A chuva caia com intensidade do lado de fora, junto a trovões que arrebentavam o céu. Foi então que a loura sentiu uma mão lhe tocar a face, despertando-a.

– Mamãe posso dormi com você? A chuva esta me assustando

– Claro meu amor, vem cá – Falou enquanto puxava o edredom para que ele pudesse se juntar a ela, e o garotinho rapidamente foi para debaixo das cobertas junto de sua mãe.

Ryan odiava a chuva assim como o pai, alias via muito de Roy em seu filho, desde a preguiça do progenitor até a determinação. Riza notou que Ryan se remexia mais que o costume, estava tão inquieto, parecia agoniado.

– O que foi Ray?

– Nada – mentiu o garotinho.

Porém Riza conhecia muito bem sua prole para saber que o ‘’nada’’ era muito coisa; O dia dos pais estava chegando, Ryan costumava ficar bastante quieto e cabisbaixo nessa época. 4 anos se passaram desde que tudo começou, Roy conseguiu manter as coisas calmas e sobre controle durante um ano com muita dificuldade, depois daquilo, a noticia que uma nova guerra estava para começar explodiu, um caos e desespero começou os civis tinham medo do que poderia acontecer daquele momento em diante. As coisas só se ‘’acalmaram’’ de um certo modo e se mantiveram controladas por que os planos do Fuhrer se mantinham como ele desejava, mas algumas regras foram implantadas para que tudo aquilo continuasse a da certo ou seja para que a guerra não se estendesse por toda a Amestris e continuasse apenas em Ishval ; Talvez se alguém soubesse onde Riza estava Roy não conseguiria controlar as coisas como estava fazendo devido a preocupação que teria com seu bem estar ele estava fazendo um ótimo trabalho para o pais, mas a consequência disso era a ausência de uma figura paterna para seu filho. Nesses dias em especial Ryan costumava a perguntar sobre seu pai e Riza sempre dava uma desculpa e mudava de assunto rapidamente, fazer aquilo lhe partia o coração, mas era necessário fazer aquilo para o bem de ambos.

– Como nada? Você sabe que pode contar as coisas pra mim não sabe? – Ela disse enquanto envolvia o filho lhe beijando a testa

– Eu sei mamãe, mas...

– Mas?

– O dia dos pais esta chegando ... E todo mundo vai levar o pai na escola menos eu!

Riza respirou fundo, ‘’A Ryan se eu pudesse lhe contar’’

– Posso chamar seu padrinho se quiser.

– Não mamãe, Jean esta no leste ajudando na guerra, tem pessoas lá que precisam dele! Eu fico com o tio Ed durante as atividades – Falou o pequenino

– Tem certeza?

– Sim

– Então okay, agora durma sargento você tem aula amanhã cedo – Devido a tantas pessoas que trabalhavam no exercito Ryan também deseja aquilo, o que fazia Riz se perguntar por quanto tempo conseguiria esconder dele a verdade, cada dia que se passava aquilo estava se tornando mais difícil.

– Sargento? Mamãe eu sou coronel e um dia vou me tornar Fuhrer igual ao Roy Mustang – Tal frase pegou Riza de surpresa ela não esperava aquilo

– Roy Mustang ?

– É o papai do Gregory trabalha no exercito e ele contou que Roy é um herói Roy deixo tudoooo sobre controle... Sabia disso mamãe?

– Não ... Mas vamos senhor futuro Fuhrer já passou de sua hora de dormi – Falou beijando a testa do filho e lhe afagando os cabelos para que ele pudesse dormi.

Aquela noite fora uma das piores para Riza a conversa que tivera com Ryan na noite anterior não saia de sua cabeça, Ryan achava que Mustang era um herói? ‘’E se você soubesse que seu herói é seu pai... Aguente firme Riza, já se passaram tantos anos logo essa guerra vai acabar tem que acabar’’ Ela não gostava de esconder a verdade de seu filho mas aquilo era necessário. Como de costume Riza preparava o café da manhã de seu filho que estava brincando na sala com Black Hayate.

– Ryan vai lavar as mãos e vem comer - Obediente o garotinho correu até o banheiro, quando voltara para a cozinha começou a comer enquanto Riza lavava a louça

– Mamãe ?

– sim..

– Você também já trabalhou no exercito? Junto com o dindo e a dinda?

– Porque acha isso? – Ela perguntara

– É que eu vi você no quintal e fazia bam bam bam sabe? – Ryan imitava uma arma com a mão, admitia que estava surpresa a ultima coisa que queria era que ele lhe visse manuseando uma arma!

– Trabalhei uma vez, mas já faz muito tempo!

– E por que não trabalha mais ? se tivesse essa guerra já teria acabado, e a dinda e o dindo viriam mais vezes aqui – Aquilo fez Riza sorrir um pouco Ryan gostava bastante de Havoc e Rebecca e o fato de quase nunca terem contato era outro fato que deixava o pequeno chateado

– Por que tem alguém que eu devo proteger – Ela falou beijando a cabeça de seu pequeno

– Mamãe?

– O que foi Ryan? – Falou enquanto recolhia algumas coisas da mesa guardando em seus devidos lugares

– Você trabalhou com o Roy? – Aquela pergunta fez com que Riza derrubasse um prato no chão ‘droga’ praguejou

– Ray faz um favor pra mamãe sim? Esqueça esse Roy – ela falou enquanto recolhia alguns cacos do chão

– Por quê? – Ryan era um garoto curioso e persistente as vezes até demais o que tornava as coisas pra ela mais difíceis

– Por que sim... Agora vai tomar seu banho já estamos atrasados – o garoto desconfiado foi até o banheiro obedecendo a sua mãe.

‘’ O pequeno Rei’’ era uma criança esperta além de muito curiosa então quando podia ele bombeava Riza de perguntas, mas nunca lhe passou pela cabeça que um dia ele lhe perguntaria algo parecido. Alem de Ryan ser a cara de Roy se não pela cor dos olhos que eram idênticos de Riza, Ry seria a miniatura perfeita do Mustang. Ah Roy como sentia falta dele, as únicas noticias que tinha do mesmo era através de Rebecca e Havoc, que viam visitar ela e Ryan mas com uma longa pausa entre cada visita ou seja só uma ou duas vezes ao ano. Eles não podiam levantar suspeitas, ainda mais quando a guerra já oficializada estava prestes a chegar ao fim. Catalina e Havoc evitavam até mesmo o contato com o Fuhrer, qualquer deslize poderia ser fatal. E ela se perguntava quando aquilo finalmente iria acabar. A ‘Olhos de falcão’ sempre foi reservada, séria e centrada não gostava de mostrar sua face melosa mas quando se tratava de Roy era difícil esconde-la; Quantas vezes ela já não pensara em pegar o telefone e ligar para ele só para escutar sua voz novamente, mas ela precisava ser forte. Ray precisava dela tanto quanto o país precisava do Fuhrer.

–---x----x----x----x----x----x----x-----

O moreno odiava a situação em que se encontrava, guerra era a ultima coisa que ele desejava, tentara contornar a situação por alguns anos mas eles insistiam em sofrimento, insistiam em derramar sangue em enquanto tudo que Mustang desejava era paz, e finalmente poder ver Riza novamente e claro seu filho, que hoje tinha quatro anos e ele se quer sabia como o menino era. Lembrava-se do dia em que descobrira que iria ter um herdeiro, sua felicidade era tamanha que não havia como explicar, contava os dias ansiosamente para que chegassem logo aos nove meses e ele pudesse ver a carinha de sua prole, as vezes passava noites em claro com Riza imaginando em como o pequenino seria; Porem todos esses sonhos foram tirados dele por pessoas que insistiam em vingança, quando o que ele mais queria era arrumar o erro que havia cometido.

– Fuhrer, precisam de você na ala nove

– Digam-lhes que estou a caminho – Respondeu e assim o tenente partiu

Fazendo Roy voltar a atenção para a foto que tinha em mãos, se perdendo nos olhos castanhos da loura, era a foto de Riza ainda gravida, lembrara-se que os dia dos pais estava chegando mais uma vez não iria comemorar com seu filho, mais uma vez o pequeno teria seu dia dos pais sem um pai, e Roy se torturava por aquilo, por que em parte, aquilo era sua culpa.