O Diário De Minha Mãe escrita por monizegiovanaz


Capítulo 1
Um encontro dolorido


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira fanfic, espero que gostem!



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Olá! Me chamo Atena. Sim, esse é meu nome. Minha mãe é fanática por mitologia grega. Tenho um irmão chamado Apolo e nosso cachorro se chama Zeus. Todos os animais da fazenda de meu avô tem um nome do tipo. Só para ter uma noção a vaca que todos queriam o clássico “Mimosa”, ela quis Hera. O bode Grover. O cavalo Quíron. E insistiu para que o nome da fazenda fosse “Benção de Deméter”. Vovô não entendeu, é claro! Preferiu que se chamasse Alegria.

            Não consigo falar de mamãe sem falar em papai. Ah, ele é o máximo! Devem estar imaginando quem é o louco que casou com minha mãe, e ainda por cima deixou e aprovou nossos nomes: Apolo e Atena. Só não colocaram Ártemis, que na mitologia grega Apolo e Ártemis são gêmeos, porque mamãe não quis. Disse que eu iria ter relacionamentos com homens sim, o que meu pai não aprovou. Ele é outro maluco, e a ama como ninguém. Além de marido e mulher, são amigos e se entendem super bem.

            Uma vez mamãe me contou que o casamento dos dois foi decorado em estilo grego. Havia colunas gregas em torno do altar, muitas flores e cores. A única coisa que não fizeram no casamento foi o “enguíesis”, o contrato no qual o pai da noiva propõe os dotes que deveria receber. E, é claro, não houve escolha do noivo. O casamento foi por amor. Foi em um domingo, em janeiro, o mês da fertilidade.

            Os convites foram entregues à mão, juntamente com um doce e flores. Segundo a tradição, mamãe ofereceu aos deuses na noite anterior seus brinquedos e antigos objetos que simbolizavam sua infância, juntamente com um cacho de seus cabelos.

            No dia da cerimônia houve um banho para a purificação, que também simbolizava a fertilidade. Meu pai estava com uma túnica de lã e mamãe estava incrível. Adornada com coroas, perfumada com óleo de mirra e vestida de maneira deslumbrante, ela tinha a intenção de seduzir papai, como se ele já não estivesse completamente apaixonado.

            A festa era na casa das duas famílias, com banquetes, muita música e muita dança. No final, mamãe foi levada para a casa que seria dos noivos, onde quebraram um prato na soleira da casa para espantar os maus espíritos e atiraram em cima do telhado um pedaço de ferro para dar força à união.

            Dois anos depois, mamãe engravidou. Eram gêmeos: Apolo e Atena. Nós não conseguimos nos entender nunca. Minha mãe diz que brigamos tanto porque somos parecidos um com o outro, literalmente, e não sabemos lidar com isso ainda.

            Apolo ama poesia, toca guitarra, teclado e bateria. E não por ser meu irmão gêmeo, mas ele é lindo! Olhos e cabelos escuros, pele morena, sobrancelhas grossas, olhar arrebatador e um sorriso de arrasar! Pena que comigo é chato pra caramba! É garotas, apesar de não ser filha de Afrodite, eu lhes digo: todas as garotas querem ser minha cunhada.

            Eu também gosto de poesias, e gosto de música, mas não sei tocar nenhum instrumento. Minha verdadeira paixão herdei de minha mãe, mitologia grega, ah, e é claro, Percy Jackson e Companhia Limitada.

            Quando eu e minha mãe nos juntamos, sai de perto! Monstros, titãs, deuses e heróis vêm à tona. Podemos ficar horas e horas conversando sobre isso, mas é claro, sempre tem uma faxina para atrapalhar.

            - Tá bom mãe, já estou indo!

            - Já disse, seu irmão deixa bagunça por todo canto! – falou mamãe.

            - Sim, eu sei, mas essa aqui foi a pior de todos os tempos – disse, abrindo a porta da garagem.

            Vocês não queiram ver o que meu irmão fez. Banda de garagem sempre rola bagunça, mas não daquele jeito.

            - Por Hades, eu mando seu irmão pro Mundo Inferior!

            Quando mamãe coloca algum deus grego no meio da história, é porque ela está falando sério.

            A garagem em uma hora de ensaio virou um depósito de latas de Coca-Cola, fios elétricos, caixas, pacotes de salgadinhos, e muitas, mas muitas bolinhas de papel.

            - Ai mãe, sério, não quero arrumar isso!

            - Pelos deuses, nem eu! Mas se não arrumo, ninguém arruma. Sou tudo eu nessa casa!

            Mães sempre partem pro drama e falam essa frase. Vem o remorso depois dela. Deixar minha mãe limpar a garagem sozinha? Não, eu iria ajudar.

            - Bem, por onde começamos? – falei super desanimada.

            Meu irmão tem uma banda de rock. Eu curto, mas não o pós-ensaio. São seis garotos, um mais esquisito que o outro, tirando meu irmão e o Peter. Aquele garoto é o único que consigo manter uma relação amigável. Ele é meu melhor amigo, mas gosta de mim além do que deveria. Sinto que o que ele sente por mim é verdadeiro.

            Os outros meninos da banda me irritam! Ficam me incomodando o tempo todo. Lindinha, gostosura, docinho, delícia e outros adjetivos apelativos são as únicas palavras que conseguem dizer para mim. Sei que isso deixa Peter profundamente estressado.

            Comecei organizando as caixas e jogando fora as latas e os papeis amassados. Tirei o pó de algumas prateleiras e não! Não! Não!

            - Ah! Socorro! Socorro! Aaaaaaaah! Socorro mãe! – foi nessa hora que consegui deixar a garagem pior do que estava. Pisei em caixas, revirei o lixo, derrubei livros e caí por cima de um baú, machucando seriamente meu ombro. Tudo isso por uma aranha minúscula.

            Minha mãe, em vez de me ajudar, olhou para mim com os olhos brilhando:

            - Que orgulho! Tem fobia de aranha assim como os filhos de Atena! – fungou mamãe e por pouco não foi buscar a câmara fotográfica para registrar esse momento.

            - Ai mãe, me ajude aqui! – falei com muita dor em meu braço – Nossa, do que esse baú é feito? Cimento?

            - Deixa ver esse ferimento meu bem...

            Teoricamente minha mãe é filha do meu avô, mas disse que seu verdadeiro pai é um deus olimpiano, sendo assim, ela seria uma semideusa, filha de Apolo, o deus do Sol e também da medicina, música, poesia e busca intelectual.

            - Alguns dias com um hematoma aqui querida, logo passa. Não foi nada muito grave, mas é preciso cuidado, sim? – disse A filha do deus da medicina.

            - Ai, ta bom! Me ajude a levantar, por favor! – em seguida consegui me reerguer – Que baú é esse mãe?

            - Ai filha! Nem tinha me lembrado que o deixei aqui! Guardo tantas recordações neste baú... – responder ela abrindo-o.

            Aquele baú tinha cheiro de Capricho Rock. Estava recheado de objetos de mamãe, todos de sua juventude.

            - Por Hebe! Olha o que achei!

            Sentei no chão com o braço já medicado. Mamãe começou a me mostrar tudo o que tinha naquele velho baú.

            - Essa pulseira ganhei do meu primeiro namorado. Se seu pai descobre isso... Minha coleção de miniaturas mitológicas! Olha! Vinte e oito delas! Naquela época era extremamente raro!

            - E isso mãe, o que é? – falei, pegando um caderno pequeno, porém muito grosso. Era lindo, com desenhos e folhas coloridas. Com uma letra exemplar, momentos diferentes e estranhos foram ali narrados.

            - Isso foi meu diário! Comecei a escrevê-lo com doze anos e terminei quando engravidei de você e Apolo. Depois que vocês nasceram seus pestinhas, nunca mais escrevi. Na mudança para nossa casa nova, acabou parando aqui.

            - Posso? – pedi com carinho.

            - Se você me prometer que não vai fazer as mesmas burradas que eu fiz...

            - Ai, ta bom!

        - Vamos cuidar desse braço, por Apolo! A faxina deixa comigo! Tenho uma leve impressão de que esse diário vai te manter ocupada por vários dias...


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?
Preciso de críticas e elogios hein?
E comentários, claro!