A Casa Adormecida escrita por SoraSeishin


Capítulo 5
Capítulo 4 - Rose Garden




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Capítulo 4 - Rose Garden

Já estava começando a escurecer quando Sam e Dean alcançaram a mansão – denominada Rose Garden por seus antigos moradores, Daniel e Catherine Townsend, em homenagem à sua filha natimorta. Alguns relâmpagos cortavam o céu escuro, anunciando a proximidade de uma tempestade e iluminando a casa brevemente.

“Vai chover”, disse Sam enquanto olhava para o céu, comprovando o óbvio.

Dean estacionou o carro na frente dos portões, que se erguiam imponentes para o céu. Mesmo após tantos anos sem uso, permaneciam sem qualquer sinal de erosão. A corrente que os unia, presa a um enorme cadeado de ferro, estava quebrada, provavelmente pelos últimos jovens que haviam desaparecido ao tentar entrar na casa. Um vento frio soprava, bagunçando os cabelos de Sam e fazendo-o fechar o zíper do casaco. Dean abriu o porta-malas do carro, tirando um par de lanternas, um vidro de água benta e a Colt, a arma capaz de destruir qualquer demônio. Colocaram os apetrechos nos bolsos dos casacos, não sem antes verificar a munição da Colt.

“O que quer que esteja morando nessa casa, não sairá de lá viva... ou morta.”

Empurraram os portões, que rangeram ruidosamente. Um jardim, outrora verde como que haviam visto no asilo, se estendia entre os portões e a entrada da casa. Porém agora tudo estava morto. Árvores mortas e retorcidas dividiam espaço com folhas secas espalhadas pelo chão. Assim como em Sunlight Home, havia uma fonte de água, com uma estátua de uma mulher nua sem braços no meio, porém estava seca e coberta por musgos. Atravessaram o jardim, com seus passos estalando nas folhas que se quebravam à medida que caminhavam, até alcançarem a entrada da casa, guardada por duas portas de madeira.

“Está aberta”, disse Sam, empurrando a porta, que rangeu tanto quanto os velhos portões enferrujados. “Vamos entrar.”

As portas davam para o hall de entrada da casa, um lugar extenso cercado de portas que davam para outras salas e com alguns móveis espalhados, cobertos por lençóis outrora brancos, mas agora cobertos de poeira e teias de aranha. Em cima, um enorme lustre os observava. À frente, duas escadarias de madeira se erguiam, ligando o hall ao andar superior.

“Ei! Tem alguém aí?”, gritou Dean, sendo respondido apenas pelos pios das corujas do lado de fora.

“Vamos dar uma olhada aqui embaixo primeiro”, disse Sam. “Quem sabe encontramos logo esses garotos e podemos sair daqui.”

Sam adiantou-se a uma das portas. Ao tentar abri-la, viu que estava trancada. Foi até a próxima porta. Também trancada. Tentou mais uma que abriu sem o menor esforço.

“Dean.”

O irmão se aproximou e juntos entraram na sala. Era um grande salão redondo, provavelmente um salão de festas, pois não havia muitos móveis. O piso era de madeira, como todo o resto da casa, e havia um grande espelho em todas as paredes, com o vidro sujo pelo tempo. Sam se aproximou do espelho e passou sua mão por ele, tirando a camada de poeira que o cobria, o que lhe permitiu enxergar a si mesmo e a seu irmão ao fundo.

“É, parece que não tem ninguém aqui. Vamos para outra sala.”

“Espera, Dean. Tem alguma coisa nesse espelho.”

Sam pegou um lençol que estava protegendo um sofá e passou pelo espelho, revelando um pedaço maior de sua superfície. Quando o fez, pôde ver um homem e uma mulher, usando roupas antigas e cobertas de sangue. De mãos dadas, o casal riu e apareceu ao lado de Dean.

“Dean! Cuidado!”

“Com o quê...”

Dean foi jogado contra uma das paredes, fazendo uma parte do espelho se estilhaçar ao encontrar o baque de seu corpo, que caiu no chão, coberto de pequenos cacos de vidro. Ao mesmo tempo, puderam ouvir risadas enchendo a sala. Sam correu até ele e ajudou-o a se levantar.

“Dean! Você está bem?”

“Estou, Sammy. Mas algo me diz que algumas pessoas aqui não estão.”

Uma música começou a tocar. As luzes se acenderam e risadas e conversas de diferentes pessoas encheram a sala. Não conseguiam ver ninguém, apesar do espelho mostrar diversos vultos passando por eles. Como se estivessem dançando.

“Vamos sair daqui, Sam. Estamos invadindo a festa dos mortos.”

Saíram do salão. Ao fechar a porta, ouviram um grito agudo.

“Deve ser um daqueles jovens desaparecidos... e parece estar vindo lá de cima. Vamos lá!”

As escadas de madeira, apesar de estarem velhas e gastas, ainda eram resistentes, pois conseguiram agüentar o peso dos irmãos Winchester quando passaram sobre si, apenas rangendo a cada passo dado. Logo estavam no primeiro andar da casa. Havia um longo corredor à frente, cercado por portas fechadas.

“Esse lugar tem salas e mais salas”, disse Dean. “Como vamos encontrar o pessoal?”

“Ei!”, Sam gritou. “Tem alguém vivo aqui?”

Após alguns segundos, puderam ouvir um fraco pedido de socorro.

“Parece vir do final do corredor, Sam. Vamos.”

“Espere, Dean... Olhe para o chão.”

O piso do corredor era todo coberto de espelhos. A maior parte estava tão suja quanto – ou pior – que os espelhos que haviam visto no salão de festas, mas a outra parte revelava algo que os olhos humanos não conseguiam captar. Porém os espelhos, aparentemente, conseguiam e vultos esbranquiçados passando de um lado a outro, flutuando. Apesar de não produzirem nenhum som, alguns davam a impressão de estarem gritando.

Dean apontou a Colt para o espelho.

“Não!”, Sam impediu-o. “E se todos esses espíritos se libertarem quando quebrarmos o espelho?”

“Tem alguma idéia melhor?”

Não tinha.

“Vou tentar atravessar. Se eu conseguir, você passa também.”

“Essa não é uma idéia melhor, Sammy. Deve existir um motivo para esse espelho estar aí.”

“Talvez não exista, sei lá! O que sabemos é que esse é o único caminho e nós precisamos resgatar aquele pessoal antes que aconteça o pior a eles. Então eu vou primeiro, ok?”

Dean não gostava de colocar seu irmão mais novo em perigo, mas também não se sentia confortável em relação a pisar em espíritos, mesmo que estivessem atrás de um vidro.

Sam caminhou cuidadosamente. Quando estava na metade do corredor, virou-se para o irmão e abriu os braços.

“Viu? É seguro!”

Dois pares de mãos surgiram do espelho no chão, agarrando-se à sua calça.

“Sam!”

Dean correu até ele, enquanto Sam começava a escorregar pelo espelho, através dele, à medida que mais braços e mãos apareciam e o puxavam para baixo. Quando Dean o alcançou, apenas a mão direita de Sam ainda era visível. Deu um salto, esticando seu próprio braço para tentar agarrá-la, mas quando chegou onde ela estava já era tarde. A superfície do espelho havia se tornado completamente preta, sem qualquer espírito vagando ou imagem refletida. E Sam havia desaparecido.


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