A densa neblina fazia aquela estranha cidade ficar ainda mais sombria e assustadora. O homem loiro continuou caminhando pela estrada, passou a mão pelo cabelo e sentiu o sangue quente umedecer seus dedos. Fez uma careta de dor e levantou o olhar ao vislumbrar uma enorme placa de madeira. Nela estavam as palavras que ele jamais esqueceria:

“Bem vindo a Silent Hill”

Algumas horas antes...

O impala seguia pelas ruas em alta velocidade, o maldito fantasma não tirava sua força do acelerador do carro. Dean tentava de todas as formas se livrar daquela pressão, evitando por diversas vezes um acidente fatal contra alguma árvore ou qualquer coisa sólida, que viesse de encontro ao carro. Momentos como esses, era adrenalina aos irmãos Winchester, e foi então que, o espírito mudou sua tática e resolveu desferir golpes no peito do motorista.

— Maldita! — Dean Winchester agora via o seu sangue manchar sua camisa estampada, a dor o fez apertar os dentes e antes que a “coisa” o tirasse da jogada, o loiro viu o espírito gritar e desintegrar-se em fogo — Valeu Sammy! — o orgulho em sua voz era nítido em relação à façanha do irmão mais novo em acabar com o espírito a tempo.

O mais velho parou o carro e atirou o corpo no banco, suspirando e voltou seu olhar para seu peito.

— Vadia! Estragou uma camisa novinha! — o loiro voltou a ligar o carro e seguiu em direção ao cemitério a sua frente. Nesse instante seu celular começa a tocar.

—Mandou bem maninho — o loiro falou sorrindo — Estou bem, foi por pouco mas, esse seu plano idiota deu certo. Estou a dez minutos daí, já te alcanço — Dean desligou o celular e atirou-o no banco passageiro.

Sam olhou o celular ficar mudo e recolocou-o no bolso, o suor estava escorrendo de sua face. Atirou a pá no chão e ficou olhando as labaredas devorarem aquele corpo ou o que sobrara da ossada do fantasma da estrada da morte.

O Winchester mais novo voltou a olhar o celular, já se passaram meia hora desde a última ligação que fizera ao irmão, ele lhe havia dito que estava perto. Porque a demora? Resolveu ligar.

“ Você ligou para Dean Winchester...”

Sam sentiu um arrepio passar pelo seu corpo, alguma coisa estava errada. Algo havia acontecido com o irmão e determinado seguiu em direção a saída do cemitério.

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Dean abriu os olhos, depois que fizera a ligação ao irmão e desligara. Tudo ocorreu rapidamente, em um segundo estava no controle do impala e no outro estava desviando de uma motoqueira bem a sua frente, fazendo-o atravessar a estrada e bater de encontro ao muro de pedras. Provavelmente perdera a consciência, não soube precisar por quanto tempo esteve desmaiado. O celular estava sem sinal, o carro não voltou a funcionar. E como caçador experiente, entendia muito bem aqueles sinais. Resolveu sair e vasculhar o local.

“Bem vindo a Silent Hill”

— Que droga de lugar é esse? Não vejo quase nada com essa maldita neblina! É melhor eu voltar para a minha baby — Dean voltou-se em direção ao impala e uma risada infantil chamou sua atenção.

Voltou seu corpo na direção do som e viu o vulto de um garotinho correndo e desaparecendo na densa névoa. E em seguida um grito. Grito esse que não lhe era desconhecido.

— Merda, e essa agora! — o loiro empunhou a arma e correu em direção onde o garotinho havia corrido.

Atento o loiro seguiu em frente, olhou mais uma vez para a placa de madeira que balançava sobre duas correntes enormes e enferrujadas. Aquele som se repetia de quando em vez, o estranho é que não havia vento para que aquela pesada placa continuasse balançando. O rapaz sentia até a raiz de seus cabelos, que aquela cidade era amaldiçoada, caso contrário onde estariam os habitantes daquele lugar, tomado pela maldita neblina? Onde estaria a motoqueira que ele quase atropelou? E aquele garoto, sozinho? Tantas perguntas, todas sem respostas. Pensou em Sam, logo seu irmão o acharia, não tinha dúvida quanto a isso. Se alguém era capaz de achá-lo, esse alguém era Sam Winchester.

Continuando sua busca pelo menino. O loiro pára subitamente e olha para seu ombro. Não era apenas uma neblina, era neve que caia um pouco mais densa. Seus dedos encontraram a neve.

— Mas que droga é essa! Fuligem? — o loiro esfregou a fuligem entre os dedos e levou-a ao nariz, o cheiro era repulsivo.

E para piorar ainda mais a situação, Dean ouve uma espécie de sirene. O som estava tão forte que ele levou as mãos aos ouvidos. E correu para perto de um hospital, ao qual o mesmo garoto de poucos minutos atrás, entrava pela porta semi aberta.

— Hey, garoto! — Dean gritou seguindo por onde o menino adentrara, sem perceber que tudo a sua volta estava se modificando.