CAPÍTULO 3

Reencontro

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No dia seguinte, pela manhã, Sakura saiu para acompanhar o pai pelas plantações de soja - produto que todos os fazendeiros de Konoha também cultivavam. Depois, ajudou a mãe com o almoço. Como era bom ficar com a família...

Mais tarde calçou suas botas de cowboy para andar pelo campo, botas essas que Ino abominava. Sua amiga, que agora era recém formada em Moda, sempre fazia o maior escândalo quando Sakura decidia usar o tal par de botas.

Mas a rosada já estava acostumada; além disso, ela adorava o calçado, e de certa forma usá-las na capital – estando tão longe de Konoha – fazia com que Sakura lembrasse de onde veio, de quem era.

Por isso ela não se impostava com as lições de moda de Ino, que dizia que aquele tipo de calçado não se usava na cidade – principalmente em Tóquio. Nem se impostava quando a amiga a chamava de caipira.

Sorte que Sasori não falava mal das botas. Na verdade, ele não falava mal de nada que viesse dela. Ele era perfeito. Mas então por que ela relutava tanto em aceitar o pedido dele?

Sakura não sabia responder.

Decidiu afastar esses pensamentos, ela não queria pensar nisso, pelo menos não agora.

Sorriu ao olhar para o calçado que tanto gostava e dar-se conta de que em Konoha ela poderia usá-lo sem nenhuma repreensão.

E enquanto sorria para o par de botas cowboy, Sakura decidiu que iria ao Ichiraku na noite de amanhã. Decidiu que queria reencontrar os amigos, que provavelmente estariam lá; talvez pudesse reencontrar Hinata.

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Sexta- feira chegou rápido. E assim que a noite se aproximava, Sakura foi se aprontar para o baile. Nada muito chique, claro. Um vestido floral que ela tinha comprado há pouco tempo – que Ino também não gostava; e, nos pés, sua amada bota já eram suficientes. Os cabelos, soltos.

Pegou emprestado o carro do pai. Havia tirado a carteira de motorista há dois anos.

Precisou pedir ajuda a Kizashi sobre a localização do bar, já que ela não se lembrava direito do caminho. Afinal, antes de ir embora, Sakura só tinha passado na frente do Ichiraku algumas vezes – e sempre de carro com o pai.

Enquanto dirigia, cercada pelos campos de Konoha – pouco visíveis pela escuridão –, Sakura pensava que provavelmente ela reencontraria muita gente esta noite...

Quando chegou ao Ichiraku, notou – pelo barulho – que já havia muitas pessoas lá dentro. Desceu do carro, e parou alguns instantes antes de entrar. Ficou admirando a fachada do bar, ou, talvez criando coragem para entrar.

Assim que adentrou o local, Sakura avistou Itachi conversando com alguns amigos dele. A garota até lembrava dos rostos de alguns. Mas não foi nenhum amigo de Itachi que lhe chamou atenção. Perto do grupo que conversava com Itachi, Sakura viu Sasuke.

Como não tinha passado pela cabeça dela que Sasuke poderia estar ali?

Caminhando na direção oposta, Sakura tentou passar despercebida pelos irmãos Uchiha; mas logo foi chamada por um deles:

– Sakura – chamou Itachi – Quanto tempo...

– Olá Itachi – respondeu, tentando disfarçar o incômodo com um sorriso amarelo. – Boa noite a todos! – cumprimentou os que estavam por perto.

– Boa noite – responderam.

– Você lembra de Hideki, Nagato e Pain? – perguntou Itachi, apresentando os amigos.

– Vagamente – disse, olhando os três. – Já faz algum tempo.

– É, muito tempo – disse, enquanto a observava. – Você está diferente Sakura.

– É, acho que sim. Já se passaram oito anos...

– É o tempo passa rápido – falou Itachi. - Ainda lembro de você magricela, indo lá em casa atrás do meu irmão – completou ele, rindo.

Sasuke, que somente observava o diálogo, sorriu sem ser notado.

– É – falou ela, dando um sorriso amarelo novamente. Itachi ainda continuava o mesmo...

– Então, como está a vida na capital Dra. Sakura?

– Tudo bem, e a sua? Soube que vai ser pai... – falou ela, enquanto Hideki, Pain e Nagato travavam seu próprio diálogo.

– Pois é, Konan me veio com essa surpresa há três meses... – Sakura pode ver a felicidade nos olhos dele. – Estou muito feliz, sempre quis ser pai.

– Estou vendo – disse, com um sorrindo espontâneo dessa vez. – Fico muito feliz por você e Konan. Acho que estou um pouco atrasada, mas parabéns pelo casamento!

– Obrigada – disse. – Mas e você, deixou algum namorado em Tóquio? – perguntou Itachi, percebendo que seu irmão, de repente, parecia muito interessado na conversa.

Isso! Havia chegado a hora de jogar na cara de todos, principalmente Sasuke – Sakura sabia que ele estava ouvindo a conversa -, que ela estava com um pé no altar.

– Na verdade, eu... – começou a falar, com um sorriso triunfante no rosto. Mas logo foi interrompida.

– SAKURA! – gritou um loiro muito escandaloso, chamando a atenção do bar inteiro.

– Sakura é você mesma? – Sakura não precisou se virar para saber que o dono da voz, e da pergunta idiota, era Naruto. Mas quando o fez, seu olhar e seu sorriso não foram dirigidos ao loiro, e sim para a pessoa que estava de mãos dadas a ele, Hinata.

Sakura correu para abraçar a amiga, deixando Naruto de braços abertos e no vácuo.

Hinata correspondeu ao abraço, fazendo com que toda a insegurança de Sakura em relação a amizade da morena por ela fosse embora. Agora ela também tinha certeza que Hinata sentia saudades.

– Hinat... – começou, assim que se separou da amiga. Mas não conseguiu continuar porque recebeu um abraço de urso vindo de Naruto.

– Naruto, você quer me sufocar? – perguntou, rindo.

– Desculpe Sakura, é que faz tanto tempo... – disse, a soltando.

– Eu sei, também senti sua falta. Senti muita falta de vocês – falou, com os olhos marejados.

– Eu também Sakura – falou Hinata, emocionada também.

– Que bom que você não esqueceu de mim.

– Até parece Sakura – disse, abraçando a amiga novamente.

Naruto sorria observando as duas. Sabia o quanto sua noiva sentia falta de Sakura.

– Você está tão diferente Hinata...

– Você também.

– Vocês estão juntos? Fico tão feliz! – disse, sorrindo para Hinata. – Finalmente você deixou de ser tão idiota Naruto – falou, encarando o loiro.

– Ei! Mal chegou e já está me xingando Sakura – falou ele, fingindo decepção, e saindo de perto das duas para ir falar com Sasuke.

Hinata e Sakura riram, e sorriam uma para outra, emocionadas com o reencontro.

Após algum tempo, as duas já conversavam como nos velhos tempos, como as grandes amigas que eram...

– Lembra daquela vez em que... – Sakura não conseguia terminar a frase, o riso a dominando – A gente fugiu para ir na cachoeira? – Mais risos...

– Claro que lembro – disse Hinata, acompanhando a amiga nas risadas. – Meu pai ficou uma fera.

– E eu ainda resvalei em uma das pedras e caí – continuou Sakura. As duas riram ainda mais. – Ralei todo o braço, e ainda tive que ouvir um sermão da minha mãe.

Enfim pararam de rir. E Sakura resolveu mudar de assunto:

– Não acredito que vocês vão casar Hina!

– Pois é – falou Hinata, dando um sorriso tímido. – Nós já namoramos há algum tempo...Espero que você possa ficar para o casamento Sakura. Quanto tempo você ficará por aqui?

– Dois meses – respondeu, feliz por poder comparecer ao casamento da amiga. – Então poderei ir sim. Mas eu viria mesmo que não estivesse de férias Hinata.

– Que bom – disse. – Gostaria que você fosse minha madrinha...Se você quiser é claro.

– Mas é claro que eu quero, será uma honra – disse, sorrindo à amiga. Estava tão feliz por ela.

– E você Sakura? Deve ter arrumado algum namorado em Tóquio – questionou Hinata

– Eu... – foi interrompida por Naruto novamente.

– Vamos dançar Hina – falou, já puxando Hinata para a pista de dança improvisada.

– Naruto, eu estou conversando com a Sakura...

– Ah, vocês já conversaram demais e tem a noite toda pra isso – retrucou ele.

– Tudo bem Hina, vá dançar – falou Sakura, sorrindo para o casal.

Ficou encarando os casais na pista de dança, sentada em um dos bancos do balcão. Até que uma cabeleira ruiva tomou conta de sua visão.

– Sakura – falou o ruivo. – Será que você quer dançar comigo? – perguntou, estendendo a mão.

– Gaara – falou, lembrando do seu antigo colega de classe. – Por que não? – falou ela, sorrindo e segurando a mão dele.

Os dois seguiram pela pista de dança. E de onde estava, Sakura podia ver HInata e Naruto se beijando; os dois eram perfeitos um para o outro...

Mas enquanto dançava com Gaara e observava o casal de amigos, Sakura não percebeu que um certo par de olhos negros a fitava.

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– Parece que o Gaara foi mais rápido que você, irmãozinho – falou Itachi, chamando a atenção de Sasuke que olhava para a pista de dança.

– Dá um tempo Itachi – respondeu, sem desviar os ohos da garota.

– Nossa, ela está sorrindo para ele – falou para provocar. – Enquanto ignorou você a noite toda...

– Vai cuidar da sua mulher Itachi! – falou Sasuke, encarando o irmão.

– Eu só estou tentando ajudar – disse, erguendo os braços na defensiva.

– Hump – Sasuke bufou, enquanto seguia para a pista de dança.

Itachi sorriu.

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– Quando chegou, Sakura? – perguntou Gaara.

– Quarta de manhã.

– E quanto tempo vai ficar aqui em Konoha?

– Dois meses – respondeu, enquanto dançava – Depois tenho que voltar por causa do meu novo emprego.

– Tão pouco tempo. É uma pena – falou o ruivo, sorrindo, deixando Sakura corada.

Com certeza ela tinha uma quedinha por ruivos. Talvez por causa da decepção que teve com um certo moreno...

Mas já tinha seu ruivo: Sasori, que provavelmente seria seu futuro marido.

– Sempre soube que você se tornaria médica – falou Gaara, chamando a atenção de Sakura. – Você era a mais inteligente da turma – continuou, deixando Sakura envergonhada novamente.

Ela sorriu meio sem graça; não sabia o que responder. E agradeceu mentalmente quando alguém tocou o ombro de Gaara, interrompendo os dois.

Agradecia até ver que quem tinha os interrompido era Sasuke Uchiha.

– Será que eu posso dançar com ela agora, Sabaku? – Perguntou ele, para desespero de Sakura.

– Claro, Uchiha – falou Gaara, notavelmente incomodado.

– Foi um prazer, Sakura – disse o ruivo, beijando a mão da rosada. Ato que fez com que ela se surpreendesse. – Espero que possamos nos ver novamente durante sua estadia aqui.

– Cla...Claro – falou desconcertada. Onde eu meti? Perguntava Sakura a si mesma, enquanto olhava os dois homens à sua frente

Gaara abandonou a pista. E então restaram os dois.

A música continuava a tocar; e ambos não falavam nada.

Sasuke colocou uma das mãos em sua cintura e estendeu a outra na direção dela, enquanto a olhava nos olhos.

Sakura segurou a mão que lhe era estendida, e posicionou a outra no ombro dele.

Continuaram em silêncio.

A rosada desviou o olhar e aproximou a cabeça do ombro dele, sem encostar.

Ela não sabia direito o que pensar e, ao mesmo tempo, pensava muitas coisas.

Oras! O Uchiha nem tinha perguntado se ela queria dançar com ele ou não. Sasuke se achava mesmo...

A segunda coisa que pensava era que a mão de Sasuke em sua cintura não a deixava confortável.

Também não conseguia entender o que sentia estando tão próxima a ele.

E entendia muito menos o motivo que levara Sasuke a querer dançar com ela.

Parou de pensar quando ele apertou sua cintura e a trouxe para mais perto. Tomada pelo momento, Sakura quase encostou a cabeça no ombro dele; mas se conteve.

E de repente percebeu a melodia que tocava. Quando a música tinha se tornado tão lenta?

Se afastou um pouco de Sasuke, ainda sem olhar para ele. Não sabia o motivo de não conseguir encará-lo, nem o motivo pelo qual se sentia assim.

Se distanciou para poder pensar. E concluiu que o único motivo que levaria Sasuke a querer dançar com ela seria provar que a garota ainda era apaixonada por ele.

Só poderia ser isso. Sasuke estava com ela para poder massagear o ego.

Logo a música terminou, e Sakura deu graças a Deus por isso. Separou-se de Sasuke. E viu que Hianta estava parada perto do balcão sozinha.

– É...Eu...Vou falar com a Hinata – disse, arrumando a desculpa perfeita.

– Claro – disse ele. – Obrigado pela dança, Sakura – falou Sasuke, quando ela já estava de costas para ele.

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Pelo resto da noite, Sakura e Hinata colocaram a conversa em dia. Havia muito o que ser dito, afinal tinham ficado oito anos separadas.

A hora de ir embora chegou. Sakura havia acabado de se despedir de Hinata e Naruto, e se dirigia à saída junto deles quando Sasuke se aproximou:

– É...Sakura – disse ele, meio sem jeito. – Eu posso te levar para casa, se você quiser...

– Ah, Não...Eu vim com o carro do meu pai – respondeu, confusa por Sasuke se mostrar tão...Tão...Educado? Sakura ainda não conseguia entendê-lo. Ele parecia tão diferente.

As duas garotas se dirigiram à saída. Enquanto Naruto ficava ao lado de Itachi para rir do amigo.

– Nossa, que fora hein, irmãozinho – falou Itachi. – Ela nem disse ‘Não, obrigada’...

– É, a Sakura mudou – disse Naruto, ajudando Itachi a irritar Sasuke. – Antes ela faria tudo para ficar perto de você teme.

– Parece que as coisas se inverteram – continuou Itachi. – Antes era você que queria ela bem longe.

– Não era bem assim – se defendeu Sasuke.

– Não? Você só faltava pedir um mandato judicial para que a Sakura se mantivesse uns 100 metros afastada de você. – Enquanto Itachi terminava de falar, Sasuke já seguia rumo à saída do Ichiraku.

Naruto e Itachi sorriram cúmplices um para o outro, enquanto seguiam Sasuke.

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Quando Sakura chegou em casa, seus pais já estavam dormindo. Ela subiu para seu quarto, e depois de escovar os dentes e colocar o pijama, se atirou na cama.

A garota só queria dormir, mas assim que encostou a cabeça no travesseiro muitas coisas vieram à sua mente.

Havia reencontrado Hinata! Sua amiga e Naruto iam casar! Ela seria a madrinha! Estava tão feliz...

Sua mãe tinha razão, algumas coisas não tinha mudado. Agradecida porque a amizade dela e de Hinata tinha sido uma das coisas.

Naruto também continuava meio idiota, mas tinha melhorado.

Mas havia uma pessoa que parecia ter mudado muito...

Sasuke estava diferente. Algo nele deixava Sakura intrigada. Mas não queria e nem devia pensar no Uchiha agora.

Tentando afastar os pensamentos sobre Sasuke, se viu lembrando da dança com ele. Por que ela havia ficado tão nervosa?

Também lembrou de Gaara, e das coisas que o ruivo havia dito a ela. Ele estava a paquerando?

Sem sono, resolveu olhar as horas no celular para ver quanto tempo havia se passado. Viu na tela uma chamada não atendida.

Sasori.

Não tinha levado o celular ao Ichiraku. Mas não queria retornar a ligação agora. Faria isso amanhã.

Talvez amanhã, também criaria coragem e contaria aos pais sobre seu namorado.

Mas agora, só queria ter uma boa noite de sono.