– Ryuuji? - Taiga diz em uma voz extremamente baixa
Ela se enrola nas cobertas e sai andando pela casa. Em cima da mesa havia um bilhete de sua mãe dizendo que ela estava viajando à trabalho. Taiga continua andando pela casa em total escuridão.
"Desde o dia em que eu resolvi deixar todos para trás, eu não me sinto mais a mesma. Meus amigos não estão mais ao meu lado, nem mesmo o Ryuuji. Ryuuji... O que você está fazendo? Como você está? Há tantas coisas que eu quero falar com você."
Taiga encontra a varanda e fica um tempo lá sentada observando as pessoas e os carros que passavam pelas ruas.
– RYUUJI!!!! - Ela grita com toda sua força e continua a gritar inúmeras vezes sem se importar com a vizinhança.
– O que você está fazendo Taiga? Ele não vai vir só por causa dos seus gritos. - Ela diz para si mesma.
Taiga acaba dormindo na varanda mesmo. Ela é acordada pelo barulho da campainha. Ela levanta em um pulo, se troca rapidamente e escova os cabelos correndo, enquanto pensa:
"Será? Não é possível! Você me escutou?"
Ela abre a porta esperando por ele, mas não era nada mais que o zelador reclamando de seus gritos na noite passada. Ela fecha a porta e desaba em lágrimas, ela pega seu celular e fica olhando para ele fixamente.
– Essa porcaria de celular novo, por que ela jogou o velho? Eu nem pude pegar meus contatos... Já fazem 15 meses que não nos vemos. Baka Inu, ele tinha que vir correndo quando eu chamasse...
Ela começa a chorar novamente.
Depois de 2 dias a mãe de Taiga chega em casa.
– Oka-san, eu posso ir até a minha escola antiga tentar encontrar meus amigos?
– De jeito algum! - Ela responde de uma forma rude.
Taiga fica com medo do tom de voz de sua mãe e esta nota pela feição da filha.
– Querida, não foi isso que eu quis dizer, eu quis dizer que você precisa ir pra sua escola nova, desapegar de coisas velhas, fazer novos amigos.
Taiga entendeu muito bem o que sua mãe queria: separar ela do Ryuuji. Sem dizer uma palavra, ela se trancou em seu quarto.
Sem pensar duas vezes, Taiga decidiu fugir de casa. Arrumou suas malas e pulou pela janela, mesmo estando no 5º andar, ela pulava de varanda em varanda até chegar ao chão com segurança.
Ela não sabia nem por onde começar, afinal, ela estava morando em uma cidade que ela nunca conheceu.
Taiga passou horas e horas vagando pela cidade, ela não encontrava nenhuma estação de trem, nem mesmo um ponto de ônibus, e todas as pessoas da cidade não sabiam como ir para sua antiga cidade, como se toda a população nunca tivesse saído daquela pequena cidadezinha com cerca de 10.000 habitantes.
A noite estava se aproximando, Taiga não sabia mais o que fazer, não se lembrava do caminho para casa, não sabia onde estava e não havia ninguém naquela rua deserta. A única coisa que ela pôde fazer foi sentar-se no chão e descansar os pés que a levaram o dia inteiro.
Anoitece e a única fonte de luz por perto estava em cima de Taiga, um pequeno poste de luz que estava falhando. Ela fica o tempo todo com a cabeça abaixada, quando ela sente um toque em suas costas. Ela levanta rapidamente sua cabeça, mas não vê nada.
– T... Tem alguém ai?
Sem respostas, Taiga começa se assustar, e não tinha ninguém para estar ao seu lado.
– Taiga-chan - uma voz suave chama Taiga, mas não se vê nada.
– Quem está ai? - Taiga já estava morrendo de medo.
– Eu só quero ajudar você, Ryuuji está preocupado, ele sente que você está em apuros.
– Como você sabe disso?
– Eu o vejo, e ele não está longe, ele está chegando até você, tenha paciência.
– Mas... - um vento forte interrompe a fala de Taiga
Com aquelas palavras ela consegue dormir no gramado de um pequeno terreno que estava próximo.
No dia seguinte, Taiga acorda com alguém chamando seu nome:
– Taiga!!!! Taiga!!!!
Sem dúvida alguma era Ryuuji, ela reconhece e começa a responder aos chamados:
– Ryuuji!!!! Ryuuji!!!!
Ela começa a correr seguindo o som da voz de Ryuuji, em poucos minutos, que pareciam uma eternidade, eles se encontram e se abraçam.
Entre lágrimas Taiga diz:
– Ryuuji baaaka!!! Você me deixou sozinha.
– Agora estamos juntos, isso que importa, eu não vou deixar mais ninguém nos separar, nem sua mãe, nem ninguém.
Taiga começa a abraçá-lo mais e mais forte, como se esse fosse o último momento de suas vidas. Eles se soltam, trocam olhares durante segundos e não conseguem se conter, trocam um beijo doce, longo e o mais importante: um beijo cheio de saudades, como se naquele beijo eles conseguissem contar tudo sobre os 15 meses que ficaram longe um do outro. Eles se separam, trocam olhares novamente e caem no gramado que parecia mais bonito após o encontro dos dois.
– Ryuuji, me promete nunca mais me deixar sozinha?
– Prometo com todas as minhas palavras que eu nunca vou deixar você sozinha, nunca vou te abandonar, nunca vou te trair, nunca vou fazer nada que não tenha você em meus planos.Por isso... casa comigo?