The Big Four - As Legiões Colidem escrita por River Herondale


Capítulo 21
|Merida| Griflet Potestatem


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoal!
Esse capítulo ficou imenso, eu sei, eu sei...
Não sei vocês, mas não tenho paciência de ler capítulos gigantes! Mas esse teve que ser, então ok. Vamos para a história!
(talvez vocês não tenham entendido o título do capítulo, mas tenho certeza de que quando vocês entenderem, vão querer me matar. Dessa vez eu aceito.)



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Os olhos de Fergus estavam tempestuosos. Suas mãos estavam em formato de punho e seus caninos estranhamente estavam a mostra. Era como se ele estivesse pronto para atacar.

Mas ao ver sua família, seu olhar amoleceu imediatamente. Ele não podia deixar sua família preocupada.

– Minha rainha. – disse Fergus afetuosamente enquanto Elinor se aproximava para um beijo.

Merida sempre odiara que seus pais se beijassem na frente de tanta gente. E a sala estava repleta de cavaleiros.

Durante toda janta, Merida concentrava-se no olhar do pai. Ver se com a linguagem corporal ela entendia algo.

Ele estava bem desconfortável, isso ela notara. Ele usava poucas palavras e pensava muito antes de dizer, como se procurasse as certas. Ele não encarava as pessoas, optando simplesmente em concentrar seu olhar na perna de porco que mastigava. Isso bastava para Merida perceber que ele fizera algo errado.

No final da ceia, todos seus cavaleiros estavam bêbados de tanto vinho, aplaudindo por nada e conversando alto coisas filosóficas que fariam algum sentido se eles estivessem sãs.

Eles ficavam insistindo que Elinor tocasse arpa. Ela fazia sinais com a mão em recusa, mas no fim cedeu. Era uma música melancólica e folclórica, que representava o poder dos cavaleiros do fogo e a saudade de suas amadas.

Vá, bravo cavaleiro. Lute pelas suas escolhas.

Lute pela sua Legião. Lute com toda honra.

A saudade que sinto não se compara ao orgulho.

Lute meu amado e querido. Lute com toda força.

Os homens estavam todos atentos a ela, concordando com a cabeça e quietos. Sempre era assim: o único momento que se calavam era para ouvir a música.

Seja o fogo, o mais poderoso.

Que arrasa e destrói todos,

Como o coração se uma donzela.

Mas no final, é caridoso,

Aquecendo sempre a mais bela.

Merida amava ouvir sua mãe cantando. Sua voz era suave como de rouxinóis e seus dedos longos eram graciosíssimos ao tocar a harpa. Merida apreciava o dom, mas não tocava e nem cantava com o mesmo esmero.

Caius, o governante dos empregados entrou na sala e fez uma reverencia diante do rei e aproximou-se, cochichando: “Tem um jovem que deseja entrar na cavalaria.”.

Fergus fez que sim com a cabeça, claramente embriagado e gritou para seus cavaleiros:

– Todos, para os estábulos! Peguemos os cavalos e suas lanças, pois hoje improvisaremos um torneio!

Todos os homens gritaram de prazer e levantaram-se simultaneamente a caminho dos estábulos.

O campo era imenso e a noite brilhava com as estrelas. Todos os homens com o auxílio de criados estavam se vestindo com as armaduras brilhantes. As damas da rainha cochichavam e apostavam entre si qual levaria a melhor. Quando eles passavam diante delas, elas soltavam risadinhas abafadas por um paninho.

– Fergus, está de noite e todos vocês acabaram de beber! Não acha que isso não é necessário?

Fergus envolveu Elinor nos braços e disse:

– Se não arriscássemos nunca faríamos nada, Elinor. Deixe-me ser feliz.

E ele beijou a testa dela com um beijo molhado. Quando ele se virou, Elinor limpou a testa escondida. Ele estava com bafo de bêbado.

Caius com um papel com as regras dos jogos, encarou todos, que ficaram quietos. Ele começou:

– Hoje, disputaremos um único jogo que sei que todos aqui amam: Justa.

Todos os criados que assistiam o jogo foram ao alvoroço. Merida não entendia como eles amavam esse jogo extremamente violento.

Justa jogava-se assim: dois oponentes montados em seus cavalos com uma lança devem acertar o oponente com a ponta da lança. Vence que derrubar o oponente do cavalo.

(se você não entendeu, veja essa imagem)

Muitas vezes, o rumo do jogo era tão violento que muitos jogadores morriam. Era aterrorizante. Os cavaleiros de seu pai estavam extremamente animados com o jogo.

– As regras são simples, e creio que vocês saibam. Mas não vale nada repetir:

1 - não machucar de ponta ao adversário.

2 - não brigar fora das filas.

3 - não lutar vários cavaleiros contra um.

4 - não machucar o cavalo do rival.

5 - desferir os golpes apenas no rosto e no peito do adversário.

6 - não machucar o cavaleiro que levantar a viseira.

Caius, ao terminar de falar, encarou todos os jogadores para ter certeza de que se eles entenderam. Parecia que sim.

– Chame o garoto, Caius, para o torneio! Quero ver se ele é realmente bom. – gritou Fergus, animadamente.

– Sim, majestade.

Caius acenou com a cabeça para as damas da rainha e uma delas correu buscar o garoto. Era Elliot.

Merida sabia que era Elliot, mas decidiu mentir a si mesma que não, não era. Elliot caminhava lentamente até o centro dos cavaleiros, tentando ao máximo parecer confiante.

As mãos estavam suadas como era de se imaginar. Ele estava com suas melhores roupas para se apresentar diante do rei e sua espada estava em uma bainha vermelha, belamente bordada. Ele fez a reverencia e olhou para o rei como se dissesse: “Prossiga rápido para não me deixar mais constrangido.”.

A primeira reação de Fergus fora surpresa. Depois um espanto. Por mais que ele realmente gostasse de Elliot, era meio difícil imaginá-lo cavaleiro.

– Levante-se, filho. – disse Fergus, tentando parecer sério enquanto queria rir. – Cavaleiros, arrumem para esse jovem uma boa armadura e um cavalo. Eu quero ver sua capacidade.

Elliot olhou confuso para os homens que o pegavam pelos braços e o levantavam, levando-o para o arsenal, para pegar a armadura.

Enquanto ele era puxado, os olhos de Elliot encontraram Merida. Ela fez que sim com a cabela e sussurrou “boa sorte”.

Ele relaxou e deixou-se puxar.

A vontade de Merida era voltar no tempo e ter concertado tudo isso. Ela não podia deixar que Elliot se ferisse.

Os irmãos mais novos de Elliot assistiam seu irmão com orgulho. Rupert dizia a sua irmã Eimee: “Um dia será eu, Aimee. Junto com Elliot, nós iremos lutar ao lado do rei.”.

Os olhos de Tristan eram invejosos. Como se no fundo, ele desejasse que Elliot fracassasse com ele. Ele não aceitaria que seu irmão caçula fosse melhor.

A única pessoa que parecia tão preocupada quanto Merida era Lucila. Ela segurava Laurine nos braços e estava com os olhos perturbados.

Merida sempre achara Lucila muito magra para a idade. Parecia que a qualquer momento, quebraria. Ainda vendo Lucila carregando a gorduchinha Laurine, a impressão era maior.

Elliot voltava com os outros cavaleiros, de armadura completa. Não era possível ver a expressão de Elliot, mas Merida tinha certeza que ele estava com medo. Ela também estaria.

Caius quando viu que todos estavam prontos, chamava cada dupla para o combate, começando pelos mais fracos.

– Começamos aos mais jovens e inexperientes! Deste lado, Elliot de Lucan. Do outro, Phillippe Stern.

Merida não podia acreditar que Elliot iria ser da primeira dupla.

Phillippe deveria ter 15 anos. Era alto, loiro e magrelo. Várias sardas eram espalhadas por todo o corpo, o que deixava Phillippe parecer bem vulnerável.

Cada um de um lado da arena. Elliot estava montado em um imenso cavalo negro e Phillippe em um branco. Com o barulho do sino, eles avançaram.

Os olhos de Merida estavam focados em Elliot. Ele corria rapidamente em cima do cavalo. Seu braço segurava firme a lança comprida, talvez maior que os braços dele. Quando os suas lanças iam colidir um no peito do outro, Elliot desviou rapidamente e atacou as costas de Phillipe. Ele caiu de frente, provocando um imenso espanto no animal, que fugiu da arena.

Phillipe estava bem, graças a armadura, com apenas alguns arranhões por conta do tombo.

– Elliot de Lucan vence a primeira rodada! – gritou Caius.

Os jogos sempre eram assim, rápidos. Mas Merida não esperava que seria tanto – ainda mais com Elliot vencendo com tanta facilidade -.

Elliot deixou a arena e sentou-se ao lado dos outros cavaleiros que esperavam sua vez de jogar. Merida sem pensar, correu até Elliot e o abraçou.

– Merida... – sussurrou Elliot, suado, enquanto a abraçada.

– Tenha cuidado, ouviu? Isso é perigoso demais. – disse Merida, entre os dentes.

– A guerra é perigosa demais. Acredite, Merida: Tem coisas piores. – respondeu Elliot.

Merida o soltou do abraço e o encarou.

– Só prometa que não se machucará.

Ele sorriu para ela e pôs a mão na nuca:

– Eu sou inteligente, certo? Esse jogo não é força. É estratégia. Prometa que não se preocupará.

Merida fez que sim com a cabeça e se distanciou, ainda se sentindo insegura.

O jogo fora rápido de novo. O vencedor dessa jogada jogaria com Elliot, para ver qual dos dois continuaria na próxima rodada. Elliot venceu.

Isso continuou até a quinta rodada.

– Faltam apenas duas duplas para o fim do jogo. Será que alguém desbancará o nosso vencedor atual, Sir Gaheris?

Sir Gaheris deveria ter a idade do pai de Merida. Ele era muito famoso por toda a Legião, por ser um dos homens mais corajosos do Fogo. Ele era gigante e pesado como uma pedra, mas delicado como uma pluma.

Mais apostas eram feitas entre os criados. Fergus assistia animado todas as lutas, bebendo seu vinho.

– Vamos logo com isso, Caius! – gritou Fergus, rindo com seus companheiros que assistiam.

Caius olhou para o rei, claramente se segurando para não se irritar e continuou:

– Nessa terceira rodada temos deste lado o nosso mais jovem e melhor cavaleiro: Sir Griflet Potestatem e do outro lado, nosso mais novo e futuro cavaleiro: Elliot de Lucan.

Merida não tinha esperanças de que Elliot vencesse dessa vez.

Griflet deveria ter 17 ou 18 anos. Ele tinha a altura de Elliot, tinha olhos azuis e cabelos loiros escuros e compridos. Seu Soul-Patronus, um gavião, já estava em fase quatro, o que era surpreendente.

Gavião vs. Corvo.

Pelo olhar de Elliot, Merida podia imaginar que eles se conheciam. Elliot o olhava como se fosse uma presa. O mesmo estava estampado nos olhos de Griflet. Eles pareciam que iam se matar e o pior: não se encaravam como um jogo, uma competição. Mas sim como arqui-inimigos.

Elliot abaixou a viseira depois de encarar amargamente seu oponente e subiu no cavalo. Ele estava claramente levando isso para o pessoal. Droga!, pensou Merida.

Enquanto Griflet arrumava os cabelos loiros para colocar sua viseira, as damas do reino sussurravam entre e si e davam risadinhas, apostando dinheiro entre elas e jogando charme em Griflet.

Merida odiava esse tipo de meninas que não podiam ver garotos bonitos e se apaixonavam. Ele era belo? Realmente, parecia um anjo. Mas algo nos olhos de Griflet mostrava a sua verdadeira identidade: seu amor pelo poder, sua loucura pela ganância e sua fome de matar.

Ele claramente faria qualquer coisa para ganhar.

Quando montados, Merida percebeu a grande diferença entre Griflet e Elliot.

O cavalo de Griflet era branco e bem mais alto do que o de Elliot. Sua armadura era bem mais resistente e encaixava-se perfeitamente em Griflet. Tudo bem, a armadura de Elliot era improvisada, mas Merida sentia injustiça nisso tudo.

Quando o sino tocou, Elliot e Griflet correram para se colidirem.

De todos os jogos, esse parecia o mais tenso. Todos que assistiam estavam quietos.

Um, dois, três, quatro... BOOM!

As suas lanças foram atingidas em ambos os peitos. Elliot caiu de lado e Griflet de trás.

Os homens que trabalhavam no castelo correram em direção a eles, levantando-os e certificando se estava tudo bem. Elliot sussurrou alguma coisa no ouvido do homem que o ajudava, com a cara de dor. O homem concordou mesmo não gostando da ideia.

Ambos subiram de novo em seus cavalos para desempatar. Elliot parecia torto e Griflet irritado. Quando o sino tocou, seus cavalos correram para a colisão e Elliot nem tentou acertar Griflet ou desviar do golpe. A lança de Griflet acertou em cheio no peito de Elliot. Ele caiu por trás do cavalo.

Um grito abafado saiu da boca de Merida. Ela saiu de onde estava e mesmo ouvindo os gritos de sua mãe pedindo que ela voltasse, ela ignorou. Ela precisava ver o que tinha Elliot.

O ombro esquerdo de Elliot estava sangrando. Seu rosto estava com dor estampada. Pelo menos ele estava acordado, pensou Merida.

Os criados com uma maca pegaram Elliot e o tiraram da arena. Merida levantou-se e caminhou ao lado dele, segurando uma ponta da maca.

Ela olhava para Elliot, como se dissesse “vai ficar tudo bem”. Ele olhava para ela de volta, em resposta com um olhar que dizia: “esqueça disso. Eu sei que vai ficar tudo bem”.

Quando passaram do lado de Griflet, Merida o encarou, raivosa. Ela poderia mata-lo nesse instante, mas decidiu mostrar seu desprezo a ele.

Merida pôde perceber que isso afetara Griflet. Ele a encarou surpreso como se dissesse: “Como assim você não gosta de mim? Todos gostam!”, mas depois disso, seu olhar mudou para algo do tipo: “Perfeito. Levarei isso como um desafio”.

***

Elinor entrou no quarto de Elliot para ver como ele estava. O baque da queda havia trincado o ombro de Elliot. Ele estava vermelho de tanta febre. Seus cabelos estavam empapuçados e sua camisa fora tirada para ficar mais fácil de visualizar o ombro dele.

Merida não tivera a permissão de entrar no quarto. Ela estava na sala da casa de Elliot, extremamente perturbada. Os irmãos mais novos de Elliot, Rupert e Aimee estavam sentados com ela, esperando. Laurine estava no colo de Rupert.

– Ele vai ficar bem, né Princesa? – perguntou Aimee, com lágrimas nos olhos.

– Claro que vai, Aimee. Seu irmão é muito forte. – respondeu Merida, com uma vontade imensa de abraça-la, mas não o fez

Um grito estridente de Elliot fora ouvido de dentro do quarto. Alguns segundos depois, Lucila saiu correndo do quarto, com as mãos tampando seus olhos, frustrada.

Merida se perguntou o que estaria acontecendo com Elliot. Perturbada, ela levantou-se do sofá e perguntou a Lucila, que estava se recuperando lentamente.

– E-eles tiveram que colocar o ombro de Elliot no lugar. Foi horrível! Ele ficou sem cor de tanta dor, princesa...

Merida com um súbito impulso entrou no quarto e viu Elliot descansando em sua cama, com os olhos fechados e suor na testa. Seu ombro tinha uma bolsa de pano quente cheia de ervas para diminuir a dor.

– Merida, saia daqui agora! Ele está sem camisa, onde já se viu, uma garota vendo um garoto...

– Licença, mãe. Mas ele é meu amigo e eu simplesmente quero ver se ele está bem. – disse Merida, cortando sua mãe de terminar a frase.

Merida encarou Elliot, que parecia estar bem agora, mas foi arrancada do quarto bruscamente pela mãe.

– Merida, escute-me!

– MÃE!

– Merida! – Elinor segurou os dois ombros da filha e a encarou. – Ele está bem agora. Vai sobreviver e depois de uma semana, no máximo, voltará ao normal. Agora, escute...

– Ele vai continuar na cavalaria? – perguntou Merida, interrompendo a mãe de novo.

Elinor virou os olhos, impaciente.

– Merida...

– Ele passou ou não?! – questionou Merida, sem paciência.

Elinor confirmou com a cabeça.

– Ótimo. Era apenas isso que eu queria saber.

Merida iria sair, mas sua mãe a segurou:

– Merida, escute: você não pode entrar naquele quarto com Elliot sem camisa. Isso seria um grande desrespeito com seu futuro marido.

– Como assim? – perguntou Merida, irritada.

– Merida, seu pai decidiu hoje. Você se casará com Sir Griflet.


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Notas finais do capítulo

Esse eu quero mesmo muuuitos comentários, hein!
Haha, espero que vocês estejam bem ♥
http://fanficb4-guerradaslegioes.tumblr.com/
(Eu sei que tem muito cap da Merida, mas foi preciso. Prometo que agora terá bastante dos outros queridos personagens)