Final Fantasy X-3 - Os Hinos escrita por Mirytie


Capítulo 13
Capítulo 13 - Sacrifícios


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^-^



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– Bloqueio...

No dia a seguir ao seu casamento, pouco antes de terem tempo de voltarem para Besaid, Yuna tinha sido chamada ao escritório privado de Baralai porque, pelos vistos, Isaaru tinha tido uma conversa com ele na noite anterior.

– Do que é que estás a falar? – perguntou Yuna, fazendo-se de inocente – Bloqueio de quê?

– O Isaaru deu-me razões para acreditar que desenvolveste alguma técnica de bloqueio para impedir que um Invocador “envie” uma alma para a Farplane. Apesar de não saber porque é que alguma vez quererias fazer isso. – disse Baralai – Mas...francamente, Yuna, estás a quebrar as regras outra vez?

Pelo menos Isaaru não tinha dito a Baralai que Tidus era um “não-enviado”, pensou Yuna aliviada.

– Eu não sei o que é que o Isaaru te disse. – disse Yuna – No entanto, como tu disseste, para que é que eu quereria impedir um “envio”? Para começar, nem saberia como fazer isso.

Baralai estreitou os olhos e, de alguma maneira, teve o pressentimento de que ela estava a mentir. Não, tinha quase a certeza. Yuna era uma Invocadora poderosa e esperta. O desconhecimento da técnica nunca a impederia de continuar à procura de uma maneira para o fazer.

No entanto, apesar de desconfiar de Yuna, qual seria o motivo dela para criar tal técnica?

– Poves ficar em Bevelle durante mais algum tempo? – pediu Baralai – Só até resolvermos isto. Também ainda não acabámos as novas investigações sobre o que aconteceu em Zanarkand.

– Tal como combinado, vou partir imediatamente para Besaid para começar a minha vida de “esposa” e deixar a vida de “Invocadora” para trás, uma vez que já não tenho de fazer as duas. – respondeu Yuna – Uma vez que não tens quaisquer provas sobre a tal técnica, não tens o direito de me prender aqui. No entanto, em nome dos “bons velhos tempos” eu posso ir contigo a Zanarkand para que possas ver com os teus próprios olhos que eu não provoquei nada lá. Aliás, até podemos passar por um Templo qualquer para dissipar as suspeitas.

Baralai franziu as sobrancelhas. Porque é que ela estava disposta a cooperar do nada?

– Deves estar a perguntar-te porque é que estou disposta a cooperar. – disse Yuna, surpreendendo – Não quero ficar mais tempo aqui. A cada passo que dou lembro-me da cela onde me colocaram durante a época da Ordem de Yu Yevon e de como tudo em que eu acreditava se despedaçou quando descobri a verdade.

– Muito bem. – aceitou Baralai – Porque é que não vamos agora?

– Claro. – respondeu Yuna – Vou informar o Brother.

– Não. – recusou Baralai. Apesar de querer acreditar em tudo o que Yuna tinha dito, ainda tinha as suas suspeitas – Vamos numa das nossas naves.

– Porquê? – perguntou Yuna, tentando não parecer preocupada – O Brother já está preparado.

– Tal como as nossas naves. – disse Baralai, levantando-se – Trás a tua gente.

– Porquê!? – perguntou Yuna, levantando-se de maneira a impedir o caminho a Baralai – Se só desconfias de mim, só precisas que eu vá.

Baralai franziu as sobrancelhas.

– Depois de passarmos em Zanarkand, deixo-te em Besaid e, como há lá um Templo, também posso confirmar isso. – disse Baralai – Como és a Invocadora Suprema que trouxe a Calma Eterna, toda a gente anda em bicos de pés à tua volta e eu também não quero desrespeitar-te mas, por favor, faz as malas, trás o teu pessoal e encontra-te comigo na nave principla dentro de quinze minutos.

Yuna deixou-o passar e ficou ali um bocado com a cabeça baixa, com o cabelo esticado mas com as suas roupas normais. Passou os dedos pelo cabelo e fechou os olhos para não deixar sair as lágrimas quando sentiu o anel de casamento no seu dedo.

No que é que a sua vida se tinha tornado?

Tal como as outras pessoas andavam em bicos de pés à sua volta, ela andava em bicos de pés à volta de Tidus. Se continuasse assim, a única lembrança que teria dele no fim daquilo tudo seria aquele anel.

– Yuna.

A mão de Yuna tremeu quando ouviu a voz de Tidus atrás de si.

– Está tudo bem? – perguntou ele, pousando a mão no ombro dela – Pareces perturbada.

Ela abriu os olhos e viu o anel igual ao dela quando olhou para a mão que Tidus tinha pousado nela. Virou-se e sorriu para Tidus.

– Está tudo bem. – respondeu Yuna – O Baralai disse que nos dá boleia até Besaid depois de passarmos por Zanarkand.

Quando Yuna ia a passar por ele, Tidus agarrou-a pelo pulso.

– O que é que se passa? – perguntou Tidus, fazendo-a olhar para ele – Estás com aquele olhar outra vez.

– Que olhar? – perguntou Yuna.

– Com aquele olhar de que estás a esconder alguma coisa de mim e estás pronta a sacrificar-te sem pensares duas vezes. – disse Tidus, sem a largar – O que é que se passa desta vez? Tem alguma coisa a ver comigo?

Yuna soltou-se, assustada por ele ter descoberto aquilo tudo só pelo olhar dela.

– Não sei do que é que estás a falar. – mentiu ela, continuando a sorrir – Eu não tenho um “olhar”. Só estou cansada. Devias ir preparar-te. O Baralai disse para estarmos na nave principal em quinze minutos. Eu vou fazer as minhas malas.

Depois de dizer isso, virou costas e começou a caminhar rapidamente, deixando Tidus para trás.

...

Yuna fechou a mala com força, foi até ao espelho para pôr gel no cabelo, colocou as armas nos respectivos compartimentos e depois olhou para a prima e para Paine.

– Se a nave do Baralai pousar em Zanarkand, os pyreflies vão sair do corpo de Tidus e encher a cidade. – disse Rikku, preocupada – Eles vão descobrir imediatamente que não és tu.

– Temos de ir preparadas. – disse Yuna, pousando uma mão na pistola.

– O problema não é o de não irmos preparadas. – disse Pain – O problema aqui é que o Tidus também vai descobrir. A fé não disse alguma coisa sobre isso?

– E se os matarmos? – continuou Rikku – Vamos voltar a ser perseguidas por Bevelle. Não vamos poder parar em lado nenhum.

Yuna comprimiu os lábios enquanto pensava.

– O olhar de quem está pronta para se sacrificar por outra pessoa. – murmurou Yuna – Era esse olhar que eu tinha?

– O que é que estás a dizer? – perguntou Paine – Não te vais sacrificar por ninguém.

Yuna juntou as mãos e passou a mão pela aliança.

– Quando a altura chegar... – disse Yuna, olhando para as duas amigas – espero que me possam ajudar.

– Nós vamos ajudar-te. – garantiu Rikku, abraçando Yuna – Nem precisas de pedir.

Yuna sorriu e também abraçou a prima. – Obrigada.

Paine olhou para a cara de Yuna e lembrou-se da cara que ela tinha durante o anúncio há três anos, depois de derrotar o Sin.

– A cara de quem sacrificou alguma coisa? – murmurou Paine – Ou a cara de quem está pronta para se sacrificar?

– O que é que disseste, Paine? – perguntou Yuna, olhando para ela.

– Só que concordo com a Rikku. – mentiu Paine – Nós vamos ajudar-te não importa o que aconteça. Por isso, não tentes isolar-te e fazer tudo sozinha.

Yuna afastou-se da prima e, sem responder ao comentário de Paine, pegou no bastão enrolado em tecido preto e colocou-o às costas.

– Mesmo que eu tente... – disse Yuna – Nunca consigo fazer nada sozinha. As pessoas têm o habito de me ajudarem.

Rikku começou-se a rir e pegou na mala da prima. – Isso é verdade.

Paine deixou Yuna passar à sua frente e levantou a cabeça.

Chegava de sacrifícios, implorou Paine para si mesma. Aquela rapariga já se tinha sacrificado e sofrido o suficiente para uma vida inteira.

...

Tal como Baralai tinha pedido, tinham-se todos encontrado em frente à nave principal dentro dos quinze minutos com as malas nas mãos.

– Não quero ser um inconveniente para ninguém. – anunciou Baralai, olhando de lado para Yuna – Vamos parar só rapidamente por Zanarkand e deixo-vos em Besaid logo a seguir.

– Ainda desconfia de nós? – perguntou Wakka, um bocado chateado – Não ficamos aqui como pediu? Podiamos ter ficado noutra cidade ou aldeia qualquer até o dia do casamento.

– Lamento imenso. – Baralai fez uma vénia – Foi uma honra ter-vos aqui, mas a Yuna já concordou com isto.

Quando Wakka olhou para ela, Yuna olhou para Rikku.

– Já está tudo pronto? – murmurou Yuna para a prima.

– Pronto. – respondeu Rikku – O Brother seguir-nos até Zanarkand, caso tenhamos de mudar de nave.

Yuna anuiu e começou a andar quando Tidus deu-lhe a mão.

...

– Estámos a chegar a Zanarkand. – disse Tidus para Yuna, sentado ao lado dela enquanto sobrevoavam Spira – Daqui a nada estámos em Besaid. O Wakka disse que a Lulu arranjou-nos uma cabana.

Yuna levou uma mão ao seu lugar, a única coisa que restava do tempo com os seus pais, e decidiu que o pai teria feito a mesma coisa se ele e a mãe estivessem ali, na mesma posição deles.

Yuna olhou pela janela e começou a contar os segundos até chegarem a Zanarkand enquanto fechava a mão em punho.

– Estámos quase a aterrar em Zanarkand. – informou Baralai de olhou em Yuna.

Rikku e Paine, que se encontravam sentada atrás de Yuna, pousaram as mãos nas respectivas armas, levemente, sem que ninguém visse.

Três, dois, um...Zanarkand!

E a cidade voltou a ser a estufa de pyreflies. Yuna olhou sorrateiramente para Tidus, para ter a certeza de que nada estava a desaparecer.

Quando pousaram, saíram da nave e ficaram a olhar para os pyreflies a voarem desordenadamente, durante alguns segundos.

– No final de contas, parece que tem alguma coisa a ver contigo, Yuna. – disse Baralai, aproximando-se de Yuna.

– Sim, parece que tem. – concordou Yuna – Isto quer dizer que tenho de voltar convosco para Bevelle?

– Talvez...

– Não! – exclamou Tidus, dando a mão Yuna – Ela não tem nada a ver com isto! E não vai voltar com ninguém a não ser connosco para Besaid!

– Tidus...

– Eu sabia que se passava alguma coisa. – disse Tidus, interrompendo Yuna. Quando Baralai aproximou-se, Tidus deu um passo atrás, ficando a alguns centímetros da “saída” de Zanarkand – Não vai acontecer outra vez. O que quer que seja, Yuna, tens de contar-nos aqui e agora, para que o Baralai saiba que nada disto tem a ver contigo.

Yuna ficou calada, apertando a mão de Tidus com mais força.

– Já chega. – disse Baralai, suspirando – Não quero torturar ninguém. A Nova Ordem de Yu Yevon até fica agradecida pelas pyreflies terem voltado. No entanto, estávamos só a tentar descobrir se a Yuna ou algum de vocês estava a fazer alguma coisa que pudesse contradizer as regras da Nova Ordem. Agora, vamos levar-vos a Besaid.

Yuna nem queria acreditar no que ele tinha dito. Agora só bastava levá-lo ao Templo de Besaid e mostrar-lhe que não acontecia nada quando ela entrava lá.

– Fá-lo sair de Zanarkand.

Ao ouvir aquilo, Yuna olhou para o lado e viu Isaaru a sair da nave.

– Eu já sabia que o Baralai iria ficar do lado da Invocadora Suprema. – disse Isaaru – Mas, desculpa Yuna, não posso deixar que continues com o que estás a fazer.

– O que é que queres dizer com isso? – perguntou Baralai.

– Faça com que o Tidus saia de Zanarkand e veja o que acontece. – pediu Isaaru – A Yuna quer esconder isso de toda a gente.

– Porquê o jogador? – perguntou Baralai, confuso.

– Por favor. – pediu Isaaru, novamente – Se decidir que não quer fazer nada mesmo depois de o ver, então não direi mais nada.

– Muito bem. – decidiu Baralai, sem ver qual seria o mal – Tidus, desculpe incomodá-lo mas, para acabarmos com esta confusão toda, pode dar alguns passos atrás.

Tidus encolheu os ombros e deu um passo atrás, fazendo a mão de Yuna tremer.

Quando ia a dar outro, em vez de pegar nas pistolas, Yuna pegou no bastão, desenbrolhou-o num segundo e apontou-o a Baralai. Ao verem aquilo, Paine e Rikku também pegaram nas suas armas.

– Ninguém se mexe! – exclamou Yuna, em pánico.

– Yuna. – murmurou Tidus, surpreendido – O que é que estás a fazer?

– O que é que se passa aqui, Yuna? – perguntou Baralai, sem se mexer, uma vez que as armas de Paine e Rikku estavam apontadas a ele – O que é que tem o rapaz?

– Ele é...!

– Não te atrevas a dizê-lo! – gritou Yuna, apontando o bastão para Isaaru, quando este falou – Não abras a boca!

– E o que é que podes fazer com esse bastão velho? – perguntou Isaaru, dando um passo em frente – Desde que as fés desapareceram, não servem como armas.

Quando Yuna girou o bastão, formando um circulo de fogo à sua frente, Isaaru, Baralai, Wakka e Tidus abriram a boca.

A pequena fé, estava a ver de longe, enquanto Yuna invocava Ifrid.

– O que é que vais fazer a seguir, Yuna? – perguntou-se a fé – Quando o teu coração é tão puro, conseguirás fazer mal a essas pessoas só para salvar o sonho?


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Notas finais do capítulo

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