Foi estranho a primeira vez que nos vimos. Ela estava sentada em um banco perto de um chafariz no meio da rua e eu estava a alguns metros dali, encostado no muro de um bar velho enquanto fumava. Mas porque diabos uma garota tão simples e frágil estava na rua a esta hora da madrugada?

- Ei! Porque está aqui há esta hora? - Fui me aproximando lentamente até o banco.

- Gosto de andar por aí... - Falou a garota de pele pálida e cabelos negros como a noite.

- Não acho que uma garota deveria ficar andando por aí sozinha a esta hora.

- Não estou sozinha, você está aqui.

 No mesmo instante fiquei com a face corada, porque ela confiava em mim se nem mesmo me conhecia?

- Por que pretende se suicidar?

- Hein, como assim? Quem te contou isso?

- Você não tem amigos...

- Como você sabe dessas coisas?

- Eu não posso dizer. - Não sei por que, mas não iria insistir sobre isso, aquela garota parecia ter um olhar tão distante e solitário.

- Eu não tenho amigos, família, virei prisioneiro do cigarro e não tenho nenhum objetivo na vida... Não a nada que me prenda a este mundo. - Fui embora contrariado por aquela garota saber essas coisas sobre mim e confuso com o fato de eu ter falado a verdade para ela de um modo tão aberto.

-Dia Seguinte-

07h53min PM - Telhado de um Prédio

- Pretende mesmo pular?

 Levei um susto e quase cai do beiral em que estava apoiado.

- O que você tem com isso?

 A garota ficou em silêncio e começou a caminha para perto de mim, quando finalmente chegou perto fez algo inesperado: Abraçou-me!

- Por favor...

- Não tem volta! Esta é uma escolha que eu fiz...

 Assim que terminei de falar subi no beiral dando as costas para a garota e então relaxei o corpo antes de olhar para trás uma última vez e perceber que a garota que eu mal conhecia estava chorando pela minha escolha. Fechei os olhos e pude sentir uma lágrima escorrendo pelo meu rosto, então... Deixei meu corpo cair naquele abismou.

- Adeus...