Burajiru - a Epopéia de Aoyama-senpai no Ocidente escrita por Europeu


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Este é o primeiro capítulo. Não é grande coisa, mas como é só o começo... Espero que gostem desta história...



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Após uma noite de um sono pesado e sem sonhos, Motoko abriu os olhos. No quarto, ainda imperava a escuridão, interferida apenas por alguns raios de sol que atravessavam as frestas da janela do quarto. Virou-se no seu futon e pegou um pequeno relógio que estava ao seu lado; o mostrador em LCD marcava 05:30 AM. Em seguida, levantou-se e, ainda meio sonolenta, caminhou até o interruptor e acendeu a luz do seu quarto. Logo, o seu futon, uma antiga armadura de samurai, pinturas japonesas tradicionais e uns poucos móveis apareceram como se tivesse surgido da escuridão que reinava até uns segundos atrás. Caminhou até o pequeno armário, tirou o seu pijama, vestiu a sua tradicional hakama vermelha e seguiu para o banheiro da pensão com a sua escova dental. 

 

Ao caminhar pelo corredor da pensão, Motoko percebeu que todos estavam dormindo. Não havia nenhum sinal de vida no prédio, apenas os sons dos seus passos sobre o tatame. Entrou no banheiro, fez a sua higiene pessoal matinal e voltou para o seu quarto, onde pegou a sua espada; logo, desceu as escadas do prédio e se dirigiu para os fundos da pensão.  Motoko se virou em direção à cidade de Hinata e observou o lento nascer do sol na baía de Sagami. Desta forma, ela começou o seu treinamento diário com a sua espada, com movimentos alternados e velozes.

 

Motoko sentiu que alguém estava vindo e ficou em posição de guarda, com a sua espada preparada para qualquer imprevisto. Uma voz masculina surgiu por trás de uma árvore:

 

- Bom dia, Motoko-chan! Já treinando a esta hora da manhã?

- ZAN-GAN-KEN! – gritou Motoko, que derrubou a árvore com um golpe da sua espada – Quem está aí, me espiando logo cedo? Apareça, covarde!

- Calma, Motoko-chan... – Keitaro surge por trás da árvore destruída – Não precisava aplicar este golpe com tanta intensidade...

- Ah, Urashima... Já me espiando logo de manhã? Perdeu a vergonha de vez?

- Não, que isso? – Keitaro estava tremendo de susto – Só vim para te chamar para o café, que já está na mesa... Está muito frio; não quer se esquentar lá dentro?

 

Motoko aceitou o convite do jovem gerente da pensão e o acompanhou até o refeitório. Lá dentro, observou a mesa pronta para o café. Já sentadas estavam Naru, Kitsune, Haruka, Mutsumi e Sarah. Motoko puxou a cadeira e sentou ao lado de Haruka-san, que estava lendo a edição daquele dia do jornal Nippon Shimbun, cuja manchete de capa era a seguinte:

 

PROTESTOS CONTRA O JAPÃO SE ESPALHAM POR TODA A EUROPA

 

- Bom dia, Motoko – disse Haruka, ao ver uma das hóspedes da pensão sentando ao seu lado – Treinando com este frio?

- Bom dia, Haruka-san... – Motoko começou a falar com a sua típica voz calma e pausada – Lutar e treinar, esta é a vida de um samurai. A espada é a minha vida e treinar toda manhã é a minha obrigação moral.

- Você deve ser bem corajosa para treinar kendô com um frio destes – disse Kitsune, bem agasalhada e com um par de hashis em suas mãos – Se fosse você, ficaria deitada para dormir mais um pouco. Pena que hoje tive que acordar mais cedo, pois vou ter que dar uma geral no meu quarto...

- Finalmente você vai dar uma ordem naquela bagunça, hein, senhorita Mitsune? – Naru olhou para ela com um olhar de desconfiança – Ontem mesmo já estava impossível de viver dentro daquele lixão! Que bom que você vai dar um jeito lá, pois eu já estava querendo limpar aquilo lá... – virou-se para Keitaro – E a morte do turista que ocorreu aqui perto, em Kawasaki? Quem iria imaginar que daria nisso que estamos vendo nos meios de comunicação, Keitaro?

- Naru, realmente a imagem da nossa nação lá fora ficou bem arranhada. Como pode um membro da Yakuza matar um dinamarquês que estava fazendo turismo aqui só porque se confundiu com o rapaz que realmente estava marcado para morrer, e ainda dá mais sete tiros só porque odeia ocidentais?

- Eh, e a coisa está pegando fogo lá na Europa – Haruka começou a passar o jornal do dia com fotos dos protestos para cada um na mesa – Eles exigem que o governo faça uma investigação séria e que os culpados sejam punidos de forma exemplar. Veja esta foto, em Frankfurt; deu até briga com a polícia local.

- Esses ocidentais... – Kitsune interrompeu a fala de Haruka com um tom irônico – Qualquer coisinha é motivo para quebrar tudo e todos... Agradeço até hoje por ter nascido japonesa, fazer parte de um povo batalhador, honesto e ordeiro...

 

Naru, ao pegar o jornal, observou pela janela do refeitório que alguém acabara de entrar no jardim externo da pensão.

 

- Bem, chegou alguém... Keitaro, vai lá ver quem é...

- Quem, eu? Não seria melhor você? Tá um frio lá fora e ainda tenho que me trocar para ir para a Universidade...

- Vai logo, sua besta! – Naru se levanta, dá um soco no Keitaro e o levanta do chão com apenas uma mão – Vai lá, depressa! Você é o gerente desta pensão!

 

Keitaro desceu as escadas da pensão e foi até a porta. Uma pessoa estava à espera do lado de fora. Era Emi Ichikawa, amiga da Motoko.

 

- Motoko, a Emi está te esperando lá embaixo na porta – Keitaro foi avisar a jovem samurai no refeitório – Ela disse para se apressar, pois ela já está de saída.

 

Ao ouvir o recado da gerente, Motoko se levantou da mesa e se dirigiu para o seu quarto, onde rapidamente se trocou de roupa. Com uma mochila nas costas, desceu as escadas e se dirigiu à amiga que estava esperando-a na porta principal da Hinatasou.

 

- Emi! – Motoko abriu um raro sorriso e curvou-se para a amiga - Bom dia!

- Bom dia, Aoyama-senpai! E então, vamos indo para o cursinho? Hoje vai sair o resultado do simulado do vestibular da Universidade de Tóquio que a gente fez semana passada...

- Claro! Como vê, estou pronta! Me sinto melhor depois de um treino durante o nascer do sol que fiz há pouco.

- Legal, Aoyama! Ah, hoje a gente vai na minha scooter até Tóquio. Aceita se aventurar em duas rodas, amiga? Tá frio hoje, mas vejo que está bem agasalhada...

 

- Ah, tudo bem – Motoko ajeitou a sua blusa preta de couro – Mas, Emi, pare de me chamar de Aoyama. Me chame só de Motoko...

- Tudo bem, amiga – Emi rebateu com um sorriso – Vamos logo que estamos atrasadas!

 

Antes de seguir para o estacionamento da Hinatasou, Motoko se virou e viu o Keitaro na porta da pensão.

 

- Urashima, vê se te cuida lá na Toudai, hein? Se eu souber que você aprontou algo lá com as alunas ou com a Naru, você será um homem morto! Entendeu?

- Tá, pode deixar, Motoko-chan – Keitaro respondeu enquanto se esquentava com as mãos – Prometo que não vai acontecer nada lá.

 

Motoko soltou um sorriso irônico para Keitaro e seguiu Emi até o estacionamento da pensão. Lá, Emi ligou o motor da sua Suzuki Burgman e tirou dois capacetes fechados do porta-objetos localizados debaixo do assento do veículo. Motoko pegou um capacete, o vestiu e subiu na garupa da scooter. Poucos minutos depois, as duas amigas saíram pelas ruas de Hinata rumo à cidade de Tóquio.

     

Seis horas da tarde. Hora do rush na rodovia Raposo Tavares. Milhares de veículos circulando a toda velocidade nas duas pistas da auto-estrada, que outrora fora conhecida como a “estrada da morte”. Roberto observava o frenético movimento de veículos na pista contrária através da janela do ônibus. Ao fundo, o sol se punha atrás do skyline da cidade de Sorocaba, dando fim a mais um dia tórrido na primavera do sudeste brasileiro.

Dentro do ônibus, ouviam-se algumas vozes de conversas entre os passageiros, sempre tendo ao fundo o ronco do motor Volvo localizado na traseira do veículo. Não tendo ninguém para conversar, Roberto pegou o seu aparelho de MP3, colocou o fone no ouvido e colocou uma música do Neil Young para tocar; logo que começou a música, relaxou na poltrona e virou a cabeça para a janela, observando o tráfego da estrada e o pôr-do-sol.

Entretanto, mal Roberto começava a relaxar na sua poltrona quando o ônibus saiu da rodovia e contornou uma alça de acesso até entrar na Avenida Pereira Ignácio, uma das principais vias de acesso à Sorocaba. Em questão de poucos minutos, o veículo atravessou a avenida e parou em um grande portal; aquele era a entrada do campus central da Universidade Metropolitana Sorocabana, uma das maiores e melhores universidades do interior do Brasil. Ao deixar o portão, o motorista manobrou o veículo no estacionamento e o parou, desligando o motor.

 

“Graças a Deus, cheguei”, pensou Roberto, meio sonolento, mas bastante preocupado com uma avaliação na qual ele iria se submeter naquele dia na aula de Cálculo.  Após se levantar da poltrona, pegou a sua bolsa e saiu do ônibus, deixando o ambiente gelado do ar condicionado do veículo e passando a sentir o ar quente do clima de Sorocaba.

Ao caminhar pelo estacionamento rumo a uma dos blocos da universidade, uma voz masculina com sotaque francês chamou por Roberto:

 

- Ei, Roberto! Como vai, ô português?

- Ah, é você, Pierre... – Roberto reconheceu a pessoa. Era seu amigo de classe, Pierre – Cara, quando você vai parar de me chamar de “português”?

- Calma, amigo! – Pierre soltou um sorriso – Só estava brincado... Quem mandou ter este sotaque de português? – cumprimentou Roberto com um aperto de mão - E aí, tá sabendo da última?

- Claro que estou, Pierre. A última é que vou me ferrar legal na prova do professor Carlos Almeida... Não entendi nada da matéria; ele não dá uma aula produtiva...

- Ah, mas a novidade não é esta. Sabia que o “Girassol” não poderá vir hoje? A prova foi cancelada, amigo! – Pierre colocara o apelido de “Professor Girassol” no professor de Cálculo deles, o prof.º Carlos Almeida, pois ele era bem parecido com o personagem criado pelo cartunista belga Hergé, inclusive no óculos...

 

Ao ouvir o amigo, Roberto teve uma sensação de alegria inexplicável.

 

- Não acredito, cara! Verdade? Como soube disto, Pierre?

- Tem um aviso lá dentro, no mural. Vamos lá dar uma olhada.

 

Os dois amigos rapidamente subiram as escadarias do prédio e entraram no saguão, se dirigindo ao gigantesco mural de avisos do Departamento de Engenharia da Universidade. Entre os vários cartazes e recados, encontraram o aviso no qual Pierre havia se referido lá fora:

  

HOJE, EXCEPCIONALMENTE, O PROFESSOR CARLOS ALMEIDA RIBEIRO LIMA NÃO DARÁ A AVALIAÇÃO DE CÁLCULO II MARCADA PARA HOJE. NOVA DATA PARA A PROVA SERÁ MARCADA EM BREVE.

  

- Você viu, português? – Pierre apontou para o recado – Me contaram que a irmã do “Girassol” faleceu e ele teve que ir até Limeira para o enterro...

- Eh, que Deus o ajude nesta hora tão difícil para ele. Mas, praticamente perdi a viagem. Vou ter que voltar para casa...

- Tudo bem, amigo. Estou com o carro do meu pai aqui hoje. Quer uma carona até a rodoviária, Roberto?

- Aceito sim, Pierre – Roberto retribuiu o convite com um sorriso – Bom, pelo menos vou ter algumas horas a mais para descansar – e deu uma leve risada.

  

Logo, Roberto seguiu Pierre até um Peugeot parado no estacionamento. Ambos entraram no carro e saíram pela avenida Pereira Ignácio rumo à rodoviária de Sorocaba; lá, Pierre deixou o amigo, que iria pegar um ônibus de linha para a sua cidade, Vale Verde. Roberto comprou a passagem, se dirigiu para plataforma, onde o veículo já estava parado, e embarcou nele; o coletivo saiu da estação cinco minutos depois, alcançando a rodovia Raposo Tavares para depois seguir para Vale Verde. No céu, o sol já estava se escondendo atrás do skyline da cidade e do morro Araçoiaba. Terminava assim mais um árduo dia na vida de Roberto José Antunes.


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Notas finais do capítulo

Bem, como viram, apresentei a vocês Roberto, o personagem que criei para a minha fanfic. Esta história vai se passar em uma cidade fictícia perto de Sorocaba (região onde moro) chamada Vale Verde, que será totalmente baseada na cidade onde moro. Muitos lugares da cidade de Sorocaba aparecerão e todos, exceto a universidade, existem de verdade. Logo, postarei o segundo capítulo; darei o aviso na comunidade "Love Hina Brasil" no Orkut.  



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