A Love Of Ice And Fire escrita por Sereny Kyle


Capítulo 1
one-shot


Notas iniciais do capítulo

essa é a segunda fanfic dessa trilogia sobre o amor de duas pessoas que não podiam acabar pior...
em breve eu vou postar a última... "A Flower of Ice and Fire"! aguardem
espero que gostem e comentem
boa leitura
Sereny Kyle



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/399326/chapter/1

            O castelo de Pedra do Dragão parecia brotar do chão, como se tivesse crescido da terra como as árvores e as montanhas, era rústico, sério e frio. Não frio o suficiente para fazer tremer uma nortenha, criada em Winterfell, do sangue dos Stark. Perto do Norte, aquele frio era brincadeira de criança... Mas isso era só pra ela mesmo, todos os outros ali andavam encapotados, batendo os dentes, enquanto ela usava suas roupas mais leves, quase como se fosse Verão. Sua vestimenta era sempre um motivo para fazer brotar uma gargalhada no peito de seu príncipe entristecido.

            Lyanna quase tinha perdido a noção dos dias desde que chegara ali, depois de fugir no cavalo de Rhaegar de Harrenhal. O tempo parecia fluir com tanta rapidez que era quase impossível de acompanhá-lo... No entanto, às vezes ela se via por horas sem ter nada para fazer, entediada dentro de seu próprio quarto...

            Seu quarto tinha todo o conforto que seu príncipe lhe prometera, uma grande penteadeira, com um espelho capaz de refletir quase todo o cômodo, quando ela se sentava diante dele, uma varanda com sacada de mármore acinzentado, não como o cinza das pedras, mas como o Lobo no emblema de sua casa, de onde ela tinha uma vista privilegiada do oceano se encontrando com o céu e as ondas quebrando nos rochedos, aonde podia se sentar para ler ou tomar chá ou o que preferisse, como ele mesmo dissera tantas vezes, entusiasmado, quando chegaram...

            Tinha também uma escrivaninha com um tinteiro de prata, penas e pergaminhos, ao lado de uma estante repleta de livros que o próprio príncipe escolhera para estar a sua disposição... Uma lareira que era acesa todas as noites para aquecer-lhe o quarto inteiro, tão grande que era capaz de rivalizar com aquela que tinha em seu quarto de Winterfell...

            Um armário abarrotado de vestidos, capas, adornos e sapatos, mesmo que ela não pudesse sair por ai com eles... E uma enorme cama com dossel de prata, da onde pendia uma cortina feita de rendas de Myr, que servia para ocultá-la quando estivesse dormindo, mas não era muito para dormir que aquela cama vinha sendo usada...

            Os dias em Pedra do Dragão eram quase todos iguais, principalmente porque a jovem Stark mal saía de seu quarto... Ela não era uma prisioneira e nem tinha sido impedida de andar por onde quisesse, mas Elia também estava ali, assim como seus filhos e Rhaella, mãe de Rhaegar, com o pequeno príncipe Viserys... Não era uma situação que conseguisse aguentar sozinha e nem estava disposta a enfrentar...

            Na primeira noite que passou naquele castelo, conseguiu escutar uma discussão entre Rhaegar e a rainha-mãe, sobre ele tê-la levado de Harrenhal daquela maneiro e sobre ela ser contra os dois jogarem tudo para o alto para viverem aquele amor.

            “Pelos deuses, Rhaegar, você será rei, em breve, recobre logo a razão! Sabe que eu sempre estive ao seu lado, mas dessa vez, não há como aceitar essa loucura! Você quer quebrar os reinos? Quer que seus lordes se virem contra você? No que estava pensando? A presença dela aqui só trará desgraça à nossa família! Você tem dois filhos e um irmão pequenos, como os protegeremos se estourar uma guerra? Sem contar o estado delicado da saúde de Elia! Eu sei o que é amar tanto alguém que você queira jogar tudo para o alto e enfrentar as consequências, meu filho! Mas eu não fiz isso! E sabe por quê? Porque eu sabia que não daria certo!”

            A garota retornara ao seu quarto, decidida a não ouvir mais nada... Ela sabia que seria assim, que ninguém apoiaria a decisão dos dois... Mas ela não queria que tudo aquilo virasse uma guerra! Seria possível que a decisão de duas pessoas pudesse afetar milhares?

            Rhaegar tentara conversar com Lorde Rickard uma dezena de vezes, mas o homem não parecia disposto a ir até Pedra do Dragão e tudo o que o príncipe fazia era tentar apaziguar os ânimos... O reino parecia um barril de pólvora e os dois tinham acendido uma fogueira muito próxima a ele...

            Todos os dias, corvos traziam notícias de que Ponta Tempestade preparava-se para marchar contra Pedra do Dragão e Porto Real... Robert preparava a guerra que Lyanna não queria que acontecesse e nada fazia com que ela o odiasse mais... Ela sabia que nada faria com que ele se acalmasse diante daquela situação, mas ela esperava que ele gritasse, esbravejasse, bebesse, fosse a todos os bordéis que conhecia e aquilo terminasse sem ninguém ferido... Ninguém, exceto o orgulho de Robert, mas ela não tinha ideia que o orgulho dele fosse tão grande... Só o que a garota podia fazer era rezar para que os deuses antigos guiassem os passos e pensamentos de seus irmãos para que eles conseguissem conter Robert e suas ideias malucas de guerrear...

            Ela sabia que não era só rezar que ela podia fazer... Ela mesma podia impedir Robert Baratheon de marchar rumo à guerra... Sabia que bastava deixar Pedra do Dragão e todo aquele lindo sonho de primavera pra trás, voltar pra casa e casar com ele... Mas ela sabia como seria essa vida se ela resolvesse aceitá-la... Como seria ser esposa dele, ser senhora de Ponta Tempestade... Ainda conseguia ser pior do que ser amante do príncipe... Pior do que gerar bastardos e nunca ter nada que realmente lhe pertencesse... Pior do que nunca mais ver sua família ou Winterfell...

            Sempre que tentava se convencer que era seu dever impedir aquela guerra, impedir a destruição clara que traria desgraça aos Sete Reinos, Lyanna levava horas discutindo e argumentando consigo mesma, dando voltas pelo quarto desde o desjejum até a ceia... Quando ela se convencia que devia abrir mão de seu coração e ir embora, Rhaegar aparecia em seu quarto e a cobria de amor e carinhos e ela se esquecia de seus argumentos e se entregava de corpo e alma a seu príncipe e os dois ficavam juntos até o dia amanhecer... Todos os dias...

            E assim, os dias se transformaram em semanas e as semanas se transformaram em meses desde que ela tinha chegado ali... Elia e os filhos ficavam lá, mas Rhaella ia e voltava de Porto Real com frequência e era em suas ausências que Lyanna podia aproveitar dias inteiros com seu amor, cobrindo-o de beijos apaixonadamente... Dias em que os dois mal saíam da cama...

            Ele tinha deveres de príncipe, deveres de pai e marido, mas era com ela que ele ia se deitar todas as noites e os dois amantes conversavam e faziam planos e liam sonetos um para o outro e brincavam sobre as canções que seriam feitas sobre seu romance e sua ousadia. Os dois podiam ver um dentro dos olhos do outro que toda aquela situação era dura demais de enfrentar, que quase os esgotava, que os dilacerava, mas eles tentavam não se abalar.

            Lyanna sabia que seu amado tinha muito mais a perder e que ele vinha arriscando muito por ela, para ficarem juntos... A todo momento, a garota se perguntava por quanto tempo aguentaria ignorar seu egoísmo... Quantas pessoas ela aguentaria ver sofrer pela sua felicidade até que fosse insuportável... Ela não era o tipo de pessoa que não ligava para o mundo ao seu redor.

            Por mais que dissessem a si mesmos, entre quatro paredes, que estavam dispostos a pagar o preço para ficarem juntos, que não queriam abrir mão da própria felicidade para fazer o que todos consideravam ser o certo, ambos sofriam com a possibilidade de uma guerra estourar e pessoas que não tinham absolutamente nenhum envolvimento com a história sofressem e pagassem por uma escolha que era deles.

            Ela olhava para fora, por sua varanda, esperando que tivesse sobrado alguma das antigas árvores-coração naquele lugar para que os deuses antigos ouvissem sua prece e a atendesse... Que impedissem aquela guerra, que a protegessem e protegessem Rhaegar e toda sua família... Que protegesse seu pai e seus irmãos e curassem o coração cheio de mágoa e pecado de Robert... Uma lágrima perolada escorreu por todo seu rosto e foi salgar-lhe a boca.

            - Meu amor? – a voz de seu príncipe soou às suas costas e ela enxugou a lágrima rapidamente, antes de se virar para olhá-lo, com um sorriso.

            A visão de Rhaegar ainda conseguia tirar-lhe o fôlego... Ele era como um sonho que se materializava diante de seus olhos, imaculado... Seu coração se enchia de uma felicidade tão grande e desconhecida, que ela sentia seu corpo flutuar na direção dele, para se prender em seus braços.

            Os dois se apertaram num abraço tão cheio de saudades como se fossem duas pessoas que tinham ficado anos afastados, separados pelo Mar Estreito... Mas tinham feito o desjejum juntos, naquele quarto, e ele aparecera, por alguns momentos, depois do almoço para lhe dar um beijo...

            Ela puxou-o pela mão para ficarem deitados na cama, sob o dossel e eles permaneceram por algum tempo em silêncio, deixando que seus olhos falassem, matassem as saudades uns dos outros, suas mãos se tocassem e se apertasse, acompanhassem lentamente cada detalhe do outro, como se estivessem se desenhando com as pontas dos dedos...

            Permitiram que seus braços puxassem a prendesse um ao outro, tomando posso do objeto de mais profundo desejo de seus corações... Permitiram suas bocas se deslizarem uma na outra, devotadamente, sorvendo e embriagando-se da paixão cada vez mais inflamada que sentiam um pelo outro...

            Lyanna colou suas costas ao peito do príncipe dragão, as mãos dele bem seguras em seu ventre, com seus corpos quase tão próximos quanto ficavam durante as noites, quando eram um só. Ela acariciava lentamente a pele dos braços e das mãos que envolviam seu corpo, quase tão lentamente quanto os lábios dele deslizavam por seu pescoço.

            - Você recebeu mais alguma notícia? – ela quebrou o silêncio, tristemente.

            - Não – ele respondeu, depois de pensar um momento. – Mas seu pai concordou em falar comigo em Porto Real... Acho que ele só temia que eu estivesse preparando uma emboscada pra ele aqui...

            - Espero que dê tudo certo... – ela se virou nos braços dele, para encará-lo e passou seus braços pelos ombros do rapaz, aconchegando-se em seu peito e Rhaegar beijou-lhe a testa.

            - Eu também estou contando com isso... – ele confessou, ainda com os lábios próximos à fronte dela, o olhar fixo no pedaço de céu que era visível entre as cortinas que ocultavam as portas de vidro da varanda, olhando, mas não vendo... Vendo muito além do que as estrelas que apareciam timidamente podiam lhe mostrar.

            - Você já sabe o que vai dizer a ele? – ela perguntou, inquieta e preocupada, colando seus lábios à pele dele, que aparecia pela gola da camisa leve que ele usava, como ele fazia antes em seu pescoço.

            - Minha prioridade é impedir essa guerra de acontecer! – ele respondeu, parecendo exausto. – Vou tentar convencer seu pai de que a guerra não será a resposta e não será assim que conseguirão tirar você daqui... Talvez ele consiga fazer Robert desistir dessa ideia... Eu sabia que tinha um motivo para que ele a quisesse como esposa, mas não imaginava que a amasse tanto a ponto de fazer uma guerra pra tê-la de volta...

            - Não sei se é por amor... Acho que consigo acreditar mais que é ego ferido do que amor... E, numa guerra, Robert não tem nada a perder, mas sabe que você tem e tem muito! Está atingindo seu ponto fraco como um covarde pra vê-lo desesperado...

            - Ele está conseguindo – Rhaegar admitiu, amargurado.

            A garota apertou seus braços com força em torno dele e uniu os lábios dos dois, comprimindo cada pedaço de seus corpos um contra o outro, confortando toda aquela dor que entristecia o coração de seu amado com seu carinho, até que lhes faltasse o ar e tivessem que se separar.

            Voltaram a ficar em silêncio, abraçados, os pensamentos indo e voltando de longe, percorrendo as matas fechadas, a Estrada do Rei, a capital, rodeando Ponta Tempestade, subindo rumo ao Norte e depois voltando a se focar unicamente naquele quarto.

            - Eu pensei em fazer seu pai acreditar que eu sou o Azor Ahai e que, se acontecesse uma guerra, eu seria obrigado a forjar a Luminífera e embebê-la no sangue do seu coração, meu grande amor... – ele quebrou o silêncio, fazendo-a olhá-lo, com uma expressão divertida. – Mas não consigo pensar nisso nem por brincadeira – seus braços estreitaram o corpo da garota contra o seu. – Sem contar que eu quero que ele confie que você está bem aqui, segura e não vou conseguir isso ameaçando tirar a sua vida pra ter uma espada lendária e poderosa – a garota gargalhou.

            - Bobo!

            - Talvez ele nem acreditasse – o príncipe deu de ombros. – Eu mesmo não acreditaria...

            - Mas alguns dizem que você é – ela argumentou. – Dizem que seu nascimento foi profetizado!

            - Falam de outro príncipe, não de mim... Eu sou apenas um homem... Um homem que fez de tudo pra ficar com a mulher amada! – ela sorriu e uniu novamente seus rostos num beijo, um beijo tranquilo, carregado de afeto e cumplicidade.

            - Eu sinto como se fosse sua a minha vida inteira, meu amor! – ele sorriu e acariciou os cabelos cacheados que caíam pelos ombros dela, se espalhando pelo travesseiro. – Como se eu tivesse nascido para ser sua!

            - Conquistar o amor de um dragão é uma magia muito poderosa, sabia? – ele brincou, fazendo-a rir. – Você ri? É verdade! Aquela que é dona do coração de um dragão é capaz de fazer coisas inimagináveis! Não me surpreendo que tenha feito o bêbado e glutão Robert Baratheon descobrir que tem um coração...

            - Bobo! – ela fez careta.

            Ele segurou o rosto da garota entre suas mãos e ficou por muito tempo com seus olhos fixos nos dela, como se ainda não tivesse ficado olhando-os o suficiente, como se ainda não tivesse decorado-os perfeitamente. Ainda que tivesse, ele sempre encontrava algo novo que o encantava ainda mais.

            - É uma pena que tenha sido apenas um alarme falso sobre a chegada da Primavera... – ele se lamentou e ela sorriu. – Você merecia a mais linda das primaveras!

            - Mesmo assim – a garota puxou-o para selar rapidamente os lábios dos dois. – Eu vejo beleza numa falsa Primavera!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

mereço reviews??



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Love Of Ice And Fire" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.