afinal aconteceu nesse dia? Quem é essa ninfa? E Warner matou a sua família?
E quem será a Merie Ermeson? Que ligação ela tem com Warner?

Se querem respostas têm de esperar pelos próximos capítulos.

No próximo Capítulo Juliette irá tentar fugir. Será que ela conseguirá?