Jogos Meio-sangrentos escrita por Lord Camaleão


Capítulo 7
Capítulo 7 - Estrelas cadentes


Notas iniciais do capítulo

Pessoal quanto tempo!
Sim, é a segunda(?) vez que demoro milênios pra postar.
É que vida de quarta série não é nada fácil, sabem? E eu estou escrevendo peças para a gincana da minha escola, então fica complicado postar.
Além do que estou trabalhando nos desenhos dos outros 12 semideuses (já que a primeira página só coube até os de Apolo). Como há diferença de tempo muito grande entre um desenho e outro, esses novos estão diferentes. E agora só terminei os filhos de Afrodite, porque preciso rever fotografias dos photoplayers etc. Então é isso pessoal, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/398290/chapter/7

Ao invés de ritmos alegres e contagiantes costumeiros, o violão tocava uma música fúnebre.

Os filhos de Apolo estavam cansados. Haviam passado a noite e o começo do dia meditando, tentando prever quem seria sorteado, quem venceria. Sem sucesso. Rachel passara o dia atordoada pela visita de Gaia, sem comer ou conseguir falar com ninguém. Mas algo bloqueava qualquer pista do destino dos Jogos. E isso sugara toda a energia que emanava dos filhos do deus do sol.

Gary agora tocava seu violão. O longo cabelo cobrindo os olhos e as roupas folgadas com as cores do reggae que antes o faziam ser a alegria do Chalé 7 agora davam a ele um aspecto largado e desprovido de qualquer ânimo. Talvez o chalé de Apolo seja o mais unido, onde todos cantam juntos à noite ou fazem batalhas de haicais. Colocar a vida de dois dos seus em risco seria como arrancar a corda de um violão.

Dois vasos compridos no estilo grego haviam sido postos em uma mesinha de centro antes destinada para atividades de desenho dos mais novos. No vaso com o nome dos garotos, figuras gregas de homens manuseando seus arcos-e-flechas com destreza enquanto caçavam. No vaso das garotas, a figura do sol nascente e de ninfas banhando-se em um córrego. Um belo contraste com a situação em que se encontravam.

Gary agora tocava acompanhado de sua irmã, que cantava. A música era Try, da cantora P!nk. Millie, a dona da voz, deixava escapar uma lágrima a cada vez que chegava a uma nota alta. Não importava quem fosse sorteado, porque todos precisavam de forças para perder um irmão ou a própria vida. Todos estavam sentados no chão, e de repente perceberam algo parado na soleira do Chalé 7.

Como uma escultura, ela permanecia inerte, porém com os olhos acompanhando cada corda do violão sendo presa e solta. De seus olhos saiam lágrimas, ou melhor, seiva verde. O rosto bronzeado descascava como uma goiabeira e a raiz dos cabelos era ruiva, mas as pontas eram de um verde musgo. E com passos pesados e duros, Dafne entrou no chalé. No mesmo instante, Gary parou a música.

–Oh, querido, não pare! – implorou ela – você lembra tanto seu pai! Aliás, todos vocês lembram! É como se eu não precisasse vê-lo para matar a saudade.

–Você era aquela namorada do papai que virou um arbusto? – indagou uma garotinha.

­–Haha criança, eu não cheguei a ser namorada dele. Infelizmente. Na verdade eu nem sentia atração por seu pai antes de virar um loureiro. Mas os anos e anos que passei na forma de uma planta me fizeram perceber o quanto eu perdi. Mas aí um dia a Mãe Terra falou comigo. Ela me prometeu que desfaria minha maldição se eu a ajudasse em uma espécie de Jogos Meio-sangrentos. Eu queria há muito tempo rever Apolo, e aquela era a proposta perfeita. E aqui estou. Hahaha, mas eu não estou aqui para contar minha história, e sim para sortear dois de vocês, não?

Os filhos de Apolo olhavam para Dafne perplexos. Enquanto a ninfa cantarolava e admirava os vasos que continham os nomes, eles decidiam se sentiam nojo ou pena da mesma. Nojo por ela ser uma capanga de Gaia ao aceitar ser a representante deles, ou pena por se vender tão fácil para livrar-se de uma maldição imposta pelos deuses. A segunda opção era mais válida.

Sem muitas cerimônias, Dafne retirou um papel do vaso das garotas e abrindo-o, pronunciou o nome.

–Elizabeth Maryan Lopes.

O lápis de Liza caiu. Ela olhou fixamente para Dafne, que a fitava assim como no desenho que estava fazendo da mulher-loureiro. Os olhos castanhos como amêndoas olharam para a ninfa, e logo depois para os irmãos. Alguns murmuravam “que pena” ou “não, a Liza não!”. Sim, ela era querida no Chalé 7. Por isso não poderia demonstrar fraqueza, pois Liza seria agora a esperança e a heroína dos filhos de Apolo. Ela abriu um sorriso amarelo e disse.

–Uh, parece que hoje não é meu dia de sorte. Estou aqui – levantou-se.

Amarrava o cabelo castanho claro com fios loiros enquanto tentava não tremer e manter um sorriso no rosto. Tarefa mais difícil do que as que ela iria realizar nos Jogos. Ao chegar perto de Dafne, a mesma estendeu a mão descamada para ela em sinal de cumprimento.

–Tenho certeza que seu pai se orgulhará de você. E eu também – Dafne sorriu e logo depois se dirigiu para o vaso com os caçadores – Agora é a vez dos meninos. Vamos ver, vamos ver... Jason Styles?

–Jason sou eu – ele levantou o braço. Sim, ele havia sido sorteado. Jason preferia não acreditar. Preferia simplesmente andar até Dafne como se ela o tivesse chamado para recitar uma poesia. Seria melhor assim. Ele levantou-se do chão e com passos confiantes andou até a frente.

Então ele fechou os olhos e tudo ficou nebuloso. De repente estava em um chalé que não era o dele, com semideuses que não eram seus irmãos.

–Qual o seu nome, meu anjo? – uma voz masculina levemente afeminada perguntou.

–Reyna Mackenzie.

Reyna Mackenzie. Reyna Mackenzie. O mesmo nome ecoou pela mente de Jason várias vezes. Não, não poderia ser ela. A única pessoa que realmente valia a pena para ele iria para os Jogos Meio-Sangrentos também. E agora tudo parecia mais real: a frieza dos Jogos e as futuras mortes. Ele iria ver Reyna morrer, ou virse-versa.

Jason acordou de sua visão e seus olhos azuis encontraram-se com os de Liza. Ela era bem parecida com ele. Mesmo tendo a pele mais alva, Elizabeth tinha os mesmos cabelos castanho-claros e o mesmo sorriso. Seu cabelo estava preso em um coque mal feito enquanto ela e outros irmãos o abanavam no chão.

–Você ficou aí por dez minutos! – choramingou Dafne – Está bem, querido?

–Estou sim – Jason coçou a barba rala logo abaixo do queixo – Pode continuar a cerimônia.

–Sim, sim – Dafne bateu palminhas – Elizabeth e Jason, quero que agora os dois apertem as mãos para mostrar que os filhos de Apolo trabalharão juntos para que ao menos um vença os Jogos.

Jason estendeu a mão. Liza ficou olhando pra ele e pensou nas palavras de Dafne. Os dois seriam aliados? Não, não era a hora de pensar naquilo. Liza apertou a mão de Jason, esboçando um sorriso. Dafne e o Chalé 7 aplaudiram.

Sim, talvez um auxiliasse o outro. Ou um seria responsável pela morte do outro. O futuro era incerto como um eclipse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vejo você nos reviews ;)