Estava pronta pra sair, quando meu celular tocou e era Michel.... Que beleza, justo agora ele me liga.

- Alô?

- Kathy, você pode entrar no Skype?

- Er.....Eu vou ao cinema com meus irmãos, quando eu chegar eu te ligo lá, pode ser? – Disse e ele bufou.

- Ok, bom filme! – E desligou. Ai que menino louco.

Estava na frente de casa esperando pelo Ryan, que logo abriu a porta, arrumando seu cabelo, ele estava cheiroso, e lindo... Como sempre.

- Uau... Linda é apelido pra você. – Senti meu rosto corar, e sorri.

- Digo o mesmo pra você... Mesmo não querendo dizer. – Ele sorriu e pegou na minha mão. Olhou nos meus olhos e sorriu.

- Desculpa por estragar tudo. – Ele abaixou a cabeça e eu sorri. Talvez trocar todos por um único garoto valeria a pena. Ou não.  – Você teria coragem de ir até o shopping comigo dirigindo? – Ele disse eu dei uma risada.

- Desde quando você dirige? – Eu disse e ele sorriu.

- Desde sempre, tem coisas que você não sabe sobre mim, garota. – Ele piscou, e me levou até a garagem da casa dele. Ele estava segurando minha mão, que estava gelada. Entramos no carro, e ele fez uma cena de cavalheirismo abrindo a porta para mim. As coisas mudam... Ou ele é bipolar mesmo. Sorri com meus pensamentos, e até que estava gostando dele assim.

Fomos até o shopping, que não era tão longe de casa, ele estava tirando carta, e não estava tão mal assim, rs.

Era a ultima sessão, por isso já havíamos comido, e ficamos sentados esperando até dar o horário.

- Então, me conte algo. – Disse olhando para ele.

- Algo? Que tipo? – Ele disse pegando no meu ombro. Ficamos “abraçados” de lado.

- Não sei... Quero saber coisas sobre você. Você tem medo do que? – Disse e ele abaixou a cabeça.

- Medo?

- É.

- Eu tenho medo de ser esquecido. – Ele disse e eu arqueei a sobrancelha.

- Porque este medo?

- Ninguém é lembrando eternamente. Todo mundo esquece de você, chega uma hora que você perde todos, e todos esquecem que você existiu, e eu tenho esse medo, tenho medo de me deixarem, me esquecerem. – Ele estava de cabeça baixa. Tinha mais coisas daquele garoto que eu deveria saber.

- E porque você acha que as pessoas esquecem? – Disse e ele virou para mim.

- É complicado, você não vai entender. Mas é isso, um dia as pessoas vão esquecer quem sou eu, e que eu realmente existi. Chegará uma época em que não restarão seres humanos para recordar que alguém sequer existiu. Não sobrará ninguém nem para recordar Aristóteles ou Cleópatra, quanto mais a ti.– O olhar dele era cabisbaixo e eu realmente achei estranho. – Vamos, vai dar a hora do filme. – Ele disse levantando e indo bem na minha frente. Acho que esse menino é bipolar.

O filme era legal, mas eu não estava dando importância, eu estava pensando mais era sobre o que acabara de conversar com ele, que virou para mim.

- Kathy, eu não queria que fosse assim, mas... – Ele se aproximou, selando nossos lábios, esse beijo era diferente do outro que tive com ele. Era calmo, era suave, era bom. Era uma droga, viciante.

(...)

Passamos o filme inteiro repetindo isso, beijo pra cá, beijo pra lá. Ele era diferente de todos os garotos que eu já beijei, o beijo dele era diferente. Ele era diferente... Ele mexe comigo de uma forma que ninguém mexe. Eu estava deitada na minha cama olhando para o teto, ouvindo minha playlist.

- KATHERINE! KATHERINE! NAMORA COMIGO, EU TE AMO! – Ryan dizia, e eu chorava.

- Sim meu amor, eu te amo! – Nos beijamos no meio da chuva, ele me girava, parecia mais cena de filme.

Acordei e vi que era um sonho... Não sei se fiquei feliz, ou triste. Olhei no relógio eram 06h00 AM. Me levantei, tomei uma ducha, me arrumei e fui para a escola, com Sel, e com Ryan. As aulas foram tranquilas, até o intervalo. Estava saindo da minha sala, junto de Ryan, e na porta Michel estava me esperando de braços cruzados encostado na parede.

- Er... – Droga, vai ter briga aqui dos dois.

- Kathy, posso falar com você? – Michel se aproximou descruzando os braços e olhando para Ryan, que revirou o olho.

- Vou te esperar no nosso banco. – Ryan me deu um beijo na testa saindo.

Olhei para Michel que estava sério. Eu não queria magoar ele, droga.

- Não sei se vocês estão namorando ou não, mas eu quero pedir desculpa pela aquela cena na sua casa, eu fui errado de entrar na sua casa sem permissão e ainda mais de ficar bravo com você, eu já imaginava que vocês se amavam, e que vocês iriam ficar juntos, só não queria ser o “ultimo” a saber, e nem que você me iludisse. Ok, você não tem culpa, e não me iludiu, mas não iria me contar que beijou ele, e não iria me dar um fora. Eu sou amarradão em você, eu nunca gostei de uma garota, igual eu gosto de você, nunca conheci uma garota que me apoiasse, me alegrasse, e fosse igual você. E nunca me apaixonei pela mesma garota que meu melhor amigo. Já brigamos, mas nunca por causa de uma garota. Então se sinta honrada por ter conseguido fazer isso. – Ele me olhava e eu não tinha resposta e nem reação.

- Primeiro Michel, não estamos namorando. Não precisa pedir desculpas, quem é que precisa pedir desculpas sou eu, por ter te beijado, por ter beijado ele sem falar nada pra você. Mas aquilo era uma cena do teatro. Eu não amo ele, só sinto atração... Eu não queria te magoar, e queria que fosse diferente, você é um garoto incrível, e...

- Sou um garoto incrível, mas não sou o Ryan. Eu já entendi Kathy. Está tudo bem, só quero que me avise o que acontecer com vocês. E quero continuar sendo seu amigo, independente se você estiver com ele ou não, nossa amizade não vai mudar. Por mais que seja difícil – Ele me interrompeu.

- Me desculpa. – Disse abaixando a cabeça.

- Corra atrás da sua felicidade, e não se preocupe comigo, eu vou ficar bem. – Ele disse saindo de perto de mim.

Me sinto horrível ouvindo essas coisas dele, eu estou quebrando o coração dele em mil pedaços, e isso é a ultima coisa que eu queria que fizessem comigo, e muito menos eu fazer isso com alguém.

Fui andando até o banco, e sentei sem falar nada, enquanto Ryan comia seu salgado.

- E ai? – Disse ele mastigando.

- Não tem “E ai”. – Disse seca.

- Vish,  o que aquele filha da puta  disse? – Ele disse autoritário.

- Chega cara, eu cheguei trazendo problema. Olha, eu estraguei uma amizade de vários anos. – Disse e ele se acalmou.

- Kathy, não foi você que estragou, foi eu... E ele.

- Então vai lá, pede desculpa, fazem as pazes. Caso ao contrário, eu vou parar de falar com os dois. – Disse e ele arregalou os olhos. Eu estava decidida, se eles não voltarem a se falar, o problema vai sumir (eu).

- você não pode dizer isso Kathy. Qual foi?

- Se não voltarem a se falar, sinto muito, mas eu não falo com você. E nem com ele. – Respirei fundo e levantei do banco entrando até o banheiro. QUE DROGA!

Eu estava a caminho de casa, e não tinha falado com nenhum dos dois, até então.

- Kathy!

- Kathy!  - Era a voz de Michel, e Ryan me gritando. Sorri e virei até eles.

- O que você queria..... Aconteceu! Nós estamos conversando. – Michel disse e Ryan sorriu.

- Isso é ceninha dos dois, eu não acredito! – Segurei a risada, e eles reviraram o olho.

- Qual é Kathy? Fizemos as pazes, agora você tem que falar com nós dois. – Ryan disse se aproximando de mim.

- Quem garante que vocês estão brigados e fizeram isso só pra falar comigo? – Eu disse e Michel bufou.

- Eu vi que vocês se amam, e não vou atrapalhar isso. Não vou deixar meu melhor amigo ficar sem você, por minha causa. Eu e o Ryan somos mais que melhores amigos, somos irmãos. E não importa se nós brigarmos, quantas vezes forem. Nós nos amamos, iguais irmãos, brigam... E se amam! – Michel disse e Ryan virou para ele. Eles se abraçaram, e eu me alegrei.

Cheguei em casa, e Michel foi pra casa de Ryan. Minha mãe estava em casa, sentada no sofá, penteando o cabelo de Alice.

- Olá minhas lindas! – Disse beijando o rosto das duas.

- Oi meu amor, vou levar a Alice pra escola, vou para o mercado e depois para a casa da tia Lucélia. Quer alguma coisa? O Gustavo saiu com a Selena.

- Não mãe. Eu me viro aqui! – Sorri e elas saíram.

Subi, e fui me trocar, coloquei um shorts e uma regata, prendi meu cabelo num rabo de cavalo e estava descendo, quando tocou a campainha. Abri e era Ryan.

Ele entrou me beijando, e fechou a porta com o pé, ele me empurrou até a parede, nossos corpos chocaram um ao outro, o beijo era rápido, bom e cheio de vontade. Ele foi beijando meu pescoço, e aquilo me fez arrepiar. Ele abaixou a alça da minha blusa beijando meu ombro e eu pirei. O que era aquilo? Que gostoso!

- Tenho... Uma, coisa pra te falar! – Ele dava beijinhos, chegando até minha boca de novo.

- Hum? – Disse empurrando ele de leve.

- Hoje a noite, bora jantar em casa? – Ele sorriu e eu também.

- Ok! – Disse e ele voltou me beijando com tudo.

- Você é demais! – Ele soltou e eu ri. Ele corou abaixando a cabeça.

- O que foi? – Disse levantando o rosto dele. – Você também é demais, fui pra cima dele, beijando e ele correspondeu logo.