Scream Out And Shut Up escrita por le97le


Capítulo 3
I can help you


Notas iniciais do capítulo

Olá, people!!!



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Ele soltou meu pulso meio segundo depois de eu gemer de dor. Olhou para as próprias mãos e então para meus pulsos cobertos pelas pulseiras grossas e pretas. Ele parecia bem confuso em relação... a mim.

– Oláá. - Eu chamei sua atenção. - Você tá bem?

Eu ignorei minha dor. Não era nada comparado a Emmett, ou aos meus pais, ou ao meu rosto. Resumindo: não era nada.

– Se eu estou bem? - Pergunta retórica com um pouquinho de ironia no meio. - Você acabou de se ralar inteira num chão de paralelepípedo e... - O cara se pôs a falar com aquela voz rouca e aveludada. Ora passava a mão pelos cabelos, nervoso, ora cruzava os braços, bravo. Como se a culpada fosse eu. Como se eu quisesse cair. Só que não. Eu não quis. - E você tem que tomar mais cuidado nessa ladeira, você sabia que... - E mais Blablablás.

Suspirei pesadamente pensando em quando eu poderia ir embora, passar um álcool nos meus machucados e ir para o enterro.

Arregalei os olhos: O enterro.

Peguei meu celular no bolso de trás da calça. 15:25. Ah, estou em tempo ainda. Dei um meio sorriso, ainda ignorando o "breve" discurso do bonitão. Ele parou para respirar por um segundo e eu aproveitei.

– Então, senhor Alguma-Coisa, você me fez parar, eu errei o freio e foi isso. Obrigada pelo sermão e adeus. - Não que eu fosse parar de descer de bicicleta e gritar por essa ladeira, é claro. Mas não ousei dizer isso em voz alta. Ele me olhou como se soubesse exatamente o que eu estava pensando. Tratei de continuar falando. - Tenho um compromisso muito importante essa tarde. Foi um prazer conhecê-lo.

Não que eu soubesse seu nome ou algo do tipo.

Me virei para levantar minha bicicleta, mas antes que eu pudesse alcançá-la, aquelas mãos me puxaram pela cintura até que eu tivesse com as costas coladas no peito dele e... Meu Deus! Homens fortes. Alice piraria se estivesse no meu lugar. Não que eu tivesse interessada. É claro.

– Você não ouviu nada do que eu disse, não é mesmo? - Ele disse baixinho, bem perto do meu ouvido. Deu uma risada. - Eu disse que posso ajudar você. - Fiquei confusa. Na verdade, mais que confusa. - Digo, ajudar com esses machucados. - Eu sabia exatamente a quais machucados ele estava se referindo. Mas não. Eu não queria ajuda.– Fiz um curso de primeiros socorros no colégio. - Ele riu e eu fiquei muito tentada a rir. Quem ainda diz colégio? Soltei uma risada baixinha.

– Quantos anos você tem, Senhor? - Eu me atrevi a perguntar, ainda de costas para ele.

– Tenho 32 e, por favor, não me chame de Senhor. - Ele riu outra vez. - Me sinto muito mais velho do que sou. - Ele apertou minha cintura um pouco mas forte. Tirei suas mãos da mim e me afastei. Senti uma contradição em meus sentimentos. Segurança por estar afastada dele (e de qualquer pessoa) e falta de segurança por estar afastada dele.

Para com isso, Isabella. Ralhei comigo mesma. É, eu sou louca. Obrigada.

Ele me olhou confuso, como se não tivesse planejado eu ter me afastado. Eu nem te conheço, cara. Eu pensei. Ele pareceu ter entendido. Soltou aquele sorriso torto matador outra vez e esticou o braço. Seus dedos longos tocaram meu ombro logo onde a alça da regata não me tocava.

Choques, faíscas e borboletas passaram por todo meu corpo.

Que merda era aquela?

Olhei em seus olhos. Por que tinham que ser tão... verdes? Seu sorriso antes alegre, estava defensivo, como se eu o tivesse atacado. Helo, não fui eu quem dei um choque na pessoa da frente, querido. Meus pensamentos me traíam.

Era claro que eu havia gostado. E por que? Porque eu levei um choque? Que tipo de pessoa gosta de levar choques? Suspirei querendo voltar para a segurança do meu quarto e nunca mais sair de lá. Era claro que o mundo era perigoso. Era claro que esse cara era perigoso. Ele tinha, obviamente, uma placa neon na testa escrito perigo. E por que, raios, eu ainda estava lá?

O caso era: eu tinha que ir embora. Rápido.

O que parecia ter durado horas, eu e ele ali nos encarando enquanto os dedos dele ainda estavam em meu ombro direito e os choques ainda passavam de um corpo ao outro, na verdade só durou alguns segundos. Até ele fazer alguma coisa.

Ele não se contentou com "dedos no ombro" e colocou logo a mão inteira só intensificando o contato e, é claro, os choques. Me puxou em direção a uma casa. Sua casa, eu supus. Por fora, ela era horrível.

Sabe aquele desenho... A casa monstro? Onde tudo era de madeira e as janelas do andar de cima parecem estar te encarando com raiva? Bem... Era mais ou menos isso. Só faltava o velho rabugento e o jardim bem cuidado.

Eu olhei assustada para a casa e parei. Sua mão forçou meu passo e logo eu estava passando pela porta também assustadora. Quase fechei os olhos para não ver a casa me engolir, assim como no desenho. Mas fiz bem ao deixar meus olhos bem abertos.

Por dentro a casa não era nada parecida com o desenho e muito menos fazia jus ao lado de fora. Ouvi a risada deliciosa do estranho e percebi que estava, mais ou menos, de boca aberta encarando cada canto da sala.

As paredes não eram de madeira e não tinha uma escada que parece que vai cair a cada passo. Bem, hoje podemos aprender uma lição: não se pode julgar um livro pela capa, assim como não pode julgar uma casa por sua fachada. Olhei as paredes brancas e os moveis claros e pensei estar em um filme. A decoração era perfeita e, nos móveis, os vários porta-retratos espalhados mostravam uma família... feliz.

Fiquei com inveja dos sorrisos nas fotos. Virei o rosto para não ver sua felicidade. Sabia que estava sendo infantil e idiota, mas eu já estava cansada de ver a felicidade alheia e não a minha. Eu nunca seria feliz?

Ignorei meus pensamentos e olhei para a televisão. Era enorme e, estando desligada, eu podia ver meu reflexo. Vi minha bochecha machucada com um pouco de sangue. Legal, pensei, sangue.

Ver meu rosto me fez lembrar dos meus joelhos que, há pouco, ainda incomodavam por terem sido ralados no chão da bendita ladeira. Vi, também pela tv, quando o Senhor Alguma-Coisa se afastou e passou por um tipo de portal que, pelo visto, levava à cozinha. Voltou em menos de um minuto com aquelas maletas, também de filmes, de primeiros socorros. Com um mais (+) vermelho e tudo.

Com as duas mãos nos meus dois ombros, o homem fez com que eu me sentasse em um dos sofás pretos da sala perfeitamente decorada por alguém de Hollywood.

– Então, Srta. Não-digo-meu-nome, por que tem descido de bicicleta a ladeira da minha casa gritando como uma louca? - Ele perguntou calmamente enquanto passava um algodão com alguma substância delicadamente nos meus joelhos. Assim que ele mencionou, lembrei que minha bicicleta estava abandonada no meio da ladeira que... era desabitada. Ela ia ficar bem sozinha por alguns minutos.

– Eu... Gosto do vento no meu rosto. - Era o mais próximo que ele chegaria da verdade. Por alguns minutos ele pareceu concentrado em seu trabalho e não me importunou com perguntas que eu não gostaria de responder.

– Hmmm. E por que, exatamente, você gritou? - Quem ele pensava que era? Meu psicólogo? Não ousei responder. - E qual é o seu nome? - Suspirei querendo ir embora. Eu estava incomodada com o interrogatório. - E por que não me responde?

– Meu Deus. O senhor está acabando? - Olhei o relógio do celular. 16:21 - Eu tenho um compromisso. Tenho que estar em casa. - Ele me ignorou e começou a passar a droga do algodão na minha bochecha. - AUTCH - Ardeu.

Ele riu.

– E quantos anos você tem? - Ele me ignorou. De novo.

– Quase 18. O senhor acabou? - Eu já estava irritada. Podia sentir minhas bochechas ficando vermelhas por conta da raiva. Ele riu outra vez.

– Enquanto me chamar de "Senhor" não vou acabar, e aí não poderá ir para seu compromisso. - Ele disse, irônico.

– Não sei se você percebeu, senhor, mas eu não sei seu nome. - Eu queria ir embora. Estava a ponto de espernear como uma criança e correr dali como um ladrão. Seu sorriso aumentou.

– Edward. Edward Cullen. - Ele disse como se isso fosse abrir as portas do céu. Como se eu soubesse quem raios era Edward Cullen.

– Ah. - Eu disse. Esclarecedor, eu sei. - Então, Edward. Você deve ter acabado. Com licença.

Fui me levantando, ignorando que ele ainda passava o algodão na minha bochechas, e me virei para a porta, pronta para sair da casa cheirosa e bem decorada. Mas ele não estava pronto para que eu saísse. Suspirei outra vez. Sua mão segurou meu braço.

– Eu ainda não sei seu nome. Senhorita... ? - Ele deixou a pergunta no ar.

– Swan. Isabella Swan. - Fiz força e tirei meu braço de seu aperto delicadamente chocante. Saí da casa. Ele me seguiu.

– Nos vemos amanhã, Isabella.

Eu não o olhei, mas senti o sorriso em sua voz. Gostoso arrogante.

Eu não voltaria ali amanhã. Não mesmo.


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Notas finais do capítulo

E aí?
Comentem!!

Beijos,
L.



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