Sob O Quase Mesmo Céu De Agosto escrita por Little J


Capítulo 1
Sob o quase mesmo céu de agosto


Notas iniciais do capítulo



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É um fim de tarde de agosto, e os últimos e fracos raios de sol cortam as nuvens, que mais parecem flocos de algodão doce em diferentes formatos – você é capaz de arriscar dizer que muito possivelmente há um zoológico pairando no céu – dançam por entre as frestas das árvores. Uma fotografia ainda marcada com a suave brisa que a tarde de inverno apresenta.

Recostada em uma árvore você percebe que o parque já está esvaziando; crianças, homens e mulheres seguem agora escapando, antes que a imensidão lunar caía como um manto sobre suas cabeças. Você sabe que deveria estar seguindo o exemplo das demais pessoas, afinal nem você, e muito menos a pessoa que fez do seu peito um confortável colchonete, estão agasalhadas o suficiente para encarar o anoitecer frio que se aproxima. Você sorri com a ideia de que é muito mais confortável encarar essa noite do mesmo jeito que se encontram agora, com a diferença de estarem em frente a lareira da sua sala de estar, com um bom vinho do porto, e talvez alguns marshmallows.

Você fecha os olhos, e deposita um suave beijo nos cabelos da garota deitada sobre você, inspirando o doce aroma do shampoo dela. Você ama esse cheiro. Suas pálpebras se fecham ao apertar ainda mais seus braços em volta dela, e ainda se surpreende e encanta o quão bem vocês ficam juntas. Um arrepio gostoso percorre seu corpo ao sentir a carícia que ela faz nas suas costelas; você reprime uma risada porque sabe que ela quis te fazer cócegas, e você não quer dar essa vitória a ela agora.

No entanto, sua tentativa de evitar o suspiro quando ela aplica um beijo casto no seu pescoço, falha consideravelmente. Porque pescoço é golpe baixo. Não que você esteja realmente a advertindo, afinal, como não amar isso?

Você agora sente aquela pequena mão fazendo carícias no seu rosto, e quando o polegar dela contorna seus lábios, você deixa um beijinho nele. E mesmo de olhos fechados, você jura que pode sentir o sorriso se fazendo presente no rosto dela. E sequer pode parar o seu. Então abre os olhos e se depara com aquelas duas grandes orbes castanhas, como chocolate derretido, brilhando para você. Só para você. Você aproxima seus rostos, e dá um selinho demorado nela. Seus narizes se acarinhando, antes de voltarem a se afastar.

“Melhor irmos, pequena. Já está anoitecendo e claramente não estamos preparadas para ficar aqui fora.” Você sussurra, enquanto que com uma mão desliza suavemente pelo braço exposto de Rachel, sorrindo quando vê os pelos se arrepiando ao seu toque.

   “Mhum... mas já? Queria ficar um pouco mais, estou muito confortável aqui.” Fala a morena antes de esconder o rosto na curvatura do seu pescoço.

Você ri com o quão adorável sua garota é.

“Eu sei, amor. Eu também gostaria. Mesmo estando possivelmente com parte do meu corpo anestesiado porque certa pessoa resolveu fazer dele sua almofada pessoal.” Você morde o lábio para frear a gargalhada que parece querer derramar de você ao ver o quão rápido a morena deixou de tentar se fundir com o seu pescoço e agora te olha com uma falsa aparência de indignação.

“Reclamando, Q? Sério?” Rachel fala, cutucando suas costelas e te fazendo rir um pouco.

“Claro que não, amor. Adoro ser sua almofada pessoal.” Você pisca para ela.

“Hum, acho bom mesmo, Fabray.” Rachel sussurra sobre seus lábios, enquanto aperta-os para formar um beicinho e te beija.

E você sente que poderia mesmo ficar ali para sempre. Numa tarde tranquila e repleta de mimos com a sua menina nos braços. Porque não há qualquer outro lugar do mundo que você queira estar que não seja os braços dela.

“Sério Rach, nós precisamos ir. Podemos continuar desse mesmo jeito lá em casa, num lugar mais aquecido.”

“Promete mesmo?” A morena diz fazendo um beicinho adorável. Parece uma criança.

“Prometo, pequena.”

E ela abre aquele sorriso lindo que só ela tem. Eu poderia ficar olhando para esse sorriso sempre. Rachel deixa mais um beijo sobre seus lábios antes de se afastar e se colocar em pé, fazendo uma careta ao sentir uma rajada de vento balançar seus cabelos, e cruzar os braços sobre o próprio peito, correndo as mãos numa tentativa de se manter aquecida.

Você se dá um momento para observar a mulher à sua frente. O quanto suas feições, seu corpo, seu cabelo, sua beleza exterior faz jus à grande e maravilhosa pessoa que é. Um encanto. Então flashes de como tudo começou passam a deslizar pelos seus olhos. A primeira vez que realmente se viu encantada por ela; o quanto aquele sorriso fazia disparar o seu coração; o quanto a voz forte e ao mesmo tempo suave te arrepiava e te deixava hipnotizada; o quanto aquelas pernas te enlouqueciam; o quanto aquela marquinha na testa (agora escondida pela franja) te fazia querer beijá-la bem ali.

Flashes dos toques inicialmente sutis entre vocês te despertavam sensações até então nunca vividas; as saudades que tinha por não falar com ela alguns minutos que fossem; a vontade de sempre querer estar do lado; te ser o motivo daquele sorriso. Flashes da confiança e da cumplicidade que criaram com o tempo; flashes dos momentos que a vontade de dizer o “eu te amo” depois de cada “boa noite, e se cuida” se fazia presente.

É impossível frear o sorriso bobo e apaixonado do seu rosto quando o flash do primeiro beijo se faz presente na sua mente. Como da primeira vez, você sente seu coração bater como se fosse saltar do peito toda vez que vocês se beijam. Todos os clichês possíveis acontecendo com você.

Foi numa mesma tarde de agosto, como a de hoje, no mesmo parque onde vocês estão agora. Você tem a certeza de que caso queira, pode ainda encontrar a inscrição feita em um tronco de uma árvore desse parque, a que fica próxima do lago, onde há um canteiro de flores silvestres.

Você sorri com a lembrança porque foi lindo. Tudo com Rachel é sempre lindo.

Você está tão perdida em seus devaneios e em olhar sua namorada, que leva um tempo para notar que ela está te encarando com uma sobrancelha arqueada. Definitivamente, hábitos de convivência. Mas você só desperta mesmo quando a sente dar um chute leve na sua perna.

Q! Olá! Você aí traga a minha namorada de volta, por favor.” Rachel dispara na sua direção com um sorriso brincando na face.

Você sacode a cabeça, ainda sorrindo com suas lembranças, antes de piscar em direção à morena.

“Então, vamos ou não?” Rachel questiona, estando a mão para você segurar.

Você segura a mão dela e pode sentir a sempre tão presente corrente elétrica que parece unir vocês duas. Deixando-as mais fortes do que nunca.

Vocês sorriem uma para a outra, e antes de voltarem para casa, se permitem se achar uma na outra num beijo que faz o amor transbordar do coração de vocês e se alastrar por toda a corrente sanguínea.

Ao caminharem para casa, você se apaixona novamente pela silhueta da garota cantarolando ao seu lado.

Segurando uma a mão da outra. Como deve ser. E como sempre vai ser.


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