The Open Door escrita por Pevensie


Capítulo 14
Um Hóspede Inesperado


Notas iniciais do capítulo

Um ano de The Open Door? Já? Uau!!!
Estou tão feliz gente! Adoro escrever essa história! Adoro ver o que vocês tão achando! E se demoro para postar, e porque tenho medo de escrever a palavra "Fim" nessa história...
Mas não se preocupem, estamos no começo ainda *-*



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Capítulo XIV

Um Hóspede Inesperado

Fechei meus olhos. Sentia que se ele demorasse mais, eu consumiria junto com o calor que se alastrava por todo meu corpo. Foi o tempo de mais duas batidas de coração, e então...

Seus lábios estavam nos meus.

A pressão gentil da sua boca na minha me fez estremecer, me fez querer mais daquelas sensações, mais de Edmundo. Nossos lábios se abriram e se encaixaram perfeitamente, e então estávamos nos beijando. De verdade.

Foi quando eu estava totalmente perdida em meio ao turbilhão de sensações, que Apolinne estragou meu momento.

–Majestades!

Nós nos separamos abruptamente. De uma hora para outra, a bolha que separava Edmundo e eu da realidade estourou, me fazendo sentir um profundo desgosto por Apolinne.

– Mil perdões, Majestades, eu só ia...

– O que você quer, Apolinne? – Edmundo a interrompeu, e soou tão irritado que me fez sorrir por dentro.

O olhar da cozinheira/castor ia de mim para ele de uma forma tão rápida que me fez enjoar. Sabia que depois que ela voltasse à cozinha, a fofoca sobre Edmundo e eu se espalharia como vento. Sem tirar os olhos de nós dois, ela respondeu:

– O Rei Caspian os aguarda no jardim. –Ela soltou enquanto nos olhava nervosa -Disse que é urgente.

Urgente. Por algum motivo, ao som daquela palavra eu me recompus e ajeitei minha postura.

– Mas o que foi que aconteceu? –Perguntei.

Ela passou seu olhar por mim, olhou diretamente para Edmundo e disse de forma rápida:

– Há uma garota estranha, Majestade, e seu irmão.

– Meu... irmão? – Edmundo parecia confuso, mal percebi quando sua mão procurou pela minha e num gesto totalmente natural como respirar, eu a segurei.

– O Grande Rei Pedro. – Apolinne agora soava impaciente. – Ele voltou!

...

Lucia’s POV

O clima de expectativa no palácio era quase palpável. Embora estivéssemos no jardim apenas Caspian, Pedro, a estranha, e eu, todos pareciam saber que o Grande Rei Pedro estava de volta. Todos exceto Izzie e Edmundo, que ainda não tinham dado sinal de vida.

Pedro e Caspian conversavam em voz baixa e rápida num canto meio afastado, os dois pareciam preocupados e felizes ao mesmo tempo. A garota que Pedro tinha trazido estava sentada no chão, assustada, abraçando a si mesma de forma protetora. Pedro ainda não tinha me dito o que tinha acontecido, apenas me deu um abraço protetor e correu para falar com Caspian, e eu não perguntaria à garota, ela parecia arrasada. Seus longos cabelos platinados estavam sujos e embaraçados, o vestido longo e simples não passava de trapos, seu rosto e braços tinham alguns arranhões e, mesmo de longe, eu podia ver que suas mãos estavam cheias de sangue seco. Não conseguia nem pensar no que tinha acontecido.

Irritada por não saber de nada, marchei de forma decidida até meu irmão e Caspian.

–... escondida atrás de uma árvore com um pedaço de vidro na mão quando me viu, começou a implorar por ajuda – para minha surpresa, ele não parou de falar quando fiquei ao seu lado – quando perguntei seu nome ela desmaiou.

–Ela devia estar muito fraca. – eu disse –não está exatamente com a aparência de quem saiu para dar uma caminhada na floresta hoje de manhã.

Pedro passou a mão pelo cabelo num gesto nervoso.

–Nem imagino há quanto tempo ela já estava lá.

– O que faremos com ela? – Caspian murmurou.

– Como assim “o que faremos com ela”? Vamos abrigá-la, é óbvio. – Eu disse impacientemente.

– Gostaria de fazer exatamente isso, Lu, mas nem sabemos quem ela é.

– Precisamos falar com Heloíse. – Disse Caspian subitamente.

– Quem é Heloíse? – Pedro parecia confuso.

Por um momento, olhei para meu irmão como se ele fosse um débil mental. Mas então lembrei que ele realmente não sabia de nada que estava acontecendo em Nárnia, muito menos sobre quem governava Nárnia agora.

– É a Rainha. – expliquei, mas Pedro pareceu ainda mais confuso. – Vai gostar dela, é muito... – vacilei procurando por uma palavra adequada. Ele me olhava, desconfiado – bem, você vai ver.

Como se estivessem apenas esperando uma deixa, Heloíse e Edmundo surgiram com um rompante dentre as macieiras. Ela caminhava de forma decidida, mas suas bochechas estavam ruborizadas e sua mão direita, percebi sorrindo discretamente, estava entrelaçada na mão esquerda de Edmundo. Este olhava diretamente para nós, mas trazia o mesmo rubor no rosto e no pescoço, e tinha um olhar vago. Tudo aquilo somado ao fato que os dois se olhavam furtivamente de vez em quanto, só me fez imaginar o que teria acontecido depois que os deixei nos estábulos...

– É, ela chegou. – Caspian disse com um ar risonho, sem tirar os olhos das mãos entrelaçadas dos dois.

– Não faz nem duas semanas desde que vocês chegaram aqui e Edmundo está namorando? – Pedro perguntou para ninguém em especial, indignado. – Você não me disse isso. – Ele me olhou de forma acusatória.

– Eu não fazia idéia.

Eu mal conseguia conter o riso. Nem eu mesma sabia qual era a graça da situação: Se era Pedro boquiaberto, Caspian com uma expressão brincalhona ou os dois,ou Edmundo e Izzie, se comportando como se ninguém soubesse o que estava acontecendo. Lutei internamente para me recompor quando eles se postaram ao nosso lado.

– E então? O que está acontecendo? –Perguntou Heloíse sem cerimônia, nos encarando curiosa.

Pedro automaticamente se recompôs e assumiu uma postura mais formal, adequada no momento.

– Imagino – Indagou Caspian ignorando a pergunta dela – que saiba quem é nosso visitante?

– Mas é claro. – Ela exclamou – Quem não sabe quem é o Grande Rei Pedro! –Heloíse sorriu ao se virar para Pedro. –Majestade. – Ela o cumprimentou com um leve acenar de cabeça.

Pedro se curvou, mas não abaixou a cabeça, se manteve a observando com curiosidade. Eu não o culpava, pois para nós, era um tanto peculiar ver uma garota com calças jeans. Principalmente uma garota como Heloíse que, mesmo quieta, parecia irradiar uma energia silenciosa. Era diferente, só isso.

– Rainha Heloíse. É uma honra. – Pedro disse e eu revirei os olhos. Ele podia ser tão ridículo às vezes!

– Só Heloíse, por favor. – Ela respondeu sorrindo.

Com o canto do olho, vi a expressão de Edmundo mudar, ficando ligeiramente mais séria, e ele se moveu um pouco mais para o lado a fim de chegar mais perto de Izzie. Aquilo quase me fez revirar os olhos uma segunda vez.

– Edmundo, não vai cumprimentar seu irmão? – Brincou Pedro.

Os dois gargalharam enquanto se cumprimentavam com um meio abraço apressado, já que Edmundo não tirou sua mão da de Heloíse nem por um momento. Passado o momento “reencontro”, todos estavam quietos.

– Nos disseram que era urgente, Caspian, o que aconteceu? – Edmundo realmente parecia sério agora.

Eu me preocupava agora com a garota. Agora seria decidido o que seria feito em relação a ela. A regra geral era que qualquer narniano em perigo poderia buscar refúgio em Cair Paravel, era para isso que os portões estavam sempre abertos. Mas até mesmo para mim, a garota parecia suspeita.

– Acho que Pedro pode responder sua pergunta de melhor forma.

Ao mesmo tempo, todos nós nos viramos para encará-lo. Ele tomou fôlego e com a expressão de quem já tinha vivido trinta vidas, ele começou:

– Eu estava sozinho em casa essa manhã. Todos saíram cedo, inclusive Susana, e não me acordaram, então fiquei por lá. Estava ouvindo as notícias no rádio quando escutei um barulho vindo do escritório. Fui até lá e quando abri a porta, estava uma confusão: os livros voavam para todos os lados, e folhas de papel estavam espalhadas por todo o chão. Eu soube na hora que era alguma coisa sobre Nárnia. Eu havia sonhado com Nárnia noite passada...

– Nós também! –Exclamei me lembrando subitamente do estranho sonho, mas Pedro apenas me olhou com uma cara feia por eu ter interrompido.

Ele continuou, como se eu não tivesse dito nada:

“Eu entrei na sala, e o redemoinho de livros, papéis e canetas me cercou, e quando tudo se acalmou, eu estava perto do Monte de Aslan. Estava escuro mas comecei a vir para cá no mesmo momento. Atravessei o Rio Veloz depois de poucas horas e até então estava tudo bem. Foi quando eu decidi parar nas margens do Beruna que aconteceu. Ouvi um ruído um pouco mais atrás de mim e fui verificar. Ela estava atrás de um grande carvalho, sentada com um pedaço de vidro na mão.” – ele gesticulou para a garota, que agora parecia atenta a nossa conversa – “Primeiro ela tentou me atacar, mas depois me reconheceu,não entendo como. Ela implorou por ajuda, mas desmaiou quando pedi uma explicação. Trouxe ela diretamente para cá, suspeitei que estivessem aqui. E isso é tudo.”

– Quer dizer que não sabe nem o nome dela? – Izzie perguntou estreitando os olhos.

– Já disse, ela desmaiou antes que respondesse qualquer pergunta, e ainda parece assustada demais para falar.

Um silêncio se instalou entre nós enquanto Heloíse pensava no que fazer. Ela se virou para encarar a garota e o reconhecimento tingiu seus olhos. Talvez, Izzie já a conhecesse?

– Você – chamou Izzie esticando um dedo para a garota – venha aqui.

A garota pareceu surpresa por ser incluída na conversa, depois de piscar algumas vezes, ela se levantou e caminhou mancando até o grupo com os olhos baixos. Então Pedro e Caspian abriram espaço para que ela ficasse de frente para Heloíse, ainda de cabeça baixa. E então ela levantou os olhos e encarou Heloíse.

Heloíse’s POV

Todos me encaravam com apreensão, pois minha expressão tinha endurecido e eu sentia como se todo o meu sangue tivesse saído do meu corpo. Talvez eu estivesse parecendo com alguém que acabou de ver um fantasma, e era quase isso.

Ao encarar aqueles gélidos olhos cinzentos, me lembrei de qual assunto importante eu queria tratar com Caspian e os outros. As coisas que eu havia escutado de manhã. A garota no Castelo de Gelo. Eram os mesmos olhos cinza, os mesmos cabelos longos e absurdamente louros. Eu podia jurar que era a mesma pessoa, mas algo estava diferente. Sua pele não era tão pálida quanto à de Aimee, essa parecia ter cor. A expressão também não era a mesma. Aimee parecia inabalável, essa garota parecia a ponto de sair correndo e se esconder no mais profundo bosque. Mas mesmo assim...

– Como é seu nome? – Perguntei, e me surpreendi ao ver que minha voz tinha soada gentil.

A garota não me respondeu, apenas se encolheu como se eu tivesse lhe espetado com uma faca.

– Queremos ajudá-la, mas precisamos saber seu nome, entende? – Pedro tentou.

– Sou Genevieve– Ela respondeu imediatamente, numa voz suave de soprano.

A voz dela. Era parecida, talvez essa soasse um pouco mais suave. O nome também não era o mesmo mas, ninguém ali a conhecia, talvez ela estivesse mentindo sobre o nome. Óbvio.

– O que aconteceu, Genevieve? –Perguntei e mais uma vez ela me ignorou.

Ela girou ficando de costas para mim, procurando pelo olhar de Pedro. Quando ele assentiu encorajando-a, ela respondeu de boa vontade. Aquilo estava me deixando profundamente irritada.

– Eu fugi. – Se eu não estivesse perto, talvez eu não tivesse escutado seu sussurro.

– Do que? – Ele perguntou de forma exasperada, mas dessa vez ela não respondeu, apenas colocou as duas mãos na cabeça e recuou.

– Tudo bem, não precisa dizer agora se não quiser.

Encarei Pedro, furiosa. Não precisa dizer agora? É claro que precisa dizer agora! De repente, eu soube que eu precisava contar sobre o Castelo de Gelo. Respirei fundo e pedi da forma mais calma possível que Genevieve voltasse para o canto onde estava antes. Ela foi de bom grado, parecendo desesperada para escapar de perguntas.

– Por que pediu para ela sair?- Perguntou Pedro,indignado.

Contrariada, soltei a mão com a qual eu segurava a mão de Edmundo e dei um passo para frente.

– Preciso contar uma coisa.

– Por acaso é sobre seu pequeno passeio da madrugada? – Caspian, que até agora não tinha dito nada, se manifestou.

– Como você...

– Liliandil viu você pulando a sacada quando ela estava acalmando Rílian, e me contou.

– Quem é Rílian? – perguntou Pedro, cada vez mais perdido.

– Depois eu digo. – Edmundo murmurou em voz baixa.

– E então? Aonde você foi? – Lúcia me perguntou impaciente.

Da maneira mais rápida e resumida eu lhes contei a história num fôlego só, não deixando nada de fora, inclusive sobre o que Aimee havia dito sobre matar Edmundo. Depois que terminei examinei a expressão facial de cada um. Lúcia parecia abalada e torcia furiosamente a manga de seu vestido. Caspian parecia cansado e preocupado. Pedro tinha uma expressão séria, porém incrédula e Edmundo parecia aturdido. Ao ver aquele seu olhar de desespero, senti vontade de abraçá-lo, mas afastei relutantemente esse pensamento da minha cabeça. Havia coisas mais sérias com que me preocupar no momento.

– Não confio nela. Tenho quase certeza que é ela. – Eu disse finalizando a história.

Fitamos-nos em silêncio por alguns momentos, cada um imerso em seus próprios pensamentos.

– Você a reconheceu? É a mesma garota? – Perguntou Pedro depois do que me pareceu ser um longo tempo.

– Bem, algumas coisas são diferentes, mas...

– Quer dizer que você não sabe se é ela. –Ponderou ele.

Pedro mal havia chegado, eu já queria que ele fosse embora.

– Não...quer dizer, sim! Só pode ser ela. Não podemos deixá-la ficar.

– Você não pode expulsá-la se não tiver certeza. – Caspian acrescentou.

Eu começava a ficar nervosa. Estavam todos cegos e surdos? Deixariam mesmo aquela garota ficar? Arriscariam a vida de Edmundo? Procurei algum argumento válido em minha mente.

– Ela tem os mesmos olhos! E é muito estranho ela ter se recusado a dizer de onde ela veio.

– Ela está assustada. Já pensou nas coisas que ela deve ter passado? – Lúcia disse decidida. – Temos de deixá-la ficar.

– Mas... – Insisti, mas eu não tinha mais nada a falar.

– Izzie, essa garota no Castelo de Gelo, você diz que aconteceu hoje de manhã? –Caspian perguntou e eu afirmei. –Genevieve parece ter passado meses, no mínimo semanas na floresta. Você realmente acha que Aimee estaria nesse estado em algumas horas?

A resposta era não. Não, eu não achava que ela podia estar naquele estado pouco tempo depois que ela se foi do Castelo de Gelo. Desviei os olhos para a garota, receosa. Ela devolveu um olhar suplicante. Quase senti pena.

– Eu digo que ela fica. –Pedro respondeu com ar superior.

Meu sangue ferveu e o encarei com fúria. Quem ele pensava que era para decidir as coisas por ali? Eu era a Rainha!

–Não cabe a você decidir. – Eu disse. Eu berrei perdendo o controle - Eu digo que ela vai embora. Não vou permitir que ela fique.

– Também não cabe a você decidir. –Ele disse com a voz cortante.

– Sim! Eu decido! Eu sou a RAINHA – Não costumava abusar do meu título assim, mas eu estava fora de controle. Era da segurança das pessoas de Cair Paravel que estávamos falando.

Pedro deu um passo para frente até estar a centímetros de mim.

– E eu sou Rei! – Sibilou. – Já era Rei muito antes de você nascer.

Me preparei para respondê-lo malcriadamente, mas Lúcia se postou entre nós:

– SOMOS TODOS REIS E RAINHAS AQUI! –Ela gritou e eu pisquei em choque ao ouvi-la falar daquele jeito. Quando ela percebeu que estávamos mais calmos, voltou a falar com sua calma de sempre –Vamos ser adultos, por favor. Vamos votar.

Bufei, mas assenti com a cabeça ao ver seu olhar.

– Muito bem. – Ela disse. – Agora, quem não concorda em abrigar Genevieve, por favor, levante a mão.

Minha mão disparou para cima antes mesmo de ela terminar de falar. Olhei ao meu redor na expectativa de que Caspian concordasse comigo. Ele mantinha as duas mãos paradas ao lado do corpo. Edmundo me olhava com um olhar de desculpas, mas não levantou a mão.

– E agora, quem concorda em abrigar Genevieve, por favor.

Todos os outros levantaram as mãos. Olhei com o mais profundo olhar de desgosto para todos ali, me demorando mais e Edmundo e Pedro, que me encarava sarcasticamente.

– Tudo bem. – me rendi. – mas depois não digam que eu não avisei.

– Lúcia, mostre a ela um dos quartos de hóspedes, e a ajude a se ajeitar. – Pedro disse.

– Não. – Protestei. – Ela fica no quarto ao lado do meu.

Pedro me lançou outro olhar furioso, mas o ignorei. Queria ficar de olho nela, não estava nada convencida com essa historinha de “Genevieve”.

Lúcia concordou e foi chamá-la. Com os olhos fervendo de lágrimas contrariadas, eu dei as costas para os outros, marchando em rumo ao estábulo. Edmundo gritou meu nome, mas não me virei, e ele não me seguiu.

...

A garota se postou na frente do grande espelho com um olhar inexpressivo, porém firme. Seu reflexo na superfície lisa a encarava com a mesma intensidade. As suas mãos agora estavam limpas, seus cabelos foram lavados e penteados por Lúcia. Ela tremia por causa do vento frio que entrava pela janela aberta, mas ela não se moveu para fechá-la. Estava concentrada. Ela não entendia como tinha parado ali. Não se lembrava de nada, foi necessário um esforço imenso só para se lembrar de seu nome. Independentemente de não saber o que aconteceu, nem de quem estava fugindo, ela estava calma, pois sabia que ali estaria segura. A única coisa de que se lembrava com clareza era do anjo. O anjo que havia a pego no colo e a trazido até o seu novo refúgio. O anjo que a encarava com profundos olhos azuis, escondidos atrás de uma cortina de cílios loiros. O anjo era bom, ela repetia para si mesma, o anjo cuidaria dela.

Ela sorriu, e a garota no espelho acompanhou o movimento. Mas o sorriso era estranho, não era feliz como o dela. Era frio, cruel. Assustada, ela se aproximou mais do espelho. O reflexo a encarava de modo desafiador. Ela tocou com cautela na superfície de vidro.

O reflexo estava vestido como ela, se parecia com ela, mas mesmo assim era diferente. Talvez fosse por causa do pingente que o reflexo tinha pendurado numa corrente em volta do pescoço. Ela tocou seu reflexo no lugar onde o pingente repousava, e sentiu como se tivesse levado um choque que subia da ponta de seus dedos até a área entre suas clavículas, onde algo começou a arder em sua pele. Assustada, ela olhou para si mesma e percebeu que agora carregava um pingente como o do reflexo. Não, não era como o do reflexo. Era exatamente o mesmo, pois ao olhar melhor, ela viu que a imagem da garota refletida agora estava sem o colar.

De repente ela precisou se ajoelhar no chão e cobrir sua cabeça com as mãos. A dor era insuportável, como se alguém tivesse ateado fogo em seu cérebro. Seu controle começou a fugir, seu corpo parecia pesado. Ela sabia o que estava acontecendo, não era a primeira vez. Precisou reunir toda a sua força de vontade para conseguir levantar e olhar o espelho outra vez. A imagem se nublava, remexia, mudava. Até que parou, se transformando na imagem da mulher pálida e loira que se espreitava em seus pesadelos:

– Tentando fugir de novo, queridinha? – A mulher no espelho perguntou com a voz enregelante. – Tolinha!Nunca vai conseguir.

Um momento de pausa, e ela percebeu uma estática estranha que zumbia em seus ouvidos. Uma pequena parte de seu cérebro sabia que ela havia perdido a si mesma outra vez.

A mulher no espelho se aproximou, até estar cara a cara com a garota. Genevieve quase podia sentir seu hálito frio em sua pele. Com um último esforço hercúleo e desesperado, a garota tentou derrubar o espelho, mas mal conseguiu erguer os braços. Era como se seus membros tivessem virado concreto. A mulher riu desdenhosamente.

– Eu sempre vou te achar.


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Notas finais do capítulo

Uuuuuuuh, que tenso hein? Agora eu posso dizer que começou de verdade a Fanfic! Treta pra todo lado agora...Alguém tem sugestões, palpites, querendo dar uma de mãe Diná?
Deixe reviews!
Parabéns pra The Open Door! 1 aninho, que orgulho!
Xx



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