- Mantem-te quieto, Admeto. – Disse Flora.

- Eu estou bem. – Dizia-lhe tentando colocar-se de pé.

Admeto gemeu, os seus braços fraquejaram e ele acabou por cair por cima das suas asas.

Anna, sem mais demoras, começou a correr até a casa de banho, voltando mais tarde com uma caixa de primeiros-socorros.

Aproximou-se de Admeto e abriu a caixa, vendo o que lá tinha dentro.

- Isso não é necessário. – Disse Admeto tentando ser rude.

- Está calado! – Ordenou Anna.

Flora conteve uma gargalhada e Admeto olhou-a espantado. Anna retirou algodão e água oxigenada, e desinfetou a ferida profunda. A água borbulhava na ferida e Admeto gemia, tentado aguentar a dor. Assim que o golpe estava desinfetado, Anna colocou uma ligadura à volta do tronco do anjo, cobrindo-lhe a ferida.

- Agora a asa… - Começou a dizer, olhando para a asa de Admeto, que agora estava sentado. A jovem examinou a asa de ponta quebrada. – Já sei.

Anna começou a envolver a parte magoada da asa com uma ligadura um pouco mais larga do que a que utilizara no golpe. Por fim, o jovem tinha sido tratado.

Flora sorriu e colocou-se de pé. Anna guardou tudo enquanto Admeto a olhava, ainda surpreendido.

- Eu vou guardar isso. – Afirmou Flora pegando na caixa. E sem esperar resposta, afastou-se.

Anna manteve o olhar baixo.

- Obrigado. – Disse Admeto num tom meigo. Anna olhou e o jovem sorriu-lhe. – Podes ajudar-me a pôr-me de pé?

A jovem levantou-se e ajudou o belo anjo. Assim que este estava de pé, ficaram frente a frente, olhando-se olhos nos olhos.

Corada, Anna baixou a cabeça e uma madeixa de cabelo tombou sobre o seu rosto. Admeto, carinhosamente, afastou o cabelo da cara da jovem.

- Obrigada. – Disse quase num sussurro.

Admeto voltou a sorrir. Estava-lhe grato. E finalmente tinha abandonado o seu lado rude.

Do lado de fora, Flora via o que se passava com um sorriso nos lábios.

- Eu sabia, maninho. – Murmurou alegremente.