Never Without You escrita por Shorty Kate


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

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Todos os dias Kate Beckett saía pelas cinco da esquadra, onde agora é a Capitã da Brigada de Homicídios, para visitar Castle. Mas Beckett estava sentindo que precisava de se reformar. Estava já com 57 anos e o desgaste de uma vida preenchida começava pesando. Além disso, a cada dia que passava Rick parecia está igual, sem nenhuma melhoria.

Uma pneumonia na idade dele, 64 anos, não era boa de todo. Ele estava internado no hospital fazia já dois meses e não havia forma de ele melhorar. Todos os dias Beckett toma o lugar ao lado dele e lê para ele. Nunca o deixou sozinho porque ele nunca fez isso com ela.

Alexis, agora Analista Forense de 39 anos, cada vez que tem tempo vai visitar o pai. Com ela leva as três meninas que tem: Martha de 13 anos, Heather com 9 e Beatrice de 7. Elas adoram ficar junto do avô, ouvindo ele contando as histórias loucas do tempo em que ele e Beckett ficavam prendem assassinos.

Quem também aparecia era James, o filho de Kate e Rick. Ele era garoto jovem ainda, tinha 22 anos e tinha acabado de se licenciar em Literatura, mas não era isso que interessava James. Ele queria ser escritor tal como o pai, jeito e vontade não lhe faltava, nem apoio da família. Rick achou um orgulho o filho ter o mesmo gosto pela escrita como ele, mas obrigou ele a tirar um curso de faculdade para que ele pudesse ter sempre uma segunda hipótese. Não queria que James cometesse os mesmos erros que ele.

Rick fica olhando o tímido sol pela janela do quarto. Tinha com ele um pequeno caderninho e uma caneta de tinta permanente. Ele ficava escrevendo, mas não sabia bem o quê. Então decidiu chamar aquilo Recortes de uma vida. Não era uma autobiografia, não era um livro como os que ele costumava escrever. Era simplesmente os seus retalhos, aquilo que ia na sua mente.

-Oi, - Beckett falou colocando um beijo na testa de Castle. – como você se está sentido hoje?

-Já tive melhores dias, sabe? Mas também, não lembro mais o que é estar bom mesmo.

Ela esboçou um leve sorriso e tomou o lugar na cadeira onde todos os dias se senta. Ela mostrou para ele o livro que trazia. – Hoje trouxe Tolstoy pra ler pra você.

-Sabe, eu estava até pensando aqui quando você trazia um livro de Tolstoy.

-Oh, que bom então. Tem alguma coisa que quer que eu leia em especial?

Beckett deu o livro para ele. Com algum esforço ele folheou as áginas. Com a mão trémula ele apontou para aquele parágrafo em específico e falou dando o livro de volta para ela. – Lê este pedacinho aqui por favor.

Beckett clareou a voz e começou lendo:

Esta não é uma fábula, mas a verdade incontestável literal que cada um pode entender. Qual será o resultado do que eu faço hoje? Do que eu vou fazer amanhã? Qual será o resultado de toda a minha vida? Por que devo viver? Por que eu deveria fazer alguma coisa? Há na vida qualquer propósito que a morte inevitável que me espera não me vai desfazer e destruir?

Estas perguntas são mais simples do mundo. Desde a criança estúpida até ao mais sábio homem de idade, elas estão na alma de cada ser humano. Sem uma resposta a elas, é impossível, como eu experimentei, para que a vida continue.

Eu senti que algo havia quebrado dentro de mim, que minha vida tinha sempre descansado, que eu não tinha mais nada para segurar… uma força invencível impeliu-me a livrar-se da minha existência, de uma maneira ou de outra. Era uma força como a minha velha aspiração de viver, só que me impeliu na direcção oposta.

-Sabe como ele morreu? – Castle perguntou fraco. Beckett não respondeu, até porque odiava quando ele começava a falar de morte. – Morreu de pneumonia, como eu estou morrendo.

-Castle…

-Não, deixa. Pra quê continuar fingindo? Estou velho e cansado, morrendo todos os dias um pouco. Não quero continuar vivendo assim.

-Você sente dor? – Kate então se encheu de pena. Talvez continuar pedindo a ele que aguentasse fosse egoísta; não queria que ele sentisse dor.

-Minha dor física é nada comparada com o olhar triste de você, de Alexis, de James, das meninas. Eu não quero continuar empatando a vida de vocês, fazendo vocês pensar que algum dia ainda vou ficar bom… não quero…

-Você sabe que me vai custar muito, mas… eu não quero ver você sofrer seja pelo que for. Talvez seja egoísta pedir a você que aguente e tudo mais-

-Não é egoísmo não, Kate. – Ele falou colocando-lhe um mecha do cabelo atrás da orelha. – É amor. Ainda assim, a gente está casado faz 22 anos e você ainda não admite que foi você que teve a queda primeiro por mim.

Beckett sorriu, mesmo doente, ele continuava sendo o mesmo. – E não vou admitir. A gente não tinha acordado que ambos sentimos o lance correndo na mesma altura?

-Tá, a gente acordou isso, mas você é batoteira, que fazer né?

Beckett sentiu as lágrimas inundando seu olhos. O que faria ela quando ele se fosse?

Ela começou afagando os cabelos dele, dizendo. – Sabe, estava pensando pedir a reforma. Vir embora da polícia. Acho que já chega, há gente jovem pra fazer meu trabalho.

-E que você vai fazer depois?

-Não sei. Talvez voluntariado, você sabe que eu sempre gostei de ajudar pessoas. Se calhar dar um jeito de trazer de volta o clube de teatro de sua mãe, me focar na fundação. Você sabe, fazer coisas úteis.

Castle sorriu, olhando com carinho pra ela. – Isso foi uma das coisas que me fez amar você. Você não parar, quer sempre ajudar. Você é uma alma boa, Kate. Por mim você pode fazer todas as coisas que quiser, desde que seja feliz. 

Kate não conseguiu encontrar palavras para falar, então os dois ficar em silêncio assim por um pouco.

-E você sabe, que eu vou estar olhando por você, não deixando que se machuque. Sempre.

O lábio de Kate tremeu mas ela resistiu a chorar. Agarrou na mão dele, e falou. – Sempre.

-Bem, acho que está na hora de você ir, né? Você falou que vai jantar com Ryan e Esposito.

-Os meninos querem visitar você outra vez. Eles estavam falando em vir no final da semana.

Castle ficou um pouco triste e pediu. – Você fala pra eles hoje que eles foram os melhores amigos e companheiros que podia ter pedido?

-Falo, sim. Prometo. – Beckett prometeu. Sabia que para ele falar assim, ele não se estava sentindo bem. – Não se preocupa, eles vão saber… Mas acho que eles já sabem de qualquer das maneiras.

-Obrigado.

Beckett se inclinou deixando um beijo nos lábios dele, dizendo. – Sempre… Te amo.

-Também te amo. – Quando ela ia saindo pela porta, ele falou. – Tchau.

Ela voltou uns passos atrás e falou. – Até amanhã. É mais esperançoso, né?

Castle sorriu. Ela havia notado que algo estava errado com ele. – É, é mais esperançoso sim. Até amanhã.

Assim que ela saiu, Castle começou chorando. Ele pegou seu caderninho e escreveu, mesmo estando a tremer muito.

Minha mulher foi mais que mulher. Foi Super-mulher. Ela nunca cansou de mim, sempre esteve do meu lado. Ela é uma boa alma, querendo sempre ajudar todo o mundo. Se algum dia, uma moça linda e inteligente o cumprimentar e disser que se chama Katherine Beckett, aceita a ajuda dela.

Ela foi policial, a melhor que algum dia conheci. Ela tem uma fundação com o nome da mãe dela; ela luta, tal como Johanna, pra dar voz aqueles que não a têm.

Kate é a pessoa mais incrível e extraordinária que algum dia conheci. Ela me fez mais feliz do que eu achei que podia ser.

Todo o dia ele vinha visitar-me, lia pra mim, ficava conversando comigo. Às vezes a gente só ficava em silêncio, segurando na mão um do outro, mas isso era suficiente. Por vezes as melhores coisas são ditas sem se usar palavras.

Eu amei ela até meu último segundo de vida, e sei que ela me continua amando. Só há uma coisa que gostarei de ter feito: encontrado você mais cedo. Assim, teria mais tempo pra passar com você. Nem que esse tempo fosse um minuto, pra mim era um minuto a mais passado com você, logo era mais um minuto de felicidade para mim.

Passei minha vida fazendo tudo pra ver você sorrir, por isso, não chore quando eu partir. Lembra de mim como o bobão que você sempre amou e saiba que eu estarei protegendo você.

Sempre…

Quando Kate estava já indo dormir depois do jantar com os amigos, ela recebeu uma chamada do hospital.

-Senhora Beckett?

-Sim, é a própria.

A mulher do outro lado suspirou fundo e falou. – Sinto muito. Seu marido faleceu faz uma hora agora.

Beckett não conseguiu segurar as lágrimas, mas acabou se lembrando do que ele falava para ela e então disse. – Melhor assim… Eu estou indo para aí para tratar de tudo o que for necessário.

Ela voltou botando sua roupa, e antes de sair do loft, ela agarrou as chaves do carro e falou sozinha. – É bom que você esteja agora olhando por mim, Rick. 


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