Ele tinha cinco anos quando a viu pela primeira vez. A princesa, vestida em seu magnífico vestido rosado, pulava para todos os lados com um graveto na mão. Ria, gritava e balbuciava para o nada.

Ela gritou:

- Afaste-se, Dragão! Eu sou o cavaleiro que salvará meu reino de suas terríveis garras! – e ela investia contra o ar, concentrada, quase visualizando o cruel réptil contra o qual lutava.

Em meio a investidas e rodopios, ela olhou para a cerca que separava seu maravilhoso palácio da floresta que sempre quisera explorar. Seus olhos esmeraldinos encontraram os castanhos do mero plebeu que a observava. Tinha a sua idade. Com um sorriso, a princesa começou a se aproximar.

Ele fora descoberto! Começou a se afastar, com medo de ser repreendido – ou algo pior –, porém a vozinha doce o fez parar.

- Não! – ela gritou.

Ela não queria que ele fosse embora. Ele não podia ir.

A garotinha começou a se aproximar mais devagar, entretanto ele já parara e voltara a se encostar ao cercado de madeira.

- Brinca comigo! – não foi um pedido, mesmo que ela quisesse que soasse como um.

Ele estreitou os olhos; confuso.

- Mamãe disse que eu não posso brincar com estranhos. – respondeu amedrontado.

Não queria nem imaginar o que sua mamãe diria caso aparecesse em casa dizendo que brincara com a princesa. Plebeus não podiam ter contato com membros tão acima de sua classe social.

- Meu nome é Misty – a ruiva se apresentou – agora não sou mais uma estranha e podemos brincar.

Ele pareceu pensar por alguns minutos. Sua mãe também lhe ensinara a nunca desobedecer a uma ordem direta de um superior. E, mesmo que não quisesse que parecesse assim, a princesinha estava ordenando ao moreno que brincasse com ela.

- Tudo bem!

Ela sorriu e começou a se abaixar.

- Me ajuda a passar pela cerca.

Ele a ajudou. Sem surpresa, uma pequena tira do vestido magnífico – e um pouco sujo – ficou presa nas farpas da madeira. A pequena princesa olhou ao redor, maravilhada. Sempre tivera vontade de explorar a floresta. A princesa se virou de costas para ele.

- Este vestido não é o adequado para um explorador. Abra-o!

O garotinho arregalou os olhos pequeninos.

- Eu não posso fazer isso!

- Deixa de ser bobo, eu tô de camisola por baixo – ela o repreendeu.

Mesmo desconfiado, ele a obedeceu. Afinal, não era um bobo. E sua mãe sempre o mandara obedecer às princesas. O menino abriu o vestido e ela o deixou cair ao chão. Suas roupas íntimas eram uma camisola com calção. Ele sorriu, assim como ela.

- Vamos brincar de pirata?

E eles foram.