Alguns minutos depois, Admeto decidiu ir ter com as raparigas à cozinha. Voltou a ter o seu ar severo e caminhava pesadamente.

Lá, as duas jovens riam e conversavam alegremente. Ao ver Admeto a entrar, Anna calou-se e olhou para o seu prato vazio.

- Flora, posso falar contigo? – Disse no seu típico tom rude.

- Claro.

- A sós.

- Não, o que tiveres para dizer, dizes à frente dela. – Olhou para Anna e depois novamente para o irmão.

Admeto fitou Anna.

- Como queiras. – Fez uma pausa. – Sentes isto?

Flora ficou calada, séria e concentrada. Anna não percebia o que se estava a passar. Não sentia nada. Mas aparentemente, Admeto e Flora sentiam.

- O que se passa? – Perguntou Anna, quebrando o silêncio da cozinha.

- Algo se aproxima. Algo terrível e perigoso. – Explicou Flora olhando para ela.

Anna olhou para ela quase sem respirar. Começou a sentir-se inundada por uma onda de puro medo.

- O… O que vamos fazer? – Engoliu a seco e tentou parecer forte.

- Temos que te tirar daqui. – Replicou Admeto rapidamente, perdendo o seu ar rude. Agora parecia verdadeiramente preocupado com Anna.

- Ir embora? Para onde?

- Longe. – Respondeu Flora. – Vamos levar-te para um local onde estarás segura. Garanto-te isso.

Anna olhou para Flora e depois para Admeto. «Largar tudo e fugir… Tenho medo…», pensava.

Flora preparava-se para os transportar, as suas mãos brilhavam, quando Admeto a agarrou bruscamente no braço.

- Não. É demasiado tarde. Se formos agora, vão nos encontrar. Temos que ficar e lutar.

- Ficar e lutar? – Exclamou Anna com medo.

Flora olhava o irmão, séria. Acenou com a cabeça e Admeto largou-a.

- Vamos lutar. – Afirmou Flora.

Os dois irmãos olhavam para Anna, vendo a jovem terrivelmente assustada.

- Tenho um plano. – Concluiu Admeto, com um pequeno sorriso matreiro nos lábios, olhando nos olhos de Anna.