Jogos Meio-sangrentos escrita por Lord Camaleão


Capítulo 18
Capítulo 18 - Dançando conforme a música


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Mais um capítulo.

Na verdade eu escrevi o capítulo 18 e resolvi dividi-lo em duas partes, já que ao todo somava mais de 4.000 palavras. Então ao invés de seis POVs por capítulo (como eu queria, para ser mais rápido), nós agora teremos três POVs com pouco menos de 2.000 palavras. Espero que vocês gostem mais nesse formato, e que não fiquem tão cansados.

Como escrevi os dois capítulos ao mesmo tempo, o próximo já está escrito, faltando apenas agendar a postagem. Divirtam-se!



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Mayline “Mac” Castleglass – 9

Mac não aguentava mais aquele monte de sucata cobrindo seu corpo. Aliás, não aguentava mais nada daquilo.

Uma metade sua estava desnuda. Se já se sentia desconfortável em tomar banho ao lado de Eucleia, acenar para milhares de monstros com uma perna, parte do quadril e os braços desnudos era ainda pior. Não entendia o porquê de toda aquela exposição se nem ela e muito menos Philipe tinham músculos ou curvas definidos.

– Meus aplausos pra vocês, queridos – disse Fred quando os dois desceram da biga com passos trôpegos, devido ao peso do ferro na perna direita.

Fred era o estilista de Mac e Philipe. Era um telquine que já trabalhara nas forjas de Hefesto e agora servia a Gaia. Mayline o odiava. Odiava suas fileiras de brincos, sua voz esganiçada, sua capacidade de criar roupas pesadas e constrangedoras.

– Obrigada – disse Mac, seca – Onde fica o provador?

– Para que você quer um provador, querida? – disse Fred em meio a um ganido.

Mayline apontou para seus membros direitos, onde medidores de energia subiam e desciam, formando um degradê entre vermelho e amarelo.

– Hihihi! Benzinho, mas você não vai tirar sua roupa agora. Eucleia e Georgiana irão levá-los para o Baile dos Patrocinadores!

Philipe provavelmente iria perguntar alguma coisa, mas suas mentoras chegaram para acompanhá-los até uma liteira, semelhante a que chegaram ao Estádio. Notara-se que as duas estiveram arrumando-se para a festividade.

Eucleia estava deslumbrante: seu cabelo fora penteado para o lado, fazendo de seu lado esquerdo uma cascata de cachos. Seu vestido dourado era amarrado no pescoço, deixando suas costas e braços amendoados nus. Georgiana usava um vestido rodado e sem mangas preto com bolinhas, além do cabelo preso em um coque. Não era tão elegante quanto a deusa da Boa Reputação, mas ainda assim era melhor do que uma meia máscara de ferro e uma perna mecânica.

Os quatro subiram na liteira. Mac sentara-se ao lado de Philipe e de frente para Eucleia. Por longos minutos permanecia apenas o som dos passos dos ciclopes e da leve fumaça que ainda saía de seus ombros.

– O que são exatamente os Patrocinadores? – perguntou Philipe quebrando o silêncio.

– São indivíduos interessados em patrociná-los – Eucleia riu – Explicando melhor, Philipe: pessoas que enviam presentes especiais, como remédios ou armas, para os tributos que conquistarem seu carisma. Ou seja, sejam bons meninos e conseguirão Patrocinadores.

– Mas quem exatamente eles são? – o garoto perguntou mais uma vez.

– Monstros e deuses menores – respondeu Georgiana – Haha, espero que sejam bonzinhos.

A liteira parou e a cortina foi erguida. Enquanto Philipe a ajudava em sua descida, Mac pensou se seria realmente uma garota boazinha nesta festa para conseguir suprimentos. Olhou para os dedos pontiagudos da mão direita e duvidou bastante desta possibilidade.

Jason Styles – 7

Jason sentia frio, o que era bem irônico. Ele e Liza usavam apenas as roupas minúsculas do Desfile e quando os dois, Orfeu e Will desceram da liteira, um vento gélido passou por eles.

Dois nascidos da terra guardavam as imensas portas de mogno que davam entrada para o salão, que reluzia a ouro. Fileiras de lustres enfeitavam o teto, e estavam em altura capaz de serem alcançados apenas com quatro ciclopes, um sobre o ombro do outro. Fartas mesas enchiam o salão e várias figuras bebiam, comiam e divertiam-se.

– Maldita roupa! – resmungou Liza, abraçando os braços nus – Antes de falar com qualquer deus menor, ou seja lá quem queira me dar pomadas, preciso beber algo. Algo quente. Algum dos rapazes me acompanha?

– Will, siga Elizabeth e auxilie-a em seus relacionamentos com os Patrocinadores – disse Orfeu – Jason, você vem comigo.

Orfeu assentiu e os quatro se dividiram. Deu uma última olhada para trás a tempo de ver Liza servindo-se.

– Espero que ela não fique bêbada, será mais difícil conversar seriamente com alguém – disse Jason.

– Preocupado com sua irmã, rapaz? Pensam em fazer uma aliança?

– Eu... Na verdade... – Jason parou para pensar. Não tinha certeza. Sabia que Reyna estaria ao seu lado, mas permitir outra pessoa se juntando a eles era algo que precisariam resolver juntos.

Seus pensamentos foram interrompidos quando sentiu algo estapear suas nádegas.

– Mas que m...! – Jason virou-se para trás para ver quem o abusava dessa maneira tão...

– Haha, bela bunda. – disse ela, abrindo um sorriso travesso. Jason sentiu as bochechas corarem.

– Reyna... Ah droga! Enquanto você está cheia de asas, botas e garras, eu estou apenas com uma cueca de couro e raios de sol!

– Você tem um corpo sexy, não deveria ligar em ficar assim na frente das pessoas.

Ela realmente não sabia como suas palavras atingiam Jason. Ele se sentia envergonhado, excitado talvez.

– Enfim, não estou aqui para falar da sua cuequinha. Leah, John, venham aqui! – ela acenou, chamando dois semideuses que estavam sentados no sofá. Pelas asas na cabeça e as serpentes no pescoço, deveriam ser os filhos de Hermes – Conheçam Jason. Ele é meu amigo há muito tempo no Acampamento.

– Olá Jason – cumprimentou o garoto, John – Acho que já vi você na sessão de lanças, não?

– Provavelmente sim. Suas sardas me são familiares – Jason sorriu. Mentira, nunca o vira antes. Mas talvez aquela mentira seria interessante para começar uma amizade.

– E eu sou Leah – apresentou-se a garota loira, estendendo o braço onde se enrolava uma serpente laranja – Mas também já ouvi alguns me chamarem de Anti-Hannah.

– Ah, aquela confusão no Anfiteatro foi entre vocês duas?

– É, acho que vamos resolver uns assuntos passados na Arena.

– Espero que você consiga se sair melhor – Jason abriu um sorriso amarelo. Aquela garota havia comprado briga com uma filha de Ares!

Olhou para os dois pares de serpentes enroscados nos filhos de Hermes e suas línguas bifurcadas. Olhou para Reyna, que parecia satisfeita em ver uma aliança se formando. Olhou para Orfeu, até então quieto e pensativo, que bebia algum licor vermelho. Ele havia prendido os cabelos em um pequeno rabo de cavalo, o que deixava suas olheiras ainda mais soturnas. Olhou mais ao fundo, onde Liza ria de alguma piada de uma deusa menor.

Ela parecia muito bem arranjada. E Jason também, mas de um modo diferente. Chamou Reyna e seus novos parceiros para o minibar.

Alan Wesley – 10

Alan e Valentina chamavam muita atenção com seus trajes. Aquilo era bom, na opinião dele. Acabara de receber um aceno de uma mulher, que a julgar pelo vestido colorido e iluminado, era a deusa Íris.

Mas afinal, eles se destacavam com todas aquelas asas, penas e pescoços de cisne. Os únicos que usaram penas na composição de seus figurinos foram os filhos de Hermes, Atena e Zeus, além da garota de Ares. Mas esta mais parecia ter saído de um filme de terror sobre abutres assassinos; os de Hermes se destacavam mais por suas serpentes coloridas do que qualquer outra coisa; o irmãos do 6 mais pareciam um par de corujas empalhadas e os filhos de Zeus lembravam as roupas berrantes dos carnavais no Rio de Janeiro.

– Alan – disse Valentina com os lábios cor-de-rosa devido a bebida que tomava – Onde estão Eros e Drew? Eles deveriam nos ajudar a encontrar Patrocinadores! Este é o motivo desta festa!

Alan olhou em volta, procurando pelos mentores. Encontrou Eros discutindo com um homem que vestia-se igualmente a ele, com um diferencial apenas no cabelo loiro quase platinado, enquanto o do deus do amor era negro como uma pupila. Adiante, Drew conversava de forma debochada com a conselheira de Ares, Clarisse La Rue.

Clarisse. A garota que salvara sua vida. Drew agora ria do vestido verde musgo da garota, enquanto esta parecia fazer uma carranca. Não poderia deixar que ela fizesse isso. Deveria impedir, mas não de forma que o fizesse parecer que estava defendendo Clarisse ou se importando com ela.

– Drew! – ele acenou com sua asa negra, chamando a atenção da mentora.

Ela soltou um “até logo” para Clarisse e veio até eles, segurando um canapé de salmão. Deu certo.

– Não estão se divertindo queridos? Querem um canapezinho?

– Não tenho tempo para canapés, Drew – disse Valentina, firme – Quero vencer os Jogos. E quero patrocinadores também, se não for muito.

Se aquele não fosse um momento sério, Alan riria da expressão de Drew, que fechando a cara, quase engasgou-se com o canapé.

– Venham comigo.

Alan agradeceu mentalmente. Quis perguntar a quem Drew os levaria, mas preferiu surpreender-se. Acabou conseguindo o que esperava, ou não.

Eles dobraram em um corredor, e andando mais adiante, ouviram música. Violoncelos, violinos e flautas compunham uma música doce e ao mesmo tempo animada, que fazia com que alguns tributos, deuses e monstros dançassem.

– Sabem dançar? – perguntou Drew com um meio sorriso.

– Perfeitamente. – disse Valentina, retribuindo o sorriso.

– Também sei – mentiu Alan. Já vira casais dançando em gafieiras, mas nunca arriscara alguns passos.

– Estão vendo aqueles deuses? Ao som do gongo, vocês devem trocar de pares com o casal mais próximo. Essa é uma ótima oportunidade de conhecer alguns Patrocinadores... e outros tributos também – Drew olhou para a filha de Deméter, com seu traje de milho comido, enquanto ela dançava com algum deus que gostava bastante da cor preta. – Não parece ser tão difícil. Divirtam-se.

Alan esperou a mentora ir embora e conduziu Valentina. Segurou sua mão esquerda e repousou a “asa” sobre seu ombro.

– Nervoso Wesley? – debochou a garota.

– Por que estaria?

– Pôs a mão no lugar errado – disse ela, movendo a mão de Alan para sua cintura– Haha, você não sabe dançar, é isso?

– Sim, eu sei, e vou mostrar isso agora – Alan conduziu a irmã até o centro da sala, dando passos conforme a música. O que ele estava fazendo? Um minuto ou outro pisaria no pé dela e então eles iriam rolar no chão, finalmente atraindo Patrocinadores, mas não de uma boa maneira.

– Calma garotão! Já sabemos que você é um pé-de-valsa, mas vamos mais devagar... Assim.

Alan obedeceu. Ergueu o queixo, ficando ainda mais alto que Valentina. Agora via apenas uma onda alaranjada que era seu cabelo. Procurava por Patrocinadoras: deusas, monstros. E de repente, o gongo.

Quando menos imaginou, Valentina já havia saído de seus braços e partido. E tão rápido quanto saíra, outra entrou.

Um tributo. Uma garota. Uma garota colorida.

– Ah, um tributo. Deveria chamar você de concorrente, inimigo, rival. Mas estamos dançando e não nos esfaqueando, não é? – ela parou para rir – Acho que falei rápido demais. Prazer, Alamanda Greenfield, chalé de Dioniso.

Ela estava coberta de tinta roxa e violeta. Como se não bastasse, cachos de uvas piscavam em várias cores sobre seus seios e sua cabeça. Alan não olhou para o que ela vestia embaixo. Teve vontade de mandá-la embora e tentar outro par, mas nenhum gongo havia soado. Teria que conversar com ela por um bom tempo.

– Alan Wesley. Afrodite.

– Então, Alan Wesley... O que está achando dos Jogos?

– Nada ainda. Não começaram.

– Como não? Estamos jogando neste exato instante... Cuidado com o garçom.

Alan abaixou-se de uma bandeja que passava, carregada por um ciclope. Acabou esbarrando nas uvas coloridas penduradas no cabelo de Alamanda. Que ridículo ele estava! Esbarrando, dançando como um pato. Precisava fazer jus a roupa de cisne que usava.

– Já conseguiu aliados, Alan?

– Acho que não preciso de alguém para me proteger.

– Hahahaha! Espero que na Arena não tenhamos que dançar, senão você iria chorar por uma aliada – Alan olhou para seus olhos, comprimidos pelas bochechas rosadas da garota. Um era azul, outro verde. Combinavam com a loucura de cores que era sua roupa.

– Certamente não precisarei dançar nos Jogos.

A filha de Dioniso ergueu uma sobrancelha colorida de violeta. Seu rosto ficara ainda mais expressivo.

– Nós estamos dançando agora Alan. Nós estamos jogando agora.

Após terminar a frase, o gongo soou, marcando uma nova troca de pares. A garota afastou-se dele e dirigiu-se até seu próximo par, não retirando seus olhos bicolores dele. Uma mulher tomou seu lugar, uma deusa. Ela fez algumas perguntas como idade e habilidades, mas Alan respondia todas sem real interesse.

Na verdade ele gostaria de passar mais tempo jogando com Alamanda.


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Notas finais do capítulo

Vocês que são fãs de Jogos Vorazes também, sabem que temos Entrevistas e Avaliações Individuais. O Baile dos Patrocinadores é um evento que criei para a JMS (digamos que eu prefira usar essa sigla para não falar "Jogos Meio-sangrentos" toda hora), mas os outros eventos criados por Suzanne Collins também serão incluídos.

Portanto, peço para que me enviem POR MENSAGEM PRIVADA como seus personagens irão se comportar nas Entrevistas e o que irão apresentar nas Avaliações. Inventarei as condutas dos personagens cujos autores estão ausentes. Você pode mandar por review, mas ele será excluído após a minha leitura.