– Seu sem graça.

– Sem graça é minha vida sem você.

...

3 meses antes...

A semana passou voando... Todos falavam da festa, a Renata convidou todo mundo mesmo. De populares a nerds. A Pri queria ir, já que o Alan, ia e queria ir com ela. Eu ao contrario estava sem a minima vontade. E Rodrigo se recusava a ir sem mim. Que merda! Eu não ia até aquela festa... Até a Renata errar o telefone...

– Alô!? Oi Vanessa precisamos conversar, então eu convidei você e os outros hm... excluidos pra minha festa, mas não queria gente assim lá.
O que!?

– Mas...

– Eu sei, e convidei. Mas fala sério, não ia pegar bem, nenhum excluidinho na minha festa. Posso te pedir um favor linda!? Você poderia dar uma festa!? Uma festa daquelas bombasticas, mas para os nerds e excluidos!? Eu sei que você é capaz...

– Er... Mas você errou o número...

Desliguei. Então aquele era o esquema!? Agora eu ia naquela festa, para representar os "excluidos". Eu tinha algumas horas, pra me arrumar... Nada no meu guarda roupa ficava com a cara daquela festa. Lembrei do vestido! O que meus pais me deram, pensando que eu adoraria e que ia usa-lo. Porém eu sempre preferi jeans e camiseta ou blusa. Mexi em tudo e achei o bendito vestido. Ele estava arrumadinho, não havia desbotado ufa! Mas eu me lembrei de um detalhe! Meus pais sairiam hoje a noite e eu não, eu ia ficar com a minha prima em casa, teria que torcer pra Carol me apoiar, ela era tipo a Renata, popularzinha, mas era legal. Logo estava tudo pronto, esperaria a Carol chegar e meus pais sairem, entao colocaria o vestido e passaria maquiagem, e sapato de salto! Espero que valha a pena! Ela chegou. E eu desci para dizer oi pra ela, e tchau pros meus pais.

– Querida a Carol chegou, vamos sair e provavelmente voltaremos somente amanhã, já que é festa de bodas... Fiquem bem as duas!

A Carol tinha um ano a mais que eu...

– Divirtam-se.

Fechamos a porta.

– E ai Malu! Novidades!?

– Pra ser sincera!? Eu tenho uma festa hoje, e quero ir.

– Você!? Em festas!?

– Sim.

– Ok! Eu te ajudo, mas com uma condição.

Ai Meu Deus!

– Qual!?

– Vai me contar tudo o que rolar. E vai estar aqui antes da 1 da madrugada.

Era só isso!?

– Ok! Agora tenho que me arrumar.

– Eu te ajudo.

Subimos correndo, e entramos no meu quarto, coloquei o vestido, era um vestido vermelho escuro, que tinha "redinha" nos ombros, e que por isso parecia tomara-que-caia. Ela me ajudou na maquiagem, coloquei as sandalias de salto alto douradas, e uns acessorios que ela escolheu! Estava pronta!

– Agora vai Cinderela! E fica atenta ao celular, se seus pais chegarem eu te ligo, e você corre para casa.

– Ok!

Então sai andando pela rua, a festa devia ter começado a umas duas horas atrás, Renata morava a uns dois quarterões da minha casa. Cheguei lá e tinha muita gente, estava tocando Louquinha , e vi a Renata e a gangue rebolando, logo encontrei o Alan e a Pri juntos em um canto, pelo jeito que estavam, eu ia ficar de vela. Queria fugir, mas Pri me viu.

– Oi Malu!

– Er... Oi Pri! E... Oi Alan!

– Ui ta muito gata hein Malu!

– Alan!

– Foi mal Pri! Mas sua amiga está muito bonita hoje.

– Nem acredito que você está aqui Malu. Você odeia isso.

– Ela odiava o Rodrigo e agora...

– Cala a boca Alan. Que história é essa!?

Então o Lucas me viu, e veio falar comigo.

– Oi Malu! Meu Deus você está muito bonita!

– Er... Oi Lucas.

Pri e Alan já estavam distraidos de novo. Vish! Vela!

– Malu, o que acha de sairmos daqui!? Er... Vela!

– Pode ser.

– Hum... Vamos pra varanda, ok!?

– Varanda!?

– Sim, vem.

Ai ele me levou até uma varanda, muitos casais se pegando lá. Encontrei Jeff no caminho, ele só me viu e checou o celular.

– E então Malu, gostando da festa!?

– Er... Sinceramente preferia ler um livro. Mas prometi que tentaria...

E a Renata foi muito cachorra, e vim de vingança...

– Hum... Gosto desse seu jeito.

Ele se aproximou de mim, e ficou bem pertinho.

– Lucas....

– Ok! Foi mal Malu. Tem o tempo que precisar.

Vi um garoto de cabelos castanhos chegando com Renata. Ela parecia guia-lo, e ele me observou com Lucas, eu pude perceber.

– O que foi Malu!?

– Nada.

Continuei olhando os dois, e vi quando... quando eles se beijaram. Quem era aquele!?

– Ei Lucas. Quem é aquele!?

– É o... Hum... Acho que é o Rodrigo.

– O Rodrigo!?

– Sim. Acho que sim.

O que era aquilo!? Eu queria vomitar, ele e a Renata!? Sai correndo e esbarrei no Rodrigo, que me viu.

– Malu!?

Eu não respondi, sai correndo pela rua. Ele veio atras gritando....

– MALU! MALU ME ESCUTA!

Só parei de correr quando tropecei. Droga! E ele me alcançou.

– Malu espera!

– Não! Você ficou com ela! Volta para a festa, a Renatinha deve estar te esperando. - disse com nojo.

– Você está com ciúmes!?

Eu estava com ciúmes!?

– Não! Lógico que não.

– Mas eu estou. O que você estava fazendo com aquele... aquele Lucas na varanda da pegação!?

Varanda da pegação!?

– O que!? Eu fui conversar.

– A ok então! Até parece, vocês iam se pegar lá! Eu vi ele se aproximando de você, vocês iam se pegar...

– Cala a boca. Ele tentou me beijar, mas ao contrario de você eu não fiquei com ele. Já você...

– Eu fui atacado pela Renata. Você disse que não ia nessa festa!

– E ai você achou que podia pegar todas.

– Ai Meu Deus! Você esta com ciúmes! Nervosinha!

– Cala a boca! Eu te odeio, e muito! Você beijou a Renata!

– Ela me atacou. Posso terminar!? Você disse que não ia nessa festa, então eu também não fui. Até receber a mensagem de Jeff, que você estava lá, moro aqui perto, sai correndo de casa, e fui na festa. Perguntei de você pra Renata e ela me guiou até a varanda, e eu te vi lá com aquele Lucas. Eu queria ir até lá e tirar você de perto daquele imbecil. A Renata percebeu isso. E foi me acalmando, quando eu vi você e ele, tão proximos. Merda!!! Merda!! Eu quis sumir, bater, morrer. E ela me beijou. Depois você saindo, e vim atras de você. Malu o que está rolando entre você e esse tal de Lucas!?

Então era aquilo!? Ou aquilo era uma mentira!?

– Hum... Nada...

Ele pareceu aliviado.

– Até agora.

– O que!?

– Nada por enquanto, mas ele é um cara legal, ao contrario de você.

– Ei! Vai voltar que horas pra casa!?

– Tenho que chegar antes da uma.

– Então venha comigo!

– O que vai fazer Rodrigo!?

– Não vamos desperdiçar a noite. E nem esse seu visual. Caramba Malu! Não saia mais assim de casa, porque se não seus pais precisaram de seguranças.

– Onde vamos!?

– Hum... Quer ir lá em casa!?

– O que!? Ta maluco Rodrigo!?

– Maus! É dificil se concentrar com você gata assim!

– Para com isso Rodrigo!

– Maus de novo!

Pensei um pouco.

– E se a gente fosse na festa da Vanessa!? Garanto que ela ia gostar.

– Fomos convidados!?

– Hum... Penetras!?

– Ok! Partiu. Onde fica a casa dela!?

– É a um quarterão daqui.

Sim eu sabia, já que fui convidada.

– Como você soube dessa festa!?

Expliquei tudo pra ele, do telefonema, do porque de eu ter ido na festa...

– A Renata agiu como uma vaca!

– Ela é uma vaca! E você beijou a vaca.

– Juro! Foi péssimo!

– Ah, jurou pra ela que o nosso foi péssimo!?

– Mas não foi, foi o mais perfeito.

– Rodrigo!

– Malu!

(http://www.youtube.com/watch?v=5JQkes-pdw0)

Comecei a escutar De janeiro a janeiro, de onde viria aquela música!?

Ele foi se aproximando de mim devagarinho, e devagarinho. Comecei a sentir o perfume e hálito doce. E ele foi se aproximando, e meu coração batendo mais forte, me puxou pra si pela cintura. E me beijou. Um beijo intenso... Ele foi me soltando devagar... devagar...

– Foi mal Malu! Foi muito mal, tinha prometido, que não ia te pegar de surpresa. Desculpa Malu! Desculpa...

– Cala a boca...

E eu o calei com um beijo, menos intenso.

– O que!? Mas Malu!

– O que foi Rodrigo!?

– Hum... Esse beijo foi válido!?

– Hum... Você quer que ele seja válido!?

– Tá brincando!?

– Não. Você quer que seja válido!?

– É uma das coisas que eu mais quero.

Ai! Ai! E agora!?

– Está escutando Maluzinha!?

– O que!?

– Nossa música!

– Temos música!?

– "Olhe bem no fundo dos meus olhos
E sinta a emoção que nascerá quando você me olhar
O universo conspira a nosso favor
A conseqüência do destino é o amor, pra sempre vou te amar

Mas talvez, você não entenda Essa coisa de fazer o mundo acreditar
Que meu amor, não será passageiro
Te amarei de janeiro a janeiro Até o mundo acabar..."

Começamos a dançar no jardim de alguém... Meu celular começou a tocar...

– Alô!!?

– Que voz de bêbada é essa Malu!? Você bebeu!?

– Não! Estou lúcida!

– Então corre pra casa, seus pais ligaram e falaram que esqueceram sei lá o que, e que em cinco minutos estão passando aqui pra ver a gente, e pegar esse negocio. Você tem que chegar logo, tirar a maquiagem e colocar o pijama.

– Mas...

– Mas nada. Vem pra casa Cinderela, vai virar abobora.

– Ok.

Desliguei. Por que agora!? Estava tudo tão perfeito, e provavelmente não se repetiria, já que ele nunca me assumiria publicamente, e em segredo eu não queria.

– Rodrigo tenho que ir...

– Por que!? O que eu fiz!?

– Não é você! É que eu preciso estar em casa e de pijama. E tenho menos de cinco minutos!

– Vem Malu! Eu te levo até em casa e espero eles sairem pra me despedir.

– Não é boa ideia.

– Não é uma ideia. Agora vamos!

Saimos correndo pelas ruas, até chegarmos a minha casa.

– Rodrigo tenho que ir...

– Malu!

Eu entrei e fechei a porta, não queria me despedir. Eu sabia que aquilo era de momento. Magina que o metidinho ia querer assumir...

A Carol gritou lá de cima...

– MARIA LUIZA ESTEVES! CORRE AQUI E SE TROCA LOGO! ELES ESTÃO CHEGANDO!

Corri pro quarto, coloquei o pijama por cima do vestido mesmo. Lavei o rosto, passei paninho demaquilante, baguncei ainda mais o cabelo, e fui pra debaixo do cobertor. O pior é que eu estava com cheiro doce, o perfume de Rodrigo... meus pais chegaram assim que eu deitei.

– Meninas!?

Eu e a Carol descemos correndo...

– Oi meninas!

– Oie. - falamos em coro.

– O que foi!? Sentiram saudades!?

– Estamos bem, mãe. O que vocês esqueceram!?

– Na verdade a festa estava animada, mas nos preocupamos com vocês. E viemos dar uma olhadinha.

– Estamos bem tia. Estavamos vendo A nova Cinderela.

O que!?

– A Nova Cinderela!? Contem-me a história rapidinho.

– A nova Cinderela, conta a história de uma menina, que sai de casa escondido quando os pais não estao, com a ajuda da prima. Mas quando ela e o principe começam a se entender, os pais da menina chegam em casa, e ela tem que sair correndo, e deixa ele lá...

Aquela era a MINHA história!

– Que história bonita. E como acaba Malu!?

– Hum... Não sei. Vocês chegaram.

– Então corram pra ver o final do filme, já estamos indo.

– Tchau mãe.

– Até mais Tia!

– Vejo vocês amanhã de manhã.

Então subimos e ficamos quietinhas até eles sairem.

– Que história era aquela!?

– Cinderela você, gatinho é o principe.

– Gatinho!? Principe!?

– Malu eu vi da janela.

– Mas...

– Eu vi e estou escutando...

(Musica http://www.youtube.com/watch?v=5JQkes-pdw0)

– O que!?

– Vamos na janela.

Era o Rodrigo. Tocando "De janeiro a janeiro". O que ele estava fazendo!?

– Malu!!!!

Fui pra dentro, e deixei ele lá. Ele não parou de cantar, depois de "De janeiro a janeiro"... Desci as escadas e abri a porta.

– Rodrigo cala a boca!

– O que foi Malu!?

– Rodrigo! Para!

– O que!?

– Amanhã isso vai acabar. Você conseguiu! Conseguiu um beijo válido, agora chega! Amanhã eu vou ser só mais uma. Não dificulte as coisas nem pra você, nem pra mim...

As lágrimas estavam começando a vir...

– Malu! Mas...

– Por favor Rodrigo! Não dificulta! Está sendo ruim pra mim, mas eu prefiro assim. Não quero sofrer. Não quero sofrer por favor!

Me aproximei dele, que parecia perdido...

– Por favor Rodrigo! Por favor!

Dei um beijo nele, um beijo calmo, apesar das minhas lágrimas, meu coração batia muito forte, e pude perceber que o dele também.

– Malu não vou conseguir ficar longe de você. - ele sussurou no meu ouvido.

– Claro que vai. Você já vive. O que aconteceu hoje foi mágico, mas Super Homem, por favor.

– Mas minha princesa...

– Rodrigo por favor. Não acho que você seja o cara certo pra mim.

– Será!?

– Será!?

– Eu vou provar pra você, minha princesa. Vou provar!

E ele saiu pela rua, triste. E eu não aguentei e cai no choro...