- Eu devia ir para casa, agora… - Informou Anna quase num sussurro doloroso.

- Claro. Eu acompanho-te. – Disse Flora.

Anna olhou-a de cima a baixo e, depois, para asas.

- Ok… Mas como é que estás a pensar passar despercebida no meio de ruas repletas de pessoas?

Flora esboçou um sorriso matreiro, ergueu a mão na qual surgiu uma luz branca. Anna cerrou os seus belos olhos dourados devido à intensidade da luz e, nesse momento, Flora pousou a mão na cabeça da bela humana.

Ao sentir que a luz desaparecera, Anna abriu os olhos lentamente, acabando por dar um pequeno salto para trás, tendo tropeçado no tapete e quase caindo, ao ver que agora estava em casa.

- Como? Mas… Tu! Eu! Mas nós… A rua! Como é que viemos parar a casa tão depressa? – Perguntava espantada, olhando à sua volta como que para ter a certeza que estava mesmo em casa.

- Eu trouxe-te. – Disse naturalmente. – Aparecemos aqui tal como eu apareci à pouco.

- Uai… Tenho que admitir que é útil. – Sorriu com um ar brincalhão, o que lhe conferia uma aparência ainda mais adorável e bela.

Flora retribuiu um pequeno sorriso e logo em seguida começou a caminhar pela casa, observando cada canto com atenção.

- Vives sozinha. – Começou a dizer. – Os teus pais foram embora quando fizeste 15 anos, deixaram-te sozinha. Agora com 17, continuas sem saber nada deles. Nunca os procuraste também… Estás magoada. O teu orgulho é grande. Não queres ceder à vontade de os procurar.

Anna olhou-a rapidamente. Ela sabia tudo, até mesmo o que ela sentia. Estava boquiaberta e sentia como se alguém penetrasse na sua alma. Flora continuou.

- Tiveste um namorado mas ele só te via como troféu. Durou pouco tempo e, desde aí, nunca mais namoraste. Estás a espera de alguém especial. – Olhou para ela. – Eu sei que irá aparecer o rapaz perfeito. Eu sei muitas coisas. – Sorriu.

Nesse preciso momento, a casa começou a tremer, parecia um tremor de terra. Flora mantinha-se quieta, rondando a sala com os seus olhos. Anna estava assustada, tentando agarrar-se para se manter de pé.

- O que se está a passar? – Gritou pelo meio do ruido de loiças a partir.

Flora revirou os olhos.

- Temos visitas. – Disse séria, virando o olhar para Anna.