Lumen Ereptum escrita por varricchiopie, ImRav3nclaw


Capítulo 4
Mensagem




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Após a ceia à noite, levei Natalie até sua sala comunal, na Torre da Corvinal. Enquanto conversávamos do lado de fora, assim que as crianças do primeiro ano entraram todas, ouvi uma voz vindo de dentro do salão comunal:

 -Natalie? É você aí fora? – era Joseph, que já se livrara das vestes e usava uma calça jeans e uma blusa pólo branca. Instantaneamente sorri ao vê-lo - Você deveria ir se deitar, está tar... - ele se interrompeu - Louise, olá.

-Boa noite, Joseph – respondi.

-Sabe, Joseph - Natalie disse com uma risadinha - acho que você está certo, eu deveria mesmo ir dormir. – ela deu-me um abraço e acenou para Joseph enquanto entrava - Boa noite para vocês.

Ao que ela entrou, Joseph puxou-me para um abraço, dando um beijo no topo da minha cabeça. Assim que me soltou, ele sacou sua varinha, dizendo:

- Saca só isso – então ele conjurou uma luz continua em tons de laranja, rosa, verde, amarelo e azul, que dançava em uma pequena Aurora Boreal, e aquela visão fez-me abrir um sorriso gigante. Aos poucos a luz se dissipou e eu ri como em minha primeira vez na Dedosdemel. Ele abriu seu sorriso ridiculamente encantador quando eu disse:

- Isso foi incrível, Joseph!

- Obrigado! Qualquer dia eu te ensino, se quiser. – ele piscou – Você vai para sua sala comunal agora?

- Vou sim, por quê?

- Ah, você quer que eu te acompanhe?

Meus olhos faiscaram com a proposta, mas apesar disso eu disse:

- Não tem necessidade, isso vai te colocar em encrenca com o Flitwick. Eu não deveria estar aqui também, mas com a McGonagall eu me resolvo.

Ele correu uma mão pelo cabelo.

- Não me custa, Louise, é sério.

- É sério, Joseph, você não precisa fazer isso. Mas obrigada.

- Disponha. – ele me puxou mais uma vez para seu abraço apertado – Tenha uma boa noite e doces sonhos.

- Boa noite, Joseph, tenha bons sonhos também. Até amanhã!

Ele me liberou do abraço, dizendo:

 - Espero que isso seja uma promessa – piscou.

Eu ri e saí andando, vendo-o acenar para mim sob a porta. Ao sair de seu campo de visão comecei a correr, com as borboletas agitadas na minha barriga e um sorriso bobo no rosto.

Cheguei sem ser vista à torre da Grifinória e fui direto para o dormitório das meninas, onde eu dividia o quarto com algumas outras quintanistas. Hermione escrevia algo em um pedaço de pergaminho enquanto Lilá escovava seu cabelo e todas as outras meninas já dormiam.

Meu malão estava ao pé da cama que ficava ao lado da janela. Hermione sorriu para mim e sussurrou:

- Guardei essa cama para você, sei que gosta de ficar perto da janela.

Sorri de volta e agradeci. Troquei de roupa e enfiei-me sob as cobertas, logo eu já dormia, tendo os doces sonhos que Joseph me desejara.

Acordei sozinha, mais cedo do que seria realmente necessário. Fui tomar uma ducha no banheiro do dormitório. Quando acabei, as meninas começavam a acordar. Saí com o cabelo enrolado na toalha e já vestida com meu uniforme.

Hermione, com seu cabelo todo bagunçado, desejou-me bom dia. Cátia Bell sorriu para mim quando passei por ela. Lilá simplesmente continuou arrumando seus cachos e me ignorou, como sempre.

Vi de relance um envelope sobre o meu malão e, ao abri-lo, perguntei:

- Meninas, alguém entrou no dormitório durante a noite?

- Eu não ouvi nada. – falou Cátia.

- É, nem eu. – concordou Hermione.

Lilá não respondeu.

Tirei um pedaço de pergaminho de dentro do envelope e me deparei com duas palavras escritas em uma caligrafia floreada e medieval: “Se prepare”. Um arrepio percorreu minha espinha. Virei a carta e no verso havia o desenho de um vira-tempo. Fiquei sem entender absolutamente nada, porém aquilo continuaria na minha cabeça pelo resto do dia. Guardei a carta sob meu travesseiro e coloquei a veste negra com a insígnia da minha casa sobre o peito.

Assim que penteei meu cabelo e o sequei, desci para a sala comum, onde vi, olhando no mural, as aulas que tinham no dia - Feitiços, Transfiguração, Poções, Defesa Contra as Artes das Trevas, pela manhã, e Aritmancia e Trato das Criaturas Mágicas, pela tarde, que eram eletivas - torcendo para que estivesse em alguma com Natalie. Organizei meus livros e desci para o salão nobre, ainda nos primeiros minutos de café da manhã.

Descendo, passei pela professora McGonagall, que se encaminhava ao escritório de Dumbledore. À porta do Salão, vi a figura translúcida de Sir Nicholas de Mimsy-Porpington, o Nick Quase-Sem-Cabeça, flutuando por ali.

- Bom dia, sir Nicholas!

- Oh, bom dia, minha cara! – ele respondeu, com uma reverência, que fez sua cabeça oscilar sobre seu pescoço – Animada para o primeiro dia de aula?

- Com certeza! Esse ano eu prestarei os N.O.M.s, portanto devo me dedicar.

- É um deleite vê-la tão disposta. Tenho certeza de que se tornará uma grande bruxa, e eu não espero nada menos que grandeza dos bruxos da casa de meu coração! Agora eu devo ir. Tenha um bom dia. E lembre-se: - ele disse, já flutuando escada acima – o café da manhã é a refeição mais importante!

Eu ri e agradeci, entrando no Salão, que ainda se encontrava praticamente vazio, por não serem nem vinte para as oito.

Vi Natalie sentada à mesa da Corvinal comendo uma maçã, sem desgrudar os olhos de seu livro. Eu começava a caminhar até lá quando percebi que Snape zanzava por ali. Com um tranco, forcei meus pés a mudarem de direção até a mesa da Grifinória. A mesa estava vazia, exceto por Neville, Gina e algumas crianças do primeiro ano que pareciam tímidas e oprimidas pela grandiosidade da escola. Sentei-me entre Longbottom e um dos calouros, de frente para onde estava Natalie. Gina remexia os ovos que estavam em seu prato, enquanto Neville comia torradas francesas com cream cheese e bebericava um copo de suco de Cranberry.

- Ela ficou um tempo em St. Mungus, - Neville dizia – mas ela já está em casa. E bem.

- Quem, Neville? – perguntei, enquanto servia-me de uma xícara de chocolate quente e colocava um muffin de amoras em meu prato.

- Ah, minha avó... – ele disse, desanimado.

- Sua avó?! – espantei-me – O que ela teve?

- Não quis me contar, porém, como ela mesma disse, o importante é que ela está bem.

Concordei, colocando-me em silêncio e passando a mordiscar meu muffin. Ao sino das 8 e meia eu terminara de comer, então fiz lentamente meu caminho à torre da Grifinória para, logo depois, passar na biblioteca e finalmente encaminhar-me ao segundo andar, onde ficava a sala de Feitiços, do professor Flitwick.

Estando sozinha, resolvi entrar na sala. Lá dentro, o professor já preparava o quadro com as lições que aprenderíamos e algumas informações sobre os N.O.M.s.

- Bom dia, professor Flitwick! – ele me olhou por sobre o ombro e sorriu, dizendo:

- Chegou cedo, Srta Cubbins. Como foram as férias?

- Muito boas, obrigada. – observei o grande volume de papéis sobre sua mesa – O senhor precisa de alguma ajuda?

- Como? – ele seguiu meu olhar até a mesa – Ah... Esses são só alguns formulários. Você os organizaria para mim? Não seria incomodo?

- De forma alguma. – eu disse, deixando minhas coisas sobre uma das carteiras – Como o senhor quer que eu os organize?

- São formulários de estudantes dos primeiros, segundos e terceiros anos da Corvinal que tenho de entregar ao professor Dumbledore. Apenas divida-os assim, por ano, por favor.

- Tudo bem. -  e coloquei-me a separar os formulários.

Se prepare, ecoava uma voz em minha cabeça.

Curvada sobre a mesa, eu rapidamente dividia os papéis em três pilhas. De repente, uma voz masculina chamou pelo professor da porta. Ao levantar minha cabeça para por atrás da orelha uma mecha de cabelo que insistia em cair em meus olhos, vi um Joseph sorridente olhando para mim. Sorri de volta, enquanto professor Flitwick respondia ao chamado. Joseph piscou e disse o que tinha a dizer ao diretor de sua casa, que confirmou e dispôs-se a ajudá-lo com o que quer que fosse. Assim que Flitwick voltou-se para o quadro, Joseph moveu os lábios silenciosamente, formando “Me encontra no intervalo?”, “Onde?”, eu perguntei, também sem fazer um som. “Biblioteca.”, ele respondeu, ainda em silêncio, apontando para o livro em sua mão. Eu sorri e assenti, vendo-o sair da sala.

Terminei de organizar os papeis logo antes da sineta tocar anunciando o inicio da aula. Flitwick, ao olhar para a mesa, deu uma de suas risadas estridentes:

- Estupendo, Srta Cubbins! Acho que creditarei cinco pontos à Grifinória por sua ajuda. Obrigado!

- Disponha, professor. Foi um prazer. – sorri, sentando-me à mesa onde estavam minhas coisas.

Meus colegas da Grifinória e da Lufa-Lufa, incluindo alguns sextanistas, entraram na sala. Ao meu lado sentou Annie, a menina que apareceu na cabine para chamar Joseph no trem. Confesso que senti uma forte pontada de ciúme dela, até porque ela era linda. E popular. Sextanista e ainda por cima era sangue-puro. Ela era perfeita.

- Oi, - ela disse, sorrindo – você é Louise, não é? Nos vimos no trem.

- Claro, eu me lembro. Seu nome é Annie, certo?

- Anne Almstad, prazer. – ela sorriu, enquanto pegava sua varinha.

- Como você sabe meu nome, Anne?

- Ah, o Joseph fala bastante de você.

Involuntariamente, ao ouvir essas palavras, eu sorri como uma criança; pela simples menção do nome de Joseph, tive consciência de que meus olhos brilharam.

- Ele fala? Sério?

Anne riu:

- Sério. Passamos o verão juntos, seus únicos assuntos eram Quadribol, os NIEMs e você.

- Passaram as férias juntos? Ah. – falei, sentindo que minhas fantasias começavam a ser devastadas.

- Sim, oras, eu e Joseph somos primos! Nossas mães são irmãs, é um costume familiar  passarmos ao menos uma semana juntos nas férias.

PRIMOS! Isso era incrível, as borboletas voavam em turbilhão pelo meu estômago e um vendaval de pensamentos devastava minha mente. Abri a boca para dizer algo, porém Flitwick chamou-nos a atenção para começar a aula, na qual tentaríamos gerar fogo com Incendio e congelá-lo em seguida. Definitivamente aquela era uma aula para permanecer longe de Simas Finnigan.

Assim que a aula acabou, Annie deu-me um abraço, despedindo-se, e com isso peguei minhas coisas, saí, e fui para a aula de Transfiguração.

Minerva estava em sua forma de gata quando cheguei. Sentei-me na primeira carteira e ela me encarou com seus grandes olhos verdes.

- Bom dia, professora McGonagall.

A gata tremeu as orelhas e balançou a cauda. Logo descobri que essa aula era com a Corvinal, o que me deixou felicíssima. Natalie veio correndo sentar-se ao meu lado. Deu-me um abraço e começou a tirar seus livros de dentro da bolsa. Senti um par de mãos em meus ombros e olhei para cima para ver a quem pertenciam. Pertenciam a Joseph.

- Sinceramente, Joseph, essa perseguição está ficando ridícula.

Ele riu e deu um beijo em minha testa

- Bom dia para você também, Louise. Como foi sua primeira... – nisso, a gata miou e saltou da mesa, aterrissando graciosamente no chão já como a professora Minerva McGonagall.

A aula fora ótima. Eu e Natalie executávamos os feitiços ditados por McGonagall sem dificuldade e ocasionalmente eu sentia Joseph, que sentara atrás de mim, mexer distraidamente em algumas mechas de meu cabelo.

Ao fim da aula, despedi-me de Luna, Cho e Natalie, para logo ser puxada por Joseph, que levou-me de frente para si. Segurou-me pelo queixo, fazendo todo o ar escapar de meus pulmões, e beijou minha bochecha, perigosamente perto de meus lábios. Meu coração de repente batia mais rápido e minhas bochechas esquentaram, dando-me a certeza de que eu assumia um horroroso tom de tomate.

- Até mais tarde. – ele sorriu e foi embora, seguido por minhas amigas, que comentavam o acontecido entre risadinhas.

Fui automaticamente à sala de Snape, com a cabeça totalmente anuviada pelo que Joseph havia feito. Se ele comesse uma daquelas balinhas do coração olhando em meus olhos, com certeza sentiria o sabor de frutas vermelhas agora.

A aula de poções decorreu tranquilamente, afinal, sempre tinha um comportamento exemplar perto de Snape, pois não gostaria de ser alvo do professor com a pior fama em Hogwarts. Bem, com a pior fama até a chegada de Umbridge.

Se prepare.

A aula de Defesa Contra as Artes das Trevas era a última do primeiro turno. A sala estava estranhamente clara, tinha as diversas mesas e cadeiras meticulosamente arrumadas. Aquela aula era com a Sonserina. Alec sentou ao meu lado no fundo da sala, fazendo seus colegas sonserinos olharem torto para nós. Parvati Patil colocou um passarinho de papel para voar pela sala, que foi alvo de alguns bobões da Sonserina. Com meus olhos fixos na pequena dobradura que voava sobre as cabeças de todos ali, vi-a irromper em chamas. Dolores Umbridge estava de pé diante da classe vestindo rosa dos pés à cabeça. Aquela cara de sapo pálida dela estava deformada em um sorriso carregado de falsa simpatia. Com o mesmo tom enjoativo da noite anterior, pronunciando as palavras tão lentamente quanto como se achasse que sofríamos de algum tipo de doença mental, ela fazia seu discurso. Isso me irritava. Muito.

Uma pilha de livros – sim, livros – de teoria de Defesa Contra as Artes das Trevas flutuava pela sala, distribuindo um exemplar para cada aluno. Umbridge continuava falando do Ministério da Magia e do Ministro Cornélio Fudge com adoração. Revirei os olhos e chamei Alec.

- Ei, a Natalie me disse que você está gostando de uma menina... É quem eu estou pensando? – sorri.

- I-isso depende. – ele disse, evitando olhar em meus olhos – Em quem você está pensando, Louise?

- Na Natalie, Alec. Estou pensando em Natalie Ivy Karkaroff. E foi por isso que você não contou nada para ela, não é?

- O que? – perguntou, ruborizando violentamente – Não! Eu não estou... É. É dela que eu gosto. Eu só não entendo como ela não percebe!

Eu ri baixo:

- Ela é a Natalie, Alec. Você a conhece há tanto tempo quanto eu, ela é a pessoa mais avoada daqui, com exceção, talvez, da Luna. Quando é com ela, ela nunca interpreta os sinais. Você terá que tomar a iniciativa e conquistá-la.

- Iniciativa? Conquistá-la?! – Alec arregalou seus olhos verdes para mim – E como você espera que eu faça isso? Olhe para mim e olhe para ela.

- Olhar o que? Eu vejo duas pessoas lindas, inteligentes, elegantes, de famílias tradicionais, sangues-puros, fofos e que me fazem querer vomitar com tanta perfeição. Vocês formam um casal lindo, Alec.

- Mas o que eu devo fazer? Eu realmente gosto dela. – ele olhou para mim com uma tristeza cortante nos olhos.

- Seja romântico, oras. A Ivy adora essas coisas.

- E como eu faço isso? – ele me olhava intensamente.

- Seja natural. Você é um dos meninos mais naturalmente fofos e românticos que eu conheço, o que é estranhíssimo, principalmente considerando que você é da Sonserina.

- Natalie já disse isso. – ele abaixou os olhos e ruborizou.

- Disse é? Então ambas estamos certas. Seja você, Alec. Tenho certeza que ela...

Nisso, ouvi a voz de Harry elevar-se sobre as demais, em uma discussão acalorada com Umbridge.

- E como a teoria nos prepara para o que está lá fora?

- Não há nada lá fora, meu caro. – ela sorria – Quem você acha que quer atacar crianças da sua idade?

- Eu não sei, talvez... – ele falou, sarcástico – Lorde Voldemort?

Eu me encolhi à simples menção do nome. Vários sussurros inquietos se elevaram de todos os cantos da sala. O peso do nome de Voldemort alterou a atmosfera do lugar e todos se sentiam oprimidos e inquietos. O sorriso de Umbridge falhou e ela tentou retomá-lo, mas seus olhos arregalados demonstravam um misto desconforto e raiva.

- Vamos deixar uma coisa bem clara: foram informados de que um certo bruxo das trevas retornou do além. É. Uma. Grande. Mentira. – ela parou ao lado da mesa de Harry.

- Não é mentira, eu vi e lutei com ele!

- Detenção, Sr Potter!

- Então, segundo a senhora, Cedrico caiu morto porque quis? – Harry elevou ainda mais a voz.

Aquilo retomou a lembrança da final do Torneio Tribruxo, com certeza um dos piores dias da minha vida. Ver Harry abraçado ao corpo sem vida de Cedrico foi uma experiência horrível. Eu e Natalie ficamos em choque, fazendo esforços totalmente inúteis para consolar Cho, uma vez que nós também chorávamos desesperadamente. Ver o pai de Cedrico correr até o cadáver do filho foi uma visão que partiu meu coração.

- Cedrico Diggory morreu em um trágico acidente. – ela olhava para Harry como se ele fosse um louco em uma camisa de força que a estava irritando.

- Assassinato! Voldemort o matou e a senhora sabe! – Harry esbravejou.

- CHEGA! – Umbridge gritou, seu corpo esturricado se sacudindo. – Chega. Quero vê-lo, Sr Potter, na minha sala.

Ela deu uma risadinha.

Olhei pasma para a professora, que retomara seu sorriso eu-lido-com-retardados. Ah, essa mulher me irritava demais. Conforme ela falava, pedia-nos que acompanhássemos no livro. O meu permaneceu fechado a aula toda, enquanto eu apenas refletia sobre toda a discussão dela com Potter, o tempo todo inclinada a acreditar na versão que Harry contou.

Se prepare.

Ao soar da sineta, não pude conter uma gargalhada, o que fez Umbridge me fuzilar com os olhos castanhos.

- A senhorita aí atrás, a risonha da Grifinória. Qual é o seu nome, querida?

- Louise. Louise Cubbins, professora.

- Prazer, Louise. Você gostaria de ir para a detenção?

Ao ouvir essas palavras, sufoquei uma risada, o que vez Umbridge estreitar ligeiramente seus olhos. Mas agindo como se nada tivesse acontecido, disse:

- Não, senhora.

Seu sorrisinho cínico desapareceu e sua expressão e postura enrijeceram.

- Hoje eu terei Sr Potter como companhia, mas amanhã, após sua última aula, quero vê-la em minha sala.

Eu crispei meus lábios e fiquei em silêncio, sustentando seu olhar.

- Eu fui clara? – ela arqueou as sobrancelhas com sarcasmo.

- Sim, professora Umbridge. – eu disse, seca.

- Ótimo. – ela sorriu – Tenha um bom dia.

- Aham. – eu disse, recolhendo minhas coisas e saindo obstinada da sala.

Almocei e logo fui à biblioteca, um de meus lugares favoritos da escola, para encontrar Joseph. Como não o vi, peguei um livro qualquer sobre uma das mesas e sentei ali. Eu não lia de verdade; meus olhos apenas passeavam pelas palavras sem tirar sentido algum delas, uma vez que o conteúdo daquele bilhete que fora deixado sobre o meu malão ainda ecoava na minha mente. Se prepare, a voz repetia como um mantra.

- Bu! – alguém disse ao pé do meu ouvido.

Dei um gritinho histérico, fazendo todos dali olharem para nós com cara feia. Joseph riu e deu um beijo estalado em minha bochecha, do jeito fofo que sempre fazia. Ele se sentou em minha frente na mesa e perguntou se eu estava bem.

- Por enquanto, sim. Mas presumo que não perdurará, uma vez que amanhã, depois da aula, tenho detenção da Umbridge.

- Mas já? – ele riu – O primeiro dia de aula nem acabou!

- Cale a boca, Joseph. – eu disse, mas acabei rindo com ele – Por que você me chamou aqui?

- Nada demais, - respondeu, com um sorriso aberto – eu só gosto de ficar perto de você.

Eu sorri e ele segurou minha mão sobre a mesa. Após alguns segundos de silêncio, eu disse:

- Fiz aula de Feitiços com sua prima hoje.

- Com a Annie? Quem te disse que somos primos?

- Ela. Hoje. – eu ri – Eu não fazia ideia.

Ele riu.

- Agora você já sabe. Sabia que ela foi meu par no baile?

- Sério?! Mas por quê? Sei de milhões de meninas que matariam para ir em um baile com você.

- Ah... É que a menina com quem eu queria ir já tinha par, então...

- E quem era a sortuda? – eu disse, receosa da resposta.

Joseph hesitou por alguns instantes e por fim falou:

- Ela é... Da Grifinória. É inteligente, bonita e engraçada. Ela é um ano mais nova que eu, sabe? E eu estou falando com ela nesse exato momento.

Fiquei boquiaberta, encarando-o. No ano anterior, Joseph Blatz quis ir ao baile comigo, Louise Cubbins. Eu não podia acreditar. Balancei a cabeça em negação.

- E por que infernos você não me convidou, Joseph?

- Ah, você já tinha aceitado o convite de Piotr. Achei melhor não atrapalhar. – ele deu de ombros.

- Ai, Joseph, que droga! Estou com raiva de você agora!

- Me desculpe, Lou, sério. – ele me observou por um momento – Mas por que tanta raiva?

- É que... Eu gostaria de ter ido ao baile com você.

Ele abriu um sorriso convencido e eu belisquei as costas de sua mão, que ainda repousava em cima da mesa, fazendo-o rir. Após alguns instantes ele perguntou:

- Você manteve contato com Piotr?

Eu ri.

- Ele não conseguia nem dizer sua cor favorita em inglês, quanto mais escrever uma carta para me enviar!

- E... – ele abaixou a voz – Ele te beijou?

- Sim. – respondi, evitando seus olhos.

- O beijo dele foi bom, Louise? – sua voz era pouco mais que um sussurro e falhou ao dizer meu nome.

Eu dei um sorriso torto e encarei seus olhos.

- Não.

Ele abriu aquele sorriso lindo novamente, fazendo meu coração se derreter. Pulou para cadeira ao meu lado e acariciou minha bochecha. Ele estava muito perto e milhões de borboletas bateram suas asas em meu estomago. Joseph estava cada vez mais perto, eu podia sentir seu hálito em meu rosto e...

BAM! Ouvimos alguém se estatelar no chão. Ambos desviamos os rostos, Joseph parecendo decepcionado e eu sentindo minhas bochechas queimando, ainda que também sentisse uma pontada de decepção no fundo da minha mente.

No chão, estava Natalie, perplexa e envergonhada, encarando a mim e a Joseph.

Em poucos instantes o sinal tocou, indicando que o intervalo havia acabado. Joseph levantou da cadeira, acariciando minha bochecha e inclinando-se rapidamente para dar um beijo que pegou o canto da minha boca. Ele me dirigiu um sorriso amarelo e acenou para Natalie, enquanto saía da biblioteca, as vestes esvoaçando pela rapidez de seus passos.

Dirigi à Natalie o mesmo sorriso amarelo que me fora dirigido há poucos instantes. Levantei e fui até ela, que ainda estava caída no chão, oferecendo minha mão para ajudá-la a se levantar. Quando estava de pé, começou a balbuciar alguma coisa, mas a interrompi, simplesmente balançando minha cabeça em negação. Natalie olhava para mim, devastada. Dei-lhe um abraço e sem dizer uma palavra, saí da biblioteca e comecei a fazer meu caminho até a sala de professora Vector, para a aula de Aritmancia.

No meio daquele turbilhão de pensamentos, principalmente dirigidos ao significado da cena na biblioteca, ouvi uma voz sussurrar na minha mente: Se prepare.


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